sábado, 11 de setembro de 2010

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas VIII)


Acabou-se da memória
o desejo de te amar,
mas ninguém me rouba a glória
de em meus versos te cantar!...

Amiga de muitos anos,
companheira de verdade,
enfrentando os desenganos,
ela se chama: saudade.

Cada paixão que me invade
surge do amor que não tive;
e representa a saudade
de quem neste mundo vive.

Cresce a planta no jardim
por força da natureza;
e cresce dentro de mim
o amor à tua beleza.

Desejo fazer somente
o que deveras me apraz,
levando os sonhos em frente,
deixando as mágoas pra trás.

Devo te dizer cantando
para que escutes sorrindo
e assim vás acreditando
que eu não esteja fingindo...

Esse amor que tu me deste
foi efêmero, fugaz...
Por isto a tristeza investe,
arrebatando-me a paz.

Eu agora não me espanto
e nem me causa pavor,
o terrível desencanto
que sofri por teu amor.

Eu fui ficando distante
e vivendo da saudade,
pois desejo, doravante,
somente a sinceridade...

Eu fui vivendo meus dias,
procurando te olvidar,
e quantas horas vazias
se arrastavam devagar...

Eu não sou navegador,
mas enfrento o mar da vida,
por causa do nosso amor
que não teve despedida.

Fiquei contente ao saber
que realizaste teu sonho,
pois fazes por merecer
um futuro assaz risonho.

Foste a morena brejeira
que surgiu em meu amor
como o botão da roseira
que agora não dá mais flor.

Fui feliz antigamente,
quando era um pobre menino;
e só vivia o presente,
sem me importar com o destino.

Hoje não tenho alegria
por sentir esta saudade
que nasce de quem fazia
a minha felicidade.

Mesmo depois de velhinho,
se Deus me der esta graça,
quero sentir o carinho
do amor total que não passa...

Meu amor simples em tudo
não te convenceu bastante,
porque permaneço mudo
ao te ver tão deslumbrante.

Não foram horas perdidas
as que passei junto a ti;
são lembranças bem vividas
que nunca mais esqueci...

Não há poder que consiga
me demover da vontade,
de tê-la só como amiga
quando me assalta a saudade.

O amor à primeira vista
visitou meu coração,
mas no instante da conquista
vi que tudo foi em vão.

Para sofrer tanto assim
fora melhor não revê-la;
está tão longe de mim
como se fosse uma estrela.

Para te amar me concentro,
esperando chegar a hora;
pois quem não ama por dentro,
não adianta amar por fora.

Para tê-la novamente
andei por muitos caminhos
e retornei descontente
sem conseguir seus carinhos...

Para viver com carinho
procurei amar alguém;
hoje sinto que sozinho
eu vivia muito bem.

Pelos caminhos da vida
fui deixando para trás,
como em cada despedida
um sonho que se desfaz.

Perambulando sozinho
pelas ruas da cidade,
procuro achar o caminho
que leva à felicidade.

Perto de ti me convenço
que nada posso fazer,
sem empregar o bom senso
para afinal te esquecer.

Posso perder-te... que importa
se não queres me aceitar...
Há muito tempo está morta
a vontade de te amar.

Quantos amores têm fim
por falta de persistência,
não concretizando assim
a base da convivência.

Quem quiser ser trovador,
seja primeiro aprendiz,
mesmo em matéria de amor
se aprende pra ser feliz.

Roubei-lhe um beijo, ao passar
ao meu lado, sorridente;
e lembrando seu olhar,
de noite, dormi contente...

Se amar causa sofrimento;
é preciso suportar...
pois não há pior tormento
do que sofrer sem amar...

Se tens amor e resistes
às ligações perigosas,
teus dias não serão tristes
e viverás entre rosas...

Se te querer foi loucura,
eu serei um triste louco,
por te dar tanta fartura
e ter em troca tão pouco.

Sofro por ti, me atormento
a cada instante que passa;
e neste martírio lento
vou vivendo na desgraça...

Vai-se um amor... outro vem...
e assim se passam os dias.
Os nossos sonhos também
são de mágoas e alegrias.

Vive de amor, se te apraz,
e nunca percas a calma;
porque a verdadeira paz
só se encontra dentro da alma.

Fonte:
O Autor

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