sábado, 5 de novembro de 2011

Antonio Brás Constante (Arqui-inimigo (melhor andar descalço))


Aquele que não possuiu em toda sua vida ao menos um arqui-inimigo, que feche os olhos e atire a primeira pedra. Quem sabe assim, com algum azar, não acabe acertando alguém e possa enfim desfrutar da sensação de ter alguém no mundo que lhe odeia, deixando você livre para odiá-lo também.

Os arqui-inimigos são válvulas de escape (e fazem o maior sucesso em filmes e novelas, já na vida real...), onde concentramos toda nossa aversão e os piores sentimentos de nosso ser que são focados nesse indivíduo desprezível, que para nossa total infelicidade foi colocado no mundo para nos atormentar, cruzando nosso caminho.

Eles são a pedra que nos faz tropeçar, o quebra-molas que nos atrapalha a passagem, o corrupto que embolsa nossos impostos, ou mesmo a lombada-eletrônica que existe apenas para nos multar.

Geralmente o arqui-inimigo tem uma história em nossas vidas. Muitas vezes eram antigos amigos, que por um acaso do destino acabaram se transformando em rivais, até por fim se tornarem nossos maiores inimigos.

Em outros casos, eles já se apresentam como nossos desafetos, nos desafiando e espezinhando sempre que podem. Cheios da chamada: “antipatia gratuita”. Com raízes profundas, que podem ter se originado em eras passadas, ou ainda no berçário, quando guerreávamos com eles por uma chupeta, ficando o fato registrado de forma inconsciente na memória de ambos.

Qualquer um pode se tornar seu pior inimigo. Pegue aquela gentil senhora de cabelos grisalhos como exemplo. Sempre bondosa e parecida com sua doce avó. Você tinha uma enorme simpatia por ela, até o momento que passou a namorar e por fim se casar com a filha dela. A partir dali aquela meiga senhora se transformou em sua famigerada sogra, capaz de lhe atribuir os piores defeitos, e toda uma série de críticas sobre sua pessoa (em alguns casos, ela acaba se tornando uma segunda mãe para você, mas isto já é uma outra história).

Existem inimigos que vão e voltam. Outros nos assombram por um certo tempo e somem. Estes não podem ser considerados verdadeiros arqui-inimigos. Os arqui-inimigos se acumulam. Eles chegam e ficam para sempre torturando nossa existência. São o fardo que se leva e a cruz que se carrega. Fazem de nossas vidas um verdadeiro inferno. São dignos de nossas piores pragas e maiores maldições.

Infelizmente não existe uma forma mágica de evitá-los, pois sua presença independe de nossa vontade. Eles parecem mariposas atraídas pela luz de nosso sucesso.

Enfim, os arqui-inimigos são como espinhos em nossos sapatos, que nos machucam a cada passo da nossa caminhada. Não adianta pisarmos neles, pois só conseguiremos aumentar nosso sofrimento com esta atitude. O melhor a fazer nesses casos, é nos desfazermos daquele calçado, passando a andar descalços e felizes rumo ao nosso futuro.

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Texto enviado pelo autor

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