sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Dari Pereira (Sopa Poética)


TROVAS

Ouvi conselho de um monge
achei-o mais do que certo:
Quem quiser chegar ao longe
tenha sempre Deus por perto!

Poeta não faz escolha,
desafia qualquer tema,
desdobra folha por folha
e compõe o seu poema.

Recordando a mocidade
e o meu tempo de criança,
faço trova da saudade
e poema da lembrança.

Longe, longe, na campina,
na hora em que a noite desce,
o céu, fechando a cortina,
reza conosco uma prece...

Contendo idéia completa
e pregando o bem geral,
um só verso de um poeta
pode torná-lo imortal.

Quem quiser boa acolhida
pela graça do perdão,
não pode negar, na vida,
um abraço para o irmão.

Descortinar horizontes,
buscar a estrada florida,
cruzar os vales e os montes,
eis a viagem da vida…

Quem é de Deus não padece
no caminho dos ateus…
e a cada dia, na prece,
tem novo encontro com Deus.

DISTANTE

Distante da minha terra,
longe de tudo o que amo,
eu sou um vate que erra,
sinto saudade e reclamo…

Aqui, tão triste e sozinho,
distante do berço amado,
sinto a falta de carinho
e meu viver é magoado.

Distante dos meus amigos,
da festiva serenata,
já não encontro os abrigos
que a noite na alma desata.

Lá na terra pura e santa,
é tão lindo o fim do dia,
na hora em que o sino canta
as preces da Ave-Maria…

A serra, os rios e o vale,
o verde lá da campanha,
temem que um dia se cale
o canto na terra estranha.

Toda carta que eu recebo
só me fala do regresso
e em cada linha, percebo
que nada vale o sucesso.

Se aqui distante, reclamo,
eu deixo tudo, por fim:
- Longe das coisas que amo,
estou distante de mim.

Fontes:
Academia de Letras de Maringá
UBT Nacional

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