Desenho de Gustave Doré
Certo médico chamado,
De alcunha, o Tanto-melhor,
Foi visitar um doente,
Do qual o Tanto-pior
Era médico assistente.
O último, sempre funesto,
Que o doente morreria
Altamente sustentava,
E o Tanto-melhor dizia
Que o dobre enfermo escapava.
Houve sobre o curativo
Mui grande contestação;
Um aplicava calmantes,
O outro armava uma questão
Em favor dos irritantes.
No fim de tanto debate,
O enfermo a vida. perdeu,
E o Tanto-pior clamou:
- Vejam qual de nós venceu!
Se o meu cálculo falhou.
Tornou-lhe o Tanto-melhor,
Mostrando um vivo pesar:
- Pois eu sempre afirmarei
Que morreu por não tomar
Os remédios que indiquei.
Em quanto a mim, se os tomasse,
Morrer havia igualmente;
Mas é desgraça maior
Cair um pobre doente
Nas mãos de um Tanto-pior.
De alcunha, o Tanto-melhor,
Foi visitar um doente,
Do qual o Tanto-pior
Era médico assistente.
O último, sempre funesto,
Que o doente morreria
Altamente sustentava,
E o Tanto-melhor dizia
Que o dobre enfermo escapava.
Houve sobre o curativo
Mui grande contestação;
Um aplicava calmantes,
O outro armava uma questão
Em favor dos irritantes.
No fim de tanto debate,
O enfermo a vida. perdeu,
E o Tanto-pior clamou:
- Vejam qual de nós venceu!
Se o meu cálculo falhou.
Tornou-lhe o Tanto-melhor,
Mostrando um vivo pesar:
- Pois eu sempre afirmarei
Que morreu por não tomar
Os remédios que indiquei.
Em quanto a mim, se os tomasse,
Morrer havia igualmente;
Mas é desgraça maior
Cair um pobre doente
Nas mãos de um Tanto-pior.
Fonte:
La Fontaine. Fábulas. SP: Martin Claret, 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário