domingo, 28 de agosto de 2011

Antonio M. A. Sardenberg (Entre Amigos III)


Fontes de desejos
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG/RJ


Vejo em você a fonte dos meus desejos.
O oásis que me abriga,
A brisa que me sopra a vida,
A água que me mata a sede,
A boca que me enche a boca
De sutis e delicados beijos.

Vejo em você a imensidão do mar,
A única estrela a brilhar,
O campo repleto de flor.
Vejo em você a vida,
A vida que me dá vida,
Que por triste ironia,
É só sonho e fantasia,
Fonte de ilusão perdida,
Que quase me mata de amor...

Dissipando o silêncio
BENEDITA AZEVEDO/RJ


O silêncio do inverno se dissipa
ao brotarem as flores do jardim,
e o gorjeio do pássaro antecipa
as lembranças do cheiro de alecrim.

Deixemos as saudades nos levar
pelas trilhas de outrora, mas voltemos
a contemplar as flores a brotar,
alegrando o ambiente onde vivemos.

O repicar dos sinos na alegria
de ter uma família que nos ama...
Na falta dela pense... o que seria!

Essa melancolia que ora brota,
são apenas momentos de uma dama
cheia de sonhos lindos, ninguém nota.

Alheio
NADILCE BEATRIZ/RS


Veja, o tempo só passa alheio
Se passar festeiro
Roubar-te-á de permeio
Ainda ficará insolente
A mostrar-te a corrente
Que podes, ao todo, enroscar-te

Será que chorar pelos abandonados
Sem ter pecados
Seriam prantos inválidos?
Vertigem, esta tragédia planejada
Aqui se chora à beira da estrada
Mesmo sem ter chão

Quando encontrares muitas flores
E creres em espinhos indolores
Ilusões serão favores
De um total devaneio intrigant
Capaz de perfumar num instante
Até onde existir o amor

E por não saber ver o alheio
Alimenta-se do mesmo centeio
Farto ou sem meio
É temer a terra firme que passa
Contrariar o amor em graça
Para despedir-se sem adeus.

Poesia na pele
TECA MIRANDA/MG


O verso clama abafado...
preso na porta de entrada,
sentindo o olhar abismado
corre e escapa em lufadas.

Adorna-se de todo amor,
essa emotiva e doce loucura
que por vezes causa amargor
a quem busca essa ventura.

Liberto pela colorida fantasia
na poesia é então acolhido,
lançado ao léu pela ventania
no coração busca o sentido...

Sob o mesmo céu
LIGIA ANTUNES LEIVAS/RS


Por muito tempo fiquei sem prumo
perdida e só não distinguia o rumo
e sobre mim, silencioso e triste,
prostrou-se o mal, quase punhal em riste.

Jamais julguei ter a paixão assim
motivo (in)justo de impor-se um fim
eis que quem ama humanamente o faz
sem nem pensar que tudo se desfaz.

Se a distância, o não-encontro, a dor
se o calvário deste louco amor
nos impediram a vida sob um mesmo teto,

se o chão não temos, se tudo é dissabor,
(por Deus!)temos estrelas, um céu compensador
a nos cobrir com a vastidão do afeto

Coração desocupado
JOSÉ ERNESTO FERRARESSO/SP


Esconderijo de recordações,
que procura ser preenchido.
quando remexe com as emoções ,
e procura afazeres nas ilusões.
.
Que me acalenta e me preocupa,
quando tenho precisão.
não me deixa tranquilo,
quando divago em algum coração.

Bendito coração,
que não me negas nada.
descobre o que necessito,
e tenta decifrar meus segredos.

Completa e me acalma,
consegue me convencer.
quando preencho a minh'alma,
e não quero mais viver.

Mãe... Saudade...
ZULEIKA / MG


O som de um piano chega aos meus ouvidos...
O passado surge em notas musicais...
Acorda em mim saudade de tempos idos,
Tempos que ao olhar , não voltam mais...

Notas suaves relembram um tango antigo...
Sons que falavam da montanha o despertar...
Na voz dela...o piano fez-se ruído ,
Oh! Minha Mãe ! Tão belo seu cantar...

Sua voz, minha mãe, tão meiga e doce...
Acalanto,coro de anjos a lhe acompanhar,
Em outro plano, contente, há de brilhar...

Acorda montanhas! Como se uma ordem fosse !
Raios de sol ...de manso, faz-me recordar...
Seca meus olhos...de nada vale o meu soluçar...

Meu Querer
EDLA FEITOSA/PE–


Eu quero:

A paz do campo, o azul do céu,
O verde do mato, o perfume das flores,
O brilho do sol, o canto do rouxinol,
Uma brisa suave sempre a soprar
E toda paz que eu puder encontrar.

Eu quero:

A gota cristalina de orvalho, A solidão do lago,
Uma casa com varanda, Uma rede a balançar,
O prado, o gado, o gorjeio das aves,
O clarão do luar, a friagem da noite
E muitos sonhos para sonhar.

Fonte:
Textos e imagem enviados pelo Autor

Nenhum comentário: