sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Marilda de Almeida (Livro de Poesias)


VIAJANTE DO TEMPO

Viajante sou, no tempo e no espaço,
Procuro nas incontidas idas e vindas,
O calor humano, o sabor da vida,
A maciez do abraço apertado,
O carinho dado, mas a mim negado.
Em meus devaneios procuro o amor,
A paixão que arrebata e acalma,
No desejo ardente, pela vida e pelo viver.
Nas cores de um arco-íris depois das chuvas,
Busco no brilho dos céus, que refletem nos meus olhos, a saudade dos teus.
O brilho da alegria, do olhar e do toque.
Não me permito a dor, em meu ser, em meu querer.
Os sonhos e as ilusões são a minha esperança.
Não quero silenciar minha alma viajante,
Só irei parar no tempo e no espaço,
Quando os ponteiros do relógio marcar minha hora,
De partida ou encontro com o meu Eu, com a minha felicidade.
Viajante sou, com desejos e tentações ,
Mas não quero deixar nenhuma página em branco,
Por tudo que a vida me deu, e que Deus me permitiu viver.
Encontros e desencontros; caminhos e descaminhos;
amores e desamores; alegrias, tristezas e solidão.
E no espelho de minha alma, continuo viajante solitário,
Sigo meu caminho, sem hora marcada para chegar ou partir.
Sigo apenas como um viajante nômade,
Perdido no tempo e no espaço.

SENTIR O AMOR!

É ter o mundo aos nossos pés.
Ter um olhar atrevido, lépido,
faceiro, traquino.
Na mão... uma flor e na boca
Um silêncio que fala.
Ingênuo, às vezes criança.
Mas, está vivo a cada instante,
O coração pulsa flamejante.
Tem na alegria o sentido da vida.
É ser um sonhador, ir até os céus ,
E falar com Deus.
Trazer no olhar, as estrelas,
Fazer da lua sua eterna paixão.
De um breve momento, um reflexo,
Cristalizar uma gota de lágrima,
Para eternizar o sentimento.
É ter asas e poder subir aos cumes,
Cantar o amor em prosa e verso.
É perdoar, caminhar lado a lado,
Ter abraços para se entregar, mesmo
contra a própria razão.
Pois a razão... o amor desconhece.
Sentir o amor, é ter o elixir da vida.
E não poder confessar, sentir o perfume
que brota, no coração quando
ao seu lado estou, ávida
dos carinhos de suas mãos.

DESCOMPASSO DE UMA VIDA.

Invadiu minha alma rompendo saudades,
Sonhos, desejos, acalentando verdades,
Meu coração bateu descompassado,
Pensei ter encontrado meu bem.

Aos sons de harpas desafinei meu compasso,
Acordei em mim o desejo de amar,
Meu corpo cambaleou no caminhar,
Quando ao teu encontro segui passo a passo.

Levitei até as estrelas,
Busquei encher de brilho nossas vidas
E o meu olhar, para te entregar,
E entre abraços me fazer amada.

Mas o tempo mostrou-me quão tola fui,
Meus pensamentos serviram-me de armadilha,
Para ludibriar meus devaneios,
Emudeci minhas lágrimas.

Deixei-te partir e o pranto
Não deixei rolar pela face,
Pois quero a calma da madrugada,
Para minha harpa poder afinar,
E na minha vida um suave canto entoar.

COMO FÊNIX...

Sou como fênix, que ressurjo das cinzas...
Em uníssono a voz de minh’alma clama pela vida.
A paixão escondida, renasce em meus sonhos,

Inquieta, querendo explodir no peito.
Sinto falta de um bem querer, de carinho, abraço,
do dormir agarradinho e de um perfume que inebria.
Mas que pena, onde está você, que não me vê...
Calada, deparo-me guardando o melhor de mim,
Meu sorriso, o brilho do olhar, minha alegria, somente
por te amar.
Uma dor singra no vazio, por onde anda você, que não me vê...
Levo-me à exaustão, pensamentos fervilhando,
Queimando a minha alma, incendiando meu ser.
E como fênix, acredito no milagre, na renovação.
Quem sabe, com o sol reluzindo sobre o verde dos campos,
E o vento soprando em meu rosto, trazendo a esperança
de que tudo pode renascer
Nossos olhares se encontrarão para que o amor flua numa chama ardente,
Milagre de uma vida.

SE QUISERES...

Se quiseres ver-me sofrer, perder o encanto rouba o brilho das
estrelas, apaga a luz do luar.
Tira de mim o sol que aquece meu corpo e minh’alma.
Arranca dos lábios da criança o sorriso e a alegria que
encanta com sua inocência.
Se quiseres ver-me sofrer, destrói a natureza, mata os
pássaros que cantam em minha janela.
Polui as águas dos rios que matam minha sede
e nas tardes de verão, banho meu corpo para renovar as energias.
Se quiseres ver-me sofrer, polua o ar que respiro,
enche meus pulmões com os gases e fuligens que
saem pelas chaminés de suas fábricas.
Se quiseres ver-me sofrer tira de mim a alegria do sorrir,
do abraço amigo que acalma minhas dores.
Se quiseres mesmo ver-me sofrer, parte na calada da noite,
em silêncio, deixando apenas o perfume suave
das madrugadas, para o meu amanhecer.
Mas se quiseres ver-me feliz, suplica a Deus que
transforme meus sonhos em realidade,
transforme o coração do homem que destrói o mundo,
pede a Ele que acabe com a violência, com as tragédias e as dores
que assolam o nosso planeta.

Fonte:
ORSIOLLI, Sonia Maria Grando; FERNANDES, Dorival C. SCARPA; Maria Antônia Canavezi; JULIO, Sandra M. (organizadores). 1a. Coletânea Teia dos Amigos 2008. Itu,SP: Ottoni, 2008.

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