sábado, 27 de agosto de 2011

Origem de Algumas Expressões Populares


Erro crasso
Significado: Erro grosseiro.

Origem: Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos , tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso . Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair.
Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um "erro crasso ".

Ter para os alfinetes
Significado: Ter dinheiro para viver.

Origem: Em outros tempos, os alfinetes eram objecto de adorno das mulheres e daí que, então, a frase significasse o dinheiro poupado para a sua compra porque os alfinetes eram um produto caro. Os anos passaram e eles tornaram-se utensílios, já não apenas de enfeite, mas utilitários e acessíveis. Todavia, a expressão chegou a ser acolhida em textos legais. Por exemplo, o Código Civil Português, aprovado por Carta de Lei de Julho de 1867, por D. Luís, dito da autoria do Visconde de Seabra, vigente em grande parte até ao Código Civil actual, incluía um artigo, o 1104, que dizia: «A mulher não pode privar o marido, por convenção antenupcial, da administração dos bens do casal; mas pode reservar para si o direito de receber, a título de alfinetes , uma parte do rendimento dos seus bens, e dispor dela livremente, contanto que não exceda a terça dos ditos rendimentos líquidos.»

Do tempo da Maria Cachucha

Significado: Muito antigo.

Origem: A cachucha era uma dança espanhola a três tempos, em que o dançarino, ao som das castanholas, começava a dança num movimento moderado, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio. Esta dança teve uma certa voga em França, quando uma célebre dançarina, Fanny Elssler, a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal, a popular cantiga Maria Cachucha (ao som da qual, no séc. XIX, era usual as pessoas do povo dançarem) era uma adaptação da cachucha espanhola, com uma letra bastante gracejadora, zombeteira.

À grande e à francesa
Significado: Viver com luxo e ostentação.

Origem: Relativa aos modos luxuosos do general Jean Andoche Junot, auxiliar de Napoleão que chegou a Portugal na primeira invasão francesa, e dos seus acompanhantes, que se passeavam vestidos de gala pela capital.

Coisas do arco-da-velha
Significado: Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverosímeis.

Origem: A expressão tem origem no Antigo Testamento; arco-da-velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do pacto que Deus fez com Noé: "Estando o arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-Me-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra." (Génesis 9:16)

Arco-da-velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina.

Há também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere (beber).

Dose para cavalo
Significado: Quantidade excessiva; demasiado.

Origem: Dose para cavalo, dose para elefante ou dose para leão são algumas das variantes que circulam com o mesmo significado e atendem às preferências individuais dos falantes.
Supõe-se que o cavalo, por ser forte; o elefante, por ser grande, e o leão, por ser valente, necessitam de doses exageradas de remédio para que este possa produzir o efeito desejado.
Com a ampliação do sentido, dose para cavalo e suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.

Dar um lamiré
Significado: Sinal para começar alguma coisa.

Origem: Trata-se da forma aglutinada da expressão «lá, mi, ré», que designa o diapasão, instrumento usado na afinação de instrumentos ou vozes; a partir deste significado, a expressão foi-se fixando como palavra autonoma com significação própria, designando qualquer sinal que dê começo a uma actividade.
Historicamente, a expressão «dar um lamiré» está, portanto, ligada à música (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).

Nota: Escreve-se lamiré , com o r pronunciado como em caro .

Memória de elefante
Significado: Ter boa memória; recordar-se de tudo.

Origem: O elefante fixa tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atrações do circo .

Lágrimas de crocodilo
Significado: Choro fingido.

Origem: O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.

Não poder com uma gata pelo rabo
Significado: Ser ou estar muito fraco; estar sem recursos.

Origem: O feminino, neste caso, tem o objectivo de humilhar o impotente ou fraco a que se dirige a referência. Supõe-se que a gata é mais fraca, menos veloz e menos feroz em sua própria defesa do que o gato. Na realidade, não é fácil segurar uma gata pelo rabo, e não deveria ser tão humilhante a expressão como realmente é.

Mal e porcamente
Significado: Muito mal; de modo muito imperfeito.

Origem: «Inicialmente, a expressão era "mal e parcamente". Quem fazia alguma coisa assim, agia mal e eficientemente, com parcos (poucos) recursos.
Como parcamente não era palavra de amplo conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida, bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou " mal e porcamente", sob protesto suíno.»1

Fazer tijolo
Significado:Morrer.

Origem: Segundo se diz, existiu um velho cemitério mouro para as bandas das Olarias, Bombarda e Forno do Tijolo. O almacávar, isto é, o cemitério mourisco, alastrava-se numa grande extensão por toda a encosta, lavado de ar e coberto de arvoredo.

Após o terramoto de 1755, começando a reedificação da cidade, o barro era pouco para as construções e daí aproveitar-se todo o que aparecesse.

O cemitério árabe foi tão amplamente explorado que, de mistura com a excelente terra argilosa, iam também as ossadas para fazer tijolo. Assim, é frequente ouvir-se a expressão popular em frases como esta: 'Daqui a dez anos já eu estou a fazer tijolo '.

Fila indiana
Significado: enfiada de pessoas ou coisas dispostas uma após outra.

Origem: Forma de caminhar dos índios da América que, deste modo, tapavam as pegadas dos que iam na frente.

Andar à toa
Significado: Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.

Origem: Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está "à toa" é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar.

Embandeirar em arco
Significado: Manifestação efusiva de alegria.

Origem: Na Marinha, em dias de gala ou simplesmente festivos, os navios embandeiram em arco , isto é, içam pelas adriças ou cabos (vergueiros) de embandeiramento galhardetes, bandeiras e cometas quase até ao topo dos mastros, indo um dos seus extremos para a proa e outro para a popa. Assim são assinalados esses dias de regozijo ou se saúdam outros barcos que se manifestam da mesma forma.

Cair da tripeça
Significado: Qualquer coisa que, dada a sua velhice, se desconjunta facilmente.

Origem: A tripeça é um banco de madeira de três pés, muito usado na província, sobretudo junto às lareiras. Uma pessoa de avançada idade aí sentada, com o calor do fogo, facilmente adormece e tomba.

Fazer tábua rasa
Significado: Esquecer completamente um assunto para recomeçar em novas bases.

Origem: A tabula rasa , no latim, correspondia a uma tabuinha de cera onde nada estava escrito. A expressão foi tirada, pelos empiristas, de Aristóteles, para assim chamarem ao estado do espírito que, antes de qualquer experiência, estaria, em sua opinião, completamente vazio. Também John Locke (1632 1704), pensador inglês, em oposição a Leibniz e Descartes, partidários do inatísmo, afirmava que o homem não tem nem ideias nem princípios inatos, mas sim que os extrai da vida, da experiência. «Ao começo», dizia Locke, «a nossa alma é como uma tábua rasa, limpa de qualquer letra e sem ideia nenhuma. Tabula rasa in qua nihil scriptum . Como adquire, então, as ideias? Muito simplesmente pela experiência.»

Ave de mau agouro

Significado: Diz-se de pessoa portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças.

Origem: O conhecimento do futuro é uma das preocupações inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentar obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava. Para se saberem os bons ou maus auspícios (avis spicium) consultavam-se as aves. No tempo dos áugures romanos, a predição dos bons ou maus acontecimentos era feita através da leitura do seu voo, canto ou entranhas. Os pássaros que mais atentamente eram seguidos no seu voo, ouvidos nos seus cantos e aos quais se analisavam as vísceras eram a águia, o abutre, o milhafre, a coruja, o corvo e a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com qualquer destas aves.

Verdade de La Palisse

Significado: Uma verdade de La Palice (ou lapalissada / lapaliçada ) é evidência tão grande, que se torna ridícula.

Origem: O guerreiro francês Jacques de Chabannes, senhor de La Palice (1470-1525), nada fez para denominar hoje um truísmo. Fama tão negativa e multissecular deve-se a um erro de interpretação.
Na sua época, este chefe militar celebrizou-se pela vitória em várias campanhas. Até que, na batalha de Pavia, foi morto em pleno combate. E os soldados que ele comandava, impressionados pela sua valentia, compuseram em sua honra uma canção com versos ingénuos:
"O Senhor de La Palice / Morreu em frente a Pavia; / Momentos antes da sua morte, / Podem crer, inda vivia."
O autor queria dizer que Jacques de Chabannes pelejara até ao fim, isto é, "momentos antes da sua morte", ainda lutava. Mas saiu-lhe um truísmo, uma evidência.
Segundo a enciclopédia Lello, alguns historiadores consideram esta versão apócrifa. Só no século XVIII se atribuiu a La Palice um estribilho que lhe não dizia respeito. Portanto, fosse qual fosse o intuito dos versos, Jacques de Chabannes não teve culpa.

Nota: Em Portugal, empregam-se as duas grafias: La Palice ou La Palisse.

Ter ouvidos de tísico
Significado: Ouvir muito bem.

Origem: Antes da II Guerra Mundial (l939 a l945), muitos jovens sofriam de uma doença denominada tísica, que corresponde à tuberculose. A forma mais mortífera era a tuberculose pulmonar.

Com o aparecimento dos antibióticos durante a II Guerra Mundial, foi possível combater este doença com muito maior êxito.

As pessoas que sofrem de tuberculose pulmonar tornam-se muito sensíveis, incluindo uma notável capacidade auditiva. A expressão « ter ouvidos de tísico » significa, portanto, «ouvir tão bem como aqueles que sofrem de tuberculose pulmonar».

Comer muito queijo
Significado: Ser esquecido; ter má memória.

Origem: A origem desta expressão portuguesa pode explicar-se pela relação de causalidade que, em séculos anteriores, era estabelecida entre a ingestão de lacticínios e a diminuição de certas faculdades intelectuais, especificamente a memória.
A comprovar a existência desta crença existe o excerto da obra do padre Manuel Bernardes "Nova Floresta", relativo aos procedimentos a observar para manter e exercitar a memória: «Há também memória artificial da qual uma parte consiste na abstinência de comeres nocivos a esta faculdade, como são lacticínios, carnes salgadas, frutas verdes, e vinho sem muita moderação: e também o demasiado uso do tabaco».
Sabe-se hoje, através dos conhecimentos provenientes dos estudos sobre memória e nutrição, que o leite e o queijo são fornecedores privilegiados de cálcio e de fósforo, elementos importantes para o trabalho cerebral. Apesar do contributo da ciência para desmistificar uma antiga crença popular, a ideia do queijo como alimento nocivo à memória ficou cristalizada na expressão fixa « comer (muito) queijo».

Acordo leonino
Significado: Um «acordo leonino» é aquele em que um dos contratantes aceita condições desvantajosas em relação a outro contratante que fica em grande vantagem.

Origem: «Acordo leonino» é, pois, uma expressão retórica sugerida nomeadamente pelas fábulas em que o leão se revela como todo-poderoso.

Que massada*!
Significado: Exclamação usada para referir uma tragédia ou contra-tempo.

Origem: É uma alusão à fortaleza de Massada na região do Mar Morto, Israel, reduto de Zelotes, onde permaneceram anos resistindo às forças romanas após a destruição do Templo em 70 d.C., culminando com um suicídio colectivo para não se renderem, de acordo com relato do historiador Flávio Josefo.

Passar a mão pela cabeça
Significado: perdoar ou acobertar erro cometido por algum protegido.

Origem: Costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronunciava a bênção.

Gatos-pingados
Significado: Tem sentido depreciativo usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância.

Origem: Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão " gatospingados " passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.

Meter uma lança em África
Significado:Conseguir realizar um empreendimento que se afigurava difícil; levar a cabo uma empresa difícil.

Origem: Expressão vulgarizada pelos exploradores europeus, principalmente portugueses, devido às enormes dificuldades encontradas ao penetrar o continente africano. A resistência dos nativos causava aos estranhos e indesejáveis visitantes baixas humanas. Muitas vezes retrocediam face às dificuldades e ao perigo de serem dizimados pelo inimigo que eles mal conheciam e, pior de tudo, conheciam mal o seu terreno. Por isso, todos aqueles que se dispusessem a fazer parte das chamadas "expedições em África", eram considerados destemidos e valorosos militares, dispostos a mostrar a sua coragem, a guerrear enfrentando o incerto, o inimigo desconhecido. Portanto, estavam dispostos a " meter uma lança em África".

Queimar as pestanas
Significado:Estudar muito.

Origem:Usa-se ainda esta expressão, apesar de o facto real que a originou já não ser de uso. Foi, inicialmente, uma frase ligada aos estudantes, querendo significar aqueles que estudavam muito. Antes do aparecimento da electricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar azo a " queimaras pestanas".

Tertúlia
Significado: Tertúlia é a expressão utilizada para denominar um grupo de pessoas que se reune para debater um determinado assunto ou tema.

Origem: O nome provém dos usos do erudito Quinto Séptimo Florente Tertuliano, cartaginês, destacado defensor do cristianismo, cujos discursos públicos eram ricos em jogos de palavras. Às pessoas que se reuniam para debater as suas convicções e posições, apelidavam-se de "Tertulianos" e a essas reuniões depressa passaram a denominar-se "Tertúlias".

Advogado do Diabo
Advogado do Diabo é efetivamente uma profissão existente. Tomada como expressão que designa uma tarefa que ninguém por regra deseja, por ir contra a convicção geral, o "advocatus Diaboli" é a designação de um membro da Igreja Católica que é encarregue de levantar objecções em todas as argumentações documentadas num processo de canonização. Na facção oposta, o membro do clero recebe a designação "advocatus Dei".

Para Inglês ver
Significado: é uma expressão portuguesa usada para mostrar algo apenas pela aparência, algo que não se deve levar a sério pois é fabricado ou encenado para uma dada ocasião.

Origem: Dizem os entendidos que existem várias possibilidades para a origem do dito, uma no Brasil, outra em território na altura sob domínio português (S. Tomé e Príncipe), mas ambas relacionadas com a época final do tráfico de escravos. Quando a Inglaterra promulgou o fim do tráfico esclavagista fez acompanhar a promulgação da lei de algumas directrizes económicas tendentes a embargar o comércio com países que ainda adoptassem a prática. No caso português, a empresa Cadbury, a maior compradora da noz de cacau São Tomense, chegou mesmo a suspender as suas aquisições desta matéria-prima em virtude de nas plantações ser utilizada mão de obra escrava. As inspecções formais da Cadbury, pré-anunciadas, levavam os fazendeiros a encenar o emprego de população não escrava, possivelmente "para inglês ver" com o efeito tranquilizador do comprador assegurar ele mesmo que cumpria os requisitos exigidos. Algumas leis brasileiras emitidas pelo Governo da Regência em 1831, que nunca chegaram a ser levadas à prática, que proibiam "para inglês ver" o tráfico de escravos acabaram por ser letra morta para a realidade económica. Uma segunda lei, datada de 1852 e promulgada pelo Imperador D.Pedro II veio erradicar definitivamente o uso económico da escravatura.

Ficar a ver navios
Significado: Diz-se de alguém que ficou decepcionado por não ter alcançado os seus objetivos.

Origem: Há registradas duas origens para esta expressão. A mais antiga, após a batalha de Alcácer-Quibir e a alegada morte de D.Sebastião, é atribuída ao mito do sempre adiado regresso a Portugal do Rei desaparecido. Lugar privilegiado para a observação da barra do Tejo, dizia-se que muita gente subia ao Alto de Santa Catarina na esperança de avistar a nau que haveria de fazer o Rei de volta. Ir a Santa Catarina e "ficar a ver navios" era por isso mesmo uma decepção. A segunda teoria que visa estabelecer uma origem para a expressão está relacionada com a primeira invasão francesa. O General Junot que pretendia chegar a Lisboa a tempo de aprisionar a Família Real, conseguiu de facto chegar a Lisboa à frente de dois regimentos em muito má condição. A 30 de Novembro de 1807, Junot estava em Lisboa, mas a Família Real partira para o Brasil precisamente na véspera tendo alegadamente Junot "ficado a ver navios".

Sem eira nem beira Significado: pessoas sem bens, sem posses.

Origem: Eira é um terreno de terra batida ou cimento onde grãos ficam ao ar livre para secar. Beira é a beirada da eira. Quando uma eira não tem beira, o vento leva os grãos e o proprietário fica sem nada. Na região nordeste este ditado tem o mesmo significado mas outra explicação. Dizem que antigamente as casas das pessoas ricas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira como era chamada a parte mais alta do telhado. As pessoas mais pobres não tinham condições de fazer este telhado , então construíam somente a tribeira ficando assim "sem eira nem beira".

Isso são favas contadas
Significado: É uma expressão usual para definir o resultado de algo cujo resultado é esperado e previsível.

Origem: A expressão terá tido início no uso romano de utilizar esta leguminosa seca para efectuar operações aritméticas e proceder a votações, sendo distribuídas ao votante ou decisor duas favas de cor distinta, uma branca e uma negra, fava que o mesmo depositava numa bolsa onde se misturaria com os restantes votos de aprovação ou de negação consoante fosse na bolsa introduzida a variante negra. A contagem das favas brancas face às suas congéneres pretas decidia assim a votação da questão a pleito. Esta versão de votação com base nas cores branco e preto ainda hoje é utilizada em algumas decisões de aprovação, com o uso de bolas de cores distintas, permitindo assim a manutenção de total anonimato de votação.

Tirar o cavalinho da chuva
Significado: É uma expressão que nos nossos dias significa que alguém está a informar o interlocutor de que não valerá a pena insistir em determinado assunto, indicando-lhe que deve desistir do seu intento.

Origem: Não terá sido sempre esse o respectivo significado. Na era pré-automóvel, as deslocações maiores ou mais difíceis faziam-se maioritariamente a cavalo. Nas estalagens ou pontos de descanso, existiam como ainda hoje é visível nas construções mais antigas, locais específicos para se amarrarem os cavalos (argolas) enquanto o respectivo cavaleiro se ocupava no interior da construção durante uma breve paragem. Se a estada fosse mais prolongada era normal que o cavalo fosse abrigado dos elementos num estábulo destinado a repouso e alimentação do animal. "Podes tirar o cavalinho da chuva" implicava aconselhar o cavaleiro a resguardar o animal em virtude do tempo que ia eventualmente demorar.

Fontes:
'Dicionário de Expressões Correntes' ; Orlando Neves
A Casa da Mãe Joana, de Reinaldo Pimenta, vol. 1 (Editora Campus, Rio de Janeiro)

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