PRIVACIDADE
Aonde vou levo minha casa
Minha intimidade está no outro
Perco privacidade se me escondo
Ela existe enquanto me revelo
Por autoestima velo o próximo
Como se cuidasse de mim mesmo
A amizade é joia de anjo
Arranjo divino para nossa sobrevivência
ORAÇÃO DOS CASAIS
Meu bem, sei que Deus protege os casais
Semeia trigais de ternura na pele
Para que o amor sele as marcas da procura
Então, na hora em que a gente for dormir
Façamos jus aos cuidados do Senhor
Por favor, acenda-me quando apagar a luz!
PSICANÁLISE
Na bandeja fria, a mente de Sartre
O olho do Freud que me espia
Eu salgo no vinagre
Degustando o milagre de me descobrir
Perdido numa rua escura de Paris
Bastilha nua que me liberta
Em ilha virtual demarcada a giz!
SOL ETERNO
Há mais alegria na procura que no encontro
A poesia da vida está na surpresa das esquinas
Em liberdade as diferenças se fazem divinas
Não se toma água limpa em fonte suja
Quem não garimpa dentro de si mesmo
Enferruja com seu toque tudo que amanhece
Não se conhece nem se doa ao próximo
É como canoa que temesse a festa da correnteza
A Natureza acontece na candura da simbiose
Ao horizonte do amor basta a luz da ternura
O sabor da fruta não depende da semente
Vem do calor da mão calejada do plantador
Pôr-do-sol que não se põe no peito da gente!
EVAPORAÇÃO
Arreio o cavalo baio da saudade
E saio por aí feito raio
Carregando balaio de lembranças
Tropeço em desejos
Em beijos caio
Apesar da procura de outros afagos
Tateio e trago a fumaça de sua presença
Que evapora do corpo em que vagueio...
TEMPO DE ARAGEM
Enquanto dorme a Gerais guardada em sinos
E os portugais desejam além de quintos
Sobre os dias de paisagem destruída
O sol não ilumina, nem vida irradia
Apenas combina jogo de luzes
E levemente consola
Não viola a escuridão
É fogueira em solidão sem claridade
(Daí vem-me a vontade vadia)
De introduzir monarquia em meu país
Pois sentir-me-ia mais feliz
Na pátria que não é minha
Se ao menos identificasse reis e rainhas
Ou tivesse a certeza de príncipes e princesas
Estampados no vazio das mesas
De uma gente que ordeira caminha
Levada por pés de rios de vento
E mil dedos de esperança brejeira
Transformando medos em terços de inteira coragem
Feito Natureza que agredida em seu berço
Faz da montanha o seu templo de aragem
E com sua fé arranha os céus!
PELAS RUAS DE MARIANA
Assim como os molhos de estrelas
Distante de nossos olhos a verdade dos fatos
O país no mapa do querer das visões
Da pedra-sabão nascem os brilhos
Filhos de anjos quebrando grilhões
Registrando na arte o sentimento humano
Pano de fundo em que se lavra a história
Heróis nas asas da memória das paredes
As nações são como as casas
É preciso juntar cada coisa em seu lugar
Dia do raiar da luta, guerrilhas, altares
Nesses mares a história é festa cigana
Manifesta-se nas ruas de Mariana-Mãe de Minas
Através de todas as sinas e cores
Odores da história, nossa eternidade material
COPO DE CAMPARI
Sinto Falta dos amigos distantes
Que na luta da vida se perderam
Ou antes se acharam em alguma morte
Feito mãe prepara leito de filho
Com o brilho da esperança nos olhos
Arrumo a casa, preparo a sala
Receberia com gala qualquer pessoa
Mas não soa a campainha
O silêncio me ensurdece
Derrete o gelo no copo de "campari"
Em mim o apelo de prece
Tanto zelo pra terminar assim
Sem alguém que me ampare
Ciente de que a carne é mero revestimento
Breve encantamento do espírito em solidão.
----------------------
Aonde vou levo minha casa
Minha intimidade está no outro
Perco privacidade se me escondo
Ela existe enquanto me revelo
Por autoestima velo o próximo
Como se cuidasse de mim mesmo
A amizade é joia de anjo
Arranjo divino para nossa sobrevivência
ORAÇÃO DOS CASAIS
Meu bem, sei que Deus protege os casais
Semeia trigais de ternura na pele
Para que o amor sele as marcas da procura
Então, na hora em que a gente for dormir
Façamos jus aos cuidados do Senhor
Por favor, acenda-me quando apagar a luz!
PSICANÁLISE
Na bandeja fria, a mente de Sartre
O olho do Freud que me espia
Eu salgo no vinagre
Degustando o milagre de me descobrir
Perdido numa rua escura de Paris
Bastilha nua que me liberta
Em ilha virtual demarcada a giz!
SOL ETERNO
Há mais alegria na procura que no encontro
A poesia da vida está na surpresa das esquinas
Em liberdade as diferenças se fazem divinas
Não se toma água limpa em fonte suja
Quem não garimpa dentro de si mesmo
Enferruja com seu toque tudo que amanhece
Não se conhece nem se doa ao próximo
É como canoa que temesse a festa da correnteza
A Natureza acontece na candura da simbiose
Ao horizonte do amor basta a luz da ternura
O sabor da fruta não depende da semente
Vem do calor da mão calejada do plantador
Pôr-do-sol que não se põe no peito da gente!
EVAPORAÇÃO
Arreio o cavalo baio da saudade
E saio por aí feito raio
Carregando balaio de lembranças
Tropeço em desejos
Em beijos caio
Apesar da procura de outros afagos
Tateio e trago a fumaça de sua presença
Que evapora do corpo em que vagueio...
TEMPO DE ARAGEM
Enquanto dorme a Gerais guardada em sinos
E os portugais desejam além de quintos
Sobre os dias de paisagem destruída
O sol não ilumina, nem vida irradia
Apenas combina jogo de luzes
E levemente consola
Não viola a escuridão
É fogueira em solidão sem claridade
(Daí vem-me a vontade vadia)
De introduzir monarquia em meu país
Pois sentir-me-ia mais feliz
Na pátria que não é minha
Se ao menos identificasse reis e rainhas
Ou tivesse a certeza de príncipes e princesas
Estampados no vazio das mesas
De uma gente que ordeira caminha
Levada por pés de rios de vento
E mil dedos de esperança brejeira
Transformando medos em terços de inteira coragem
Feito Natureza que agredida em seu berço
Faz da montanha o seu templo de aragem
E com sua fé arranha os céus!
PELAS RUAS DE MARIANA
Assim como os molhos de estrelas
Distante de nossos olhos a verdade dos fatos
O país no mapa do querer das visões
Da pedra-sabão nascem os brilhos
Filhos de anjos quebrando grilhões
Registrando na arte o sentimento humano
Pano de fundo em que se lavra a história
Heróis nas asas da memória das paredes
As nações são como as casas
É preciso juntar cada coisa em seu lugar
Dia do raiar da luta, guerrilhas, altares
Nesses mares a história é festa cigana
Manifesta-se nas ruas de Mariana-Mãe de Minas
Através de todas as sinas e cores
Odores da história, nossa eternidade material
COPO DE CAMPARI
Sinto Falta dos amigos distantes
Que na luta da vida se perderam
Ou antes se acharam em alguma morte
Feito mãe prepara leito de filho
Com o brilho da esperança nos olhos
Arrumo a casa, preparo a sala
Receberia com gala qualquer pessoa
Mas não soa a campainha
O silêncio me ensurdece
Derrete o gelo no copo de "campari"
Em mim o apelo de prece
Tanto zelo pra terminar assim
Sem alguém que me ampare
Ciente de que a carne é mero revestimento
Breve encantamento do espírito em solidão.
----------------------
Sobre o autor:
http://singrandohorizontes.blogspot.com/2011/05/carlos-lucio-gontijo-1952.html
Antologia Poética 1:
http://singrandohorizontes.blogspot.com/2011/05/carlos-lucio-gontijo-1952.html
Antologia Poética 1:
http://singrandohorizontes.blogspot.com/2011/05/carlos-lucio-gontijo-antologia-poetica.html
------------
Fontes:
– Poesias enviadas pelo autor
– Algumas poesias escolhidas do livro de Gontijo, O Ser Poetizado. 1.ed. Belo Horizonte, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário