As palavras nem sempre são confiáveis. Muitas vezes fala-se algo de forma mentirosa, utilizando as palavras para enganar seu interlocutor, ou interlocutores, ou ainda algum conhecido deles que esteja passando férias juntinho de você, e por isso esteja escutando o que você anda dizendo a eles. Com as interjeições isto dificilmente acontece. Elas são por natureza mais verdadeiras, visto que as interjeições exprimem nossos estados emocionais em sua forma mais espontânea.
Quando alguém lhe diz um “Oh! Oh!” (não confunda com o “Ho! Ho!” do Papai Noel), é porque algo não deu certo. Se ele chegar a pronunciar um “Ih!” Ou um “Xi!”, corra e não olhe para trás. Deu tudo errado, e dependendo da intensidade do som do “i” a coisa ainda vai ficar ainda pior. Nestes casos o “Ih” acaba funcionando como uma sirene, sinalizando, por exemplo, que aquilo que você falou do seu chefe foi ouvido por ele e que ele está vindo tomar satisfações.
Os sons que as pessoas emitem têm origens nas mais diversas causas, como no caso dos sustos, que utilizam sons como o “Uh!” dos fantasmas (e das torcidas que vaiam quem lhes desagrada) para aterrorizar ou infernizar, enquanto outros soltam um “Oh!” demonstrando que estão assustados, mesclado a esses sons uma cara de surpresa e horror, dessas que a gente faz quando o time do coração toma um gol.
Quando os seres humanos utilizam determinadas expressões, elas podem indicar e até muitas vezes identificar de qual região é o dito cidadão. Se ele disser um “Bah” ou “mas Bah”, seguido de um “Tchê!”, com quase toda certeza ele será provavelmente um gaúcho (ou não). Caso pronuncie um “Uai!” é porque o cabra é, foi, ou tem vontade de ser das bandas de Minas Gerais – Se realmente for de lá, você perceberá que de zero a noventa e nove por cento das frases que ele pronunciar terão as palavras “trem” e/ou “sô” embutidas no que for por ele dito, maldito ou até bendito.
Quanto mais espontânea for a expressão proferida mais autêntica e confiável ela será. Afinal quantos “Uau!” Você já viu alguém dizer ao ver passando uma paisagem feia (entenda-se o significado da tal “paisagem” do jeito que você quiser) ou um carro velho, detonado e sem condições de buzinar uma bela canção.
A função destas formas de comunicação é justamente declarar que algo intenso e verdadeiro aconteceu. Só dizemos “Ufa!” Quando conseguimos nos sair bem em casos extremos, como quando temos um ataque estomacal agudo, no meio do trânsito, por exemplo. Algumas pessoas chegam a soar frio nesses momentos. Toda concentração é pouca para conseguir dissuadir nosso sistema digestivo a não cumprir aquilo para que foi projetado desde o nosso nascimento.
Contamos os segundos que nos separam do nosso mais novo, momentâneo e vital objeto de desejo: O banheiro. Pode passar a mulher mais linda do mundo do nosso lado, que mesmo assim olhamos para ela com cara de poucos amigos. Fato que pode fazê-la sofrer de um profundo abalo em sua auto-estima de mulher desejada, ou sair dali pensando inverdades sobre nossa masculinidade (o contrário também se aplica no caso de ser a mulher nessa situação e o reverso do oposto contrário também).
Por fim chega-se aquele “oásis” rodeado de vasos de porcelana e rolos de papel higiênico por todos os lados (ou pelo menos que tenha um deles ali em condições de uso, ou múltiplo uso se for também o caso), nos permitindo sentar confortavelmente naquele assento convidativo e soltar entre outros sons menos agradáveis um extasiante “Uuuuuffaaaaaaaaaa!”, relaxando todo nosso corpo para deixar o fluxo dos acontecimentos seguir seu curso natural, como deveria acontecer com todos aqueles que tomam Activia.
Realmente as interjeições e seus assemelhados conseguem demonstrar de forma simples, as vontades e sentimentos de nós, seres humanos. A propósito, já que estamos falando em sons, você sabe qual a diferença de uma pessoa que cai do vigésimo andar de um prédio e outra que cai do segundo andar? É que a pessoa que cai do vigésimo andar faz o seguinte barulho: AHHHHHHHHHHHHHHHHH!!! BUM (som textual de uma pessoa batendo no chão depois de cair vinte andares, se não acredita em mim faça você mesmo o teste, de preferência arremessando seu próprio corpinho pela janela). Já a pessoa que cai do segundo andar faz assim: Bum! Ahhhhh!!. (E a vida continua...).
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