terça-feira, 9 de agosto de 2011

José Roberto Balestra ("Facebook" Não; Só Face!)


Vi num blog literário o anúncio de um novo concurso de contos. Faz bem competir; há sol pra todo mundo...

Estava em casa, ou melhor, estávamos: eu, o notebook e o mundo no écran, e Gary Moore vazando das caixas de som, num solo iluminado com sua guitarra PRS em The Prophet. Aliás, algumas pessoas mereciam terna colher de chá na lista de eternidade divina; Gary estaria nela. ................. Já me repensando: o Criador deve ter sempre boas Razões pra me contrariar. Um dia eu e Ele trataremos sobre. Que não seja breve, tá, Mestre?

Voltando à vaca-fria, claro que a notícia alegra quem é arrebatado por escrever sobre qualquer tema, o pleno da vida, na base do exercício faça-de-tudo-um-pouco-que-passa-e-se-evita-ficar-louco-com-o-pouco-da-cinzenta-massa.

Teclei o link indicado. Fui ao regulamento... (Coisa danada é a alegria, regozijo motivado que vai tomando conta da gente, evoluindo feito um alegro de música clássica; o pulsar do coração toma andamento animado. Delicioso!)

E beethovenamente meu alegro com brio foi crescendo, crescendo, me absolvendo, como diz o poeta Peninha em sua melodiosa Sonhos.

Eis que me senti fustigado por um vento frio, daqueles em massa crescida de pão. Era o cruento das condições: o conto teria de ser inédito, sem publicação alguma, nem em blog! E mais. Teria de me inscrever no tal facebook!, isto para, em caso de vitória, fomentar discussão sobre criação da capa do livro, valores de venda, marcar data para autógrafos, essas coisas assim próprias, dizia o regulamento.

Claro que minha massa de pão encalacrou na hora! Vi-me enrolado nesse calamistro quente e instransponível, ainda que a justificativa de se ter um facebook fosse para difundir cultura “...e não somente para publicação de lixo virtual.”.

Não tenho facebook. E agora, alertado de que nele há “lixo virtual”, então vejo que não estava errado nem sem motivos para ainda não tê-lo. Continuarei assim, sem!

Mas não era só isto. Havia mais. Ou melhor, havia menos; o regulamento não dizia sobre o que mais interessa a um ignoto escritor: o prêmio!, o quantum!... Só se ver publicado não vale... Acho nisso um incentivo manquitola demais. Em vero um desestímulo.

Ora, quem tem audácia de dar a cara pra bater num concurso literário, nacional ou não, é claro que quer a vitória, que quer ver seu livro lançado, circulando e, sobretudo o prêmio financeiro do certame (Não estou falando de “prêmio literário”, pra concorrer apenas autor com livro já editado.), que é o que sustentará o desconhecido escritor por algum tempo.

Que a editora seja de pequeno porte ou não, é uma empresa, e com fins lucrativos. Nos lucros viajam os glóbulos vermelhos e brancos que sustentam seu corpo editorial. Sem eles a anemia é fatal, falenciosa. Com o escritor iniciante se dá exatíssima mesma coisa!

Editor que queira promover algum concurso literário, garimpar um promissor autor de sucesso para sua casa, não deve deslembrar que carro de bois sem bois é apenas carro; não canta o carro nem avança o carreiro. Precisa gostar de livros e também de quem os escreve; o lucro vem da cantadeira do rodado dessas condições... para os dois.

Por essas e por outras é que o paulista batataense JOSÉ OLYMPIO faz tanta falta no mundo editorial brasileiro. Era um editor ousado!

Ele tinha cuidado com seus lucros, mas também carinho especial, de verdadeiro amigo pessoal, para quem lhos trazia; os escritores. Entre esses seus colaboradores estavam um João Guimarães Rosa, para ali vindo através do Prêmio Humberto de Campos da própria Livraria J. O. Editora, um Mário Palmério, uma Rachel de Queiroz, um Ciro dos Anjos, um Carlos Drummond de Andrade, um Ariano Suassuna, um Luís Jardim, um... Nenhum deles ali aportou renomado.

Fonte:
http://zerobertoballestra.blogspot.com/

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