quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Aparecido Raimundo de Souza (Tudo assim, como se minha alma girasse no ar feito um catavento)

“Que fazem as estrelas durante o dia?.”
Mardien Calixte (1935 – 2013), de seu livro “Atlantico!” 

1 – Inconsequente
Chove no telhado — o fim do mundo cochila no colo da flor.

2 – Tecnologia 
Toque na tela fria — a solidão se esconde na luz do visor.

3 – Infância 
Chão de terra e riso — a pipa sobe dançando com sonho no fio.

4 – Madrugada 
O silêncio pingando no copo sujo da pia — a lua vigia.

5 – Amor inesperado 
No ponto vazio do ônibus atrasado — um olhar sorri.

6 – Flor no velório
Um perfume antigo fica no adeus.

7 – Cova aberta à luz 
Uma borboleta pousa sem pressa nenhuma.

8 – Entre soluços
Um verso escorre da dor — nasce poesia.

9 – A magia do retrato 
O tempo apaga sorrisos com dedos de pó.

10 – Último suspiro 
A cortina se move sem vento algum.

11 – Saudade 
No cheiro do chá tua ausência se senta na cadeira ao lado.

12 – Amor desfeito 
Promessas partidas decoram a estante como porta-retratos.

13 – Lágrimas em vão 
Choram meus olhos carentes — atormentam meu coração

14 – Goteira no teto  
Ninguém nota a tempestade dentro do olhar

15 – Monotonia
A brisa da manhã sussurra segredos calmos — folhas balançam.

16 – Eterno
A lua no espelho reflete sonhos antigos na água parada.

17 – Devaneio
O silêncio azul invade o fim da tarde, passa um sabiá.

18 – Inexplicável partitura
O silêncio denso — no vão entre duas notas, a dor se esconde.

19 – Sempre igual
O grito contido pesa mais que tempestade. Cai sem alarde.

20 – Vazio
Nenhum som resta, só o pulsar da ausência na pele da alma.

21 – Sem voz
Chuva no vidro, como lágrimas do céu. Ninguém responde.

22 – Escombros
Entre ruínas, flores ainda resistem. Melancolia.

23 – Sem explicação
Saudade… aquela presença que se faz sentir na ausência. 

24 – Estranho 
Vento no portão, eco do que já foi riso— volta só a brisa.

25 – Álbum de fotografia
No velho retrato, o tempo dorme em silêncio. Saudade desperta.

26 – Mar aberto
No céu da memória brilham os olhos de antes — lágrima e farol.

27 – Sem sentido
Ramo quebrado. O pássaro não volta. Só o vento.

28 – O peso de uma ausência
Chão de folhas. Ninguém passou por aqui. Mesmo assim pesa.

29 – Depois de tudo
A fumaça sobe. O tempo nem responde... Cinza no ar.

30 – Dor ingente
Casa vazia. O som do relógio dói devagar.
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APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA (72), natural de Andirá/PR,. Em Osasco, foi responsável, de 1973 a 1981, pela coluna Social no jornal “Municípios em Marcha” (hoje “Diário de Osasco”). Neste jornal, além de sua coluna social, escrevia também crônicas, embora seu foco fosse viver e trazer à público as efervescências apenas em prol da sociedade local. Aos vinte anos, ingressou na Faculdade de Direito de Itu, formando-se bacharel em direito. Após este curso, matriculou-se na Faculdade da Fundação Cásper Líbero, diplomando-se em jornalismo. Colaborou como cronista, para diversos jornais do Rio de Janeiro e Minas Gerais, como A Gazeta do Rio de Janeiro, A Tribuna de Vitória e Jornal A Gazeta, entre outras.  Hoje, é free lancer da Revista ”QUEM” (da Rede Globo de Televisão), onde se dedica a publicar diariamente fofocas.  Escreve crônicas sobre os mais diversos temas as quintas-feiras para o jornal “O Dia, no Rio de Janeiro.” Acadêmico da Confraria Brasileira de Letras. Reside atualmente em Vila Velha/ES.
Fontes:
Texto enviado pelo autor. 
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

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