quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Asas da Poesia * 66 *


Trova de
ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP

Deve-se valorizar
toda forma de inclusão.
Haverá sempre um lugar
para amparar um irmão …
= = = = = =

Poema de
LAIRTON TROVÃO DE ANDRADE
Pinhalão/PR

Cinderela
"Como o lírio entre os espinhos 
é minha amada entre as donzelas."
(Ct. 2.2)

Há tanto desengano que me intriga,
Que, não poucas vezes, me castiga
Sem nenhuma piedade.
Meu refrigério de consolação
E saber onde está meu coração,
Por quem vale a saudade.

Como posso viver sem esse amor?
Só nele encontro todo meu vigor
E paz na solidão.
És a minha princesa desejada,
Encantos raros de afetuosa fada,
Grande amor e paixão.

Busco-te muito! - Almejo teu olhar,
Que, apaixonado, amor quer encontrar
Pra saciar seus desejos...
Do meu caminho clara luz, vem logo!
Não mais demores! Escuta meu rogo!..
- Terás milhões de beijos.

Beijos de cavalheiro apaixonado,
Beijos ternos de um príncipe encantado
Por sua princesa bela.
A vida é breve! Veloz é o tempo!
Em pensamento, eu sempre te contemplo,
Ó minha Cinderela!
= = = = = = = = =  

Trova de
ANA WELTER
Toledo/PR

Que seja o brilho da aurora
Tão intenso em minha vida;
Que haja reflexos agora
E após a minha partida.
= = = = = = = = =  

Soneto de 
ALDO ARRAIS
(Antônio Aldo Arrais Batista Torres de Castro)
Alenquer/PA +

Rio agonizante

Arrastões, malhas finas com pingentes
Depredação total nos rios pequenos
Não mais pescador imprevidente
tantos peixes, com bombas e venenos.

Malhando peixes magros e carnudos
Confinados nos lagos e nos rios
Apanham peixes grandes e miúdos
com tarrafas e redes, nos baixios.

Pingando da folhagem verdejante
O sereno das noites de verão
molha os lábios do Rio Agonizante.

Riozinho condenado, que tristeza
Tuas águas fazem estranha procissão
no triste funeral da natureza.
= = = = = = 

Trova de
PAULO ROBERTO DA SILVA
Caicó/RN

Traçadas pela quimera...
as rugas que hoje pranteio,
são marcas da minha espera
de um amor que nunca veio!
= = = = = = 

Poema de
BENIGNA SAMSELSKI
Belém/PA

Valsa

Pronta para a dança...
Desejando repetir-te;
Na valsa, no tango,
Nos quatro cantos da sala
Do quarto
Da cama,
Do chão
Do tapete
Dos sonhos
E dos voos mais bonitos.
Através do vento
Por entre estrelas,
Rasgando nuvens
No firmamento
Nem sempre firme
Para que possamos passar
Por entre o espaço,
O tempo,
Os sonhos...
E nos agasalharmos
No infinito.
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

De falhas ninguém se esquiva,
por isso, afirmo sem susto:
há censura construtiva
e muito elogio injusto!
= = = = = = 

Soneto de
EDITH LOBATO
Itaituba/PA

Ânsia do coração

Desponta o dia e meu olhar perdido,
Esmola tua presença à distância.
E pulsa o coração com total ânsia,
Deseja o teu carinho apetecido.

E ao meio dia o tempo enraivecido,
Meu pensamento em doida eflorescência.
Vagando nos escombros da existência,
Num mundo que parece sem sentido.

E dentre sois e luas, vendavais,
A vida corre afoita e sempre traz,
A força que nos faz seguir sonhando.

Colhendo experiência dos meus ais,
Eu não desisto frente aos temporais,
E vou por insistência labutando.
= = = = = = = = = 

Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN

Cadeira velha!...Esquecida,
sem dono e sem mais ninguém...
Só a saudade atrevida
reclama a ausência de alguém!
= = = = = = 

Poema de 
FILEMON ASSUNÇÃO
Belém/PA

Remorso

Embora, minha mãe, o teu cabelo
Tome a cor da neblina e do luar,
E os teus olhos, nevoentos e sem brilho,
Sejam fontes de pranto a gotejar,
Continuas a ser para teu filho
Essa mesma boníssima criatura,
Pródiga de cuidados e de zelo.
Tua cabeça vai aos poucos branquejando.
Que pena ver tão branco o teu cabelo!
Minha Nossa Senhora da Amargura,
Rainha incomparável do desvelo,
Mais uma vez teu dúlcido perdão:
Para aumentar a minha desventura,
Não sei porque me diz o coração
Que eu sou unicamente o causador
De ficar teu cabelo dessa cor ...
= = = = = = 

Trova de 
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG

Forçada a escolhas na vida
- teatro que não domino
fui marionete movida
pelos cordéis do destino!
= = = = = = 

Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Tiziu

Ouvindo um psiu, psiu...
esta manhã bem cedinho,
me acordei com um passarinho
que nem sei de onde surgiu.

Só sei que, dando pulinho,
a cada psiu, o tiziu
em meu peito descobriu
um lugar para o seu ninho...

E ao ver que eu me levanto
só para vê-lo com apreço
em seu negror reluzente,

Ele mais canta e eu me encanto!
E orando a Deus, agradeço
tão mavioso presente!
= = = = = = 

Trova de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP

Se a morte não me intimida
e as tristezas não endosso,
eu só quero, havendo vida,
ser eterno enquanto posso!
= = = = = = 

Hino de
CONTENDA/PR

Descendente de audaz imigrante
Que aportou neste lindo rincão,
Nasce a gente altaneira e gigante
Bandeirantes do agreste sertão.
Hoje os filhos da raça pioneira
Trabalhando com força e ardor,
Honram as cores da nossa bandeira
No trabalho, na fé e no amor.

Estribilho:
Foste vila em setembro
E  cidade em novembro
E teu povo sempre ordeiro
Fez de ti grande celeiro,
Trabalhando sem parar,
Nunca deixa de cantar
Contenda amada, Contenda amada,
Terra por Deus abençoada.

Nestes campos e nestas serras,
Onde a vida feliz se refaz
Veio o filho de outras terras
Encontrar o abrigo e a paz.
E a benção de São João teu padroeiro,
Fez brotar as riquezas do chão.
És orgulho do povo brasileiro
Ó Contenda, querido torrão.
= = = = = = 

Trova de
RITA MOURÃO 
Ribeirão Preto/SP

Resisto, mas me afrouxando,
revogo a minha sentença.
Quem ama mesmo sangrando
perdoa e renova a crença.
= = = = = = 

Recordando Velhas Canções
RECADO 
(samba, 1959) 
Luís Antônio e Djalma Ferreira

Você, errou quando olhou, pra mim
Uma esperança, fez nascer, em mim
Depois levou, pra tão longe de nós
Seu olhar no meu, a sua voz

Você deixou, sem querer deixar
Uma saudade, enorme em seu lugar
Depois nós dois
Cada qual a mercê do seu destino
Você sem mim, eu sem você!

Saudade, meu moleque de recado
Não diga que eu me encontro nesse estado

Você deixou, sem querer deixar
Uma saudade, enorme em seu lugar
Depois nós dois
Cada qual a mercê do seu destino
Você sem mim, eu sem você!
= = = = = = = = = 

Trova de
CAMPOS SALES
Lucélia/SP, 1940 – 2017, São Paulo/SP

Nosso amor foi tão verdade,
que mesmo tendo acabado,
há uma ponte de saudade,
ligando o nosso passado!
= = = = = = = = =

Soneto de 
ANTÔNIO OLIVEIRA PENA
Volta Redonda/RJ

O caminho

Dize a palavra que te encerre o sonho,
aquela que resuma o teu desejo;
evita aquela de pesar medonho,
aquela de lamento malfazejo.

Dize a palavra que te encerre o sonho
com a mesma intensidade do teu beijo!
Evita o murmurar insano, e põe o
teu pensamento a trabalhar, que vejo

que aquilo que dizemos é que é ouvido,
ainda que o façamos em segredo...
— Não há palavra sem repercussão!...

Na estrada em que o homem vai, tão comovido,
seja de sua pátria, ou do degredo,
antes, por ela, andou seu coração!
= = = = = = 

Trova de
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR

Como foi, como não foi, 
conte dois que eu conto um... 
Num belo inglês, diz o boi, 
olhando a Lua: moon... moooon...
= = = = = =

Spina de 
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP

O Tempo 

Aprendi que sou
dilúvio ou talvez 
brisa, a calmaria

quente, em uma noite fria.
Entendi que a vida usufrui
tudo que o instinto irradia.
Sou um ângulo forte, uma
luz que grita, na fotografia.
= = = = = =

Trova de
MILTON SEBASTIÃO SOUZA
Porto Alegre/RS, 1945 – 2018, Cachoeirinha/RS

Se um pai se entrega à bebida,
ao filho desencaminha.
O mau exemplo é na vida
pior do que erva daninha.
= = = = = = 

Soneto de 
HEGEL PONTES
Juiz de Fora/MG, 1932 – 2012

Devaneio

É noite de natal, estou sozinho
E escuto ela chegando passo a passo;
Entra no quarto e agora, de mansinho,
Afaga minha fonte e meu cansaço.

Ela fala das flores do caminho,
E ainda sem notar meu embaraço,
Fala de velhos sonhos, de carinho,
De um beijo antigo, de um antigo abraço.

E por falar comigo desse jeito,
Vai removendo amargas cicatrizes
E arrancando lembranças do meu peito.

Eu ouço e peço: “Cala-te saudade,
Não se deve dizer aos infelizes
Que algum dia existiu felicidade”.
= = = = = =

Quadra de
IDEL BECKER
Porto Casares/ Argentina, 1910 – 1994, São Paulo/SP

Tenho tosse no cabelo,
dor de dentes no cachaço,
sinto canseira nas unhas,
não vejo nada de um braço.
= = = = = = 

Soneto de
VICENTE DE CARVALHO
Santos/SP, 1866 – 1924

Corrida de amor

Quando partiste, em pranto, descorada
A face, o lábio trêmulo... confesso:
Arrebatou-me um verdadeiro acesso
De raivosa paixão desatinada.

Ia-se nos teus olhos, minha amada,
A luz dos meus; e então, como um possesso,
Quis arrojar-me atrás do trem expresso
E seguir-te correndo pela estrada...

"Nem há dificuldade que não vença
Tão forte amor!" pensei. Ah! como pensa
Errado o vão querer das almas ternas!

Com denodo, atirei-me sobre a linha...
Mas, ao fim de uns três passos, vi que tinha
Para tão grande amor, bem curtas pernas...
= = = = = =

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