segunda-feira, 2 de julho de 2012

Doze em Ritmo de Sextilhas (Parte 3)


49 – Assis
Pelo bem da Pátria amada            
e de toda a humanidade,
cuidemos para que a Terra,
alvo de tanta maldade,
volte a ser um paraíso
que hospede a felicidade.

50 – Delcy
Que bom que seja verdade
a hospedagem da ventura
na Humanidade inteira,
e em cada criatura,
e que a Terra do Brasil
se banhe em paz e ternura!

51 - Elisabeth
O nosso Brasil - Ventura
da Perfeição que é  Divina...
Solo fértil, poderia,
se houvesse mais disciplina,
ser a terra prometida
que a Igualdade descortina!

52 - Prof. Garcia
Ouvir a voz da campina,
sentir o cheiro das flores,
namorar com as estrelas,
e a lua, dos sonhadores,
só quem não tem sentimentos
não vê tantos esplendores!

53 – Gislaine 
É bom viver entre amores, 
entre carinho e ternura, 
com novas aspirações 
a vida se faz mais pura, 
e esquecendo o que foi triste 
teremos a paz futura.  
  
54 - Hélio 
Eu enxergo a formosura 
na rosa que me extasia, 
no borbulhar da cascata, 
ao alvorecer do dia; 
e no luar prateado 
sinto a musa que me guia. 
  
55 – Mílton
A natureza extasia,
nos deixa, às vezes, sem voz...
Quem maltrata estas belezas
sempre é autor de crime atroz.
é nosso dever cuidar
do que Deus fez para nós.

56 – Ouverney 
Foram seis dias e, após,
Deus descansou, com razão,
divino suor na face,
sorriso de aprovação;
completara-se o conjunto:
Criador e criação. 

57 – Tadeu 
Sou grato de coração
à fé que me faz amar
este Deus que move o mundo.
Por poder assim pensar, 
agradeço todo dia
a bênção de acreditar! 
  
58 – Thalma 
Também por acreditar 
               em Deus, nosso Criador, 
é que agora, de mãos postas, 
mesmo sendo um pecador, 
eu sei que só é feliz 
quem pratica a Lei do Amor. 
  
59 - Vanda 
Merece graça e louvor 
quem crê, mesmo sem ter visto. 
Se a Lei do Amor rege a Vida, 
cada filho é tão benquisto, 
que anseio, em troca, afirmar: 
"Eu amo... portanto, existo". 
  
60 - Zé Lucas
Amar como Jesus Cristo,
nesta vida, eu não garanto,
pois sou mísero mortal,
sem virtude para tanto,
e amar daquela maneira
já é tarefa pra santo.

61 - Assis
 A vida é cheia de encanto
quando a pessoa tem fé;
o mundo fica mais belo,
mesmo violento como é,
visto que a fé faz milagres
e põe a esperança em pé.

62 - Delcy 
Que faz milagres a fé 
não podemos duvidar. 
Se  chegar um cataclismo 
a atingir o nosso  lar, 
o remédio que buscarmos 
a fé nos leva a encontrar!  

63 - Elisabeth
Também vou colaborar 
com meu pensar  irrestrito 
de que o bem supera o mal 
e o Amor vence o conflito,
pois quem faz esta aliança 
alcança Deus no Infinito! 
  
64 - Prof. Garcia 
Este gesto tão bonito
a mão de Deus agradece,
se a fé remove montanhas,
remove o mal que aparece,
fé plantada em terra seca
também brota, nasce e cresce!

65 – Gislaine
É  grande o valor da prece,
aumenta nossa esperança,
pois carrega,  em si, a paz    
sonhada desde criança,
nos aproxima de Deus
e aumenta a nossa confiança!

66 – Hélio
Cumprindo a nova aliança,
Deus mandou seu filho amado,
que pendurado na cruz
teve o sangue derramado,
para si chamou a culpa,
redimiu nosso pecado.

67 – Mílton
Este Deus ressuscitado
deu ao mundo nova cor,
ensinou, deixou provado
que todo ser tem valor
e nos deixou por legado
o seu exemplo de amor.

68 - Ouverney 
Exemplo, seja qual for,
é um cristalino legado,
por isso, muita atenção,
porque qualquer passo dado,
há sempre um "sem rumo" atrás,
seguindo o rastro deixado. 

 69 - Tadeu
Não há nada mais sagrado
que se deva respeitar
do que a crença das pessoas
e o direito de rezar
pois, seja em que crença for,
o importante é acreditar!

70 – Thalma
Necessário é repensar
nossos atos como irmãos,
se temos feito a contento
nosso dever de cristãos, 
pois a salvação do mundo
também jaz em nossas mãos.

71 – Vanda
Os gestos tornam-se vãos,
se no mar da Vida eu remo,
julgando que tudo posso,
tudo faço e nada temo...
Quem nos conduz ao bom porto
é o Timoneiro Supremo!

72 - Zé Lucas
Eu sei manejar o remo
no balanço da jangada,
sentindo o vento do mar
e as ondas da larga estrada,
mas, sem o remo da fé,
todo esforço dá em nada. 
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Parte 1 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/06/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-1.html
Parte 2 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-2.html 

Fonte: 
Doze em Ritmo de Sextilhas: Debate pela Internet. 20.02.2010 a 22.12.2010., 2012.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 595)


Imagem acima:
Ademar Macedo, "O Poeta do Amanhecer", sendo homenageado pela UBT da cidade de São Paulo, recebe das mãos da presidenta Selma Patti Spinelli, um quadro com uma poesia da poetisa e trovadora Maria de Lourdes Paiva. (No Centro)



Uma Trova de Ademar  

Amigos que valem ouro, 
nós deveremos mantê-los 
guardados qual um tesouro 
para nunca mais perdê-los! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Plantei amor num canteiro,
em dupla cumplicidade,
mas perdi o companheiro
e então colhi a saudade!
–Maria de Lourdes Paiva/SP– 

Uma Trova Potiguar  

Na fauna de estimação 
tem bicho como tu és. 
Com plumas feito pavão 
mas sem olhar para os pés! 
–Marcos Medeiros/RN– 

Uma Trova Premiada  

2004  -  Nova Friburgo/RJ 
Tema  -  REFÚGIO  -  M/H 

No refúgio desmanchamos,
quando ficamos a sós,
esses nós que carregamos
no fundo de todos nós!
–Selma Patti Spinelli/SP– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Quando um povo escravo acorda,
pondo fim ao jugo insano,
a mão de Deus põe a corda
no pescoço do tirano ...
–Joubert de Araujo/ES– 

U m a P o e s i a  

Eis um quadro que me encanta:
o mar num balanço infindo,
o céu inspirando o mundo,
as campinas se vestindo
de roupagem verdejante
e a viva flor do semblante
de uma criança sorrindo! 
–José Lucas de Barros/RN– 

Soneto do Dia  

CRENÇA. 
–José Antonio Jacob/MG– 

Quando firmava o azul e o sol abria 
Ao dia a sua bem-aventurança 
O homem bom repartia à vizinhança 
Toda espécie de estima que sentia. 

E ele acordava cheio de esperança 
De vir o dia - após um novo dia - 
Só para dar-lhe apreço e cortesia 
Na sua ingênua crença de confiança... 

Depois curvava a fé que lhe convinha 
À soleira da porta, de tardinha, 
E fiava as horas, crédulo a sorrir... 

E a noite o recolhia nesse afã 
De estar sempre esperando esse Amanhã 
E sempre esse Amanhã tardando a vir...

domingo, 1 de julho de 2012

Pedro Mello (Mágoas)

Soneto enviado pelo autor

Doze em Ritmo de Sextilhas (Parte 2)


25 - Assis
Essa turminha me encanta:
doze vates de almas limpas,
engrandecendo a amizade
e alçando a poesia às grimpas,
mostram-se craques na rima
e na métrica supimpas.

26 - Delcy
Somos gente de almas limpas, 
como  disse  o  Mestre  Assis,
guiados  por  José  Lucas
que, hoje, faz anos, feliz!
12  de  março é  teu dia
e a Pátria, Zé, te bendiz!

27 - Elisabeth 
Aniversário feliz, 
imagino a grande festa, 
o tempo é de Ação de  Graça, 
por mais que seja modesta, 
a vida é o melhor presente 
e eu sei que ninguém contesta! 

28 - Prof. Garcia
Ninguém no mundo contesta
a graça que a vida tem,
se este poeta tão justo
fez da vida um grande bem;
completou setenta e seis
e vai viver mais de cem!

29 – Gislaine
 É o meu desejo também,
ao nosso amigo querido
 e aos outros dez das sextilhas,
 versando em grande sentido
 com sua musa especial,
 essa musa do Cupido!

30 - Hélio
 No trajeto percorrido
 Zé Lucas chegou à glória,
 pôs no livro “cainhada”
 parte dessa sua história;
 e “o balanço da canoa”
 deu seqüência à trajetória.

31 - Milton
Tem gente que conta história
com motivo ou sem motivo,
Tem gente que, para os outros,
é um apoio, um lenitivo,
tem gente - como o Zé Lucas -
que é na vida exemplo vivo!!!

32 - Ouverney
É por isso que eu cultivo
à Trova bons sentimentos;
consegue unir em segundos
vocações e pensamentos;
de Arlindo a Zé, presta o preito,
eternizando momentos.

 33 - Tadeu
 Em todos os meus momentos,
vou louvar até o fim
tudo o que a Trova me deu
e o porquê de agir assim
é saber que a Trova fez
um homem melhor de mim!

34 – Thalma 
Trovas, sonetos... Enfim
qualquer forma  de poesia
para mim é um lenitivo,
é calmante que alivia
toda dor que me persegue
e alegra o meu dia-a-dia.

35 - Vanda  
Fugindo à desarmonia, 
no Bem vivemos imersos, 
numa redoma de paz, 
onde os males mais diversos, 
sublimamos com ternura... 
e um punhadinho de versos!

36 - Zé Lucas
Na partitura dos versos,
tento doces harmonias,
porque é mais feliz, no mundo,
quem, tecendo fantasias,
faz da existência um poema
e o canta, todos os dias! 

  37 - Assis
 Que fácil é em nossos dias
o Brasil unificar...
Basta que a gente decida
pôr alguns versos no ar,
sonhando ou filosofando
ao som do nosso cantar!

 38 - Delcy
 Gostamos  de  sextilhar,
seja com Sol ou neblina,
por isso convido a todos
pra cantar uma heroína,
que hoje faz aniversário:
a  querida  Elis  Regina!

 39 - Elisabeth
Lembrando de Elis Regina
jamais se esquece a canção
de Jobim.... Águas de Março...
Que chova lá no Sertão,
não chova tanto em São Paulo,
pois é triste a inundação!

40 -  Prof. Garcia 
Quando chove no sertão, 
a natureza se agita: 
O sabiá, rei da voz, 
em todo canto ele grita; 
e em cada nota que entoa 
deixa a canção mais bonita!

41 - Gislaine
Cantar é  forma infinita;                 
se for Trova, é mais sublime
semeá-la no mundo inteiro,
trazendo a paz, nos redime 
dos pecados que tivermos !
Quem trova não se deprime!   

42 – Hélio
 A coisa que mais redime
 as belezas do sertão
 é a chuva que molha a terra
 e pinta de verde o chão,
 faz jorrar uma cascata
 que entoa a nova canção.

43 - Milton
A chuva, que molha o chão,
nem sempre é bem entendida:
"Tempo bom"? - Hoje tem sol...
"Mau tempo"? -Chuva bandida...
Esquecem que ela traz água,
e a água é a fonte da vida!!!

44 - Ouverney
Com desperdício se lida
mas está certo o poeta:
não só por mover moinhos,
sem água tudo se afeta;
entra em pane a natureza 
e o ciclo não se completa. 

45 - Tadeu
 O uso de forma incorreta
das águas tem de mudar
pois hoje há tanta fartura
que é triste de imaginar
que, aos nossos filhos e netos,
ela poderá faltar!

46 – Thalma
Não devemos ignorar
o  valor que a água tem...
Se desperdiçá-la é crime,
poupá-la é um enorme bem.
Mas se ela faltar de vez
não vai ser bom pra ninguém!

47 - Vanda  
 Água... luz... e quanto bem 
 Deus nos deu, em abundância! 
 O Bem seja cultivado 
 sempre, em qualquer circunstância, 
 e se eternize, inspirando 
 versos que encurtem distância... 
  
48 - Zé Lucas
Temos água em abundância
nesta terra abençoada,
mas, para que não se acabe,
precisa ser preservada,
pois água é fonte de vida
e, sem vida, o mundo é nada!
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Parte 1 = Clique AQUI

Fonte:
Doze em Ritmo de Sextilhas: Debate pela Internet. 20.02.2010 a 22.12.2010., 2012

Arnaldo Jabor (Seja um Idiota)


A idiotice é vital para a felicidade. 

Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.

No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.

Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.

Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?

 hahahahahahahahaha!...

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?

É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar?

Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.

Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.

Dura, densa, e bem ruim.

Brincar é legal. Entendeu?

Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva.

Pule corda!

Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.

Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.

Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.

Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...

Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!

 Fonte:

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 594)


Uma Trova de Ademar 


Uma Trova Nacional  

Eu não ouço os teus conselhos
mas, quando fala a razão,
meus pecados, de joelhos,
imploram por teu perdão...
–Dilva Moraes/RJ– 

Uma Trova Potiguar  

Caminhando sempre ao léu 
eu percebo a meditar 
que ironia é ver o céu 
sem ter direito a voar. 
–Rodrigues Neto/RN– 

Uma Trova Premiada  

1981  -  Bandeirantes/PR 
Tema  -  DEFICIÊNCIA  -  3º Lugar 

A mais sublime lição
de grandeza, amor e fé
foi ver um homem sem mão
pintando flores com o pé.
–Vanda Fagundes Queiroz/PR– 

...E Suas Trovas Ficaram  

"Homem que é homem, não chora!"
- Obedeci, sem defesas.
Pergunto: o que faço agora
com tantas lágrimas presas?
–Newton Meyer/MG– 

Uma Poesia  

Hoje eu vivo o meu presente, 
sem ilusão, sem rancor; 
beijando e abrindo os braços 
igualmente a um beija-flor, 
que de forma majestosa, 
oscula rosa por rosa, 
enchendo o mundo de amor! 
–Prof. Garcia/RN– 

Soneto do Dia  

DEIXE-ME SONHAR. 
–Diniz Vitorino/PB– 

Viver triste e sonhar tendo alegrias 
é sorrir ocultando a dor medonha! 
Não sonhar é rasgar as fantasias 
que o espírito deseja quando sonha! 

Quero sonhos de amor todos os dias, 
mesmo a vida real sendo enfadonha; 
quando o sonho desfaz as nostalgias, 
nos encanta, sonhar não faz vergonha! 

Se às fúrias do tempo eu não dou jeito, 
quero ao menos a graça do direito 
de sonhar e fingir que sou feliz! 

Quero aflito pintar quadro risonhos, 
ser o filho adotivo dos meus sonhos, 
já que a sorte é madrasta e não me quis!

sábado, 30 de junho de 2012

Joana Veiga (Era uma Vez…)


Joana é aluna da 7a. Série do Colégio de Educação Básica de Montes Claros.

Era uma vez 
Um reino distante 
Onde vivia 
Um rei cintilante.

Vivia em paz 
Sem guerras, sem manhas 
Com seus amigos 
E com suas aranhas.

Um dia sua filha desapareceu 
e foi uma grande desgraça; 
O reino andava triste
E sem nenhuma graça.

Então o rei decidiu ir procurá-la:
Levou um pouco de poção
E, sem se esquecer,
Chamou o seu dragão.

Voaram, voaram,
Andaram, andaram, 
até chegarem ao castelo 
Onde vivia um ogre amarelo.

Bateram à porta,
Ninguém abriu;
Bateram novamente 
E nem um pio.

Então decidiu entrar à socapa. 
Bebeu um pouco de poção
E, com a faca na mão,
Começou a sua emboscada.

Subiu à torre mais alta
Onde estava a sua adorada,
Morta no chão
Sem nenhuma arranhão.

Foi à procura do ogre
e encontrou-o no quarto
e no meio daquela bagunça
encontrou um frasco.

O frasco dizia:
“ Cura milagrosa para a morte”.
Teve logo a feliz ideia
Que lhe daria muita sorte!

Foi buscar o frasco,
Muito sorrateiramente
Deu de beber à sua amada 
que acordou de repente.

Assobiou ao dragão
Que já sabia o que fazer:
Levou a rapariga 
Logo ao amanhecer.

Com a força de um gigante
E o coração mais contente
Afirmou que do ogre se iria vingar
Em nome de toda a gente.

Começou a berrar
 até o ogre acordar;
 mal o ogre acordou 
deu-lhe de papar.

O ogre, como era cego, 
Pensava que era um criado;
Mas quando engoliu
Sentiu um arrepio.

O ogre morreu,
Todos os seus criados se libertaram.
O rei voltou para a sua terra,
Onde todos o esperavam.

Já estava tudo bem
Tudo normal
O reino alegre
E excepcional.

Fonte:
Contos de Terror e Imaginação. Escola de Ensino Básico de Montes Claros.

Marcelo Spalding (O Fim do Livro Didático)


O livro assistiu à conquista dos mares e do espaço, ao massacre de tribos inteiras, à construção de aldeias que viraram cidades que viraram metrópoles, a Grandes Guerras Mundiais, a Cismas e Revoluções no Oriente e no Ocidente; contribuiu com o surgimento de nações fortes e líderes sanguinários, de ideias que originaram a eletricidade, o avião, o telefone, a bomba atômica, o rádio, a vacina, o cinema, a genética, a internet; consolidou línguas, perpetuou religiões, criou mundos imaginários. O secular e sagrado livro, atravessou um milênio inteiro – o das luzes, o das invenções – praticamente incólume, soberano numa era de rápidas transformações tecnológicas, nos fazendo acreditar que ele, o livro, era realmente como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Mas não.

 Nem o livro – e talvez nem a colher, a roda ou a tesoura – está livre de transformação nessa passagem do mundo analógico para o mundo digital, do mundo de átomos para o mundo de bits, o que tem provocado verdadeiro alvoroço em uma geração nascida e criada em meio a (muitos) livros. Sim, muitos, porque se em 1427 havia apenas 122 livros na Universidade de Cambridge, hoje são mais de 150 milhões de volumes mantidos em 150 quilômetros de prateleiras só na nesta Universidade.

 Tal profusão é sinal de que o livro não conquistou apenas as estantes, mas também o coração e o imaginário de seus leitores: “É preciso reconhecer o mundo como um grande livro”, nos dirá Guilherme de Baskerville, o frade franciscano protagonista de O Nome da Rosa; “Liesel quase puxou um título do lugar, mas não se atreveu a perturbá-los, eram perfeitos demais”, contará a protagonista Morte em A menina que roubava livros; “Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante”, revelará Clarice Lispector no antológico conto “Felicidade Clandestina”.

 Há algum tempo, porém, o livro não é mais o único a transmitir essas histórias, sonhos, medos, lições, tem dividido bastante de seu protagonismo com o cinema, a televisão, agora a internet. Sem contar que cada vez mais a escrita em geral – e a literatura em particular – encontra novos e variados suportes digitais com características distintas e capazes, inclusive, de modificar o texto em si, numa revolução que o estudioso Roger Chartier considera “com poucos precedentes tão violentos na longa história da cultura escrita”.

 Nesse aspecto, o próprio objeto físico tem sido rediscutido, com alguns prevendo que ocorrerá com o livro o mesmo que com os discos ou os filmes fotográficos: uma transposição do seu formato de átomos para um formato de bits, digital. É nesse contexto que foram lançados há algum tempo aparelhos como o Kindle e mais recentemente aparelhos como o iPad, com telas já muito melhor adaptadas à leitura do que as telas dos notebooks ou PCs. Dizer que os aparelhos digitais irão substituir por completo a milenar tradição de livros impressos, entretanto, é tão leviano quanto ignorar sua presença ou lutar contra ela.

 Livros de referência, como enciclopédias, atlas, dicionários, guias, legislações e manuais, fazem muito mais sentido numa plataforma digital do que no papel. Por pelo menos duas razões: a facilidade de consultas precisas e a facilidade de atualização. Só interessa a um mercado tradicional e um tanto viciado que um estudante compre o mesmo livro a cada ano, preocupado apenas com a mudança de uma ou outra lei que foi alterada naqueles meses, por exemplo.

 Na sala de aula, da mesma forma, livros didáticos grossos e caros são cada vez mais anacrônicos (ainda que coloridos e bonitos), e não pela questão pedagógica, tão bem discutida há algum tempo por nossos colegas pedagogos, mas pela questão tecnológica. Fazer os pais comprarem uma caixa de livros didáticos de editoras e autores que se repetem, conjunto de livros cujo valor ultrapassa o de muitos tablets, é hoje tão justificável quanto a compra da última versão da Barsa pela biblioteca da escola.

 Em livro chamado “A sala de aula interativa”, Marco Silva, ainda no ano 2000, já defendia o uso de ferramentas tecnológicas em sala de aula, mudando não apenas os materiais, mas também o método de ensino:

 “A sala de aula interativa seria o ambiente em que o professor interrompe a tradição do falar/ditar, deixando de identificar-se com o contador de histórias, e adota uma postura semelhante a do designer de software interativo. Ele constrói um conjunto de territórios a serem explorados pelos alunos e disponibiliza co-autoria e múltiplas conexões, permitindo que o aluno também faça por si mesmo. Isto significa muito mais do que ‘ser um conselheiro, uma ponte entre a informação e o entendimento, [...] um estimulador de curiosidade e fonte de dicas para que o aluno viaje sozinho no conhecimento obtido nos livros e nas redes de computador’. O aluno, por sua vez, passa de espectador passivo a ator situado num jogo de preferências, de opções, de intercompreensão. E a educação pode deixar de ser um produto para se tornar processo de troca de ações que cria conhecimento e não apenas o reproduz.”

 Um livro didático, como se sabe, é a reprodução de um discurso e de uma construção feita fora do contexto do jovem aluno, desconsiderando suas particularidades e reduzindo sua participação a preencher de lacunas. Aplicativos didáticos, embora hoje sejam muito caros, aos poucos podem ser desenvolvidos pelas universidades de cada cidade, numa parceria entre cursos de informática e educação, por exemplo, considerando a linguagem, a região e a realidade social em que estão inseridas as escolas, bem como as propostas educacionais de cada instituição.

 Com isso, talvez fosse possível investir parte do valor milionário que hoje é gasto em livros didáticos em livros de literatura. Livros em papel, que seja, pois ainda que haja – e cada vez mais – literatura nas mídias digitais, temos e por muito tempo teremos boa literatura nos livros impressos. E a literatura, quando bem trabalhada, incentiva os jovens a ler, aprimora técnicas de leitura, raciocínio, compreensão, o que no final das contas é fundamental para qualquer disciplina.

 Mais importante do que o uso de livros didáticos (ou mesmo de aplicativos didáticos) é o gosto e a capacidade de leitura, pois sem a leitura em breve não teremos mais livros – nem digitais, nem impressos; nem literários, nem didáticos. E dá para imaginar um aluno estudando apenas por aqueles tutoriais em vídeo de qualidade duvidosa? Que se permita o surgimento de novas tecnologias em sala de aula, mas que se preserve o que de melhor a tradição escolar construiu.

Fonte: