segunda-feira, 16 de outubro de 2017

João do Rio (O que se vê nas ruas) Pequenas Profissões

O cigano aproximou-se do catraieiro (1) . No céu, muito azul, o sol derramava toda a sua luz dourada. Do cais via-se para os lados do mar, cortado de lanchas, de velas brancas, o desenho multiforme das ilhas verdejantes, dos navios, das fortalezas. Pelos boulevards sucessivos que vão dar ao cais, a vida tumultuária da cidade vibrava num rumor de apoteose, e era ainda mais intensa, mais brutal, mais gritada, naquele trecho do Mercado, naquele pedaço da rampa, viscoso de imundícies e de vícios. O cigano, de frack e chapéu mole, já falara a dois carroceiros moços e fortes, já se animara a entrar numa taberna de freguesia retumbante. Agora, pelos seus gestos duros, pelo brilho do olhar, bem se percebia que o catraieiro seria a vítima, a vítima definitiva, que ele talvez procurasse desde manhã, como um milhafre (2) esfomeado.

Eduardo e eu caminhamos para a rampa, na aragem fina da tarde que se embebia de todos aqueles cheiros de maresia, de gordura, de aves presas, de verduras. O catraieiro batia negativamente com a cabeça.

— Uma calça, apenas uma, em muito bom estado.

— Mas eu não quero.

— Ninguém lhe vende mais barato, palavra de honra. E a fazenda? Veja a fazenda.

Desenrolou com cuidado um embrulho de jornal. De dentro surgiu um pedaço de calça cor de castanha.

— Para o serviço! Dois mil réis, só dois!...Eu tenho família, mãe, esposa, quatro filhos menores. Ainda não comi hoje! Olhe, tenho aqui uns anéis...não gosta de anéis?

O catraieiro ficara, sem saber como, com o embrulho das calças, e o seu gesto fraco de negativa bem anunciava que iria ficar também com um dos anéis. O cigano desabotoara o frack, cheio de súbito receio.

— É um anel de ouro que eu achei, ouro legítimo. Vendo barato: oito mil réis apenas. Tudo dez mil réis, conta redonda!

O catraieiro sorria, o cigano era presa de uma agitação estranha, agarrando a vítima pelo braço, pela camisa, dando pulos, para lhe cochichar ao ouvido palavras de maior tentação; ninguém naquele perpétuo tumulto, ninguém no rumor do estômago da cidade, olhava sequer para o negócio desesperado de cigano. Eduardo, que nessa tarde passeava comigo, arrastou-me pelo ex-Largo do Paço, costeando o cais até a velha estação das barcas.

— Admiraste aquele negociante ambulante?

— Admirei um refinado “vigarista”...

— Oh! meu amigo, a moral é uma questão de ponto de vista. Aquele cigano faz parte de um exército de infelizes, a que as condições da vida ou do próprio temperamento, a fatalidade, enfim, arrasta muita gente. Lembras-te de La romera de Santiago, de Velez de Guevara? Há lá uns versos que bem exprimem o que são essas criaturas:

Estos son algunos hombres
De obligaciones, que pasan
Necesidad, y procuran
De esta suerte remediarla
Saliendose a los caminos...

É quanto basta como moral. Não sejamos excessivos para os humildes. O Rio tem também as suas pequenas profissões exóticas, produto da miséria ligada às fábricas importantes, aos adelos, ao baixo comércio; o Rio, como todas as grandes cidades, esmiúça no próprio monturo a vida dos desgraçados. Aquelas calças do cigano, deram-lhas ou apanhou-as ele no monturo, mas como o cigano não faz outra coisa na sua vida senão vender calçar velhas e anéis de plaquet (3) , aí tens tu uma profissão da miséria, ou se quiseres, da malandrice — que é sempre a pior das misérias. Muito pobre diabo por aí pelas praças parece sem ofício, sem ocupação. Entretanto, coitados! o ofício, as ocupações, não lhes faltam, e honestos, trabalhosos, inglórios, exigindo o faro dos cães e a argúcia dos reporteres.

Todos esses pobres seres vivos tristes vivem do cisco, do que cai nas sarjetas, dos ratos, dos magros gatos dos telhados, são os heróis da utilidade, os que apanham o inútil para viver, os inconscientes aplicadores à vida das cidades daquele axioma de Lavoisier: nada se perde na natureza. A polícia não os prende, e, na boêmia das ruas, os desgraçados são ainda explorados pelos adelos (4) , pelos ferros-velhos, pelos proprietários das fábricas...

— As pequenas profissões!... É curioso! 

As profissões ignoradas. Decerto não conheces os trapeiros sabidos, os apanha-rótulos, os selistas, os caçadores, as ledoras de buena dicha. Se não fossem o nosso horror, a Diretoria de Higiene e as blagues das revistas de ano, nem os ratoeiros seriam conhecidos.

— Mas, senhor Deus! é uma infinidade, uma infinidade de profissões sem academia! Até parece que não estamos no Rio de Janeiro...

— Coitados! Andam todos na dolorosa academia da miséria, e, vê tu, até nisso há vocações! Os trapeiros, por exemplo, dividem-se em duas especialidades — a dos trapos limpos e a de todos os trapos. Ainda há os cursos suplementares dos apanhadores de papéis, de cavacos e de chumbo. Alguns envergonham-se de contar a existência esforçada. Outros abundam em pormenores e são um mundo de velhos desiludidos, de mulheres gastas, de garotos e de crianças, filhos de família, que saem, por ordem dos pais, com um saco às costas, para cavar a vida nas horas da limpeza das ruas.

De todas essas pequenas profissões a mais rara e a mais parisiense é a dos caçadores, que formam o sindicato das goteiras e dos jardins. São os apanhadores de gatos para matar e levar aos restaurants, já sem pele, onde passam por coelho. Cada gato vale dez tostões no máximo. 

Uma só das costelas que os fregueses rendosos trincam, à noite, nas salas iluminadas dos hotéis, vale muito mais. As outras profissões são comuns. Os trapeiros existem desde que nós possuímos fábricas de papel e fábricas de móveis. Os primeiros apanham trapos, todos os trapos encontrados na rua, remexem o lixo, arrancam da poeira e do esterco os pedaços de pano, que serão em pouco alvo papel; os outros têm o serviço mais especial de procurar panos limpos, trapos em perfeito estado, para vender aos lustradores das fábricas de móveis. As grandes casas desse gênero compram em porção a traparia limpa. A uns não prejudica a intempérie, aos segundos a chuva causa prejuízos enormes. Imagina essa pobre gente, quando chove, quando não há sol, com o céu aberto em cataratas e, em cada rua, uma inundação!

— Falaste, entretanto, dos sabidos?

— Ah! os sabidos dedicam-se a pesquisar nos montes de cisco as botas e os sapatos velhos, e batem-se por duas botas iguais com fúria, porque em geral só se encontra uma desirmanada. Esses infelizes têm preço fixo para o trabalho, uma tarifa geral combinada entre os compradores, os italianos remendões. Um par de botas, por exemplo, custa 400 réis, um par de sapatos 200 réis. As classes pobres preferem as botas aos sapatos. Uma bota só, porém, não se vende por mais de 100 réis.

— Mas é bem pago!

— Bem pago? Os italianos vendem as botas, depois de consertadas, por seis e sete mil réis! E o mesmo que acontece aos molambeiros ambulantes como o cigano que acabamos de ver — os belchiores compram as roupas para vendê-las com quatrocentos por cento de lucro. Há ainda os selistas e os ratoeiros. Os selistas não são os mais esquadrinhadores, os agentes sem lucro do desfalque para o cofre público e da falsificação para o burguês incauto. Passam o dia perto das charutarias pesquisando as sarjetas e as calçadas à cata de selos de maços de cigarros e selos com anéis e os rótulos de charutos. Um cento de selos em perfeito estado vende-se por 200 réis. Os das carteiras de cigarros têm mais um tostão. Os anéis dos charutos servem para vender uma marca por outra nas charutarias e são pagos cem por 200 réis. Imagina uns cem selistas à cata de selos intactos das carteirinhas e dos charutos; avalia em 5% os selos perfeitos de todos os maços de cigarros e de todos os charutos comprados neste país de fumantes; e calcula, após este pequeno trabalho de estatística, em quanto é defraudada a fazenda nacional diariamente só por uma das pequenas profissões ignoradas.

— Gente pobre a morrer de fome, coitados...

— Oh! não. O pessoal que se dedica ao ofício não se compõe apenas do doloroso bando de pés descalços, da agonia risonha dos pequenos mendigos. Trabalham também na profissão os malandros de gravata e roupa alheia, cuja vida passa em parte nos botequins e à porta das charutarias.

— E é rendoso?

— Rendoso, propriamente, não; mas os selistas contam com o natural sentimento de todos os seres que, em vez de romper, preferem retirar o selo do charuto e rasgar a parte selada das carteirinhas sem estragar o selo.

— Mas os anéis dos charutos?

— Oh! isso então é de primeiríssima. Os selistas têm lugar certo para vender os rótulos dos charutos Bismarck — em Niterói, na Travessa do Senado. Há casas que passam caixas e caixas de charutos que nunca foram dessa marca. A mais nova, porém, dessas profissões, que saltam dos ralos, dos buracos, do cisco da grande cidade, é a dos ratoeiros, o agente de ratos, o entreposto entre as ratoeiras das estalagens e a Diretoria de Saúde. Ratoeiro não é um cavador — é um negociante. Passeia pela Gamboa, pelas estalagens da Cidade Nova, pelos cortiços e bibocas da parte velha da urbe, vai até ao subúrbio, tocando um cornetinha com a lata na mão. Quando está muito cansado, senta-se na calçada e espera tranquilamente a freguesia, soprando de espaço a espaço no cornetim. Não espera muito. Das rótulas há quem os chame; à porta das estalagens afluem mulheres e crianças.

— Ó ratoeiro, aqui tem dez ratos!

— Quanto quer?

— Meia pataca.

— Até logo!

— Mas, ô diabo, olhe que você recebe mais do que isso por um só lá na Higiene.

— E o meu trabalho?

— Uma figa! Eu cá não vou na história de micróbio no pêlo do rato.

— Nem eu. Dou dez tostões por tudo. Serve?

— Heim?

— Serve?

— Rua!

— Mais fica!

E quando o ratoeiro volta, traz o seu dia fartamente ganho...

Tínhamos parado à esquina da Rua Fresca. A vida redobrava aí de intensidade, não de trabalho, mas de deboche. Nos botequins, fonógrafos roufenhos esganiçavam canções picarescas; numa taberna escura com turcos e fuzileiros navais, dois violões e um cavaquinho repinicavam. Pelas calçadas, paradas às esquinas, à beira do quiosque, meretrizes de galho de arruda atrás da orelha e chinelinho na ponta do pé, carregadores espapaçados (5) , rapazes de camisa de meia e calça branca bombacha com o corpo flexível dos birbantes (6), marinheiros, bombeiros, túnicas vermelhas e fuzileiros — uma confusão, uma mistura de cores, de tipos, de vozes, onde a luxúria crescia. De repente o meu amigo estacou. Alguns metros adiante, na Rua Fresca, um rapaz doceiro arriara a caixa, e sentado num portal, entregava o braço aos exercícios de um petiz da altura de um metro. Junto ao grupo, o cigano, com outro embrulho, falava.

— Vês? Aquele pequeno é marcador, faz tatuagens, ganha a sua vida com três agulhas e um pouco de graxa, metendo coroas, nomes e corações nos braços dos vendedores ociosos. O cigano molambeiro aproveita o estado de semi-dor e semi-inércia do rapaz para lhe impingir
qualquer um dos seus trapos...um psicólogo, como todos os da sua raça, psicólogo como as suas irmãs que lêem a buena dicha por um tostão e amam por dez com consentimento deles.

Oh! essas pequenas profissões ignoradas, que são partes integrantes do mecanismo das grandes cidades! O Rio pode conhecer muito bem a vida do burguês de Londres, as peças de Paris, a geografia da Manchúria e o patriotismo japonês. A apostar, porém, que não conhece nem a sua própria planta, nem a vida de toda essa sociedade, de todos esses meios estranhos e exóticos, de todas as profissões que constituem o progresso, a dor, a miséria da vasta Babel que se transforma. E entretanto, meu caro, quanto soluço, quanta ambição, quanto horror e também quanta compensação na vida humilde que estamos a ver.

Estos son algunos hombres
De obligaciones, que pasan
Necesidad, y procuran
De esta suerte remediarla
Saliendose a los caminos...

Mas o meu amigo não continuou o fio luminoso de sua filosofia. O catraieiro apareceu rubro de cólera, e sutilmente cosia-se com as paredes, ao aproximar-se do cigano.

De repente deu um pulo e caiu-lhe em cima de chofre.

— Apanhei-te, gatuno!

O cigano voltara-se lívido. Ao grito do catraieiro acudiam, numa sarabanda de chinelas, fúfias, rufiões, soldados, ociosos, vendedores ambulantes.

— Gatuno! Então vendes como ouro um anel de plaquet? Espera que te vou quebrar os queixos. 

Sacudiu-o, atirou-o no ar para apanhá-lo com uma bofetada. O cigano porém caiu num bolo, distendeu-se e partiu como um raio por entre a aglomeração da gentalha, que ria. O catraieiro, mais corpulento, mais pesado, precipitou-se também. Os vagabundos, com o selvagem instinto da caça, que persiste no homem — acompanharam-no. E pelos boulevards, onde se acendiam os primeiros revérberos, à disparada entre os squares sucessivos, a ralé dos botequins, aos gritos, deitou na perseguição do pobre cigano molambeiro, da pobre profissão ignorada, que, como todas as profissões, tem também malandros.

Então Eduardo sentenciou.

— Tu não conhecias as pequenas profissões do Rio. A vida de um pobre sujeito deu-te todos esses úteis conhecimentos. Mas, se esse pobre sujeito não fosse um malandro, não conhecerias da profissão até mesmo os birbantes.

A moral é uma questão de ponto de vista. Para julgar os homens basta a gente defini-los segundo os seus sucessivos estados. Se te aprouver definir os profissionais humildes pela tua última impressão, emprega os mesmos versos de Guevara com uma pequena modificação:

Estos son algunos hombres
De obligaciones, que pasan
Necesidad, y procuran
De esta suerte remediarla
Corriendo por los caminos...
___________________________
Notas
(1) Barqueiro de catraia (bote de um só lugar).
(2) Ave de rapina.
(3) Imitação de ouro.
(4) Quem compra e vende objetos usados; brechó.
(5) Desengonçados.
(6) Patife, malandro.

Fonte:
João do Rio. A Alma Encatadora das Ruas. Fundação Biblioteca Nacional.

domingo, 15 de outubro de 2017

João Batista Xavier Oliveira (Trovas de quem entende de trovas) II


A fugir da hipocrisia
na discrição eu me calo,
pois quem fala em demasia
cumprimenta até cavalo.

Alvo de risos e palmas
embutido em seu disfarce
o palhaço lava as almas
querendo da dor vingar-se.

Bate à porta a primavera;
vem ungir o meu jardim
com as cores de quimera,
lantejoulas e cetim.

Bem no meio da floresta
a terra respira fundo...
Aproveita o que lhe resta
arejando mais o mundo.

Das mãos limpas que me valho
são exemplos dos meus pais:
honestidade e trabalho,
ganância... inveja... jamais!

Dinheiro não cai do céu
e de pedra não sai leite;
quem espera sempre ao léu
não passa de um mero enfeite.

Dos meus olhos são colírios
os campos, linda morada,
por onde dançam os lírios
ao canto da passarada.

Escondida tua foto
no armário, tenho a impressão
que nossa distância noto
não estar no coração!

Humildade, dom Divino
vivendo no coração
pois é simplesmente um sino
a chamar-nos à união.

Inspiração mais prospera
no âmago do poeta
ao deparar primavera
por ser sonhador e esteta.

Não existe lei que impeça
um pensamento funesto
de quem semeia promessa
quando não quer ser honesto.

O presente desatina
quem cai no conto falaz:
- trocar voto por botina
leva sempre um pé por trás.

Para "gregos e troianos"
beberem da mesma taça...
se for preciso mil anos
de entendimento...que o faça!

Pelas flores que plantei
entre espinhos... muito fiz 
que um grande jardim ganhei:
minha sina é ser feliz.

Pergunto ao tempo até quando
a falsa paixão se esconde...
e ele passando... passando...
simplesmente já responde.

Qual anúncio a nova era
revelando tempos novos
eis a luz de primavera
doando flores aos povos.

Quantas pedras removidas
e quantas por remover...
Provações em nossas vidas
que só nos fazem crescer!

Querer ser poeta... não!
Quem é não é por querer;
escrever do coração
não precisa saber ler.

Quisera uma flor apenas
no meu portal de esperanças;
suas pétalas pequenas
são sorrisos de crianças!

Saudade, flor que a distância
seu perfume não desfaz...
jardim onde nossa infância
dança ciranda de paz!

Se cuidarmos bem da fonte
a natureza eterniza
os vislumbres do horizonte
com as promessas da brisa.

Seu eu ficasse aquele dia
sem aceno na estação...
hoje a cena não teria
cicatriz no coração.

Solidão é uma procura
além dos nossos sentidos.
Sem tempo, longe, a ternura
se perde nos alaridos.

Teus olhos, duas nascentes
que brilham a natureza
dos meus versos tão carentes
de rimas para a beleza.

Uma lágrima sincera
o poeta externa em canto
ao vislumbrar a primavera
luzidia em seu encanto.

Uma mulher, na verdade,
simplesmente poderosa,
vence os espinhos da idade;
ganha os encantos da rosa.

Vinte e oito pinceladas
e um quadro estampa tua arte
de refletir, ampliadas,
as emoções ao pintar-te.

Fonte: O Autor

Valdemir Barsalini (Lançamento de Livro em Itu)


EU SEI !
crônicas, contos, causos e poemas
pelo advogado e professor de Direito, Valdemir Barsalini

R$ 25,00

toda a renda voltada para a
Academia Ituana de Letras

Pontos de venda:
Banca do Toledo
(ao lado da Padaria Santo Antonio)

Restaurante O Caipira

Fonte:
Academia Ituana de Letras (ACADIL)

sábado, 14 de outubro de 2017

Francisco José Pessoa (Buquê de Trovas)


As pedras em mim lançadas
podem ferir tal espinho,
mas formarão as estradas
para eu seguir meu caminho.

A violência que consome 
pouco a pouco nosso irmão, 
é o prato seco da fome 
no banquete da ambição.

Corre o tempo sem demora
tal qual o rio que flui...
quando eu disser: "vou agora",
na realidade, já fui!

Fazes da vida um poema
desses assim como eu faço,
e verás, nenhuma algema
é mais forte que um abraço.

Meu desvelo é de tal monta
por te querer tanto assim...
Às vezes nem me dou conta
que gosto um pouco de mim

Namoro sim, com as estrelas,
na relva do meu jardim...
Abraço-as, beijo-as, sem tê-las,
mas elas piscam pra mim.

Nossa justiça se entrega
nos desvãos dos tribunais...
Para os pobres ela é cega,
para os ricos vê demais!

Os meus amigos são tantos
de uma bondade sem fim,
que não preciso ter prantos,
pois ele choram por mim.

São nos meus sonhos, querida, 
em noite de grande lua, 
que a minha sombra despida 
se veste com a sombra tua.

Tendo a crença como apoio 
não desanimo jamais... 
nem dou conta que tem joio 
crescendo nos meus trigais!!!

Fonte: O Autor

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Silmar Bohrer (Lampejos Semanais)

eu e os livres 
não vivemos 
sem livros 
__________________________
primavera chegando 
vida brotando 
eu então vibrando 
____________

Daquelas tardes ventosas 
no final das invernias, 
barulhentas, cabulosas, 
úmidas, envolventes, frias.
____________

tenho sido uma ilha, 
cercado de livros 
por todos os lados 
_________

Parece ser bom 
mexer com as feridas: 
quantas delas 
depois cicatrizam.
_____________

Tenho sempre meus ativos 
como filosofia de frade: 
sonhos e esperança, vivos, 
quem não los ter há-de ? 
____________

homens, 
todos tecidos da teia tênue 
da vida 
____________

investir em marcas 
de qualidade: 
invista em você 
____________

leitura não é clausura 
é abertura 
____________

se a vida não é ótima 
que seja sensacional 
____________

eu sou um caso a estudar 
vivo me estudando 
____________

inspirações gravitam 
ideias tramitam 
pensares habitam 
__________________

tem gente que não engana 
apenas confirma 
___________________

pequenos detalhes 
podem gerar 
grandes decisões 

Fonte: O Autor

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Antonio Carlos de Faria (Caixinha de surpresas)

Final de tarde e os dois amigos se encontram no Bar Brasil. Drômio anuncia, solene, que tem uma revelação a fazer.

- Antes, vamos pedir os chopes, decreta Xenofonte, escolhendo uma mesa no restaurante que tem o melhor néctar da Lapa.

Depois de saciado com os primeiros goles, o amigo instiga Drômio a fazer a tal revelação.

- Vamos, desembuche. Qual é a descoberta tão importante?

- O futebol é uma caixinha de surpresas.

- Você está brincando? Isso é um clichê que chegou ao Brasil antes de Cabral. É mais velho do que este bar.

- Não, você não entendeu. O que quero dizer é que descobri o sentido profundo da expressão "o futebol é uma caixinha de surpresas".

- Sem querer desdenhar, mas já desdenhando, não há nada a descobrir. A expressão simplesmente quer dizer que no futebol tudo é possível.

- Mas por qual motivo? A gente se limita a repetir frases, sem pensar no significado. Eu resolvi ir além disso.

- Era só o que faltava, a volta dos filósofos de boteco... Mas vamos lá, qual é a grande ideia que iluminará os caminhos da humanidade?

- Xenofonte, essa ironia ainda vai fazer você cair do cavalo... O futebol é uma caixinha de surpresas porque é o único esporte em que o mais fraco tem chances reais de vencer o mais forte.

- Como assim? Isso também acontece no basquete, no vôlei, em qualquer esporte.

- Não diga besteiras. Nos outros esportes, quando uma equipe é realmente superior e está em seus melhores dias de desempenho, não há chance de derrota. No futebol, não. Basta o adversário fraco armar uma retranca e conseguir um pênalti mal marcado, uma bola desviada pelo morrinho artilheiro... A vitória pode vir até de um gol contra, coisa sem paralelo em nenhum outro jogo.

- Tá bom, admito que você tem uma ponta de razão nessa história. Mas isso não impede que o futebol continue sendo o esporte preferido das massas.

- Você não percebe? É justamente por isso que o futebol é adorado pelos fracos do mundo. Mas, pelo mesmo motivo, ele não faz sucesso nos Estados Unidos. A seleção deles vai para a Copa e ninguém está nem aí.

- Agora quem está falando besteira é você. O futebol faz o maior sucesso entre as mulheres americanas...

- Pense e veja como isso é apenas mais um argumento em defesa de minha tese.

- Já que começamos a falar de mulheres, que tal mudarmos para este assunto?

- Concordo. Mas elas também são uma caixinha de surpresas...

Fonte:
Folhaonline. 06/06/2002

domingo, 24 de setembro de 2017

V CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação: Múltiplos Olhares (25, 26 e 27 de setembro, na UEM)

O V CONALI (Congresso Nacional de Linguagens em Interação: Múltiplos Olhares) acontecerá nos dias 25, 26 e 27 de setembro na Universidade Estadual de Maringá (UEM).



PROGRAMAÇÃO



25/09/2017 – Segunda-feira

8h00 às 12h00
 Bloco G34, 1.° andar

Credenciamento/Entrega de materiais
______________________________

8h00 às 9h45
Local: Bloco G 34 - Anfiteatro Walter Pelegrini

MESA 1: Pesquisas e caminhos: Estudos Linguísticos (PLE)

Profa. Dra. Ismara Eliane Tasso 
(Estudos do Texto e do Discurso)

Profa. Dra. Josimayre N. Coradim 
(Ensino-Aprendizagem de Línguas)

Prof. Dr. Juliano  Desiderato Antonio 
(Descrição Linguística)
_____________________________

8h00 às 9h45
Local: Bloco GH 35 - Auditório do CCH

MESA 2: Pesquisas e caminhos: Estudos Literários (PLE)

Profa. Dra. Clarice Zamonaro Cortez 
(Literatura e Historicidade)

Profa. Dra. Alba Krishna Topan Feldman 
(Literatura e Construção de Identidades)

Profa. Dra. Liliam Cristina Marins 
(Campo Literário e Formação de Leitores)
_____________________________

9h45 às 10h15: Coffee Break
_____________________________
10h15 às 12h00
Local: Bloco G 34 - Anfiteatro Walter Pelegrini

MESA 3: Mídias digitais, subjetividade, discurso na relação teoria/objeto

Profa. Dra. Cristiane Dias (Labeurb/Unicamp)
Profa. Dra. Maria Carolina de Godoy (UEL)
Profa. Dra. Renata Marcelle Lara (UEM)
_____________________________

10h15 às 12h00
Local: Bloco H 35 - Anfiteatro do CCH

MESA 4: Linguagens e Inclusão

Profa. Dra. Miriam Sester Retorta (UTFPR)
Profa. Dra. Juliana  Reichert Tonelli (UEL)
Profa. Dra. Vera Gomes Wielewicki (UEM)
_____________________________

10h15 às 12h00
Local: Bloco H 35 - Auditório do DLM

MESA 5: Fotografia no verbo: olhares poéticos

Profa. Dra. Fernanda Magalhães (UEL) - premiada artista e performer

Profa. Ms. Karen Debértolis (Prosa Consultoria) - autora de "A estalagem das almas" (2006), "A Mulher das palavras"(2009), "Prosa de palavras", "Calidoscópio", "101 Poetas paranaenses", "Blasfêmeas" 

Profa. Dra. Marcele Aires Franceschini (UEM)
_____________________________

14h00-18h00; 18h00 - 22h30
Simpósios (Estudos Linguísticos e Literários) veja postagem abaixo
_____________________________

19h30-22h00
Local: Bloco G 34 - Anfiteatro Walter Pelegrini

Conferência de Abertura 
Prof. Dr. Kanavillil Rajagopalan (Unicamp)
_____________________________

26/09/2017 – Terça-feira

8h00 às 9h45
Local: Anfiteatro Bloco I-12

MESA 6: Reformas educacionais no Ensino Médio e o ensino de Línguas Estrangeiras

Prof. Dr. Pedro Armando de Almeida Magalhães (UERJ)
Profa. Dra. Ana Paula Martinez Duboc (USP)
Profa. Dra. Luciana Cabrini Simões Calvo (UEM)
_____________________________

8h00 às 9h45
Local: Bloco G 34 - Anfiteatro Walter Pelegrini

MESA 7: Elementos do clássico na literatura: da tradição à modernidade

Prof. Dr. Aécio Flávio de Carvalho (UEM)
Prof. Dr. Apolo dos Santos Silva (UEM)
Prof. Dra. Eliane Batista (UEM)
_____________________________

9h45 às 10h15: Coffee Break
_____________________________

10h15 às 12h00
Local: Anfiteatro Bloco I-12

MESA 8: Reformas educacionais no Ensino Médio e o ensino de Língua Portuguesa e de Literatura

Profa. Dra. Regina Zilberman (UFRGS)
Prof. Dr. Adair Bonini (UFSC)
Profa. Dra. Mirian Hisae Yaegashi Zappone (UEM)
_____________________________

14h00 às 15h30
Local: Bloco G 34 - Anfiteatro Walter Pelegrini

MESA 9: Com a palavra, o escritor

Marcos Perez (Prêmio Sesc de Literatura [2013-1014] e Prêmio São Paulo de Literatura [2014] com "O Evangelho segundo Hitler"; e autor de "Que fim levou Juliana Klein?")

Prof. Ms. Luigi Ricciardi (UEL) - autor de "Anacronismo Moderno" e "Criador e criatura"
_____________________________

15h45 às 17h45
Local: Bloco G 34 - Anfiteatro Walter Pelegrini

Lançamento de livros, seguido de coquetel
_____________________________

15h00 às 18h00
Local: Gramado do Bloco G 34 

II Rebuliço Literário 
(Sarau) - Música aos ouvidos, poesia à alma
_____________________________

18h00-23h00
Simpósios (Estudos Linguísticos e Literários) veja postagem abaixo
_____________________________

27/09/2017 – Quarta-feira

8h00 às 9h45
Local: Bloco G 34 - Anfiteatro Walter Pelegrini

MESA 10: Interação nos Estudos da Tradução

Profa. Dra. Ana Maria de Moura Schäffer (UNASP)
Prof. Ms. Davi Silva Gonçalves (UFSC)
Prof. Ms. Fernanda Boito (UEM)
_____________________________

8h00 às 9h45
Local: Bloco H 35 - Anfiteatro do CCH

MESA 11: As faces do Mito na Literatura

Profa. Ms. Aldinéia Cardoso Arantes da Silva (UEM)
Prof. Dr. Luiz Carlos Andrá Mangia Silva (UEM)
Profa. Dra. Eliane Batista (UEM)
_____________________________

9h45-10h15: Coffee Break
_____________________________

10h15 às 12h
Local: Bloco G 34 - Anfiteatro Walter Pelegrini

MESA 12: Literatura, Ecologia, Direitos Animais

Profa. Dra. Elda Firmo Braga (UERJ)
Prof. Dr. Vinicius Lima (UEPG)
Profa. Dra. Evely Libanori (UEM)
_____________________________

10h15 às 12h
Local: Bloco G 34 - Sala 203

OFICINA DE TRADUÇÃO: Quando Deus é Mãe

Profa. Dra. Ana Maria de Moura Schäffer (UNASP)
_____________________________

14h00 às 15h30
Local: Bloco G 34 - Anfiteatro Walter Pelegrini

Conferência de Encerramento 
Diálogos entre 
o linguista Prof. Dr. Carlos Alberto Faraco (UFPR) e 
o vencedor do Prêmio Jabuti de Melhor Romance de 2014, Prof. Dr. Oscar Nakasato (UTFPR)
_____________________________

15h30-16h00: Coffee Break
_____________________________

16h00 às 17h40
Local: Anfiteatro do Bloco I-12

MOSTRA DO LONGA Leste-Oeste, 
de Rodrigo Grota (Kinopus Audiovisual) e bate-papo com diretor

Melhor Longa Narrativo (Best Narrative Feature) no 3rd Erie International Film Festival (EUA); Melhor diretor (Best Director Awarded) no 11th Mexico International Film Festival, MEX; Melhor Ator (Felipe Kannenberg) e Melhor Atriz (Simone Iliescu) no XX Cine PE.
_____________________________

18h00-22h30

Simpósios (Estudos Linguísticos e Literários) veja postagem abaixo
_____________________________

Fonte: