sábado, 28 de maio de 2016

Olivaldo Júnior (A Fonte Azul)

Era uma vez uma antiga vila que sofria com a falta do bem mais precioso que existe: a água. Por mais que tivessem bens de toda a espécie, coisas que o dinheiro compra, lhes faltava o H2O, néctar, o supra sumo que faz o mundo girar, circular, se animar.

Eis que um dia, do grito da gruta mais funda, do fundo da concha mais cálida, do sal da terra mais doce, um fio cristalino do que em nós é quase tudo, a água brotou de uma fonte que, refletindo o rosto do sol, se azulava e foi chamada por todos de "Fonte Azul".

Essa fonte ficava bem no meio de uma divisa de terras entre quatro cidades, que eram como os quatro cantos da Terra. De quem seria essa dádiva? A quem pertenceria aquela que matava a sede do justo e do injusto, do "Cristo" e do iníquo, sem olhar a quem?

Juntaram-se homens das quatro cidades e, por mais que suas mulheres pedissem a eles que se sentassem e resolvessem pelo bem comum, ou seja, pela partilha do mel que sacia a sede, aqueles homens estavam dispostos a derramar sangue pela água.

Assim, num dia em que o sol tinha jeito de lua, nova, com a face escondida mesmo à mostra, em batalha, cada exército de cada cidade, com lança nas mãos, guerreou pela fonte que azulava ao sol pleno em seu fino cristal, pronta a saciar quem a visse.

Depois de uns dias assim, a fonte, em meio a guerra por ela, de azul foi passando a cinza e, de cinza, a negra, escura, pastosa, até que, no lugar de água, vertia mesmo petróleo. Quem pode querer beber ouro negro em vez da prata azul que o sustenta?

Uma a uma, caíram as lanças no chão, todo negro, sem água, em nada adiantou a peleja. Assim que os pobres se deram conta de que morreriam de sede, as mulheres, devagar, buscaram cada uma seu homem. A luta fora vã. A "Fonte Azul" era morta.

Fontes:
O Autor
Imagem = http://www.pt.dreamstime.com

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