quarta-feira, 25 de maio de 2016

Susana Custódio (Poemas Avulsos)

TANGO
Na noite pejada de magia
Os dois rodopiando no salão
Os olhos sorrindo d’alegria
Transmitíamos pura emoção.

Enlaçados com elegância
Em compasso de dois por quatro
Das tuas mãos o meu corpo pendia
Espargindo do amor a fragrância.

Por todo aquele anfiteatro
Os aplausos foram-se propagando
Já da noite despontava o dia
E após o ultimo passo condutor.

A vênia em plena sedução
Não era ser somente um tango
No leito continuaríamos
A performance do nosso amor.

QUANDO

Naquele jardim, te afastaste
E já longe gritaste!
Corre para mim...
Eu, louca fui correndo,
Abriste os teus braços...me agarraste...
Rodopiando num louco frenesi!

Quando
Naquele barco
Que lento ia cortando as águas do Sado,
Com a tua viola...
Dedilhando nas cordas "Les feuilles Mortes”
E a tua voz grave cantava a doce melodia!!!
Esquecemo-nos de tudo e de todos,
E de olhos nos olhos eu te ouvia...
Amando-te cada vez mais!!!Quando
Nas dunas da praia nos deitamos
E nos amamos,
Entre beijos, carícias e gemidos!!!

Quando
Hoje olho para ti...
A saudade me invade...
EU continuo a ser EU!
E TU já não és TU!
És a sombra daquele,
Quando
No jardim...
No barco...
Nas dunas...
Me amaste!!!

ENCÔMIO À MINHA MÃE

Não sei o que mais minh’alma chora;
No momento que escrevo, eu revivo
Esta dor que é antiga e que é d’agora,
P'lo sentimento qu’ inda está tão vivo…

Mãe! Não sei porque te foste embora!
Também esta amargura que cultivo
Em mim, e do que sinto, és geradora
E esta dor é lamento muito antigo.

Meu coração encharca-se de mágoas
Recordar? – Se destes olhos brotam águas...
Oh! Mãe, minha Mãe, quanta saudade!

Vê meu carinho mãe, por piedade...
Já que partiste da minha mocidade,
Vê! Quero mostrar-te as minhas mágoas!

DESAPEGO

É este não saber o que quero,
Que me amargura,
Que me dá este desassossego
Que me persegue e em mim perdura
A vontade de tudo querer
E logo este desapego!

Esta vontade não sei de quê, é dura!
Sinto o meu peito em chaga…
Eu queria tanto um amor doçura,
Esta falta que sinto me esmaga…

Todo o meu ser é confusão,
Quero pensar e não me compreendo…
Toda esta vida é uma ilusão
Só eu sei como estou sofrendo!

Ah! Seu eu tivesse alguém a quem beijar,
Que me tirasse este desejo,
Esta ânsia de amar!

RESILIÊNCIA

Possuo a delicadeza das flores
Torno-me fera para proteger
Todos os meus divinos amores
Pois sem eles não sei viver

Posso ser dura como a rocha
Mas carrego comigo um sorriso
Que ilumina o deserto qual tocha
E vou buscar forças onde for preciso

Mesmo quando me apetece gritar
Permito que entrada da alegria
Faça no meu peito o amor aportar
Pois nos sentimentos há magia

Eu sei, nasci com o dom da paciência
Altiva, couraçada, percorro a sorte
Enigmática, mas essa é minha essência

Nada temo - ares de fraca - sou forte
As forças vêm desta resiliência
Que só se deterá perante a morte

Fontes:
Boletim Os Confrades da Poesia Nr 62 | Maio / Junho 2014
http://susanacustodio.blogspot.com.br

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