Poema de
CRIS ANVAGO
Lisboa/ Portugal
Olhas
Inventas perfeições
Sonhos e fantasias
Moldas o rosto e o coração
Sonhas com as noites e os dias
Caminhas numa estrada repleta de flores
Desenhas amores e paixões
Juntas dois corações
Cantas a mesma melodia
Moldas com a imaginação
A pessoa ideal
Leal nas tuas convicções
Não pensas em mais nada
É claro, límpido como a água
Daquele rio com que sonhas
A mão na mão amada
Perfeição
Na imaginação
De um ser que inventas
A descoberta das imperfeições
acabam com o sonho perfeito
da realidade outrora idealizada!
= = = = = = = = = = = = = =
Aldravia de
IRANILDA DIVINA RESENDE PAES
Pires do Rio/GO
chuva
fina
no
milharal
saudade
desaguando!
= = = = = =
Poema de
CÉLIA EVARISTO
Lisboa/ Portugal
Quatro estações
No meu corpo nascem flores,
sou a primavera a renascer.
Num jardim sou as cores
nas quais acabas por te prender.
Sou o verão em que mergulhas,
todas os dias, ao amanhecer.
Sou o mar que te beija
e do teu corpo quer beber.
Sou o outono em cada árvore,
cujas folhas acabam por cair.
Sou estrela que te entrega
o seu modo de ser, o seu sorrir.
Ao fim do dia sou o inverno
e o frio percorre-me a alma.
O ar gélido que respiro
recebe o teu calor, doce calma.
Sou amiga do Sol e da Lua,
ambos me fazem companhia.
Acordo na mesma rua
em que mora a alegria.
Em cada estação sou eu mesma,
sou um pouco de tudo e de nada.
Sou menina, sou mulher,
sou a vida, eterna apaixonada.
= = = = = =
Trova de
DINAIR LEITE
Paranavaí/PR
A trova quando é sentida
viaja em nossa emoção
Nos faz fiéis toda a vida,
une os povos, faz irmãos.
= = = = = =
Poema de
CARLOS FERNANDO BONDOSO
Alcochete/Portugal
Ser
quero ser o não ser
para ter olhos e me ver morrer
tenho o encanto da vida
quero ter o poder da poesia
ouvir as ondas e o som da maresia
inundar a minha alma que se esvazia
é no mar que encontro a libertação
e vejo o equilíbrio do pensamento
tenho força nos meus silêncios
quando escrevo em solidão
a morte pode acontecer num momento de prazer
ainda hoje não sei como começar
talvez eu saiba acabar
vou em direção do Norte não tenho transporte
quero abrir a porta dos ventos para me libertar
de mistérios e seus enigmas
e ter esperança na visão dos meus caminhos
não tenho medo das chuvas dos temporais
nem de ventos tornados e furacões
a noite cai as estrelas dão luz à escuridão
tenho a força da tempestade dentro de mim
quero escrever sempre com os dedos da mão
e viver até ter alma para dizer que não
= = = = = = = = =
Trova do
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN
Busquei no universo um dia,
uma resposta eficaz;
que transformasse a poesia
num hino de amor e paz!!!
= = = = = =
Poema de
ANTERO JERÓNIMO
Lisboa/ Portugal
Silêncio na voz
Há palavras com silêncio na voz
usadas e abusadas no gênero
como um qualquer artigo indefinido
mascaradas de transparência
fingem no seu ato de subserviência
Há palavras que carregam no ventre
o malfadado segredo do seu fado
desditosas, rebaixadas
logo irão nascer amordaçadas
que inventam esperança
em nome de um amor que tudo alcança
Há palavras órfãs, amarguradas
esperando ver luz na madrugada
irmãs da tristeza em laços de solidão
lágrimas reprimidas no silêncio da ilusão
Há palavras com silêncio na voz
necessitando abraçar forte a coragem
para gravar as passadas de uma nova viagem.
Há palavras com fome de dizer basta!
= = = = = =
Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
A Lua, que a noite ronda
com o seu lindo clarão,
é a lamparina redonda
que ilumina o meu sertão!
= = = = = =
Soneto de
ALFREDO SANTOS MENDES
Lisboa/Portugal
Máscara
Por que se escondem vós, forças do mal?
Abandonai de vez vosso covil!
Por que escondeis o vosso rosto vil,
atrás de um rosto puro, angelical?
Já chega de prosápia assaz banal,
de tanto fingimento, vão, servil!
Há muito conhecemos vosso ardil,
pra tudo conseguirem no final!
Pois mal se apanham donos do poder…
Só querem seus discursos esquecer,
e não cumprir promessas propaladas!
E enquanto o Zé povinho vai sofrendo,
vós, tubarões, os bolsos vão enchendo,
sem nenhum preconceito, às descaradas!
= = = = = =
Trova Humorística de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/ RS, 1932 – 2013, São Paulo/ SP
Ao ser preso, o vigarista,
explica, muito matreiro:
- Sou apenas cientista,
faço "clones" de... dinheiro!
= = = = = =
Hino de
FLOR DA SERRA DO SUL/ PR
No encontro de três povos, um novo rumo foi buscado,
Gaúchos e catarinenses com paranaenses irmanados,
Foi com lutas e sacrifícios, palmo a palmo conquistado.
O solo fértil, num planalto cercado com pinheirais,
Com trabalho e justiça expandiu-se mais e mais
Flor da Serra, Flor da Serra, onde o céu é mais azul,
Flor da Serra no passado, hoje Flor da Serra do Sul.
E passados muitos anos, um brado forte ecoou,
Ser distrito era pouco e um plebiscito se criou,
Em dezoito de Junho de noventa, a assembleia aprovou,
Com anseio, com justiça, Flor da Serra emancipou,
Em vinte e dois de Dezembro, a bandeira levantou.
Nos braços do sudoeste, no querido Paraná,
Na rota do Mercosul, és a estrela a brilhar,
A ecologia, nossas culturas, belas fontes a brotar,
É celeiro de fartura, resplandece encantos mil,
Povo gentil e hospitaleiro que engrandece o Brasil.
= = = = = =
Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
Os meus desejos de agora,
juntei-os, pus no correio:
(destino, Natais de outrora),
mas a resposta não veio
= = = = = =
Soneto de
LUIS VAZ DE CAMÕES
Coimbra/Portugal, 1524 – 1580, Lisboa/Portugal
Soneto 125
Este amor que vos tenho, limpo e puro,
de pensamento vil nunca tocado,
em minha tenra idade começado,
tê-lo dentro nesta alma só procuro.
De haver nele mudança estou seguro,
sem temer nenhum caso ou duro Fado,
nem o supremo bem ou baixo estado,
nem o tempo presente nem futuro.
A bonina e a flor asinha passa;
tudo por terra o Inverno e Estio
deita, só para meu amor é sempre Maio.
Mas ver-vos para mim, Senhora, escassa,
e que essa ingratidão tudo me enjeita,
traz este meu amor sempre em desmaio.
= = = = = = = = =
Trova Humorística de
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR
Esta é uma antiga lorota,
que jamais se esclareceu:
– Se Judas nem tinha bota,
como foi que ele a perdeu?...
= = = = = = = = =
Poema do Folclore Brasileiro de
CHICO RIBEIRO
Negrinho do Pastoreio
A mão da noite fechara
a porta grande do dia,
era noite e dentro dela
a tempestade rugia...
O vento! Como ventava!
A chuva! Como chovia!
O trovão de boca aberta!
O raio, de quando em quando,
Soltando-se do trovão,
corria dentro da noite,
cortando em riscos de fogo
o seio da escuridão!
Ia fundo a tempestade:
O vento ventando mais,
a chuva chovendo mais.
E o Negrinho, como a ronda,
dentro da noite perdido!...
A tempestade crescendo,
cada vez roncando mais!...
E o Negrinho acocorado
entre as macegas, ouvindo,
ouvindo, vendo e sentindo,
o bate-bate da chuva,
o martelar do trovão.
E o raio...com que violência
cortava o raio a amplidão!...
E o Negrinho ouvindo tudo!
Tudo lhe vem aos ouvidos,
enche-lhe a vista, os sentidos,
menos o passo da ronda,
que lhe confiara o -Sinhô-,
a ronda que a tempestade
de vento e chuva espalhou...
A tempestade crescendo,
cada vez roncando mais!...
Depois, depois ... oh! Senhor!
Depois que tudo acabou,
que a chuva não mais choveu,
que o vento não mais ventou
e o raio se terminou
porque o trovão se calou.
E o Negrinho também!
A não ser pelos milagres,
pelo bem que ele nos presta
quando se perde um tareco,
ninguém mais dentro do mundo
no vão dos dias, das noites,
acompanhado ou sozinho,
conseguiu botar os olhos,
PODE ENCONTRAR O NEGRINHO!
= = = = = = = = =
Trova de
ARTHUR THOMAZ
Campinas/ SP
Nessa vida, hoje, eu vou indo
buscando um rumo na sorte.
pois sinto que estou seguindo
uma bússola sem norte.
= = = = = = = = = = = = = =
Soneto de
MARIA HELENA OLIVEIRA COSTA
Ponta Grossa/ PR
Uma aurora chamada saudade
Telhado tosco, chaminé de barro
e um céu de aurora em tons de carmesim...
Esse é o cenário em que, tristonho, esbarro
quando a saudade vem tanger em mim!
Sobre a mesinha um maltratado jarro
guardava aromas vindos do jardim.
Ao pé do rancho, bois em frente ao carro
cujo destino era seguir sem fim...
E nessa aurora, no fervor da prece,
um nobre vulto agradecia a messe,
certo que Deus estava em cada grão...
Ah... Quem me dera ver mais uma vez,
de mãos calosas e morena tez,
meu velho pai... curvado em oração!
= = = = = = = = = = = = = =
Soneto de
PLÁCIDO FERREIRA DO AMARAL JÚNIOR
Caicó/ RN
Seu nome
Sua chegada foi na minha vida
A luz da aurora no nascer do dia,
Iluminando o lar, e ao ser um guia,
Sanar de vez, a minha dor sofrida.
Pôs no meu ser a sua fé contida
E do seu nome fez também poesia
Ao me dizer o mesmo com magia,
Fazendo eu crer em ter a paz florida.
É minha sorte tê-la aqui comigo
Em todo instante em que pra mim, se vem,
E ao confirmar seu nome em toda hora.
Pois no seu nome eu tenho o meu abrigo
E nele vejo a cor que a mim convém
Por ter alguém que tem o nome. Aurora...
= = = = = =
Trova de
OLIVALDO JÚNIOR
Mogi-Guaçú/ SP
Coração de agricultor
tem mil ramas de beleza:
cada uma tem valor
porque preza a natureza.
= = = = = =
Soneto de
EDY SOARES
Vila Velha/ ES
Alvorada
As maritacas abrem cantoria
nos manacás e pés de tangerina,
até que em rebeldia a sururina
avisa que o arrebol já se anuncia.
O monte... O pico envolto na neblina,
a aurora ganha um tom de nostalgia...
De pronto surge em meio à névoa fria,
o sol, como quem rasga uma cortina.
Raios de luz nas frestas da paineira,
chegam lambendo as folhas da roseira
e, aos poucos, seca o orvalho dos canteiros.
O céu abraça o sol que vem surgindo
e ao fim desse espetáculo tão lindo
o dia chega em passos sorrateiros.
= = = = = = = = =
Soneto de
MARIA MADALENA FERREIRA
Magé / RJ
A acendedora da luz
O sol se foi:... A lua vem chegando:
Cada qual volta à sua moradia
- enquanto um sino - ao longe - vai lembrando
que é hora de rezar a "Ave-Maria":
As luzes vão - aos poucos - se apagando,
e um sono repousante se inicia
- o que nos faz sonhar - de vez em quando... -
que a vida é toda feita de harmonia:
E mal a impaciente passarada
anuncia o final da madrugada,
em sua costumeira algaravia,
um leve tom rodado - no horizonte -
vem revelar - antes que o sol desponte -
que... a AURORA anda a acender a luz do dia!!!
= = = = = =
Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
A lua, de vez em quando
fica um pouco sem brilhar,
para ficar “espiando”
dois pombinhos namorar!
= = = = = =
Soneto de
FRANCISCO GABRIEL
Natal/ RN
Altar do amanhecer
Quando a noite abandona o firmamento,
nossa Lua da luz se divorcia;
é que a vida precisa de alimento
para fecundação de um novo dia.
No horizonte respira novo vento,
é que a Terra, entonando maestria,
engravida de Deus por um momento,
procriando uma nova poesia.
Surge a aurora pintando mil cantares,
irmanando universo, terra e mares,
na cantata de luz sobre o nascer.
Quando o Sol brilha em todos os lugares,
os cenários da Terra são altares,
aplaudindo outro novo amanhecer.
= = = = = =
Soneto de
MESSIAS DA ROCHA
Juiz de Fora/ MG
Gênesis
Eu sei, amor, que, às vezes, me conduzes
em trevas densas por detrás dos muros,
onde as sombras se vestem com capuzes
e onde os frutos jamais ficam maduros.
Nas tuas mãos percebo, sempre, luzes
mas os dias se tornam mais escuros
e no calvário, em meio a tantas cruzes,
agonizam meus sonhos mais impuros.
Então, concebo um novo firmamento
e, na cruel solidão do pensamento,
forjo auroras nas noites tão vazias
e, por querer da escuridão o inverso,
lanço sonhos nas sombras do universo
e consigo dar vida a novos dias.
= = = = = = = = =
Glosa de
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/ PR
MOTE:
Da vida não quero a glória
que tanto engana e seduz.
Prefiro não ter história
a renunciar minha cruz.
Filemon Martins
São Paulo/SP
GLOSA:
Da vida não quero a glória,
prefiro a paz do meu ser,
que brilha em singela história,
sem necessidade de ter.
Que tanto engana e seduz,
mas deixa um vazio imenso,
no brilho que a alma reluz,
encontrando um novo senso.
Prefiro não ter história,
se a verdade não é pura,
um caminho em sua trajetória,
que traz firmeza e ternura.
A renunciar minha cruz,
aceito o peso da vida,
pois nela, mesmo em sua luz,
encontro a força querida.
= = = = = = = = =
Soneto de
FILEMON MARTINS
São Paulo/SP
Revisitando a infância
Refaço, de memória, a longa estrada,
caminhos que trilhei desde menino.
De manhã cedo, ainda na alvorada,
eu preparava a terra, meu destino.
Tempos depois, aposentei a enxada,
para estudar, no chão diamantino.
A vida era feliz lá na Chapada,
quando brilhava a luz do sol, a pino...
Tudo passou, bem sei, tão de repente,
meu coração, parece, anda descrente
e o sentimento, quantas vezes, trunca...
Hoje, guardo no peito, com cuidado,
lembranças que marcaram meu passado
e uma saudade que não passa nunca…
= = = = = = = = =