segunda-feira, 28 de abril de 2025

Mensagem na Garrafa = 140 =


LUCIANA SOARES CHAGAS 
Rio de Janeiro/RJ

Só eu sei por que

Eu não sei por que, não sei dizer, não me peça para explicar, mas foi assim...

Já parei para pensar muitas vezes e continuo sem saber o porquê, sem saber explicar, eu só sei que foi assim...

Ver tua foto, depois fechar os olhos e ver-te perto. 

Quero manter os olhos fechados, porque te sinto a mim abraçado e todos os meus sentidos despertos. 

Eu não sei por que, não sei dizer, não me peça para explicar, eu só sei que foi assim...

Vou continuar olhando tua foto, para de olhos fechados ver teu sorriso aberto.

Me espera, só mais um pouco, eu estou chegando...

Mas, se quiser sonhar meu sonho, eu também estou aqui, de braços abertos, para me sentires bem perto, muito perto.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 

LUCIANA SOARES CHAGAS é do Rio de Janeiro/RJ. Doutoranda em Educação, Mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade. Especialista em Gestão de Recursos Humanos. Formação em Pedagogia Empresarial. Especialização em Mídias e Tecnologia na Educação pela Universidade Veiga de Almeida e Licenciatura em Pedagogia. Docente há mais de 10 anos dos cursos de MBAs do Núcleo de Negócios e das Pós Graduação de Educação. Palestrante nas Jornadas presenciais para os alunos da EaD. Atuou como Instrutora comportamental em empresas como ABRADECONT, Marinha de Brasil-EMGEPRON, Miriam S.A., CIPA Administradora (BKR-Lopes e Machado), IBEF, Casa de Cultura (SevenStarmarketing). Diretora e sócia da Prassos Treinamento Empresarial. Autora de diversos E-books de disciplinas da área de Pedagogia na Universidade Veiga de Almeida e Organizadora do Livro E-Book da Coletânea de textos sobre inclusão escolar: Pedagogia.

Fontes:
Texto enviado pela autora.

Eduardo Martínez (O café e a avó)


A minha relação com o café não é de hoje, mas também não posso dizer que sempre foi apaixonada. Ainda me lembro quando a minha avó pegava a garrafa térmica e dava uma sutil chorada sobre a minha xícara repleta de leite. Ficava aquele tom marrom bem clarinho, o gosto era agradável ao meu paladar infantil, talvez por compartilhar mais esse momento ao lado daquela mulher tão encantadora aos meus olhos. 

Já na adolescência, abandonei por completo o café. Não gostava nem daquelas balas com esse sabor. Aliás, não conseguia entender como é que alguém gostava daquilo. Não sei se é por causa da busca por novos caminhos ou, então, simplesmente por causa do turbilhão de hormônios. E foi assim por  mais alguns anos, até que me tornei funcionário do Banco do Brasil, ali em Copacabana. Voltei a tomar café, um café ruim, mais doce que rapadura, provavelmente para fazer uma social com os colegas. Seja como for, deixei de ignorar esse hábito tão brasileiro. 

Lá em casa, o pó durava um tempão. Pra falar a verdade, eu até sabia fazer, pois havia visto tantas e tantas vezes a minha avó preparando. Todavia, creio que não tinha feito uma vez sequer. Até que um dia, não sei por que cargas d'água, cismei em preparar um pouco. 

Lá fui eu atrás daqueles filtros de papel pelos armários da cozinha. Achei, mas a caixa estava mofada. Desci e fui ao mercado, quase em frente ao edifício onde morava, na rua Voluntários da Pátria, em Botafogo. 

Procurei pelas prateleiras e, quando eu já estava indo em direção ao caixa, meus olhos se fixaram naqueles coadores de pano. A imagem da minha avó logo me veio à mente e quase joguei os tais filtros de papel pro alto. Obviamente, não fiz isso. 

Peguei o coador de pano, que me encorajou a buscar pelo café mais adequado para aquela ocasião. Foi aí que percebi que a variação dos preços era enorme! Mesmo assim, escolhi a que mais me agradou, talvez influenciado pela bela imagem de grãos inteiros e torrados do rótulo.

Corri de volta, entrei na cozinha quase esbaforido. Coloquei a água para ferver, enquanto admirava aquele coador. Abri a embalagem do café e senti aquele aroma que tanto me lembrava a minha avó. 

Momentos depois, lá estava eu na sacada, com uma xícara nas mãos, sentindo aquele quentinho inebriar meu coração. Sorvi um pouco do líquido preto, ao mesmo tempo em que meus olhos, saudosos, se fechavam. O café estava sem açúcar. Aliás, de doce já basta a vida!
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
Eduardo Martínez possui formação em Jornalismo, Medicina Veterinária e Engenharia Agronômica. Editor de Cultura e colunista do Notibras, autor dos livros "57 Contos e crônicas por um autor muito velho", "Despido de ilusões", "Meu melhor amigo e eu" e "Raquel", além de dezenas de participações em coletânea. Reside em Porto Alegre/RS.

Fontes:
Blog do Menino Dudu. 28.01.2022
https://blogdomeninodudu.blogspot.com/2022/01/o-cafe-e-avo.html
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Silmar Bohrer (Croniquinha) 133


Bifurcado mundo de mundos-vida. 

Muitos.

Mundo de alegrias, mundo de espertezas, mundo colorido, mundo virado, mundo de arrogâncias. 

Mundo de riquezas, mundo de nuances, mundo de ingenuidades, mundo de pobreza, mundo perdido.

Mundo de instâncias, mundo de tristezas, mundo de ignorâncias, mundo dos espertos, mundo cão. 

Mundo de maldades, mundo de ingratidão, mundo de falsidades, mundo de arrastos, mundo de arrestos. 

Sempre sobra um mundinho para cada um de nós. 

Mundo velho sem porteira.
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Silmar Bohrer nasceu em Canela/RS em 1950, com sete anos foi para em Porto União-SC, com vinte anos, fixou-se em Caçador/SC. Aposentado da Caixa Econômica Federal há quinze anos, segue a missão do seu escrever, incentivando a leitura e a escrita em escolas, como também palestras em locais com envolvimento cultural. Criou o MAC - Movimento de Ação Cultural no oeste catarinense, movimentando autores de várias cidades como palestrantes e outras atividades culturais. Fundou a ACLA-Academia Caçadorense de Letras e Artes. Membro da Confraria dos Escritores de Joinville e Confraria Brasileira de Letras. Editou os livros: Vitrais Interiores  (1999); Gamela de Versos (2004); Lampejos (2004); Mais Lampejos (2011); Sonetos (2006) e Trovas (2007).

Fontes:
Texto enviado pelo autor.
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Arthur Thomaz (A chuva e os mistérios)


Em uma tarde chuvosa, enquanto eu escrevia, ouvi uma voz insistente chamar lá de fora.

Abri a porta da varanda e não vislumbrei ninguém. Estava quase voltando, quando ouvi.

– Sou a Chuva, velho amigo.

– Opa! Fazia tempo que não nos víamos. Há muito tempo eu queria conversar com você.

Ela respondeu imediatamente.

– Sim, mas tenho uma séria reclamação a fazer.

– Então, faça, minha amiga.

– Minha mágoa é você ter colocado em seus três livros anteriores todos os fenômenos naturais, menos eu.

Eu sorri, e disse, cuidando para não magoá-la.

– Amiga, querida, é que todas as vezes em que eu a procurei para conversar, eu fiquei molhado demais.

Ela gargalhou depois de ouvir a minha tolice.

Com o ambiente entre nós dois já mais “desanuviado”, prosseguimos.

Ela, zombando, disse.

– Fique aí embaixo do telhado da varanda, para não se molhar e pegar uma pneumonia, coisa muito comum e perigosa em idosos.

Tive que rir da brincadeira e devolvi.

– Estou reparando que os cientistas têm razão em afirmar que as chuvas atuais são muito ácidas.

Rimos muito e decidimos começar a tratar de assuntos mais relevantes.

– Amigo, você tem acompanhado o massacre que tenho sofrido da mídia?

– Realmente, eles têm sido bem contundentes quando se referem a você.

– Em minha defesa, vamos lá, por etapas.

E prosseguiu, já um pouco irritada.

– Os humanos aquecem desenfreadamente o planeta, causando o degelo nos polos, ou seja, aumentam o meu volume. Impermeabilizam o solo com asfaltamento. Quando eu me precipito, não há muita área de absorção, e eu corro atrás de um leito. Nesse caminho acontecem as fatalidades.

Eu complementei.

– Sim, os transbordamentos, inundações e desmoronamentos.

– Inevitáveis, velho amigo, e eu só tentando encontrar meu curso natural.

– O interessante, minha amiga, é que, quando você não aparece, todos reclamam da seca, com a consequente perda na agricultura e pecuária.

– E as “moças do tempo” nos canais de televisão, me culpando pela baixa umidade do ar!

Sorri para suavizar o ambiente e brinquei.

– Você virou a inimiga número 1 do planeta.

Também sorrindo, completou.

– E não consigo lavar essa mancha na minha reputação.

Rimos, e ela prosseguiu.

– Espero que você não coloque em seu livro o que vou lhe contar.

– Não vou lhe prometer, afinal, sou fiel aos leitores, e se for de relevância, seguirei minha conduta.

– Eu já imaginava, mas contarei assim mesmo.

– É um relato, para você ver como é difícil ser chuva nos dias atuais. Eu vinha, sossegadamente, por uma enxurrada, quando tropecei em uma lata, deixada na rua por algum imbecil, dei uma cambalhota e mergulhei dentro do bueiro, do qual alguém, sem escrúpulos, retirara a tampa. E enfiei meu rosto em um monte de fezes humanas acumuladas lá no fundo. “Eu me sujei, e eu lavei a mim mesma, com minhas próprias mãos”, por muito tempo, até desaparecer aquele cheiro horroroso.

Rimos por bastante tempo, até podermos reatar nossa conversa.

– Velho amigo, já que você vai narrar essa minha cômica desventura, deixe-me contar aos seus leitores algo que aconteceu com você e comigo há tempos.

Sem condições de contrariá-la, concordei.

– Na década de 70, um rapaz dirigiu de Campinas ao Rio de Janeiro, para passar a noite de réveillon com amigos. Durante a comemoração, ele tomou algumas taças de vinho a mais, levado pela emoção da data festiva.

Continuou.

– Esse rapaz precisava sair mais cedo da festa, para ir à casa de outros amigos na Tijuca. Após dirigir por algum tempo, achou mais prudente dormir no carro por uns minutos, para amenizar o efeito etílico e deixar passar a intensa chuva. Acordou e percebeu que seu carro não estava no lugar, mas encostado em uma árvore, no meio de uma enxurrada.

Nessa hora interrompi sua fala.

– Minha amiga, foi uma das piores sensações que tive, sem saber onde estava e como o meu fusca teria ido parar ali.

Chuva deu uma sonora gargalhada e completou o relato.

– Pois é, meu amigo, eu estava em ação, na madrugada da Cidade Maravilhosa, quando deparei-me com um carro aparentemente sem motorista, sendo levado na direção de um rio. Ao observar mais detalhadamente, vi uma pessoa dentro do veículo. Rapidamente, desviei a correnteza em direção a uma grande árvore para evitar uma provável tragédia.

Atônito com o relato da história, eu disse.

– Ah! Alguns integrantes do Corpo de Bombeiros, que vieram ver se eu estava bem, me falaram que eu tive sorte porque o carro estava indo em direção ao rio Maracanã e provavelmente teria problemas para sair de dentro dele.

Em um tom afetuoso, ela prosseguiu.

– Viu, meu caro, foi assim que eu conheci você, embora nunca tenha lhe contado isso.

– Devo-lhe muita gratidão, minha amiga. Mas você poderia explicar como conhecia os detalhes do cansaço da minha viagem ao Rio de Janeiro e a quantidade exagerada de taças de vinho que tomei na festa?

Riu durante um bom tempo e disse.

– Insondáveis mistérios, meu querido amigo. Aliás, um sugestivo título para este seu novo livro.

Afirmando que precisava atuar em outras paragens, deu-me um demorado e molhado abraço, e rindo, prometeu retornar em breve.

Totalmente encharcado, corri para registrar nosso encontro, pensando em como a Chuva ficou sabendo que este meu livro se intitularia “Insondáveis!”.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 

Arthur Thomaz é natural de Campinas/SP. Segundo Tenente da Reserva do Exército Brasileiro e médico anestesista, aposentado. Trovador e escritor, publicou os livros: “Rimando Ilusões”, “Leves Contos ao Léu – Volume I, “Leves Contos ao Léu Mirabolantes – Volume II”, “Leves Contos ao Léu – Imponderáveis”, “Leves Aventuras ao Léu: O Mistério da Princesa dos Rios”, “Leves Contos ao Léu – Insondáveis”, “Rimando Sonhos” e “Leves Romances ao Léu: Pedro Centauro”.

Fontes:
Arthur Thomaz. Leves contos ao léu: insondáveis. 1. ed. Santos/SP: Bueno Editora, 2024. 
Enviado pelo autor 
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sábado, 26 de abril de 2025

Asas da Poesia * 12 *


Poema de
ANÍBAL BEÇA
Manaus/ AM, 1946 – 2009

Manhã

A manhã nasce das muitas janelas
deste sereno corpo fatigado,
sede  dos meus caminhos sem cancelas,
na luz de muitos astros albergados.

Casa em que me recolho das mazelas,
dos louros, derroteiros, lado a lado,
para de mim ouvir franca sequela:
Ecce Homo! Eis o triste camuflado.

Essa tristeza antiga em residência,
às vezes se constrói em face alegre,
máscara sem eu mesmo em aparência

num carnaval insólito em seu frege.
O que me salva a cor nessa vivência
é saber que a poesia é quem me rege.
= = = = = = = = =  

Soneto de
MARIA SANTOS NASCIMENTO
Rio de Janeiro/RJ

Dilema

Eu que pensei ser livre como o vento,
não fraquejar em cada despedida,
aceitar meus fracassos sem lamento
e nunca me queixar das leis da vida…

Eu que pensei domar meu sentimento,
e ser, na luta, justa e destemida,
agora, com você no pensamento,
pouco importa vencer ou ser vencida…

O nosso bem-querer gera perigos,
mas, como só podemos ser amigos,
é fácil controlar as emoções…

Difícil é lutar contra a saudade
e acreditar que os elos da amizade
têm mais poder que a fúria das paixões!…
= = = = = = = = =  

Trova de
NEMÉSIO PRATA
Fortaleza/CE

Foi a força do migrante
com seu braço varonil
que moldou este gigante,
hoje, chamado Brasil!
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Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba / PR

Ausência...
O tempo
Descolore
A janela
Mas a esperança
Da tua chegada,
Ainda mantém
Um fio
De brilho
No meu
Olhar.
= = = = = = = = =  

Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

Eu sei que voarei, na imensidade
(João Baptista Coelho, in "Um outro livro de Job", p. 75.)

Eu sei que voarei, na imensidade
Do reino da palavra que é magia
Se as brancas asas gráceis da Poesia
Me derem essa pura caridade.

Com alma solta em franca liberdade
Planarei sobre o mar e a maresia
E tudo o que até aqui não entendia
Verei na limpidez de uma verdade.

Nesse dia em que a treva se dilui
Serei mais do que algum dia já fui
Numa grandeza de alma sem ter fim.

E este mundo será meu por completo
Que no imenso infinito eu me projeto
E já não caibo inteiramente em mim. 
= = = = = = = = = 

Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI 
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Eu me faço de blindado.
Amor? Bobagem... Pieguice...
Meu medo é que, apaixonado,
eu me envolva na tolice.
= = = = = = 

Soneto de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918

Vita nuova

Se ao mesmo gozo antigo me convidas,
Com esses mesmos olhos abrasados,
Mata a recordação das horas idas,
Das horas que vivemos apartados!

Não me fales das lágrimas perdidas,
Não me fales dos beijos dissipados!
Há numa vida humana cem mil vidas,
Cabem num coração cem mil pecados!

Amo-te! A febre, que supunhas morta,
Revive. Esquece o meu passado, louca!
Que importa a vida que passou? Que importa,

Se ainda te amo, depois de amores tantos,
E inda tenho, nos olhos e na boca,
Novas fontes de beijos e de prantos?!
= = = = = = 

Trova de 
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

Eu sou príncipe tristonho
porque, na história real,
não há, na escada do sonho,
sapatinhos de cristal!...
= = = = = = 

Poema de
ROBERTO PINHEIRO ACRUCHE
São Francisco de Itabapoana/RJ

Exaltação a São Francisco de Itabapoana

São Francisco de Itabapoana
Como eu gosto de você.
Sua beleza encantadora
Há de sempre resplandecer.

Suas praias, sua grandeza,
Seus campos e floração colorida,
Obra prima da natureza
Eu me orgulho de ter nascido aqui.

Salve seu povo hospitaleiro,
Bom, amigo e trabalhador;
Salve terra abençoada
De São Francisco nosso senhor…

Abraçada pelos rios,
Beijada pelo mar,
Ornada com lagoas
Você é linda, sempre vou lhe amar.

São Francisco de Itabapoana
Onde o sol brilha mais o ano inteiro,
Estrela de grandeza reluzente
Do Estado do Rio de Janeiro.
= = = = = = = = =  

Trova de
JOÃO BATISTA XAVIER OLIVEIRA
Bauru/SP

Ontem, família reunida...
Cantos, abraços, folias.
Hoje, em telas entretida
no silêncio de mãos frias!
= = = = = = 

Poetrix de
SUELY BRAGA
Osório/RS

O pensamento voa
    ao sabor do vento
    com o pássaro que revoa.
= = = = = = 

Glosa de
GISLAINE CANALES
Herval/RS, 1938 – 2018, Porto Alegre/RS

Estrela do mar

Mote:
Perguntei para uma estrela
que encontrei à beira-mar:
- O que faço para tê-la
se você pertence ao mar?
(Sarah Rodrigues)

Glosa:
Perguntei para uma estrela
num passeio matinal,
pela praia, logo ao vê-la:
Você é mesmo real?

Era a estrela da alegria,
que encontrei à beira-mar,
que ao enfeitar o meu dia,
enfeitiçou meu olhar!

Como posso não querê-la
se é tão linda e me fascina?
– O que faço para tê-la,
bela estrela pequenina?

Mas fico só no desejo...
Sei que é esse o seu lugar,
só posso lhe dar meu beijo,
se você pertence ao mar!
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Foi sempre assim! Escondida
no engodo que a desvirtua,
a Verdade anda vestida
quando a Miséria está nua!
= = = = = = 

Hino de 
CIANORTE/PR

Cianorte de viva esperança
de uma luz reluzente de paz
Óh cidade de encantos perenes
és abrigo de um verde eficaz

Cianorte de braços abertos
que enaltece o mundo feliz
és o fruto de um grande progresso
A grandeza que o povo bem quis

Cianorte, Cianorte
és a fonte de um grande valor
Cianorte de paz e eterno fulgor
que aquece com a chama do amor

Óh que terra celeira e farta
verdejante de intenso vigor
Óh cidade de campos e flores
construída com paz e amor

Cianorte de famas e glórias
és a honra de um povo gentil
por ser capital do vestuário
o orgulho do nosso Brasil

Cianorte, Cianorte
és a fonte de um grande valor
Cianorte de paz e eterno fulgor
que aquece com a chama do amor
= = = = = = = = =  

Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ

Somente o amor constrói 

O amor universal é o limite
para infinitas dores e alegria.
Nada o arrefecerá, só acredite
nas bênçãos que do céu Ele te envia.

És a mãe amorosa para os filhos
que são três para só, orientares.
Não é tarefa fácil, mas com brilhos
tens enfrentado lutas aos milhares.

Para quem tem o amor como alimento
e a caridade ao próximo, não julga
atitudes alheias, se o acalento,

que tem a oferecer não  é de ajuda;
portanto não dês bola a quem divulga
opiniões vazias , Deus, acuda!
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Uma Lengalenga de Portugal
OS ESCRAVOS DE JÓ

 “Os escravos de Jó” é uma cantilena cuja origem, significado e letra é motivo de controvérsia. Presume-se que fazem alusão aos escravos que em África juntavam caxangá (uma espécie de crustáceo). É usada num jogo infantil que remota ao século XVIII. Para se jogar, forma-se uma roda de jogadores e, ao ritmo da lengalenga, inicia-se o jogo passando um objeto que têm na mão direita para o vizinho da direita, ao mesmo tempo que recebem com a mão esquerda o objeto do vizinho da esquerda, trocando-o rapidamente de mão. O que se enganar e deixar cair o objeto, perde e sai da roda.
 
 Os escravos de Jó,
 Jogam caxangá.
 Tira, põe, deixa ficar.
 Guerreiros com guerreiros,
 Fazem zigui, zigui, zagui. (repete)
= = = = = = = = =  

Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Tigelinha d’água morna,
o que faz na prateleira?
Esperando o meu benzinho,
que chega segunda-feira.
= = = = = = = = =  

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Tecendo o destino

De dia ela tece,
E a noite, ponto por ponto
Ela destece...
À espera do seu Amor,
Tecendo o Destino…
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Cordel de 
GUIBSON MEDEIROS
Cabedelo/PB

Cordel de novelas

Belíssima Despedida de solteiro
A próxima vítima O rei do gado
O profeta Roque santeiro
Sassaricando O bem amado 

Cabocla Da cor do pecado
A favorita Estrela guia
O astro Cordel encantado
A padroeira Eterna magia

Alma gêmea As três Marias
A sucessora Vereda tropical
Mulheres de areia Maria Maria
Selva de pedra Lua de cristal

Olho no olho Pecado Capital
O amor está no ar
Salomé Fera radical
Escrava Isaura Livre para voar

Aquele beijo Toma lá da cá
Carinhoso Sabor da paixão
Corpo a corpo Direito de amar
Final feliz Explode coração

Pedra sobre pedra O casarão
Terra nostra O mapa da mina
Dancin days A próxima atração
Cambalacho Negócio da China

Feijão maravilha Gina
A gata comeu Marrom glacê
Anjo mau gente fina
Tiêta Voltei pra você

Roda de fogo Bambolê
Laços de família Esplendor
Começar de novo Renascer
Amor eterno amor

Mandala Vila Madalena
Torre de babel Escalada
Deus nos acuda Helena
Minha doce namorada

Eu prometo A viagem
Viver a vida Um sonho a mais
Vida nova Irmãos coragem
A sombra dos laranjais

América Pátria minha
Paraíso Tropicaliente
Gabriela a Moreninha
Por amor A vida da gente

Chega mais cama de gato
Beleza pura felicidade
Mico preto Bicho do mato
O dono do mundo celebridade

Um anjo que caiu do céu
Fina estampa sete pecados
Dona Xepa Barriga de aluguel
De corpo e alma Coração alado

Baila comigo Estúpido cupido
O amor é nosso Passione
O noviço O homem proibido
Tempos modernos O clone

Quatro por quatro Locomotivas
Louco amor Pecado rasgado
Como uma onda Água viva
Sol de verão corpo dourado

Sinhá moça Meu bem querer
Perigosas peruas Vira  lata
Senhora do destino Quem é você
Zazá Rainha da sucata

Fogo sobre terra Bang  bang
Porto dos milagres Araguaia
Jogo da vida Pacto de sangue
Era uma vez Saramandaia

De quina pra lua Brilhante
Marina Meu bem meu mal
Pai herói Coração de estudante
Cubanacan Paraíso tropical

Sinhazinha Flô Desejo proibido
O primeiro amor Hipertensão
Partido alto Sétimo sentido
Vale tudo insensato coração

O outro Anjo de mim
Morde e assopra Padre Tião
Pé na jaca terras do sem fim
Meu pedacinho de chão

O cravo e a Rosa Duas vidas
Te contei Que Rei sou eu
O semideus fera ferida
As três irmãs Sonho meu.
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Mensagem na Garrafa = 139 =


ELIANE DE ARAUJO 
São Paulo/SP

O que é o amor?

Numa sala de aula, havia várias crianças. Quando uma delas perguntou à professora:

- Professora, o que é o amor?

A professora sentiu que a criança merecia uma resposta à altura da pergunta inteligente que fizera. Como já estava na hora do recreio, pediu para que cada aluno desse uma volta pelo pátio da escola e trouxesse o que mais despertasse nele o sentimento de amor.

As crianças saíram apressadas e, ao voltarem, a professora disse:

- Quero que cada um mostre o que trouxe consigo.

A primeira criança disse:

- Eu trouxe esta flor, não é linda?

A segunda criança falou:

- Eu trouxe esta borboleta. Veja o colorido de suas asas, vou colocá-la em minha coleção.

A terceira criança completou:

- Eu trouxe este filhote de passarinho. Ele havia caído do ninho junto com outro irmão. Não é
uma gracinha?

E assim as crianças foram se colocando.

Terminada a exposição, a professora notou que havia uma criança que tinha ficado quieta o tempo todo. Ela estava vermelha de vergonha, pois nada havia trazido.

A professora se dirigiu a ela e perguntou: - Meu bem, por que você nada trouxe? E a criança timidamente respondeu:

- Desculpe, professora. Vi a flor e senti o seu perfume. Pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la para que seu perfume exalasse por mais tempo. Vi também a borboleta, leve, colorida! Ela parecia tão feliz que não tive coragem de aprisioná-la. Vi também o passarinho caído entre as folhas, mas, ao subir na árvore, notei o olhar triste de sua mãe e preferi devolvê-lo ao ninho. Portanto professora, trago comigo o perfume da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe?

“A professora agradeceu a criança e lhe deu nota máxima, pois ela fora a única que percebera que só podemos trazer o amor no coração".
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Eliane de Araujo, nasceu em São Caetano do Sul, mora em São Paulo, é escritora, comunicadora, palestrante, Bacharel em Matemática com Ênfase em Processamento de Dados, Neurolinguísta e Numeróloga. Trabalhou como atriz na Paixão de Cristo de São Tomé das Letras, Trabalhou como analista de sistemas na empresa General Motors, fundou em 1996 a empresa Consciência Cósmica Cursos, Livraria e Turismo. Um espaço para o desenvolvimento pessoal com loja, cursos, palestras, atendimentos, viagens e eventos. Seleciona os profissionais que desenvolvem suas atividades no Espaço e também organiza diversas Viagens para locais místicos como São Tomé das Letras, Chapada dos Veadeiros, Serra do Roncador, Machu Picchu (Peru), Egito, India, etc. Autora dos Livros: É dentro de ti onde tudo acontece; Histórias para sua Criança Interior; Liberdade de Ser.

Fontes:
Eliane de Araujo. Histórias para sua Criança Interior. Editora: Roca. Disponível no livro Momento Espírita v. 2 e no CD Momento Espírita v. 6, ed. FEP. em 18.10.2010..
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