"Até sei de pessoas que propendem a cisco mais do que a seres humanos", escreveu Manuel de Barros. Talvez eu seja um deles. Porque o ser humano permeia entre o tudo e o nada, entre o máximo e o mínimo. E a quantidade deles é grande.
Bem pensando, tantas vezes me sinto um cisco qualquer, folha seca ao sabor das coisas, um graveto inerte propenso a adubo, passarinho que não alça voo. A sensação de quase nada me incorpora o ócio improdutivo. Não gosto nem do trabalho das formigas - deve ser penoso. De olhar já canso.
Deve ser sina, a mesma "signa" que veio do latim como "destino inevitável". O destino de pedra que rola e rola e não cria limo. O destino de palavras ao vento, o destino do eco que some na imensidão . . .
O poeta pantaneiro constatou que "há outros componentes do cisco, porém de menos importância". Ainda bem, nossa vida de ciscos não é tão desimportante assim.
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Silmar Bohrer nasceu em Canela/RS em 1950, com sete anos foi para em Porto União-SC, com vinte anos, fixou-se em Caçador/SC. Aposentado da Caixa Econômica Federal há quinze anos, segue a missão do seu escrever, incentivando a leitura e a escrita em escolas, como também palestras em locais com envolvimento cultural. Criou o MAC - Movimento de Ação Cultural no oeste catarinense, movimentando autores de várias cidades como palestrantes e outras atividades culturais. Fundou a ACLA-Academia Caçadorense de Letras e Artes. Membro da Confraria dos Escritores de Joinville e Confraria Brasileira de Letras. Editou os livros: Vitrais Interiores (1999); Gamela de Versos (2004); Lampejos (2004); Mais Lampejos (2011); Sonetos (2006) e Trovas (2007).
Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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