sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Silmar Bohrer (Croniquinha) 144

 
Eram tempos de efervescência quando a vila que surgiu à beira do rio passou a município, agora com a condição de cidade. A abundância dos pinhais trouxe muitos forasteiros que instalaram dezenas de serrarias na região. A Maria-fumaça - único meio de transporte naqueles fundos - subia e descia o vale transportando a madeira produzida na região.  

Como sempre acontece, toda essa ebulição atraiu também muita mão-de-obra, assim como o comércio teve um crescimento espantoso. Surgiram novas lojas comerciais, armazéns, bodegas, atacado e varejo fornecendo a cidade e o interior, além das adjacências do agora município. 

E a Maria-fumaça saia carregada e voltava carregada. Ia embora a madeira e vinham os produtos que o comércio vendia para a população. Tempos áureos. Abundância. Crescimento.

E crescimento gera crescimento. A região tornou-se um grande centro madeireiro, riquezas entram e saem levadas pelo trem. São os comerciantes, são os fornecedores para o comércio, levas de trabalhadores que viram na região um verdadeiro Eldorado.

Por este tempo desembarcou na estação um senhor disposto a instalar um hotel na cidade  -existiam poucos e pequenos. Comprou terreno no centro e construiu a sua hospedagem. Rapidamente a clientela cresceu. A atenção, o bom atendimento, a cordialidade, desde logo cativaram muitos clientes que vinham, alguns mensalmente, e se hospedavam. 

Naturalmente alguns hóspedes se tornaram amigos do dono do hotel, pessoa espirituosa, com senso de humor, sempre fazendo brincadeiras. 

Certo dia o hoteleiro recebeu um telegrama de um hóspede, também irreverente gozador, que viajava muito pelo interior do país.

Dizia a missiva: 
- Manoel, encontrei um hotel pior do que o seu!! 

O hoteleiro, com o costumeiro humor brincalhão, enviou telegrama de volta respondendo: 

- Duvido!
Fontes:
Texto enviado pelo autor. 
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

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