Em uma manhã em uma pequena aldeia da Romênia, onde o canto dos pássaros e o cheiro do pão fresco permeavam o ar. No centro da aldeia, sob a sombra de uma velha árvore, estava Moșneagul, o velho sábio da comunidade. Com sua longa barba branca e olhos que refletiam a profundidade dos anos, ele era uma figura respeitada e amada por todos.
Moșneagul tinha o dom de contar histórias. As crianças se agrupavam ao seu redor, ansiosas por ouvir suas narrativas sobre heróis e dragões, amores impossíveis e aventuras épicas. Mas, mais do que isso, ele era um guardião da sabedoria popular. Suas histórias não eram apenas entretenimento; traziam lições de vida, conselhos que ressoavam através das gerações.
Certa vez, um jovem chamado Andrei, cheio de dúvidas sobre seu futuro, decidiu procurar Moșneagul. Com o coração pesado, ele se sentou à sombra da árvore, buscando respostas. O velho o observou por um momento, com um sorriso sereno.
- Meu jovem, o que te aflige? - perguntou Moșneagul, sua voz suave como a brisa da manhã.
Andrei suspirou e começou a falar sobre suas incertezas, suas aspirações e medos. O velho ouvia atentamente, sem interromper. Quando o jovem terminou, Moșneagul fez uma pausa, como se estivesse pesando as palavras que escolheria.
- Lembre-se, Andrei - começou ele -, a vida é como um rio. Às vezes, as correntezas são fortes, e as pedras podem parecer obstáculos intransponíveis. Mas cada curva e cada desvio têm seu propósito. O importante é seguir em frente, aprendendo com cada desafio.
A sabedoria do velho ecoou na mente de Andrei. Ele percebeu que não precisava ter todas as respostas naquele momento, mas sim a coragem de continuar sua jornada.
Os dias passaram, e a presença de Moșneagul continuava a ser uma luz na aldeia. Ele não apenas contava histórias, mas também cultivava um senso de comunidade. Os aldeões, em suas conversas diárias, frequentemente citavam suas palavras, como se fossem provérbios. “A paciência é uma virtude” e “O amor é a chave que abre todas as portas” tornaram-se mantras que guiavam suas vidas.
Em uma tarde de outono, enquanto as folhas caíam como ouro, Moșneagul reuniu os aldeões para uma celebração. Ele queria compartilhar uma história especial, uma que falasse sobre a importância da união e da empatia. Com a fogueira crepitando ao seu redor, ele começou a narrar a história de um grupo de viajantes que, ao se depararem com um desafio, aprenderam que a força estava na colaboração.
A cada palavra, os rostos dos ouvintes iluminavam-se. O velho sábio tinha uma habilidade única de tornar cada história um espelho, refletindo as lutas e triunfos de cada um ali presente.
No final da noite, enquanto as estrelas brilhavam no céu, os aldeões sentiram-se mais conectados, mais unidos. Moșneagul, com seu coração generoso e sua sabedoria infinita, havia cumprido mais uma vez sua missão: ensinar que, na simplicidade da vida cotidiana, reside a verdadeira grandeza.
Assim, sob a sombra da velha árvore, Moșneagul continuou a ser a alma da aldeia, um farol de esperança e conhecimento, lembrando a todos que, mesmo nas dificuldades, a sabedoria e o amor sempre encontram um caminho.
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* Nota do autor:
Moșneagul, que significa "o velho" em romeno, é uma figura arquetípica nas tradições folclóricas da Romênia. Ele representa a sabedoria acumulada ao longo dos anos e a conexão profunda com a cultura e as tradições locais. É frequentemente retratado como um sábio que possui um vasto conhecimento sobre a vida, a natureza e as relações humanas. Ele serve como mentor para jovens e adultos, oferecendo conselhos valiosos e orientações que muitas vezes são baseadas em experiências pessoais e sabedoria popular. As histórias contadas por ele são uma parte essencial da cultura romena. Elas geralmente abordam temas universais, como amor, amizade, coragem, e a luta entre o bem e o mal. Suas narrativas muitas vezes incluem elementos do folclore, como criaturas míticas, heróis e lições morais. Ele frequentemente menciona plantas, animais e fenômenos naturais em suas histórias, usando-os como metáforas para ensinar lições sobre a vida e a convivência harmoniosa com o meio ambiente.
Uma das principais funções de Moșneagul é transmitir a sabedoria das gerações passadas. Suas histórias são uma forma de preservar a memória cultural, passando adiante tradições, costumes e valores que poderiam se perder com o tempo. Moșneagul é muitas vezes visto como a personificação da tradição e da cultura romena. Ele representa a voz do povo, refletindo suas esperanças, medos e aspirações. Suas histórias ajudam a manter a identidade cultural viva, especialmente em tempos de mudança. Apesar da profundidade de suas lições, as histórias de Moșneagul frequentemente contêm humor e ironia. Ele utiliza o riso como uma forma de ensinar, fazendo com que as pessoas reflitam sobre suas próprias vidas de maneira leve e acessível.
As histórias de dele não apenas educam, mas também fortalecem a coesão social na aldeia. Elas criam um senso de pertencimento e identidade, unindo as pessoas em torno de valores compartilhados. Ele é mais do que um simples contador de histórias; ele é um símbolo da sabedoria coletiva, uma ponte entre o passado e o presente, e um farol de esperança e inspiração para todos que o ouvem.
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Cailin Dragomir nasceu em 1949, na vibrante cidade de Timișoara, na Romênia. Desde cedo, demonstrou uma paixão inata pela literatura e pela arte das palavras. Ele cresceu em um ambiente que refletia a rica herança cultural da sua cidade, onde a música e a poesia se entrelaçavam nas conversas cotidianas. Após concluir o ensino médio, ingressou na Universidade, onde se destacou em seus estudos de literatura. Sua dedicação e talento o levaram a continuar sua formação acadêmica, culminando em um pós-doutorado. Durante esse período, ele mergulhou na obra de grandes poetas romenos e internacionais, desenvolvendo um estilo próprio que misturava o lirismo clássico com uma abordagem contemporânea. Em 1992, tomou a decisão de se mudar para o Brasil, em busca de novas oportunidades e experiências. Ao chegar ao país, ele se estabeleceu em São Paulo, onde rapidamente se destacou como professor de literatura. Suas aulas eram conhecidas pela abordagem criativa e envolvente, inspirando os estudantes a apreciar a literatura de maneira profunda e significativa. Além de sua carreira acadêmica, cultivava uma paixão pelo xadrez. Ele se tornou um jogador forte e respeitado, participando de torneios e promovendo o jogo entre seus alunos. Dragomir acreditava que o xadrez, assim como a literatura, era uma forma de arte que desenvolvia o pensamento crítico e a estratégia, habilidades essenciais tanto na vida quanto na escrita. E em um clube de xadrez ele veio a conhecer o diretor dele, José Feldman, com que estreitou laços de amizade não só pelo jogo, mas pela literatura, além do fato de que ambos possuíam uma paixão pela música e Feldman ser filho de pais romenos. Ao longo de sua vida, Cailin Dragomir se estabeleceu como uma figura influente na cena literária e educacional, deixando um legado duradouro tanto na Romênia quanto no Brasil. A influência da cultura romena em sua poesia se manifesta em diversos aspectos de sua obra. A rica tradição literária da Romênia, que inclui poetas como Mihai Eminescu e George Coșbuc, moldou a sensibilidade estética dele. Ele usa uma linguagem lírica e metafórica, incorporando elementos do folclore e da mitologia romena, que são essenciais na poesia romena clássica. A natureza é um tema recorrente na poesia romena, e Dragomir não é exceção. Suas descrições vívidas de paisagens romenas, como as montanhas dos Cárpatos e os campos de flores, refletem uma profunda conexão com o ambiente natural, transmitem uma sensação de integração e nostalgia.
A riqueza do folclore romeno permeia sua poesia, com referências a mitos, lendas e tradições populares. Utiliza esses elementos para criar uma ponte entre a modernidade e as raízes culturais, trazendo à tona a sabedoria ancestral que ainda ressoa na vida contemporânea. A poesia romena é conhecida por sua profundidade emocional e introspecção. Seguindo essa tradição, explora sentimentos complexos como amor, perda e saudade, utilizando uma abordagem que reflete tanto a sensibilidade individual quanto a experiência compartilhada do povo romeno. Ele muitas vezes incorpora ritmos e cadências que evocam a sonoridade da música popular romena, criando uma harmonia entre palavra e som que enriquece a experiência do leitor.
Após sua mudança para o Brasil, passou a incorporar a experiência da diáspora em sua poesia. Essa nova perspectiva enriqueceu sua obra, permitindo uma fusão de influências culturais que resultou em uma poesia mais ampla, reflexiva e acessível a diferentes públicos.
Em suas obras faz referências a figuras mitológicas romenas, como "Zmeu", um dragão que frequentemente aparece em contos populares. Ele utiliza essa figura para simbolizar desafios e superações, inserindo a luta contra o Zmeu como uma metáfora para as dificuldades da vida. Também é comum encontrar menções a "nossas montanhas", como os "Cárpatos", que não apenas servem como cenário, mas também como símbolo de resistência e força. Cailin pode descrever a beleza dessas montanhas em relação à história do povo romeno, evocando sentimentos de pertencimento. Ele inclui personagens folclóricos como "Moșneagul" (o velho sábio) e "Zână" (a fada), representando a sabedoria ancestral e a proteção, respectivamente. Esses personagens são frequentemente utilizados para transmitir lições de vida e a importância das tradições. Além disso, faz alusão a festivais tradicionais, como "Mărțișor", que celebra a chegada da primavera. Em seus versos, ele descreve a troca de fitas brancas e vermelhas como um símbolo de renovação e esperança, refletindo a alegria da vida. Histórias de amores impossíveis, como a lenda de "Făt-Frumos" e "Ilena Cosânzeana", podem ser exploradas em sua poesia. Ele usa essas narrativas para abordar temas de amor e sacrifício, conectando a experiência pessoal com a tradição. Há a presença de criaturas míticas, como o "Chimera" ou o "Roc", descrevendo esses seres como guardiões de segredos e mistérios, simbolizando os desafios que todos enfrentamos em busca de conhecimento. Esses elementos folclóricos não apenas enriquecem a poesia de Cailin Dragomir, mas também criam uma ponte entre o passado e o presente, permitindo que ele dialogue com suas raízes culturais enquanto se adapta a novas influências. Essa fusão é uma das marcas distintivas de sua obra.
Como poeta, Dragomir publicou três livros : 1. "Ecos da Alma" - Uma coletânea de poemas introspectivos que exploram a complexidade das emoções humanas; 2. "Sussurros da Memória" - Uma obra que reflete sobre o passado, a nostalgia e a busca pela identidade; 3. "Caminhos de Luz" - Uma série de poemas que celebram a beleza da natureza e a conexão entre o ser humano e o mundo ao seu redor.
Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

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