Após um exaustivo dia de
trabalho, um escritor encerra apressadamente suas atividades. Era véspera de
Natal e muitos afazeres lhe cobravam o tempo restante.
Na penumbra e sossego do
escritório, tem início o diálogo entre uma caneta e uma folha de papel:
- O que você faz aí nessa
mesa, pálida e preenchida com tantos rabiscos?
Pergunta-lhe a caneta com ar superior.
- Veja só quem fala! Uma
simples caneta, velha e quase sem tinta, largada num canto qualquer da mesa. E
eu não sou pálida, sou branca, uma folha de papel que o escritor preencheu com
seu lindo conto que está produzindo.
- E daí? Se não fosse por mim,
não haveria nada escrito em você; seria só uma folha branca, não serviria para
nada! Quem iria pegar uma folha em branco para ler?
- E ainda por cima é
petulante! Pense bem... se não fosse o escritor lhe segurar entre os dedos, e
usando de suas habilidades, dando forma às letras, para que você se prestaria?
- Mas eu ainda insisto...
Graças a minha forma que lhe facilita como ferramenta de escrita, meu conteúdo
é que preenche os espaços, dando sentido no que ele escreve às suas linhas, ó
branca e pálida folha.
- Sei, mas veja bem suacaneta
ambiciosa! Depois que nosso escritor
termina o seu trabalho é a mim que ele se dirige, olhando com muita delonga,
apreciando todo o texto que escreveu.
- Grande coisa! Ele também
fica me segurando, me olhando e às vezes me faz coçar sua cabeça, enquanto
pensa em alguma coisa para escrever.
- Ainda tem mais, escute lá! Quando
fico pronta eleme carrega a muitos lugares, algumas vezes, em grandes palestras
onde discursa, sendo novamente observada por ele e por grandes plateias, que no
final aplaudem efusivamente.
- Pois bem! Posso até admitir
que você consiga algum sucesso... Mas, e quanto as suas irmãs, aquelas que não
deram certo? Estão lá, veja! Todas amassadas, amarrotadas, jogadas na cesta de
lixo!
- Isso eu também explico... Somos
todas por uma e uma por todas!Portanto, uma de nós sempre estará em plena
atividade junto ao nosso querido escritor. Depois somos arquivadas ou fazemos
parte de um lindo livro que ficará à posteridade. E você? O que acontecerá
quando acabar a sua tinta? Com certeza terminará seus
dias no fundo de uma gaveta, ou até mesmo numa cesta de lixo.
Moral da história: “A
solidariedade deve prevalecer sobre o egoísmo”.
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