Vênus negra e o luar em sangue
Para Vanessa Martins da Mata
Rezo ao amanhecer
De um novo dia
Que a noite chegue logo
E que tu venhas para mim
Rogo para todos
Os deuses e deusas
Do universo infinito
Para que nunca me deixes sozinha
Nesta vida
Nem na outra
Oro nas noites do negro luar
Da lua em sangue
Que o desejo cósmico infindável
Desperte-te
Do sono eviterno
Incendeie-te por inteiro
Que venhas rápido
Voraz e sedento
Ao encontro meu
Na nossa alcova etérea
E me abraces bem forte
Que me possuas
Completamente
_______________________________
Halfeti
Para a negra Valquíria
São noites místicas!
Ignotas
Encantadas...
De um outono sem fim
Que em tediosas horas
Perco-me
Na névoa mítica...
Tomo o cálice encantado...
Das delicadas mãos de Afrodite...
Saúdo Baco
Dionísio
Bebo o sacrossanto vinho!
Embriago-me
Por fim...
Percebo
Que a musa sagrada...
Não veio...
Que ela nunca virá!
Ouço o cântico sagrado...
Da Fênix em chamas
Ao longe ele me chama...
Clama por mim
Percebo que não estou a dormir...
Que o sonho não vem!
E o sono não chega!
Que a perdi para sempre.
________________________
Quase existência (a minha arte final)
Para Fáh Butler Rodríguez
A realidade liquefeita...
Trouxe para junto de mim
Quem não me queria
Ter por perto...
A realidade relativa
E pós-moderna
Afastou completamente de mim...
Quem eu mais queria
Ver a meu lado.
Agora tenho nevoentas
E vagas lembranças...
Daquilo que nunca vi
Daquilo que nunca vivi.
Ficou então somente
As marcas de um tempo surreal...
Que o relógio nano-tecnológico
Deixou de marcar a tempos atrás!
Restando como testemunhas oculares
As cinzas das horas
Em Eras remotas
Uma Era perdida
No descontínuo tempo
E no espaço abstrato
Quem sabe...
O mundo sintético na pós-contemporâneo...
Não comporte mais...
A minha quasimodesca...
E frágil existência vazia e despropositada.
Restando-me então somente...
Ver as areias do destino...
Desintegrou aquilo que um dia
Eu pensei ser
Uma relação perfeita.
Quando eu mentia para mim mesmo
____________________________
Agora é tarde amor!
Para Fáh Butler Rodríguez
Hoje me deixe,
Dormindo até mais tarde...
Amor da minha vida!
A sonhar contigo.
Meu anjo bom!
Não me desperta...
Com o hialino toque teu...
Deixe-me...
No nosso leito sozinho.
Perdido em mim...
Perdido de amor por ti.
Não me desperte...
Deixe-me
Em paz comigo mesmo.
Devaneando contigo...
Luz da minha vida,
Deixe-me adormecido...
Quando tu fores embora,
Quando passares pela porta afora...
Para nunca mais voltar.
Para desaparecer da minha vida,
Para todo sempre!
______________________
O derradeiro fim...
Para João da Cruz e Sousa
No caminho do martírio
Ninguém ouvira seus gritos
Muito menos seus prantos
No lago o Cisne Negro e as águas cristalinas
E no céu: as nuvens brancas
Os astros
A lua
As estrelas
Na terra: O lamento
Os gritos de dor
O martírio
Do negro
Do pobre
Do artista
Do trabalhador
Fonte: O Autor
Nenhum comentário:
Postar um comentário