Vênus negra e o luar em sangue
Para Vanessa Martins da Mata 
Rezo ao amanhecer 
De um novo dia
Que a noite chegue logo
E que tu venhas para mim
Rogo para todos 
Os deuses e deusas 
Do universo infinito
Para que nunca me deixes sozinha
Nesta vida 
Nem na outra
Oro nas noites do negro luar
Da lua em sangue
Que o desejo cósmico infindável
Desperte-te
Do sono eviterno
Incendeie-te por inteiro
Que venhas rápido
Voraz e sedento
Ao encontro meu
Na nossa alcova etérea
E me abraces bem forte
Que me possuas 
Completamente
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Halfeti 
Para a negra Valquíria 
São noites místicas! 
Ignotas 
Encantadas... 
De um outono sem fim 
Que em tediosas horas 
Perco-me 
Na névoa mítica... 
Tomo o cálice encantado... 
Das delicadas mãos de Afrodite... 
Saúdo Baco 
Dionísio 
Bebo o sacrossanto vinho! 
Embriago-me 
Por fim... 
Percebo 
Que a musa sagrada... 
Não veio... 
Que ela nunca virá! 
Ouço o cântico sagrado... 
Da Fênix em chamas 
Ao longe ele me chama... 
Clama por mim 
Percebo que não estou a dormir... 
Que o sonho não vem! 
E o sono não chega! 
Que a perdi para sempre.
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Quase existência (a minha arte final) 
Para Fáh Butler Rodríguez 
A realidade liquefeita... 
Trouxe para junto de mim 
Quem não me queria 
Ter por perto... 
A realidade relativa 
E pós-moderna 
Afastou completamente de mim... 
Quem eu mais queria 
Ver a meu lado. 
Agora tenho nevoentas 
E vagas lembranças... 
Daquilo que nunca vi 
Daquilo que nunca vivi. 
Ficou então somente 
As marcas de um tempo surreal... 
Que o relógio nano-tecnológico 
Deixou de marcar a tempos atrás! 
Restando como testemunhas oculares 
As cinzas das horas 
Em Eras remotas 
Uma Era perdida 
No descontínuo tempo 
E no espaço abstrato 
Quem sabe... 
O mundo sintético na pós-contemporâneo... 
Não comporte mais... 
A minha quasimodesca... 
E frágil existência vazia e despropositada. 
Restando-me então somente... 
Ver as areias do destino... 
Desintegrou aquilo que um dia 
Eu pensei ser 
Uma relação perfeita. 
Quando eu mentia para mim mesmo
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Agora é tarde amor!
Para Fáh Butler Rodríguez 
Hoje me deixe, 
Dormindo até mais tarde... 
Amor da minha vida!
A sonhar contigo.
Meu anjo bom!
Não me desperta...
Com o hialino toque teu...
Deixe-me... 
No nosso leito sozinho.
Perdido em mim...
Perdido de amor por ti.
Não me desperte...
Deixe-me 
Em paz comigo mesmo. 
Devaneando contigo...
Luz da minha vida,
Deixe-me adormecido...
Quando tu fores embora,
Quando passares pela porta afora...
Para nunca mais voltar.
Para desaparecer da minha vida,
Para todo sempre!
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O derradeiro fim... 
Para João da Cruz e Sousa 
No caminho do martírio
Ninguém ouvira seus gritos
Muito menos seus prantos
No lago o Cisne Negro e as águas cristalinas
E no céu: as nuvens brancas
Os astros
A lua
As estrelas
Na terra: O lamento
Os gritos de dor
O martírio
Do negro
Do pobre
Do artista
Do trabalhador
Fonte: O Autor

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