sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A. A. de Assis e Elisabeth Souza Cruz (Vaivém do Riso)

1. (AAA)

Quando moço, acesa a chama
despia-se ante a gatona,
agora veste  o pijama
deita de lado... e ronrona.

2. (ESC)

O meu vizinho se poupa
já que o cansaço é normal...
Quando fala: "Tira a roupa!",
tira a roupa do varal!

3 . (AAA)

Em que aperto o bom velhinho,
de assanhado, se enfiou:
chamou pra cama o brotinho,
e ela, malvada, aceitou...

4. (ESC)

Brotinho assanhado inventa
mil jogadas para o amor
e o velhinho até que tenta,
mas sai sempre perdedor!!!

5. (AAA)

Deu desespero no Adão
por ser um “ele” sem “ela”...
Ganhando a dita, o chorão
perdeu a paz... e a costela!

6. (ESC)

Pode quem quiser falar
pois ninguém sabe o que diz,
tendo a mulher para amar
o homem ficou foi... feliz!

7. (AAA)

Jamais se viu nesta vida
marido preso em gaiola...
A mulher é mais sabida:
põe-lhe no dedo uma argola!

8. (ESC)

O homem de argola, também,
ao machismo não se furta:
– faz da mulher seu refém
e a mantém na rédea curta!

9. (AAA)

De um homem para a mulher
que pede ajuda na pista:
– Desculpe... Se ajuda eu der,
vão me chamar de machista...

10. (ESC)

A coisa é séria, querido,
tem mulher que é mulher macho...
quando manda no marido
faz dele gato e capacho!

11. (AAA)

Porém chiar é bobeira...
Quem manda mesmo é a mulher;
tanto é que desde a primeira
faz do marido o que quer...

12. (ESC)

Bobeira?!... Maior bobeira
é o salário do operário
que trabalha a vida inteira
e não fica milionário!

 13. (AAA)

Também na fauna a justiça
é às vezes discricionária:
dá mole ao bicho-preguiça,
explora a abelha operária...

14. (ESC)

Falando em exploração,
nunca vi maior babado...
a mulher do capitão,
como explora o rebolado!!!

15. (AAA)

Lá vai o siri-patola,
todo prosa, a rebolar...
Num puçá se enreda e enrola:
vira petisco de bar!

16. (ESC)

Falando num bom petisco,
quem não se arrisca, não prova,
como é bom correr o risco
de preparar uma trova!!!

17. (AAA)

Cinquentão já sou na trova;
na idade, quase oitentão...
Evito, pois, pôr-me à prova:
em museu não entro não!...

18. (ESC)

Eu também tô quase nessa
e em loja de raridade,
se eu entro, saio depressa
pois pareço antiguidade!

19. (AAA)

Essa tal de antiguidade
a mim me causa estranheza:
quando perde a utilidade,
é aí que vira riqueza...

20. (ESC)

Estranheza, caro Assis,
é  o que a gente vê "na praça"....
tem gente que pede bis
se uma injeção for de graça!!!

21. (AAA)

“Ah, que surpresa gostosa!”,
diz a velhinha, feliz,
quando o velho, todo prosa,
dá no couro... e pede bis!...

22. (ESC)

Buzinando o caminhão,
surpresa boa é a do otário
que dá tempo ao Ricardão
para se esconder no armário!

23 (AAA)

Otário simples, legal;
nada faz que prejudique.
O duro é aguentar o tal
do otário metido a chique!...

24. (ESC)

Com a trova vinte e quatro
me ocorreu agora a ideia:
– ninguém vai mais ao teatro,
pois perde o "acento"  a plateia!

25. (AAA)

Problemas há no momento
em que muda a acentuação.
– De tudo tirem o acento,
porém do “cágado” não!...

26. (ESC)

O hífen de vice-prefeito,
por certo, não caiu, não,
pois logo depois do pleito
sempre dá separação!

27. (AAA)

Se acaso se visse o vice
futricando o titular,
um baita disse-me-disse
logo iria se espalhar...

28. (ESC)

Nunca vi maior tolice
futricar a vida alheia,
pois quem faz disse-me-disse
vai cair na própria teia!

29. (AAA)

Você sabe o que é que é “teia”?
Não sabe?... Deixo explicado:
– E’ a casca de barro e areia
com que se cobre o “teiado”...

30. (ESC)

Ra! Ra! Ra! Falando em barro
lembrei da antiga moringa...
água fresquinha! Eu me amarro
e  a minha saudade vinga!!!

31. (AAA)

Era uma era inocente,
e a vida era pitoresca:
– um tempo em que toda gente
mantinha a moringa fresca...

32. (ESC)

Sem juntar alho e bugalho,
quando se fala em moringa,
já me lembrei do baralho,
pois és Assis... meu curinga!

33. (AAA)

Curinga eu sei que não sou,
mas tenho uns truques sagazes...
– Em meu nome o pai botou
o “aaa”, isto é, três “ases”..

34. (ESC)

Três "ases"... assim eu digo:
– Um "A" dizendo Alquimia;
O  "A" seguinte que é de Amigo
e mais outro "A" de alegria!

35. (AAA)

Chega manso, pede abrigo,
pede grana... e eu vejo claro:
esse é o tal de caro amigo
que em verdade é amigo caro!...

36. (ESC)

O tipo acima descrito
custa caro e é um desacato...
Mas amigo "Assis", bendito
é simplesmente um barato!

37. (AAA)

Certos tipos importantes
parecem Marte – um deserto:
vistos de longe, brilhantes;
cascalho apenas, de perto!...

38. (ESC)

Brilhantes?!! - Pois sem  trabalho,
sem ramo profissional,
a moça arranjou um galho
no "distrito" e... é federal!!

39. (AAA)

Troca o sábio a esposa culta
pela moça apimentada...
– No instante em que a ardência avulta,
cultura não conta nada!

40. (ESC)

Numa troca de "mulé",
o "mané"  ficou na mão,
que a moça que dava "pé"
tinha um baita sapatão!

41. (AAA)

Nervoso e agressivo quando
alguém lhe pisa no pé,
diz ele: – Estarás pensando
que eu não sou burro, ó mané?...

42. (ESC)

Na trova há constatação:
- Assim como o português,
que traz muita inspiração,
o  "mané" sempre tem vez!

43. (AAA)

Súbito um rato matreiro
fungou no pé do  Mané.
– Supôs ser de queijo o cheiro...
Quis provar... era chulé!


continua…

A. A. de Assis (Maringá/PR)
Elisabeth Souza Cruz (Nova Friburgo/RJ)

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