sexta-feira, 20 de julho de 2012

Revista Guavira Letras - Chamada nº 15 (Prazo: 15 de outubro)

Revista Guavira segundo a Tabela Qualis da CAPES, é B5

E-mails:
guavira.cptl@ufms.br
guavira@posgraduacaoletras.com.br


GUAVIRA LETRAS, revista do Programa de Mestrado em Letras da UFMS, Câmpus de Três Lagoas, faz chamada para seu número do segundo semestre de 2012. O volume trará dossiê com a seguinte ementa:

Poéticas do conto

Os contistas paradigmáticos da literatura universal.
Teoria e prática do conto: o estado da arte no século XXI.
Revisão bibliográfica do gênero conto.
O conto brasileiro na interface com a história do conto.
Aspectos teóricos do conto, da fábula ao microconto.
O conto como instrumento pedagógico no ensino fundamental.
Os contos precursores em língua portuguesa.
O conto brasileiro pela análise de seus maiores contistas.
O conto como gênero e a história da literatura.
A contribuição latino-americana para a teoria do conto.
A forma literária do conto e as novas mídias

Os editores responsáveis pelo número 14 são os professores Rauer Ribeiro Rodrigues (UFMS) e Luiz Gonzaga Marchezan (UNESP). As contribuições devem ser enviadas para o e-mail guavira.cptl@ufms.br, com cópia para o e-mail guavira@posgraduacaoletras.com.br, até o dia 15 de outubro de 2012, conforme as normas abaixo (e em arquivo anexo).

A GUAVIRA também publica entrevistas, resenhas e uma sessão com artigos que não se enquadrem na temática geral.

Aguardamos sua colaboração. Agradecemos por divulgar esta chamada entre professores, posgraduandos, escritores, imprensa e demais interessados.

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO — GUAVIRA LETRAS

1 – Arquivo apenas em extensão DOC.

2 – Os artigos deverão ter no mínimo 10 (dez) e no máximo 20 (vinte) páginas e as resenhas no mínimo de 03 (três) e no máximo de 08 (oito) páginas, respeitando-se a seguinte configuração, em papel A4: 1,25cm de margem para parágrafo, com margens esquerda e superior de 3,0cm e direita e inferior de 2,0cm, sem numeração de páginas.

3 – Os trabalhos de pós-graduandos, assim como os de Mestres e Doutores sem vínculo com instituições de ensino e pesquisa, só serão aceitos se apresentados em co-autoria com o Prof. Orientador.

4 – Os artigos, entrevistas ou resenhas devem ser enviados para o e-mail guavira.cptl@ufms.br, com cópia para o e-mail guavira@posgraduacaoletras.com.br, até o dia 15 de outubro de 2012, em programa Word for Windows 6.0 ou compatível, em um arquivo com o título do trabalho e com identificação do proponente e um arquivo com o título do trabalho e sem identificação do proponente.

5 – O Conselho Consultivo, ao qual serão submetidos os textos, poderá sugerir ao autor modificações de estrutura e de conteúdo. Serão devolvidos para correção os trabalhos para as modificações. Nenhuma modificação de conteúdo ou estilo será feita sem o prévio consentimento do autor. É do autor a inteira responsabilidade pelo conteúdo do material enviado.

6 – Os artigos deverão ter a seguinte estrutura:

6.1 – Elementos pré-textuais:

· Título e subtítulo: na primeira linha, centralizados, negrito. Fonte: Times New Roman, corpo 13, somente a primeira letra em maiúscula em ambos.
· Nome do(s) autor(es): duas linhas abaixo do título, alinhado à direita, com o último sobrenome em maiúscula. Chamar para nota de rodapé, onde deve informar: Sigla – Universidade. Faculdade/Instituto – Departamento. Cidade – Estado – País. CEP – e-mail.
· RESUMO: três linhas abaixo do nome do autor; em português. Colocar a palavra RESUMO em caixa alta, alinhado à esquerda, sem adentramento e seguida de dois pontos. Redigir o texto em parágrafo único, espaço simples, justificado, de, no mínimo, 150 palavras e, no máximo, 200. Fonte: Times New Roman, corpo 10, para todo o resumo. O resumo do artigo deve indicar objetivos, referencial teórico utilizado, resultados obtidos e conclusão.
· PALAVRAS-CHAVE: em número de 3 (três) a 5 (cinco), duas linhas abaixo do resumo, alinhado à esquerda, sem adentramento, em itálico e caixa alta. Fonte: Times New Roman, corpo 10. Cada palavra-chave somente com primeira letra maiúscula, separada por ponto. Para maior facilidade de localização do trabalho em consultas bibliográficas, o Conselho Editorial sugere que as palavras-chave correspondam a conceitos mais gerais da área do trabalho.

6.2 – Elementos textuais:

· Texto: O corpo do texto inicia-se duas linhas abaixo das palavras-chave.
· Fonte: Times New Roman, corpo 12, alinhamento justificado ao longo de todo o texto.
· Espaçamento: simples entre linhas e parágrafos, duplo entre partes do texto (tabelas, ilustrações, citações em destaque, etc.).
· Citações: no corpo do texto, serão de até 3 (três) linhas, entre aspas duplas. Fonte: Times New Roman, corpo 12. Quando maiores do que 3 (três) linhas, devem ser destacadas fora do corpo do texto. Fonte: Times New Roman, corpo 10, em espaço simples, com recuo de 4cm à esquerda. Todas as referências das citações ou menções a outros textos deverão ser indicadas, após a citação, com as seguintes informações entre parênteses: sobrenome do autor em caixa alta, vírgula, ano da publicação, abreviatura de página e o número desta. Exemplo: (CANDIDO, 1976, p. 73-88) (NBR 10520/03).
· Evitar a utilização de idem ou ibidem e Cf. Quando utilizar apud, colocar as mesmas informações solicitadas para o autor do texto da qual a citação foi retirada. Exemplo: (BOSI, 2003, p. 1-10 apud SILVA, 1998, p. 23). Informar em rodapé os dados da obra citada de segunda mão e colocar somente as obras consultadas diretamente nas Referências.
· Notas explicativas: se necessárias, devem ser colocadas no rodapé da página de ocorrência, numeradas sequencialmente, com algarismos arábicos, fonte Times New Roman, corpo 10, justificadas, mantendo espaço simples dentro da nota e entre as notas, no decorrer do texto.
· Títulos e subtítulos das seções: Referenciados a critério do autor, devem estar alinhados à esquerda, sem adentramento, em negrito, sem numeração, inclusive Introdução, Conclusão, Referências e elementos pós-textuais, com maiúscula somente para a primeira palavra da seção, fonte: Times New Roman, corpo 12.
· Elementos ilustrativos: tabelas, figuras, fotos, etc., devem ser inseridas no texto, logo após serem citadas, contendo a devida explicação na parte inferior da mesma, numeradas sequencialmente. Serão referidas, no corpo do texto, de forma abreviada. Exemplo: Fig. 1. Fig. 2, etc.

6.3 – Elementos pós-textuais:

Colocados logo após o término do artigo.
· Título: em inglês, centralizado, em itálico e caixa alta. Inserido duas linhas abaixo do final do texto. Recomenda-se procurar revisão por um especialista em língua inglesa.
· ABSTRACT: Duas linhas abaixo do título. Colocar a palavra ABSTRACT, alinhada à esquerda, sem adentramento, em itálico e caixa alta, fonte Times New Roman, corpo 10 para todo o texto, seguida de dois pontos. Texto em parágrafo único, espaço simples e justificado. Recomenda-se procurar revisão por um especialista em língua inglesa.
· KEYWORDS: em número de 3 (três) a 5 (cinco), duas linhas abaixo do abstract, em inglês, alinhado à esquerda, sem adentramento, em itálico e caixa alta. Colocar o termo Keywords em caixa baixa. Fonte: Times New Roman, corpo 10, somente com primeira letra maiúscula, separada por ponto. Recomenda-se procurar revisão por um especialista em língua inglesa.
· Referências: seguir as normas da ABNT em uso (NBR-6023/02). Duas linhas abaixo das palavras-chave em inglês, alinhada à esquerda, sem adentramento, em negrito e caixa alta, corpo 11. Usar espaçamento 1 entre as linhas da referência e uma linha em branco entre uma referência e outra, em ordem alfabética, alinhamento à esquerda, indicando-se as obras de autores citados no corpo do texto.
· Bibliografia: se considerada imprescindível, deve vir duas linhas abaixo das referências, alinhada à esquerda, sem adentramento, em negrito e caixa alta, corpo 11. Podem ser indicadas obras consultadas ou recomendadas, não referenciadas no texto. Usar espaçamento 1 entre as linhas da referência e uma linha em branco entre uma referência e outra, em ordem alfabética, alinhamento justificado.

7 – Exemplos de referências (NBR-6023/02):

AUTHIER-REVUZ, J. Palavras incertas: as não coincidências do dizer. Tradução de Cláudia Pfeiffer et al. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1998.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1986.
CORACINI, M. J.; BERTOLDO, E. S. (Orgs.). O desejo da teoria e a contingência da prática. Campinas: Mercado das Letras, 2003.
Capítulo de livros:
PECHEUX, M. Ler o arquivo hoje. In: Orlandi, E. P. (Org). Gestos de leitura: da história no discurso. Tradução de Maria das Graças Lopes Morin do Amaral. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1994. p.15-50.
Artigo em periódico:
SCLIAR-CABRAL, L.; RODRIGUES, B. B. Discrepâncias entre a pontuação e as pausas. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n.26, p.63-77, 1994.
Artigo em periódicos on-line:
SOUZA, F. C. Formação de bibliotecários para uma sociedade livre. Revista de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n.11, p.1-13, jun. 2001. Disponível em: ... . Acesso em: 30 jun. 2001.
Dissertações e teses:
BITENCOURT, C. M. F. Pátria, civilização e trabalho: o ensino nas escolas paulista (1917-1939). 1988. 256 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
Artigo em jornal:
BURKE, Peter. Misturando os idiomas. Folha de S. Paulo, São Paulo, 13 abr. 2003. Mais!, p.3.
Documento eletrônico:
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Coordenadoria Geral de Bibliotecas. Grupo de Trabalho Normalização Documentária da UNESP. Normalização Documentária para a produção científica da UNESP: normas para apresentação de referências. São Paulo, 2003. Disponível em: ... . Acesso em: 15 jul. 2004.
Trabalho de congresso ou similar (publicado):
MARIN, A. J. Educação continuada. In: CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES, 1., 1990. Anais ... . São Paulo: UNESP, 1990. p.114-118.
CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1997, Recife. Anais ... . Receife: UFPe, 1997. Disponível em: ... . Acesso em: 21 jan. 1997.
CD-ROM:
KOOGAN, A.; HOUAISS, A. (Ed.) Enciclopédia e dicionário digital 98. Direção geral de André Koogan Breikman. São Paulo: Delta; Estadão, 1998. 5 CD-ROM. Produzida por Videolar Multimídia.

GUAVIRA LETRAS
MESTRADO EM LETRAS DA UFMS
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Campus Universitário 1 - Colinos
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Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Ferdinando Fernandes (Caderno de Trovas)

Tempo que passa é saudade
De algo que fica chorando.
São sonhos da mocidade
Que ficam por nós chamando.

O pobre que nada tem
Que na vida não tem norte,
Não dá contas a ninguém
Quando lhe chegar a morte.

Fui à fonte para te ver
 E quando lá te encontrei,
Depois de tanto beber
 Com outra sede fiquei...

O trevo nasce no prado
Sem ninguém o semear,
A sorte não é mercado
Que se consiga comprar.

 Não dês esmola por vaidade
Inda que seja um vintém,
Podes ferir sem maldade
Aquele que nada tem...

A saudade é lenço branco
Que nos chama sem parar,
O sentimento mais franco
Que muito diz sem falar.

Ó meu amor teu dançar
Tem graça tem alegria,
Pode a roda cheia estar
Mas sem tí está vazia.

 Não procures viver só
Faz do pobre companheiro,
Pois que seria da mó
Se não tive-se o moleiro...

 Meu amor olha pra mim
Preciso do teu sorrir,
Como a rosa no jardim
Do sol para florir.

Dizes ser rico e nobre...
Esquece lá a fantasia,
Pois a fogueira do pobre
Dá mais calôr e alegria.

No mundo vivi sonhando
E a sonhar envelheci,
E a sonhar vou ficando
Pequeno como nasci.

Se a desgraça fosse pão
Que a todos fome mata-se,
Eu não teria um irmão
Que na vida mendigasse.

 O manjerico velhinho
Outra vez reverdeceu,
Mas está morto o teu carinho
Esse pra sempre morreu.

Se a fogueira se apagou
Não te importes meu amor,
Outro fogo começou
Que dá muito mais calôr.

Um português a cantar
Faz de uma trova canção,
Depois do verde provar
Canta por uma Nação.

Ao ver-te bailar contente
Com um filho no braçado,
Eu recordo docemente
Loucuras de ano passado...

Repara bem ao dançares
Que não te calquem os pés,
E se de par tú trocares
Podem te dar pontapés.

Olho na vida o passante
Meu irmão de cada hora,
Meu companheiro errante
Ferido com a mesma espora.

Se na vida não fui nada
Nada me deram pra ser,
Nasci de uma vida errada
Culpa teve o meu nascer.

Tudo lembro com saudade
Dos tempos que já lá vão,
Mas só vejo a bondade
Distante do coração.

Risonhos dias vivi
Na vida que me foi dada,
Mas hoje já tudo esqueci
Desse sonho que foi nada.

Cravos vermelhos à porta
Mangericos na sacada,
Mas se a fogueira está morta
Que vale a cinza apagada.

A sonhar juntos Maria
Fizemos o arraial,
E nos folguedos do dia
Fizemos fogueira igual.

Criança anjo sagrado
Sem rua sem lar nem pais,
Serve pro homem malvado
Em seus fins materias.

Se a lei tudo castiga
Eu não sei porque razão...
Ou tudo é canto ou cantiga
Pra todos comer o pão.

 Em cada dia que passa
Mais vergonha tenho eu,
De ser fruto desta massa
Que em mim encarneceu.

Alma de corpo franzino
Anjo ridente dos céus,
Sofres já de pequenino
Como sofrera teu Deus.

Primavera é sempre igual
Todos anos traz flores,
Mas a vida tem final
Leva consigo os amores.

Quero levar a saudade
Quando desta vida for...
É sonho da mocidade
Que sempre falou de amor.

 Sou filho que por desgraça
Nada tenho pra comer,
Se ás vezes riu por graça
Sou hipócrita sem querer.

Não venhas flores um dia
À minha campa depôr,
Pois tudo foi fantasia
Que me falava de Amor.

Por ti chorei, e afinal
Meu pranto nada valeu,
Que importa um amor leal
Se outro amor nunca nasceu.

Já basta o que tem por sina
A vida do pobrezinho...
O homem ainda lhe ensina
A ser trapo do caminho!

Foi nas urzes do caminho
Que eu vira o trevo feliz,
Não o quiz, fiquei sozinho
A sorte só eu a fiz...

É melhor comer o pão
Embora duro que seja,
Que ser na vida ladrão
E deitar fora o que sobeja.

Se algo sofri não sei quanto
E não sei quando nasci...
Pois tudo hoje é só pranto
Da mentira em que vivi.

Eu nascera só pra ti
Na vida que me foi dada!
Fogueira que eu revivi,
Com cinza quase apagada.

Sonhei contigo, e a sonhar
Corri distâncias sem fim...
Pois só sei que ao acordar,
Estavas pertinho de mim.

Eu vivi triste na vida
Destino que Deus me deu,
Foi de uma alma sentida
Que a alegria nasceu!

Porque nasci afinal...
Neste monturo sem vida,
Só vi choros, só vi mal
Só vi peitos sem guarida.

Ó belo trevo da sorte
Quem foi que te semeou?...
Talvez alma de má porte
E nunca mais te encontrou.

Se a saudade é letra morta
Não o posso afirmar...
Só sei que me bate à porta
Mesmo sem eu a chamar!

Cobrir crianças despidas
Tornar o mundo igual,
Cativar almas perdidas
Seria o meu ideal...

No teu regaço dormi...
Como em cama de jasmim
Foi no teu sonho que eu vi,
O quanto gostas de mim!

Proibir a mendicidade...
Faz o homem sem pensar,
Mas não proíbe a caridade
Nem a vontade de dar.

No parlamento da vida
É só mísera ilusão...
Depois da lista escolhida,
Ainda é maior o ladrão!

Possuir a felicidade
É um sonho tão profundo...
Que até penso com saudade
Que não existe no mundo.

Nesta dor feita alegria
Algo de estranho acontece,
Ante meus olhos é dia
Dentro em meu peito anoitece.

O poeta é mensageiro
Na luta pela igualdade...
Luta sempre companheiro
Em abraço de amizade.

Esta dor que atormenta
Este meu peito em saudade.
É choro que se lamenta
Dos tempos da mocidade...

O homem tanto promete
E nunca cumpre o que diz,
E dos erros que comete
Não quer ser ele o juiz.

Dizes te julgas perdida
Pra mim tens tanto valor,
Pois quem aquece outra vida
Tem que ter muito calor!

Quem me dera ser a lua
Num vaivém sempre a rodar,
Iluminar tua rua...
E no teu quarto espreitar.

No altar desse teu peito
É minha prisão de amor,
É capelinha que enfeito
Com somente uma flor.

Não posso gostar de alguém
Só porque gosta de mim.
A primavera não vem
Só porque existe um jardim.

O choro que existe em mim
Nem sempre é feito de dor,
Nem sempre a vida tem fim
Quando acaba um grande amor.

A chorar vivi cantando
Cantando vivo a chorar,
Se eu a cantar vou chorando
A chorar quero cantar...

Se o Sol tudo aquece
Só o comparo então;
Ao amor que se merece,
E aquece o coração.

Se a sorte nasce no prado
Sem ninguém a semear;
Triste sina este meu fado
Não consigo encontrar.

Meu amor de mim tem dó
Sou coração enjeitado...
Por fraca que seja a mó
Dá sempre o milho ralado.

Nessa noite de ilusão
A dançar te conheci,
E ao sentir teu coração
Logo fogueira acendi.

Não penses que não te amo
Porque te não presenteio,
Pois o amor é um ramo
Que vive no nosso meio.

Sonhando pela vida fora
Saudades feitas por mim...
Mas só me apercebo agora
Que este sonho está no fim.

Hoje estás abandonada
Só por loucuras de amor.
Mas a rosa por cheirada,
Nunca perde o seu valor!

Não escrevo para entreter
Mas escrevendo a dor acalma.
Nunca se pode esconder,
Tristezas que vem da alma.

Nunca te julgues vencida
És um anjo aos olhos meus.
Mesmo uma filha perdida,
É sempre filha de Deus.

Nunca te esqueço meu bem
Como mais terna donzela.
Primavera vai e vem,
E a rosa espera por ela!

Lágrima caída no rosto
Dos teus olhos côr do mar;
Lembra a vida em sol posto,
Saudade sempre a chamar...

Tú me deste a luz da alma
De um sonho quase acabado;
Hoje te oferto a vida calma,
Que abraçamos lado a lado.

Mentiras que o outro diz
Não acredites amor;
Pois planta sem raíz,
Não alimenta a flor.

Na farsa da ilusão
Tudo anseias com fervor;
Podes comprar a razão
Mas não compras o amor.

Não me olhes descontente
Pelos meus loucos folguedos;
O rio corre contente,
Sem dar contas aos rochedos.

Rosa branca que venero
Neste jardim de saudade;
És o amor mais sincero,
Que ficou da mocidade.

Prometes-te e não cumpris-te
Sofre alguém esse teu porte;
O coração que feris-te,
Te pede contas na morte.

Em quatro linhas ficou
Tantos sonhos e magias;
Que no teu peito moldou,
Aquilo que não sabias...

Olhei-te de olhos fechados
De olhos abertos fiquei;
Nesses teus lábios rosados,
Ficou o que desejei.

Nunca odeies meu amigo
Mesmo que tenhas razão;
Pois não é só o mendigo,
Que necessita de pão.

Ser bem pobre e não ter nada
É dom que Deus nos legou;
Quando a vida terminada,
Vai cantar o que chorou.

Não te julgues desgraçada
Se a má sorte te persegue;
Existe pior calçada,
Que aquela que agente segue.

Arranjei-te sem saber
Pensando a sorte encontrar;
Hoje mesmo sem te ver,
Fico cheio de te olhar.

Fui primavera ridente
E hoje que não sou nada;
Sou pobre que ri contente,
Na vida que me foi dada.

Ó rio de água serena
Que vais chorando pro mar;
Ao chorares a tua pena,
Chora também meu penar.

Olhei pra ti com desejo
E com desejo fiquei;
Pois nesse rosto que vejo,
Está o sonho que sonhei.

Morena que vais pra fonte
De cantarinha na mão;
Choras tristezas pelo monte,
Das saudades que lá vão.

Andorinha que partis-te
Pra terras de mais calor;
Leva minha alma triste,
Que anda à procura de amor.

Deves ouvir meu conselho
Quando te julgas um santo;
Olha-te bem ao espelho,
E depois despe o teu manto.

Quando eu um dia me for...
Não me chores minha querida;
Pois quem morre por amor
Fica sempre nesta vida!

Conta lá os teus segredos
Loucuras... horas a fio;
A água sai dos rochedos,
E vai cantando até ao rio.

No choro do meu olhar
Há risos em gargalhadas;
É a saudade a mostrar,
As saudosas madrugadas.

No parlamento da vida
Todos querem mandar mais...
Pois a seara perdida,
Faz tentar mais os pardais.

De pequeno desconheço
Maldades que a vida tem;
Agora que a conheço,
Vivo nela com desdém.

Nunca sonhei ilusões
Riquezas...luxos sem fim;
Pois os mais belos brasões,
São os teus olhos pra mim.

Nada há que determine
Os traços que a vida tem;
Nem há sol que ilumine,
O negrume do desdém.

 A boa fada da sorte
Te pôs um dia a meu lado;
Dizendo que só a morte,
Faz este amor acabado.

Esse beijo ainda gritante
Em quatro lábios ficado;
Ainda lembra constante,
As loucuras do passado...

Caminhemos mão em mão
Fulcro de amor e alegria;
Só assim no coração,
Há Natal em cada dia!!

Fonte:
http://www.fersi.de/html/trovas_bomdia.html

Laé de Souza (Dia do Escritor será comemorado com distribuição de livros na Praça da Sé)

Em 25 de julho comemora-se o Dia Nacional do Escritor, instituído em 1960, após o sucesso do I Festival do Escritor Brasileiro, promovido pela UBE – União Brasileira de Escritores, tendo, na época, como presidente João Peregrino Júnior e vice-presidente Jorge Amado.

Para celebrar esse dia tão especial, São Paulo terá o evento “Dia do Escritor”, na Praça da Sé, dia 25, quarta-feira, das 10h às 15h, com distribuição gratuita de obras de Laé de Souza. O evento é realizado pelo grupo “Projetos de Leitura”, com a participação de voluntários, em parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo e contará com a presença do escritor que fará sessão de autógrafos e conversará com os leitores.
Em uma tenda, montada na praça, serão distribuídos 5.000 exemplares da obra “Nos Bastidores do Cotidiano”, crônicas curtas que retratam o cotidiano das pessoas comuns e as complexidades das relações humanas, em linguagem coloquial e com abordagem bem-humorada, dirigida ao público juvenil e adulto.

Livros para professores

Além da distribuição de livros à população, os professores poderão retirar na tenda, gratuitamente, um kit com nove livros para serem utilizados na biblioteca de sua escola. No momento da retirada, o professor deverá preencher um formulário de identificação pessoal e da escola. Será disponibilizado um kit por escola.

O trabalho é realizado com a proposta de chamar a atenção para a importância da leitura e criar oportunidade de acesso ao livro. O autor da iniciativa, Laé de Souza, não acredita no estigma de que o brasileiro não gosta de ler, mas sim que faltam projetos de incentivo à leitura e que os preços dos livros dificultam a leitura.
Laé de Souza é autor e coordenador de diversos projetos de fomento à leitura, focados nas escolas da rede pública, parques, praças, hospitais, transportes coletivos, hipermercados e outros locais de grande acesso de público, com o intuito de formar leitores. “Ações como estas são caminhos para a formação de leitores”, acredita Laé de Souza.

Sobre o Grupo Projetos de Leitura

Com oito projetos de incentivo à leitura, o grupo iniciou seu trabalho em 1998 e conta com patrocínio da ZF do Brasil, Konica Minolta, Megatoc Cursos e GRUPO SEGURADOR BANCO DO BRASIL E MAPFRE.
Com sede em São Paulo e com o apoio do Ministério da Cultura e da Secretaria de Estado da Cultura, o grupo atua em todo território nacional desenvolvendo projetos sem fins lucrativos, com o objetivo de vencer um dos maiores desafios encontrados pelos professores e amantes da literatura: despertar o prazer da leitura.

Interessados poderão conhecer outros projetos de incentivo à leitura, de Laé de Souza, no site www.projetosdeleitura.com.br

Fonte:
Laé de Souza

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 612)

Uma Trova de Ademar 

Uma fábrica de poemas,
um galpão de fantasia...
Sou desbravador de temas,
um viciado em Poesia.
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional 


A vida tem fase certa
por todos é distinguida
tem sempre uma porta aberta
para o dia da partida.
–Rosa Silva/PRT–

Uma Trova Potiguar


A trova levou-me aos céus,
pois entre joios e trigos,
perdi pequenos troféus
mas ganhei grandes amigos.
–Manoel Cavalcante/RN–

Uma Trova Premiada
 

2010/11  -  Montes Claros/MG
Tema  -  RENÚNCIA  -  M/E


Uma lágrima dorida
nos olhos turvos, tristonhos,
no encontro da despedida,
a renúncia dos meus sonhos.
–Sônia Sobreira/RJ–

...E Suas Trovas Ficaram 


Na linha desta saudade,
que é tua e também é minha,
nós somos nós de verdade
nas duas pontas da linha!
–Aloísio Alves da Costa/CE–

U m a P o e s i a 


Pode parecer castigo
morte e dor da despedida,
mas Deus, ao céu, leva aquele
cuja missão foi cumprida
pra outra missão de porte,
pois, se a vida leva à morte,
a morte gera outra vida.
–Heliodoro Morais/RN–

Soneto do Dia 

EM ALGUMA PRAÇA...
–Darly O. Barros/SP–


A disfarçar, no olhar, um ar de enfado,
na velha praça, em meio a tanta gente,
não passo de outro velho, relegado
À solidão amarga do presente...

Falar, com quem? Se um jovem ao meu lado,
só fez por confirmar, infelizmente,
mais outra frustração, saiu calado,
como se fosse nada, inexistente...

“És jovem, hoje, mas o tempo passa
e, pode ser que, um dia, em outra praça,
sejas então, exatamente quem,

enquanto a tarde, longa, se anuncia,
só tendo a solidão por companhia,
se sentará num banco...sem ninguém...

Varal Antológico 3 (Seleção de Textos: Participe!)

Saiu o regulamento para seleção de textos para o livro Varal Antológico 3!

Peça pelo e-mail
varaldobrasil@gmail.com

Jacqueline Aisenman
Representante da REBRA na Suíça
Editora-Chefe
Varal do Brasil


http://rebra.org/escritora/escritora_ptbr.php?id=1675
http://www.varaldobrasil.com
http://varaldobrasil.blogspot.com

25º Concurso Internacional de Contos Cidade Araçatuba (Resultado Final)

CATEGORIA INTERNACIONAL - MUNDO LUSÓFONO

PRIMEIRO: LUGAR

328 - Conto: Intermezzo
Autora: Liliana S. Ribeiro
Leça da Palmeira - Portugal
Prêmio: R$2.000,00

SEGUNDO LUGAR

46 -Conto: Hamelin
Autor: Miguel José da Fontoura da Cruz Fernandes
Lisboa - Portugal
Prêmio: R$1.500,00

TERCEIRO LUGAR

15 - Conto: Morder-me os sonhos
Autora: Valentina Silva Ferreira
Funchal - Ilha da Madeira - Portugal
Prêmio: R$500,00

MENÇÕES HONROSAS

82 - O vale dos sentimentos
Autor: Umoi Melo de Souza
Parede - Portugal

156 - O saber
Autor: Dinis Reis Subtil Muacho
Avis - Portugal

160 - Uma dependência invulgar
Autor: António Manuel Gouveia Carloto
Lousã - Portugal

238 - O peixe encantado
Autor: Victor Manuel Capela Batista
Barreiro - Portugal

87 - A bola Lola
Autora: Ana Rita Santos Brandão
São João da Madeira - Portugal

CATEGORIA NACIONAL

PRIMEIRO LUGAR

Conto: A sesta
Suzana Maggioni Bertuol
Farroupilha - RS
Prêmio: R$2.000,00

SEGUNDO LUGAR

Conto: O amor no tempo da solidão
Autora: Cláudia Albers Avóglio
Pirassununga - SPPrêmio: R$1.500,00

TERCEIRO LUGAR

Conto: O ovo
Autora: Sara Meinard Begname
Mariana - MG
Prêmio:R$500,00

MENÇÕES HONROSAS

Conto: A árvore
Autor: Rafael Vieira da Cal
Cachambi - RJ

Conto: Passa azeite, se não racha!
Autor: Arnaldo Pereira da Silva Júnior
Sete Lagoas - MG

Conto: Duas cruzes
Autor: Cândido Adalbertol de Bastos Brasil
Cachoeirinha - RS

Conto: O lamento de Ingrid
Autor: Alex Sens Fuziy
Delfim Moreira - MG

Conto: Em braile
Autor: Éder Rodrigues
Belo Horizonte - MG

CATEGORIA REGIONAL

PRIMEIRO LUGAR

219 - Lussavira
Autor: Francisco Carlos Pereira
Araçatuba-SP
Prêmio: R$2.000,00

SEGUNDO LUGAR

453 - O beijo da serpente
Autora: Rita de Cássia Zuim Lavoyer
Araçatuba-SP
Prêmio: R$1.500,00

TERCEIRO LUGAR

550 - Conto: O loiro e o "Ouro Negro"
Autor: Larissa Firmo Alves Marzinek
Araçatuba - SP
Prêmio:R$500,00

MENÇÕES HONROSAS

431 - Conto: O milagre
Autor: Paulo Roberto Barros Coelho
Araçatuba-SP

503- Conto: Vidas Mortas
Autor: Marcelo Otávio de Souza
Birigui-SP

55- Conto: Uma história de grilagem
Autor: Ademir Bispo da Silva
Araçatuba-SP

553 - Iluminados
Deusdedt Viana da Cruz Júnior
Araçatuba-SP

272 - Conto: Incondicional
Autora: Laís Simone Sandrigo
Birigui-SP

Os contos premiados, inclusive os classificados com "menção honrosa", serão publicados na coletânea CONTOS SELECIONADOS que será entregue na solenidade de premiação: 12 de setembro de 2012.

Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com

quarta-feira, 18 de julho de 2012

18 de Julho - Dia Nacional do Trovador

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Luiz Otávio)

– In Memoriam – Dia do Trovador –
Nascimento do trovador em 18 de julho de 1916 –

Luiz Otávio foi dos trovadores,
o Príncipe que divulgou a trova
e a revestiu de uma roupagem nova,
para que fosse a das mais belas flores…

Pois em cada ano sempre se renova
e vai angariando admiradores
que curtem os seus mágicos amores,
das ardentes paixões, vívida prova !

Em dezoito de julho é celebrado,
Dia do Trovador, sempre lembrado,
pois nasceu Luiz Otávio, nesse dia.

E todos aos que a trova têm paixão,
podem prestar-lhe em forma de oração,
a homenagem de sua nostalgia…

Porto Alegre – RS, 17 de julho de 2011-07-17

Olivaldo Junior (O Trovador e Sua Lira)

(Dia do Trovador, 18 de julho, de 2012)

Tanto carinho, tanta rosa
Roubada ao seio, à gruta fria
Onde sustém maravilhosa
Videira em flor... Ah! Poesia...
Anda sozinho, sem aurora,
Deixando ao vento a fantasia
Ornamental de todo agora.
Ri, mas não ri: melancolia.

Eis sua lira: seu amor...

Seu coração tem sete notas...
Um jeito seu de ser azul
Antes de ir “juntar as botas”.

Lirismo em flor, amor e mel...
Indo ou voltando, o trovador,
Roubando rosas, rouba o céu,
Abre a UBT e encontra amor.

Olivaldo Júnior
Moji Guaçu, SP


Fonte:
http://caeseubt.blogspot.com.br/2012/07/homenagem-ao-dia-do-trovador-2012.html

Olivaldo Junior (A Flor, a Noite e o Trovador que Eu Sou)

Todo trovador tem sua flor. Toda flor tem sua noite. A noite e a flor estão em mim, no trovador que eu sou. Posso não ser o melhor, nem o maior, mas inda escrevo. Volto à página e ponho ali a minha história, minha estrada, ainda que a ninguém mais interesse. Dia 18 de julho é Dia do Trovador, uma homenagem ao Príncipe dos Trovadores Brasileiros, Luiz Otávio, fundador da União Brasileira de Trovadores (UBT). A fundadora da UBT em Moji Guaçu é Maria Ignez Pereira, uma das flores que encontrei no mundo. O mundo de um poeta é muito estranho. Há sempre dois mundos onde quer que ele esteja. Desisti de entender o que é ser o que se é. Não sei se aceito, mas acato e cato flores à noite alta de mim, minha flor... A flor, a noite e o trovador que eu sou são como a voz de Nana, que nana os que se deixam seduzir pelo seu canto. Canto, mas ninguém mais ouve. Ouço, mas ninguém mais toca... Toco, e é a noite, em flor, em trova, redondilhas que torno minhas por estrela, ou fado. O trovador que eu sou suspira em versos pura ausência. Não sabe ainda ser santo como São Francisco, mas canta e assume o risco, arrisca e se deixa ser. Mesmo para poucos, mesmo sendo um cisco. A flor, a noite e o trovador que eu sou não são senão poesia, troviscos breves ao pé de vós.

Olivaldo Júnior
Moji Guaçu, SP, dezessete de julho de 2012.

Fonte:
http://caeseubt.blogspot.com.br/2012/07/homenagem-ao-dia-do-trovador-2012.html

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 611) – Dia do Trovador

Uma Trova de Ademar 

Quando a inspiração lhe acena,
o bom Trovador se expande.
Numa Trova tão pequena,
faz um Poema tão Grande!
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional


Desde o berço à sepultura
caminharei sem temor,
conduzindo esta ventura:
ter nascido Trovador.
–Gilson Maia/RJ–

Uma Trova Potiguar


Dia dezoito de Julho
desabrocha o verso em flor,
nasce o sol com muito orgulho
no dia do Trovador!...
–Luiz Xavier/RN–

Uma Trova Premiada


1977 - Cachoeiras de Macacu/RJ
Tema - JARDIM - 10º Lugar.


Cachoeiras, linda terra,
em cada casa, uma flor...
Um Jardim ao pé da serra,
inspirando o Trovador.
–Hedda de Moraes Carvalho/RJ–

...E Suas Trovas Ficaram


Trovador trova a alegria,
e se chora, trova a dor,
vive a trovar noite e dia,
porque nasceu Trovador.
–Edmilson F. Macedo/MG–

U m a P o e s i a


A Lua, barco risonho,
no seu posto ingênuo e belo,
era o mimoso castelo
da poesia e do sonho,
mas o astronauta medonho
lá chegou bastante cedo,
e, como no seu degredo
esperava um TROVADOR,
ao ver um explorador
a Lua tremeu de medo.
–José Lucas de Barros/RN–

Soneto do Dia

A     T R O V A.
–Adélia Victória Ferreira/SP–


Quatro versos, apenas, quatro versos!
Sete sílabas, cada. Belas rimas
revezadas. Os temas, os diversos
tesouros de uma língua: Eis obras primas!

Pelos confins deste Brasil, dispersos,
trovadores, versados nos esgrimas
que essa arte exige, em cisma sempre imersos,
apresentam fartíssimas vindimas!

Conhecendo a ciência da poesia,
modelando os versos à perfeição,
quanta beleza o Trovador desfia!

E quando ele se apura e se renova,
lá de cima sorri, com emoção,
Luiz Otávio – o Príncipe da Trova!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Machado de Assis (Badaladas – 1.º de Setembro de 1872)

Agora prepara-se tudo para a segunda eleição, e não sei porque este sistema parece-me uma cópia das corridas de cavalos. Correm primeiramente todos os cavalos; a última corrida é a dos vencedores das primeiras.

Há, como no Jóquei Clube, um prêmio, que não é relógio, nem bolsa, mas uma cadeira na câmara. Na segunda corrida já as coisas vão ser mais sossegadas; a cidade voltou aos seus eixos e o capanga a seus moutons . . até daqui a quatro anos, porque o capanga é imortal.

Ide, anjos velozes, a uma gente arrancada e despedaçada, — clamava o profeta Isaías, e querem alguns que se referisse à América.

Referia-se evidentemente ao Brasil. Aquela gente arrancada e despedaçada, o que é senão este povo em tempos eleitorais, arrancando de suas casas pelo subdelegado e despedaçado na igreja pelos capangas?

Se me objetarem que Isaías escrevia antes das nossas eleições, responderei que este profeta, podia adivinhar o subdelegado, sem grandes milagres. O que o terrível hebreu não adivinhou é que vamos changer tout cela por efeito de uma folha de papel.

Daqui em diante todas as corridas serão como esta próxima de 18 de setembro; haverá o perigo de cair do cavalo abaixo, como nas festas do Jóquei Clube, mas ao menos não se encontrará no chão uma navalha de capoeira. Quem não cai do cavalo, — aludo ao Pégaso — é o poeta das Nuvens da América, o Sr. Martins Guimarães, cuja lira tem para mim uma particularidade altamente apreciável: não canta assuntos rasteiros.

O Sr. Martins Guimarães é antes de tudo poeta filósofo.

Nefandas instituições, sacrílegas, potentes
Sabiamente num poder equilibrado;
Que o tempo levou em suas rotações,
À luz benéfica dos astros derrotados.

Mas, apesar da “luz benéfica dos astros derrotados”, ele bem sabe o poder dessas

Tremendas legiões de nefandas eras,
Os povos na ignorância aferrolhando,
Entre os claustros contendores da aristocracia,
E entre altura do seu poder de mando!...

Nem ignora também que

Presa o mundo de suas tecidas redes,
Morria asfixiado no fanatismo;
Infiltrado dentre úmidas paredes
Do claustro saído com maquiavelismo.

Tudo isto era verdade; o quadro é verdadeiro, pintado com as suas cores próprias. O despotismo e o fanatismo reinavam assim; porém...

Porém, caiu a árvore do despotismo,
Nefando da ciência dentre nós;
Jaz sumido através dos séculos,
Proscrito dentre as eras dos avós.

Não podiam medrar os troncos rugosos,
Das carcomidas instituições vergadas
Que as nações traziam presas,
Às cadeiras da ciência subjugadas.

Nem eram só os troncos rugosos que não podiam medrar; a hipocrisia também não
podia medrar:

Não podia medrar a hipocrisia,
E preciso era acabar as crenças dos povos;
Engolfando nos prejuízos das idéias,
Até estes nossos brilhantes séculos novos.

Mas se isto é assim, dirá algum crítico mais superficial, se tudo acabou, e se estamos nos séculos brilhantes, que mais quer o poeta?

Vem cá, meu crítico atabalhoado; o poeta quer que se torne impossível a volta das eras dos avós. Reconhece que este século é outro, mas não desconhece a possibilidade de voltarmos ao passado.

Que faz ele então?

Pinta-nos primeiramente o que fomos; depois indica-nos o que devemos ser. Esta segunda parte esta toda resumida nas duas quadras com que fecha a obra:

Preciso é educar o povo e instruí-lo,
Longe da crença supersticiosa dos conventos;
Despindo a velha igreja de suas galas,
Enfeitá-la d'outros modernos paramentos.

E apresentá-la em sua pureza de verdade,
Qual noiva trajando novas galas;
Do ouropel da falsidade despojá-la. . .
Apresentando-a com seu brilho nas salas.

Como viu o leitor, não é o Sr. Martins Guimarães um poeta de luares e nevoeiros; não voa de noite, apegado aos raios das estrelas.

Seus assuntos são humanitários e filosóficos. Assim tem lido até hoje; assim o será,
creio eu, até morrer.

Dr. Semana.

Fonte:
Obra Completa, Machado de Assis, Rio de Janeiro: Edições W. M. Jackson,1938. Publicado originalmente na. Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, de 22/10/1871 a 02/02/1873.

Lucan (Lucas Candelária) /SP (Caderno de Sonetos)

Lucan é de Salesópolis/SP

CHORA O POETA

(...) e o poeta chorava suas mágoas
Sentado à sombra de árvore gigante,
Tinha nos olhos um dilúvio de águas
E tinha o coração qual retirante.

Sua alma não saía do lugar
Ficava remoendo a sua dor atroz.
Por que chora o poeta sem parar?
Todos perguntavam à meia voz.

Mas, se olhassem à beira do caminho
Uma trevosa cruz em desalinho
Diria toda a história do cantor.

Pobre poeta! Nada o consolava...
Não se consola uma paixão escrava,
Não se consola um poeta sem amor!

SUPLÍCIO DE TÂNTALO

Por que eu vivo poetando em fantasia?
Por que? Se minha amada me deixou?
Nem tricotamos mais... Só nostalgia!
Só tristeza comigo então ficou.

Enquanto ela sorri com alegria,
Sem saber como dói o que restou
Num coração que viveu de utopia,
Eu pago caro o amor que me cegou.

Conheço outras pessoas formidáveis
Que têm o coração e a alma notáveis
E me amparam nesta hora de abandono.

Mas a forte afeição é incompreensível:
Não há como extirpá-la... É impossível!
Eu vivo nesta dor, e ela? Em seu trono.

QUEM É ELA

Ela é a luz que ilumina o meu caminho,
É a Rainha de um mundo hospitaleiro.
É uma deusa do amor e do carinho,
Estrela que ilumina o mundo inteiro.

Por ela pulsa o pobre coração
Que no meu peito, em minha trêmula esperança,
Espera, em ritmo de feliz paixão,
Voto de afeto e muita confiança.

Mas, como pode a estrela vir ao chão?
A ave viver nos vagalhões do mar?
Só do poeta na doce inspiração.

À Rainha, o poeta pode amar
Alegrando o seu pobre coração,
Na louca fantasia de poetar!

OS AGENTES

Línguas que tecem colchas de discórdia,
Por que não se acomodam no palato
E silenciam - por misericórdia -,
Com bons princípios e feliz recasto?

Mãos que se espalmam só para ferir,
Por que não acalmar a rude sanha
E abençoar, pensando no porvir,
Quando a bondade é a única façanha?

Neurônios que maquinam pra magoar
Por que não se aquietam no lugar
Como bons elos do sistema humano?

Não podem responder... São os agentes
Como o espinho é da flor; são as serpentes,
Que picam do vassalo ao soberano!

VOCÊ

Na viagem que eu fazia ao fim do mundo
-Descalço sobre as pedras do caminho -,
Via gente feliz, de olhar profundo,
Trocando doces beijos e carinho.

Eu já na escuridão do poço fundo,
Andrajoso de fé e amor, sozinho,
Chorava a falta de esperança, oriundo
Da dor, exausto, um mudo passarinho.

Depois... vi uma estrela luminosa
Brilhando à minha frente. Era uma rosa
Do jardim celestial... não sei por que

Acabou minha dor, fiquei contente,
Sorri, cantei, alegre e reverente.
Daí que eu vi... a luz era Você!

LIÇÃO DE PAI

-Que folgança é essa, meu querido filho,
Essa explosão de fogos pelo espaço?
Minhalma assim se imbui de enorme brilho
E corre-me um tremor pelo espinhaço.

-Ah, meu pai, é a vitória do caudilho
Comemorada com estardalhaço.
-Então ele venceu, sem empecilho,
Com seu rompante e seu clamor devasso?

-Sim, pai, venceu, venceu a votação.
-Pois é, meu filho, aceite esta lição:
Bom ou mau, pra vencer tem que lutar;

Os pusilânimes, os fracos, frios,
Perdem a guerra e tremem de arrepios
Antes mesmo de a guerra começar!…

OS INFELIZES DO MUNDO

-Você pode sair de minha vida,
Mas uma coisa não pode negar:
Que eu guarde essa beleza tão querida
Do seu sorriso e do seu lindo olhar.

Pode levar as jóias, o Jaguar
E a nossa rica moto colorida.
Mas, uma coisa não pode levar:
Minh´alma desprezada e tão sofrida.

Chega um senhor e diz: -O brutamonte
Enlouqueceu vivendo sob a ponte
Onde passava fome e só dormia.

E eu disse nesse instante: Não senhor,
Esse homem enlouquece por amor,
Esquecido na rua da agonia.

UTOPIA

Pudesse eu dominar o vento forte,
E a chuva dominar também pudesse,
Pudesse comandar também a sorte
E fosse humilde pra manter-me em prece...

Eu exterminaria a dor e a morte,
O sofrimento e o mal a quem padece;
Espalharia o amor em grande porte
E a alegria que a todos apetece.

E de Você? Faria uma princesa,
Que dominasse toda a humanidade
Que lhe servisse com total presteza.

Mas... seria de minha propriedade
Seu corpo e seu carinho - com certeza -
Para vivermos toda a eternidade.

A GOTA D´ÁGUA

Vinha da imensidão... do seio escuro
Da nuvem, balouçando pelo espaço,
No extravasar mais tímido e mais puro
Em refração de luz, de brilho lasso.

Vinha caindo, com frescor e apuro
Como um cristal - dos deuses, estilhaço -,
Tão pequenina, em seu mister mais duro
De visitar a terra, num abraço.

Chegou, de par em par, com as convivas,
Como lindas princesas fugitivas
De negra nuven túmida de mágoa.

E foi assim que terminou a história
Da que caiu do céu com toda a glória
De fria e cristalina gota d´agua!

METEMPSICOSE

Da anipnia escravo e sem remédio,
Auscultando o silêncio em fantasia,
Explode o peito em amargoso tédio
E acaba por compor uma poesia.

Da rigorosa métrica um assédio
Vem queimar seus neurônios em porfia,
E as rimas para o fúnebre epicédio
São escolhidas por analogia.

O homenageado, amigo extraordinário,
Já se perdia no galpão do ossário
Naquele pódium de materialistas.

E o vate arranca-o desse cemitério
- Na metempsicose sem mistério -
Levando-o a outro pódium de conquistas!..

A BRIGA DAS FLORES

O lírio branco, um dia, contundente,
Gritou à força plena dos pulmões:
- A rosa é vil, escrava, inconseqüente,
Cheia de espinhos, cheia de ambições!

E a rosa, do seu trono, descontente,
Retribui às tolas agressões:
- Lírio, você parece puro e ausente
Mas traz n’alma um brejal de podridões.

E a violeta, que ouvira toda a briga,
Meiga como é, calada, humilde e amiga,
Deitou nos ares os dulcíssimos olores.

O lírio e a rosa, nobres, decantados,
Percebendo o vexame, envergonhados,
Esconderam-se, então, das outras flores!

Fonte:
Sonetos
.com 

Teresa Lopes (O Sol e a Lua)

ilustração de Sara Costa
Nunca ninguém diria, quando o Sol e a Lua se conheceram, que seria um caso de amor à primeira vista. Mas a verdade é que assim foi.

Ainda o mundo não era mundo e já os dois trocavam olhares de enlevo, já os dois se iluminavam como candeias acesas na escuridão do universo.

Quando, de uma enorme explosão cósmica, a Terra surgiu, logo o Sol e a Lua decidiram velar por aquele pedaço de matéria, que não era mais do que uma massa disforme e sem vida.

O Sol encarregou-se de tratar dos solos. E não tardou que altas montanhas se erguessem, que árvores frondosas enfeitassem os vales e que planícies infindáveis se fizessem perder no olhar.

Depois nasceram as pedras e sempre soube o Sol colocá-las no local preciso: ora no cimo dos montes escarpados, ora dispersas, salpicando o solo fértil das terras planas, até se tornarem areia fina, escondida sob os leitos silenciosos dos rios.

À Lua coube a tarefa de criar as águas. Águas profundas que dividiram grandes pedaços da Terra e águas mais serenas que desciam das montanhas e se alongavam pelas planícies.

Tudo perfeito. Mas acharam, o Sol e a Lua, que alguma coisa faltava naquele mundo à medida. E como sempre se haviam entendido, a novas tarefas se propuseram.

Assim surgiram animais de toda a espécie: grandes, pequenos, uns mais dóceis, outros mais atrevidos, uns que caminhavam pelo chão, outros que se aventuravam pelos ares e ainda outros que só habitavam o reino das águas.

Agora, sim. Todos viviam em harmonia: o mundo do Sol e o mundo da Lua. E eles continuavam cada vez mais enamorados.

O Sol aquecia a Terra e dava-lhe a vida. A Lua embalava-a e dava-lhe sonhos repousantes e noites lindas, tão claras que até pareciam dia.

Mas todas as histórias têm um se não. A certa altura em que Sol e Lua andavam entretidos nas suas tarefas, vislumbraram, bem lá no meio de uma planície, uma espécie de animal que não se lembravam de ter colocado onde quer que fosse.

Não voava, não nadava, nem andava de quatro patas. Pelo contrário, erguia-se como o pescoço de uma girafa e parecia querer ser o rei dos animais.

Decidiram vigiá-lo, não fosse ele perturbar o encanto daquele mundo.

Vigiaram dia e noite, noite e dia, sem interferir. E, ao longo dos séculos, no correr dos milénios, não gostaram do que viram.

– Então que faz ele às árvores que eu ergui? – interrogava-se o Sol.

-E que faz ele das águas que eu pus a correr? – indignava-se a Lua.

De comum acordo combinaram assustá-lo. Mandaram fortes raios de luz sobre a Terra, mas o animal protegeu-se em quantas sombras havia. Mandaram trombas de água infindáveis, mas ele fechou-se no seu covil e de lá não saiu enquanto os rios não voltaram ao normal.

E tudo o que Sol e Lua puderam fazer não foi suficiente para parar aquela espécie, que ainda hoje habita um planeta chamado Terra e de quem diz ser seu legítimo dono.

Vocês já ouviram falar dele?

Pois nunca esse bichinho reparou no trabalho do Sol, nem no labor da Lua. Nem em quanto eles são apaixonados um pelo outro. Nem em quanto eles querem bem a esse planeta perdido na imensidão do Universo.

E é por tudo isto que vos contei, acreditem, que a Lua tem aquele ar sempre tão triste, quando, nas noites em que está cheia, ela nos olha sempre como num queixume.

E é também por causa disso que o Sol por vezes se esconde atrás de nuvens sombrias: vai buscar conforto à Lua e lembrar-lhe, sim, que nunca é de mais lembrar, o quanto ele é apaixonado por ela.

Fonte:
LOPES, Maria Teresa. Histórias Que Acabam Aqui (ilustrações de Sara Costa). Edições ArcosOnline.com (www.arcosonline.com), abril de 2005.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 610)


Uma Trova de Ademar  

Eu já velho, semimorto,
para me manter de pé,
fiz de Deus meu próprio porto
onde ancorei minha fé!
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional


Eu saio, crio coragem,
nem sei mais o que fazer:
meus olhos dão a mensagem
mas os teus... não sabem ler…
–Élbea Priscila de Souza/SP–

Uma Trova Potiguar


A vida que Deus me deu
se tornou bem mais completa
quando em mim resplandeceu
esse dom de ser poeta.
–Tarcísio Fernandes Lopes/RN–

Uma Trova Premiada

1992 - Amparo/SP
Tema - TREVAS - 1º Lugar


Céu triste, negro.. pesado...
Na cruz, Cristo, em agonia...
E tinham cor de pecado
as trevas daquele dia!...
–Carolina Ramos/SP–

...E Suas Trovas Ficaram


Sou, na vida, uma jangada,
que vence o mar e os abrolhos;
mas naufraga na enseada
do verde mar dos teus olhos!
–Alberto Fernando Bastos/RJ–

Uma Poesia


Não há quem pinte ou construa,
embora seja perito,
um quadro fiel que mostre
lua cheia no infinito;
Catulo tinha razão,
quando é vista do sertão,
não há nada mais bonito.
–Hélio Pedro/RN–

Soneto do Dia

FRASCO DE PERFUME.
–Reginaldo Albuquerque/MS–


Guardo em meu quarto, sobre a penteadeira,
e, de cartões-postais de amor em meio,
um frasco de perfume ainda cheio
que me traz alegria passageira.

“Quem dá mais?...” Num impulso arrematei-o
no leilão. “Contém notas de madeira
do oriente...” Truques da ilusão fagueira
de esperar pela dama que pranteio.

“Doação, senhores, de gentil sultana!...
Dou-lhe uma...” Um só borrifo me conforta!
“Bebam do aroma especial que emana...”

Então ouvi teus passos pela escada...
O coração pulsar atrás da porta...
“Vendido ao cavalheiro ali na entrada!...”

Afonso Arinos (A Garupa)

Saímos para o campeio com a fresca da madrugada.

Tínhamos de ir longe e de pousar no campo. Eu tomava conta da eguada, ele era vaqueiro. Vizinhos de retiro na fazenda de meu amo, companheiros de muitos anos, não largávamos um do outro. Sempre que havia uma folgazinha, ou ele vinha para o meu rancho, ou eu ia para o rancho dele.

Às vezes, quando meu amo queria perguntar por nós aos outros vaqueiros e camaradas, dizia:

- Onde estão a corda e a caçamba?

– Vancê bem pode imaginar, patrão, que tábua eu não carrego, que dor me não dói bem no fundo do coração, desde aquele triste dia.

Como eu lhe ia dizendo, nós saímos com a fresca. Por sinal que, naquele dia, compadre Quinca estava alegre, animado como poucas vezes. Ainda me lembra que o cavalo dele, um castanho estrelo calçado dos quatro pés, a modo que não queria sair do terreiro. Quando nós fomos passando perto do cocho da porta, ou ele viu alguma coisa lá dentro ou que, o diacho do cavalinho virou nos pés.

O defunto Joaquim - coitado! Deus lhe dê o céu! juntou o bicho nas esporas, jogou-o para a frente e, num galão, quase ralou a perna no rebuço do telhado de mei'água dos bezerros.

Saímos.

Quando fomos confrontando com a lagoa da Caiçara ele ganhou o trilho para umas barrocas, lá embaixo, onde diziam que duas novilhas tinham dado cria e que um dos bezerros estava com bicheira no umbigo.

Eu torci para o logradouro das éguas, cá para a banda do cerrado de cima.

- Está bom. Então, até, compadre!

- Se Deus quiser, meu compadre!

Não sei o que falou por dentro dele, porque, naquele mesmo suflagrante, ele virou para mim e disse:

- Qual, compadre! Vamos juntos. Assim como assim, a gente não pode chegar à casa hoje. Pois então, a gente viageia junto, e da Água Limpa eu torço lá para Fundão, para pegar as novilhas; vancê apanha lá adiante o caminho do logradouro.

Eu já ia indo um pedaço, quando dei de rédeas para trás e ajuntei-me outra vez com o compadre. Parece que ele estava adivinhando!

E fomos indo, conversa tira conversa, caso puxa caso.

Eta, dia grande de meu Deus!

Ainda na beira de um corguinho, lá adiante, eu tirei dos alforjes um embornal com farinha, fiz um foguinho e assamos um naco de carne-seca, bem gorda e bem gostosa, louvado seja Deus! Bebemos um gole d'água e tocamos.

Aí, já na virada do dia, o compadre me disse:

- Compadre, vancê vai andando, que eu vou descer àquele buraco. Pode ter alguma rês ali. A modo que eu vi relampear o lombo daquela novilha chumbadinha, que anda sumida faz muito tempo.

Ele foi descendo para o buraco e eu segui meu caminho pelos altos. Com pouca dúvida, ouvi um grito grande e doído:

- Aiiii!

Acudi logo:

- Que é lá, compadre! - e apertei nas esporas o meu queimado.

Não le conto nada, patrãozinho! Quando cheguei lá, o castanho galopava com os arreios e meu compadre estava estendido numa moita de capim, com a cabeça meio para baixo e a mão apertada no peito.

- Que é isto, meu compadre? Não há de ser nada, com o favor de Deus!

Apalpei o homem, levantei-lhe a cabeça, arrastei-o para um capim, encostei-o ali, chamei por ele, esfreguei-lhe o corpo, corri lá embaixo, num olho-d'água, enchi o chapéu, quis dar-lhe de beber, sacudi-o, virei, mexi: nada!

Estava tudo acabado! O compadre morrera de repente; só Deus foi testemunha.

E agora, como é, Benedito Pires? Peguei a imaginar como era, como não era: eu sozinho e Deus, ou melhor, abaixo de Deus, o pobre do Benedito Pires; afora eu, o defunto e os dois bichos, o meu cavalo e o dele. Imaginei, imaginei... Dali à casa era um pedaço de chão, umas cinco léguas boas; ao arraial, também cinco léguas. Tanto fazia ir à casa, como ao arraial. Mais perto, nenhum morador, nem sinal de gente!

Largar meu compadre, eu não podia: amigo é amigo! Demais, estava ficando tarde. Até eu ir buscar gente e voltar, o corpo ficava entregue aos bichos do mato, onça, ariranha, tatu-peba, tatu-canastra... Nem é bom falar! Levar o corpo para a casa e de lá para o arraial, era andar dez léguas, não contando o tempo de ajuntar gente em casa para carregar a rede. Assim, assentei que o melhor era fazer o que eu fiz. Distância por distância, decidi levar o compadre direito para o arraial onde há igreja e cemitério.

Mas, ir como? Aí é que estava a coisa. Pobre do compadre!

Banzei um pedacinho e tirei o laço da garupa. Nós, campeiros, não largamos o nosso laço. Antes de ficar duro o defunto, passei o laço embaixo dos braços dele - coitado! - joguei a ponta por cima do galho de um jatobá e suspendi o corpo no ar. Então, montei a cavalo e fiquei bem debaixo dos pés do defunto. Fui descendo o corpo devagarinho, abrindo-lhe as pernas e escarranchando-o na garupa.

Quando vi que estava bem engarupado, passei-lhe os braços por baixo dos meus e amarrei-lhe as mãos diante do meu peito. Assim ficou, grudado comigo. O cavalo dele atufou-se no cerrado.

- Lá se avenha! - pensei. - Tomara eu tempo para cuidar do pobre do dono!

Caminho para o arraial era um modo de falar. Estrada mesmo não havia: mal-mal uns trilhos de gado, uns cortando os outros, trançando-se pelos campos e sumindo-se nos cerradões.

Tomei as alturas e corri as esporas no meu queimado, que, louvado Deus, era bicho de fiança; nunca me deixou a pé e andou sempre bem arreadinho.

O sol já estava some-não-some atrás dos morros; a barra do céu, cor de açafrão; as jaós cantavam de lá, as perdizes respondiam de cá, tão triste!

Quando eu ganhei o espinhaço da serra, lá em cima, as nossas sombras, muito compridas, estendiam as cabeças até ao fundo do boqueirão.

Era tempo de escuro. O que ainda me valeu, abaixo de Deus, foi que estava chegando o meio do ano, e nessa ocasião, a estrela do pastor nasce de tarde e alumia pela noite adentro.

Enquanto foi dia, ainda que bem; mas, quando a noite fechou deveras e eu não tinha no meio daquele campo outra claridade senão a da estrela, só Noss'enhor sabe por que não acompanhei o compadre para o outro mundo, rodando por alguma perambeira, ou caindo com o seu corpo no fundo de algum grotão.

Nos cerradões, ou nos matos, como no da beira do ribeirão, eu não enxergava, às vezes, nem as orelhas do meu queimado, que descia os topes gemendo. O compadre, aí rente. O que vale é que "macho que geme, a carga não teme", lá diz o ditado.

Toquei para diante: sobe morro, desce morro, vara chapada, fura mato, corta cerradão. salta córrego - eu fui andando sempre. O defunto vinha com o chapéu de couro preso no pescoço pela barbela e caído para a carcunda. Quando o queimado trotava um pouco mais depressa, o chapéu fazia pum, pum, pum. O compadre a modo que estava esfriando demais.

Não sei se era porque fosse mesmo tempo de frio, eu peguei a sentir nas costas uma coisa que me gelava os ossos e chegava a me esfriar o coração. Jesus! que friúra aquela!

A noite ia fechando, fechando. Eu já seguia não sei como, pois tinha de andar só pelo rumo. O queimado, às vezes, refugava aqui, fugia dacolá, cheirava as moitas e bufava. Pelo barulho d'água, eu vi que nós íamos chegando à beira do ribeirão. Tinha aí de atravessar uma mataria braba, por um trilho de gado. Insensivelmente, eu fugia de um galho, negava o corpo a outro, virando na sela campeira. A cabeça do compadre, que, no princípio, batia de lá para cá e, às vezes, escangotava, endureceu, e o queixo dele, com a marcha do animal, me martelava a apá.

Fui tocando. Dentro da mataria, passava um ou outro vaga-lume, e havia uma voz triste, grossa, vagarosa, de algum pássaro da noite que eu não conheço e que cantava num tom só, muito compassado, zoando, zoando...

Em certa hora parecia que meu cavalo marchava num terreno oco: ao baque das passadas respondia lá no fundo outro baque e o som rolava como um trovão longe. A ramaria estava cerrada por cima de minha cabeça, que nem a coberta do meu rancho. O trilho a modo que ia ficando esconso, porque o queimado não sabia onde pisar; chegou uma horinha em que ele pegou; a patinhar para cima, para baixo, de uma banda e de outra, sem adiantar um passo.

O bicho parecia que estava ganhando força para fazer alguma.

Não levou muito tempo, ele mergulhou aqui para sair lá adiante, descendo ao fundo de um buraco e galgando um tope aos arrancos, escorrega aqui, firma acolá.

Nesse vaivém, nesse balanço dos diabos, o corpo do compadre pendia pra lá, pra cá. Uma vez ou outra, ele ia arcando, arcando; a cara dele chegava mais perto da minha e - Deus me perdoe! - pensei até que ele queria me olhar no rosto.

Eu ia tocando toda-vida. Mas, aquele frio, ih! aquele frio foi crescendo, foi me descendo para os pés, subindo para os ombros, estendendo-se para os braços e encarangando-me os dedos. Eu já quase não senti as rédeas, nem os estribos.

Aí, por Deus! eu não enxergava nem as pontas das orelhas do queimado; a escuridão fechou de todo e o cavalo não pôde romper. Corri-lhe as esporas; o bicho era de espírito, eu bem sabia; mas bufava, bufava, cheirando alguma coisa na frente e refugava... Tanto apertei o bicho nas esporas, que, de repente, ele suspendeu as mãos no ar... O corpo do compadre me puxou para trás, mas eu não perdi o tino. Tinha confiança no cavalo e debrucei-me para a frente... Senti que o casco do queimado batia numa torada de pau atravessada por cima do trilho.

E agora, Benedito? Entreguei a alma a Deus e bambeei as rédeas. O cavalo parou, tremendo... Mas, o focinho dele andava de um lado para o outro, cheirando o chão e soprando com força... Com pouca dúvida, ele foi se encostando devagarinho, bem rente do mato; minhas pernas roçavam nos troncos e nas folhas do arvoredo miúdo. Senti um arranco e, com a ajuda de Deus, caí do outro lado, firme nos arreios: o queimado achou jeito de saltar a barreira nalgum lugar favorável.

Toquei para diante. Ah! patrão! não gosto de falar no que foi a passagem do ribeirão aquela noite! Não gosto de lembrar a descida do barranco, a correnteza, as pedras roliças do fundo d'água, aquele vau que a gente só passa de dia e com muito jeito, sabendo muito bem os lugares. Basta dizer que a água me chegou quase às borrainas da sela, e do outro lado, cavalo, cavaleiro e defunto - tudo pingava!

Eu já não sentia mais o meu corpo: o meu, o do defunto e o do cavalo misturaram-se num mesmo frio bem frio; eu não sabia mais qual era a minha perna, qual a dele... Eram três corpos num só corpo, três cabeças numa cabeça, porque só a minha pensava... Mas, quem sabe também se o defunto não estava pensando? Quem sabe se não era eu o defunto e se não era ele que me vinha carregando na frente dos arreios?

Peguei a imaginar nisso, meu patrão, porque - medo não era, tomo a Deus por testemunha! - eu não sentia mais nada, nem sela, nem rédea, nem estribos. Parecia que eu era o ar, mas um ar muito frio, que andava sutil, sem tocar no chão, ouvindo - porque ouvir eu ouvia - de longe, do alto, as passadas do cavalo, e vendo - eu ainda enxergava também - as sombras do arvoredo no cerrado e, por cima de mim, a boiada das estrelas no pastoreio lá do céu!

Só este medo eu tive, meu patrão - de não poder falar.

Quis chamar por meu nome, para ver se eu era eu mesmo; quis lembrar alguma coisa desta vida, mas não tive coragem de experimentar...

Aí já não posso dizer que marchei para diante: fui levado nessa dúvida, pensando que bem podia ser eu alguma alma perdida naquela noite, zanzando pelos campos e cerrados da terra onde assisti de menino...

E quem sabe também se a noite era só noite para meus olhos, olhos vidrados de defunto? Bem podia ser que fosse dia claro...

Haverá dia e noite para as almas, ou será o dia das almas essa noite em que vou andando?

Essa dúvida, patrão, foi crescendo... E uma hora chegou em que eu não acreditava em mim mesmo, nem punha mais fé no que eu tinha visto antes... Peguei a pensar que era minha alma quem ia acompanhando pela noite fora aqueles três vultos...

Minha alma era um vento, um vento frio, avoando como um curiango arriba das nossas cabeças.

Daí, patrão, enfim, entendi que aquilo tudo por ali em roda era algum logradouro da gente que já morreu, alguma repartição de Noss'enhor, por onde a gente passa depois da morte. Mas, aquele escuro e aquele frio! Sim, era muito estúrdio aquilo. Ou quem sabe se aquilo era um pouso no caminho do outro mundo? Numa comparação, podia bem ser o estradão assombreado por onde a alma, depois de separada do corpo, caminha para onde Deus é servido.

Ah! patrão! o que minh'alma imaginou aquele tempo todo eu não lhe posso contar, não! Sei que fomos embora, aqueles três vultos, um carregando dois e todos três irmanados da mesma escuridão.

Tocamos.

De repente, peguei a ouvir galo cantar. Uai! Era bem o canto do galo; com pouca dúvida, um cachorro latiu lá adiante. Gente, que é isso? Que trapalhada era essa? Era o compadre que estava ouvindo, ou era eu? Pois, então, Benedito virou de novo Benedito?

Ou é que as coisas por lá são tal e qual as nossas de cá, com pouca diferença? Galo e cachorro eu ouvi. Estive assuntando mais e ouvi o mugido de uma vaca e o berro de um bezerro... Com um tiquinho de tempo mais, eu vi, e vi bem, uma casa e outra e outra ainda! Gente, isso é o arraial: olha a igreja ali!

Não havia dúvida mais: estávamos no arraial e o queimado batia o casco numa calçadinha da rua.

Era eu mesmo, era o meu queimado e o compadre aí rente, na garupa!

Toquei para a casa do sacristão e bati. Custou muito a responder, mas uma janela abriu e uma cabeça apareceu a modo muito assustada.

- Abre a igreja, que tem defunto aqui!

- Cruz, cruz, cruz, Ave Maria! - gritou o sacristão assombrado, e bateu a janela, correndo para dentro da casa.

Eu não insisti mais. Toquei para a porta da igreja, de onde correram assustados uns cabritos. Defronte, o cruzeiro abria os braços para nós. Como havia de ser?

Quem me podia ajudar a descer aquele corpo?

Parei um pedaço, olhando para o tempo.

Aí o frio pegou a apertar outra vez, e uma coisa me fazia uma zoeira nos ouvidos, que nem um lote de cigarras num dia de sol quente. Que frio, que frio! Meu queixo pegou a bater feito uma vara de canelas-ruivas. Turrr! turrr! O compadre, atracado na minha carcunda, ficou feito um casco de tatu; quando meu calcanhar batia no pé dele, o baque respondia no corpo todo e o queixo dele me fincava com mais força na apá. A porta da igreja pegou a rodar, principiando muito devagarinho; e o cruzeiro a modo que saía do lugar, vinha para mim, subia lá em cima, descia cá embaixo, como uma gangorra, mal comparando.

Peguei a sentir, não sei se na cabeça, não sei mesmo onde, um fogo, que era fogo lá dentro e cá fora, no meu corpo, nas minhas pernas, nas mãos, nos pés, nas costas era uma friúra, que ninguém nunca viu tão grande!...

Meu braço não mexia, minhas mãos não mexiam, meus pés não saíam do lugar; e, calado como defunto, eu fiquei ali, de olhos arregalados, olhando a escuridão, ouvidos alertas, ouvindo as coisas caladas!

Meu cavalo, entresilhado também de fome, de cansaço e de frio, vendo que a carga não era de cavaleiro, desandou a andar à toa, pra baixo, pra cima, catando aqui-acolá uns fiapos de capim...

Quando eu passava por perto da porta de alguma casa, fazia força e podia gritar:

- Ô de casa! Gente, vem ajudar um cristão! Vem dar uma demão aqui!

Ninguém respondia!

Numa porta em que o cavalo parou mais tempo - porque uma hora meu queimado parecia cavalo de aleijado parando nas portas para receber esmola - apareceu uma cara... E quando eu disse:

- "É um defunto..." - a pessoa soltou um grito e correu para dentro esconjurando...

Mas, as casas todas pegaram a embalançar outra vez, e eu estava como em cima d'água, boiando, boiando..

Parece que o queimado cansou de andar. Lá nos pés do cruzeiro, onde havia um gramado, ele parou...

E foi aí que vieram me achar, de manhãzinha, com os olhos arregalados, todo frio, todo encarangado e duro no cavalo, com o compadre à garupa!

Ah! patrão! amigo é amigo!

Daí para cá eu andei bem doente...

Quantos anos já lá se vão, nem eu sei mais.

O que eu sei, só o que eu sei, é que nunca mais, nunca mais aquele friúme das costas me largou!

Nem chás, nem mezinha, nem fogo, nem nada!

E quando eu ando pelo campo, quando eu deito na minha cama, quando eu vou a uma festa, me acompanha sempre, por toda a parte, de dia e de noite, aquele friúme, que não é mais deste mundo!

Coitado do compadre! Deus lhe dê o céu!
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Glossário
As palavras estão explicadas neste glossário só pelo sentido com que são empregadas neste livro.
- A açafrão - pó de cor amarela bem forte usado como tempero.
alastrado - repleto, cheio.
alforje - saco duplo, posto sobre o lombo do animal para carregar mercadoria.
apá - ombro.
borraina - almofada.
campeio - procura pelo gado no campo.
estrelo - que tem mancha branca na cabeça.
estúrdio - esquisito.
fiança - confiança.
friúme - o mesmo que friúra, frieza.
grotão - depressão funda entre montanhas.
jaó - ave de caça do sertão, de carne muito apreciada.
mezinha - remédio caseiro.
patinhar - o mesmo que patinar, andar sem sair do lugar.
perambeira - abismo, precipício.
queimado - cavalo de pêlo avermelhado.
suflagrante - momento presente.
tino - orientação.
vancê - forma popular de você.
viageia - forma popular de viaja.

FONTE:
A Garupa, e outros contos /Sylvia Orthof...[et al.]. São Paulo: Martins Fontes, 2002 - (Coleção literatura em minha casa ; v.2)

Seleção Permanente - Textos & Livros Premiados

Apresentação: 

O Textos & Livros Premiados foi criado com o propósito de dar espaço para os autores divulgarem suas obras premiadas e, principalmente, para que autores e leitores possam acompanhar um panorama das obras que tiveram seus méritos reconhecidos através de certames literários realizados pelo Brasil e por todo o mundo.

O blog permanecerá aberto aos comentários, a fim de estimular o debate acerca das obras apresentadas.

Esperamos que esta iniciativa contribua para a formação crítica de leitores e para a divulgação das obras de autores que, apesar de ostentarem currículos consideráveis, ainda são pouco conhecidos pelo público em geral.

Como publicar:

O blog publicará textos e livros selecionados em concursos e prêmio literários. Serão aceitas obras em qualquer gênero e que tenham obtido classificação, menção honrosa, indicação como finalista ou seleção para publicação.

No caso dos textos, podemos publicar o texto na íntegra ou, dependendo do tamanho do texto e da vontade do autor, um link para o mesmo. No caso dos livros, podemos divulgar apresentação ou sinopse e links para download ou compra.

Juntamente com a obra, será divulgado o nome (ou nome artístico) do autor, o ano da seleção, o concurso literário, a instituição organizadora do concurso e a classificação obtida. O autor também pode optar por divulgar seu e-mail e o endereço de seu blog ou site.

Para enviar as obras, os dados pessoais e os dados do concurso, os autores devem seguir as instruções que constam no seguinte endereço:

- http://textospremiados.blogspot.com.br/p/formulario-de-envio.html

Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 609)

Uma Trova de Ademar  

Se a inspiração me inebria,
com temas, os mais dispersos;
mato a sede de poesia
na eterna fonte dos versos...
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional


O meu prazer se renova
e a minha alma se extasia
ao perceber numa trova
um canteiro de poesia!
–Roza de Oliveira/PR–

Uma Trova Potiguar


O sonho que nasce em mim,
se não puder florescer,
terá comigo o seu fim,
só morrer, quando eu morrer.
–Maria Dalvaci Dantas/RN–

Uma Trova Premiada


1979 - Bandeirantes/PR
Tema - CRIANÇA - 8º Lugar


Ensina com tolerância
a criança pequenina
a ver o que é bom, na infância,
que o restante a vida ensina...
–Maria Nascimento/RJ–

..E Suas Trovas Ficaram


Veja, amada companheira,
este quadro, que beleza.
Temos a família inteira
ao redor de nossa mesa.
–Alydio C. Silva /MG–

U m a P o e s i a


Tem quem roube a merenda das crianças
e o dinheiro do pobre aposentado,
e sem dó tomam todas as finanças
num sequestro cruel e bem montado;
e os que matam e estupram criancinhas
andam soltos aí pelas pracinhas,
muitos deles nem vão para prisão;
digo neste relato que hoje eu faço:
eu estou com saudade é do cangaço
e das bravuras do grande Lampião!
–Ademar Macedo/RN–

Soneto do Dia

SE AMOR É...
–Carmo Vasconcelos/PRT–


Se amor é fogo que arde sem se ver,
E senti-lo se faz contraditório...
Sendo ou não, fogo-fátuo e ilusório,
Por que tanto queimamos de o querer?

Se é ferida que dói e não se sente,
Por que insistimos nessa dor sarar,
Vendo apenas recobro nesse amar
Daquele que de amor nos faz contente?

Se tal contentamento é descontente,
Por que alegria tamanha lá se afunda
Nos meandros da tristeza que a alma inunda?

Se é dor que desatina sem doer,
Que eu frua do controverso amor em mágoa,
E extinga-se o meu fogo ao fluir-lhe a água!

domingo, 15 de julho de 2012

Olga Agulhon (O Dito e o Não Dito)

As palavras são cruéis e desobedientes;
não são humildes servas.
Fazem-nos cócegas
e depois que saem da boca
não tornam a ela,
por mais que imploremos:
mas também não vão embora;
ficam ressoando no ar
e nos perseguem para sempre.
Por isso, busco o silêncio;
só ele nos deixa em paz.
As palavras...
prefiro prendê-las no papel.
Se viro a página
ou fecho o livro,
as silencio.
Vingo-me.
Torno-me rei.
-
Fonte:
AGULHON, Olga. O Tempo. Maringá: Midiograf, 2003.

Zé Lucas, Ademar Macedo e Prof. Garcia (Um Debate em Setilha Agalopada) Parte 5, final

121 - Zé Lucas
Entre as coisas que a vida me propôs,
desde o tempo feliz da tenra idade,
e eu procuro seguir com todo o empenho,
vêm, na linha de frente, a honestidade
e os princípios do amor e da harmonia,
porque Deus vai querer que eu prove, um dia,
o que fiz pra ganhar a eternidade.

122 – Ademar
Eu não sei se eu irei pra eternidade
quando Deus resolver me resgatar,
já andei por caminhos tortuosos
pelos quais não pretendo mais andar;
pelas coisas da vida que eu renego,
pelo fardo pesado que eu carrego,
tenho fé que Deus vai me perdoar.

123 - Prof. Garcia
Não se vive no mundo sem lutar,
pois o próprio Jesus, exemplo deu,
fez de tudo este pobre peregrino
pela terra sofrida onde nasceu;
perdoou todo o povo e pediu paz,
mas o vil pecador, quis Barrabás
no lugar deste Santo que morreu!

124 - Zé Lucas
Quem matou o Divino Galileu
deu um passo infeliz e negativo,
fez o mundo cobrir-se de amargura
por um crime covarde e sem motivo,
e jamais esperou que, após três dias,
Deus mostrasse a grandeza do Messias,
levantando-o da cova redivivo!

125 – Ademar
Quando eu for para o céu ver o Deus vivo,
além da grande fé que me conduz
levarei a muleta e meu boné
adereços da minha própria cruz;
aos meus fãs deixo aqui os versos meus,
e os poemas que eu fiz falando em Deus
levarei de presente pra Jesus.

126 - Prof. Garcia
Quando eu curvo o joelho aos pés da cruz,
vejo o quanto Jesus Cristo sofreu,
eu pergunto a mim mesmo, por que foi,
que este filho inocente, assim morreu?
Peço a Deus, rogo a Deus, vertendo pranto,
que não deixe eu na vida sofrer tanto,
sendo um bom pecador como sou eu.

127 - Zé Lucas
Judas, sendo discípulo, vendeu
o seu Mestre, por preço de cocada,
pra ser morto na cruz, entre ladrões,
vendo o pranto da mãe, amargurada
com a pena que a história mal descreve.
Se é difícil pagar quando se deve,
duro mesmo é pagar sem dever nada!

128 – Ademar
Minha cruz eu já sei que é bem pesada,
pelo peso do fardo que carrego,
mas não sinto cansaço nem fadiga,
os pecados são meus, eu não renego;
mas seguindo a Deus Pai, o verdadeiro,
vejo e sinto o meu fardo mais maneiro
pelas coisas de Deus que hoje eu prego!

129 - Prof. Garcia
Tudo quanto eu consigo, a Deus entrego,
porque sinto que um fogo, em mim reluz,
cada passo que dou em minha vida,
sinto a força de alguém que me conduz;
e esta chama queimando no meu peito,
é a fogueira da prece do meu leito
que me aquece nos braços de Jesus!

130 -Zé Lucas
Quando, há muitos janeiros, vim à luz,
foi chorando nos braços da parteira;
minha mãe, entre lágrimas e risos,
me beijava na face a vez primeira...
Dessa forma nasceu um trovador,
desprovido de bens, mas com amor
pra doar, neste mundo, a vida inteira.

131 – Ademar
Eu nasci pelas mãos de uma parteira
num sertão pobre, seco e abrasador,
nunca usei uma fralda descartável,
a chupeta era o dedo indicador;
e apesar de ter tantos empecilhos,
mesmo tendo já feito vinte filhos
o meu pai inda fez um Trovador.

132 - Prof. Garcia
No sertão, cada filho é uma flor,
que perfuma e inebria um lar feliz,
quanto mais nasce gente em cada casa,
mais o dono da casa pede bis;
mamãe tinha um menino todo ano,
papai pobre não quis mudar de plano
criou onze do jeito que Deus quis.

133 - Zé Lucas
Deus me deu cinco filhos e, feliz,
eu cumpri para os céus essa missão;
sinto neles a minha própria vida
como os dedos que toco, em cada mão,
quando rezo por todos, de hora em hora...
São pedaços de mim que vejo fora
porém nunca tirei do coração.

134 – Ademar
Deus me deu uma linda geração.
Todos eles são servos do Senhor;
duas filhas, dois genros, nora e neto
e meu filho, estudando pra pastor,
me ensinou que somente Deus nos salva
e eu pretendo, com minha ESTRELA Dalva,
ter as bênçãos de Deus, o Criador!

135 - Prof. Garcia
Tudo quanto se faz com muito amor,
Deus concede o perdão do que se faz,
somos todos eternos viajantes,
peregrinos na vida e nada mais;
quem quiser ser feliz por um segundo,
tenha fé no perdão, perdoe o mundo
plante o amor, colha o amor pedindo paz!

136 - Zé Lucas
Dessas coisas que a vida leva e traz,
lembro um fato do meu interior:
o rapaz era louco pela moça
que a má sorte feriu com grande dor
e levou-a pra longe, sem alarde.
Quando trouxe de volta foi tão tarde,
que não houve mais chances para o amor!

137 – Ademar
Uma seta atirada pelo amor
deixou marcas profundas no meu peito,
mesmo eu sendo ainda muito jovem
esta seta causou-me grande efeito;
até hoje no peito ela corrói,
quanto mais eu relembro mais me dói
já tentei esquecer... Não tem mais jeito!

138 - Prof. Garcia
Todo o amor que foi santo, tem defeito,
porque somos um filho do pecado,
quando Deus fez Adão, depois fez Eva,
quis o fruto do amor santificado;
mas Evinha, danada como era,
usou todas as garras da pantera
destruindo esse amor que foi sagrado!

139 - Zé Lucas
Guardo ternas lembranças do passado,
com o encanto de tudo que era meu:
a menina singela e tão bonita,
sem adornos de loja ou camafeu.
Nos seus lábios, a vida me sorria;
nos seus olhos românticos, eu lia
um poema que nunca ninguém leu.

140 – Ademar
Uma história de amor que não morreu,
retorná-la a viver, hoje eu queria.
Descobri que eu amava, um pouco tarde
e esse amor era tudo o que eu queria;
mas só vim descobrir tempos depois...
Nos momentos vividos por nós dois,
eu fui muito feliz e nem sabia!

141 - Prof. Garcia
Sou feliz, fui feliz e mais seria,
se eu voltasse aos jardins da mocidade,
inda visse a primeira namorada
e abraçasse os meus pais na flor da idade;
mas o tempo me deu folha corrida,
e abraçar os fantasmas desta vida
é o que faço, morrendo de saudade!

142 -Zé Lucas
A mudança do campo pra cidade
me deixou um sabor de despedida:
aqui tenho encontrado mais conforto;
de lá vêm as lembranças da guarida,
onde eu tinha um irmão em cada canto.
Finalmente, esta praia é meu encanto,
mas o velho sertão é minha vida!

143 – Ademar
Deus me deu este dom pra toda vida:
fazer versos, trovar, viver feliz.
Me tornei um poeta popular
e entre todos eu sou um aprendiz,
mas confesso com a mente envaidecida
que a poesia marcante em minha vida,
tenho toda certeza que não fiz!

144 - Prof. Garcia
Eu também vou na mesma diretriz,
repintando os meus sonhos de poeta,
cada lindo arrebol de um novo dia,
traz a luz da esperança para o esteta;
aos gemidos da musa benfazeja,
a poesia me abraça e me bafeja
e é assim, que meu sonho se completa.

145 - Zé Lucas
Quando jovem saudável, minha meta
era a grande aventura das jornadas,
enfrentando descidas e ladeiras,
sem temer o perigo das estradas
nem o peso das duras circunstâncias,
e hoje as pernas, cansadas de distâncias,
só aceitam pequenas caminhadas.

146 – Ademar
Tiro as pedras do meio das estradas,
corto as pontas que tem em cada espinho,
ponho o riso no rosto da criança;
e uma dose de amor e de carinho
eu coloco no olhar de cada velho,
pois seguindo o que diz nosso evangelho,
serei bem mais feliz no meu caminho.

147 - Prof. Garcia
Eu protejo as essências do meu ninho,
semeando a ternura como prova,
planto um galho de amor em cada canto,
brota um pé de carinho em cada cova;
toda noite eu replanto a minha roça,
e o orvalho que pinga na palhoça
beija os lábios da paz, que se renova!

148 - Zé Lucas
Neste nosso debate se comprova
a leveza de um longo versejar.
Estivemos juntinhos caminhando,
sem ninguém se mexer do seu lugar,
mas, agora, ao final deste rojão,
me despeço com aquela sensação
de quem sai com vontade de ficar.

149 – Ademar
Fabricante do verso popular,
sou fiel seguidor do meu destino,
mergulhado num mar de inspiração,
um momento, pra mim, quase divino;
misturando o real com a fantasia
eu mostrei a beleza da poesia
e a grandeza do vate nordestino.

150 - Prof. Garcia
Três poetas fiéis, e um só destino,
num debate em setilha agalopada,
versejando com tanta inspiração
sem ninguém se perder na caminhada;
cada qual debatendo do seu jeito,
mas deixando a saudade em cada peito
lamentando o final desta jornada!