sexta-feira, 13 de maio de 2011

IV Festival de Poesia Falada do Rio de Janeiro (Prêmio Francisco Igreja)


A APPERJ - Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro convida todos os poetas a participarem do IV FESTIVAL DE POESIA FALADA DO RIO DE JANEIRO - PRÊMIO FRANCISCO IGREJA.

O tema do concurso é livre, sendo aceitos todos os estilos poéticos. Poderão participar poetas residentes no país, de qualquer nacionalidade, exceto os diretores da APPERJ.

Cada concorrente poderá enviar até três poemas inéditos, em língua portuguesa, digitados, de no máximo 30 linhas (espaços inclusive), em 3 (três) vias de cada, acompanhados da taxa de inscrição: 10 reais por poema (cópia do depósito feito em nome de APPERJ, Banco Real/Santander, ag. 0894, cc 2017863-5, até o dia 31 de julho de 2011, para:

IV Festival de Poesia Falada do Rio de Janeiro - Prêmio Francisco Igreja
Rua Pereira da Silva, 586/304,
Cep: 22221-140, Laranjeiras, Rio de Janeiro/RJ,
valendo como data de entrega o carimbo do correio.

O trabalho deverá ser apresentado com pseudônimo e os dados do autor deverão ser enviados em envelope lacrado, digitado (não serão aceitos poemas manuscritos), constando de: nome completo do autor; nome literário; pseudônimo; título da obra; endereço completo - CEP inclusive; telefone para contato - indicar DDD; e-mail. O envelope lacrado com os dados do autor deve ser enviado dentro do envelope maior contendo o(s) poema(s) para o concurso. Colocar como remetente, o nome Francisco Igreja e o mesmo endereço do destinatário. A identificação indevida do poeta, assim como o não atendimento a qualquer item do regulamento, acarretará na desclassificação do mesmo.

Os poemas serão julgados por literatos reconhecidamente idôneos da comunidade poética brasileira, cuja decisão será irrevogável e irrecorrível. Serão considerados na decisão: a correção da linguagem, a beleza das imagens poéticas e a originalidade com que o tema for tratado.

Premiação:

Categoria Única - serão selecionados os 20 melhores textos, cujos autores receberão certificado de Menção Honrosa e prêmios no valor de mil reais, assim distribuídos: 1° lugar: R$400,00; 2° lugar: R$300,00; 3° lugar: R$200,00 e melhor intérprete: R$100,00.

O poeta 1° lugar em texto receberá o Prêmio Francisco Igreja, que constará de: além do prêmio em dinheiro; publicação sem ônus na coletânea PERFIL e medalha Francisco Igreja.

Ao apperjiano mais bem classificado dentre todos os concorrentes selecionados ou não (e em dia com a Tesouraria da associação), será oferecido certificado, o Troféu Francisco Igreja, sendo seu poema publicado graciosamente – sem ônus, na Coletânea PERFIL.

A seleção dos poemas será feita por associados, especialmente, convidados para este mister. A classificação dos poemas selecionados será feita por júri presente ao evento que, também, considerará a oralidade na seleção do melhor intérprete (tempo máximo de apresentação de 10 minutos, a ultrapassagem do tempo estimado acarretará em desclassificação). Concorrerão todos os intérpretes, autores ou não. Os poemas selecionados para a cerimônia de premiação serão publicados nos sites da APPERJ e da OFICINA Editores (apoio cultural).

O encerramento do concurso acontecerá dia 16 de setembro de 2011 (6ª feira), a partir das 17h, no Auditório Machado de Assis, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Pedimos a todos os concorrentes, que indiquem a intenção de comparecer ao encerramento ou o nome de um poeta carioca que possa representá-lo. A Diretoria da APPERJ garante, antecipadamente, a apresentação dos poemas selecionados, durante a festa de encerramento.

Outras informações pelos tel: Marcia Agrau (21) 2265-3934 / Sérgio Gerônimo (21) 3328-4863.

Apoio cultural: www.oficinaeditores.com.br

Fonte:
Texto enviado por APPERJ

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 212)

Devido a manutenção do blogger, as postagens de ontem estão sendo postadas em conjunto com as de hoje
Uma Trova Nacional

No oceano do meu peito,
há um grande mar de paixão,
que eu chego a ficar sem jeito
com as ondas que vêm e vão!
–DELCY CANALLES/RS–

Uma Trova Potiguar

Na praia, a noite, o luar
tranquilo no céu passeia...
E nós dois à beira mar,
brincamos de amor na areia!
–MARIA ANTONIETA BITTENCOURT/RN–

Uma Trova Premiada

2009 - Ribeirão Preto/2009
Tema: Lápis - 5º Lugar

O lápis tem cores lindas
Arco-íris que vem do além
Como saudades infindas
Que nos fazem muito bem.
GUILHERME DE ALMEIDA CAMARGO/SP
7ª A – EMEF “Professor Anísio Teixeira”

...E Suas Trovas Ficaram

Ó trovas simples quadrinhas
que têm sempre um quê de novo...
- Como podem quatro linhas
trazer toda a alma de um povo?!
–LUIZ OTÁVIO/RJ–

Simplesmente Poesia

–CAVALCANTI BARROS/AL–
Eu Sou a Vida

Não se enganem, sou a Vida.
Magicamente contida
num corpo que Deus me deu.
Tudo simples, sem mistério:
corpo morre. Cemitério.
Vida não morre. Sou eu.

Estrofe do Dia

O que o verso é para mim,
é difícil de dizer.
O céu? O mar? Um jardim?
Tudo isso pode ser.
Pode ser um vaga-lume,
a flor que brota do estrume,
ou um pesadelo medonho,
e pode até ser tristeza,
se eu vir pela correnteza,
descer meu último sonho.
–RAIMUNDO DE S. BRASIL/BA–

Soneto do Dia

–CRUZ E SOUSA/SC–
Madona na Tristeza.

Quando te escuto e te olho reverente
e sinto a tua graça triste e bela
de ave medrosa, tímida, singela,
fico a cismar enternecidamente.

Tua voz, teu olhar, teu ar dolente
toda a delicadeza ideal revela
e de sonhos e lágrimas estrela
o meu ser comovido e penitente.

Com que mágoa te adoro e te contemplo,
à da Piedade soberano exemplo,
flor divina e secreta da Beleza!

Os meus soluços enchem os espaços,
quando te aperto nos estreitos braços,
solitária madona da Tristeza!

Fonte:
Texto enviado pelo autor

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sérgio Napp (Onde se Esconde a Poesia?)


I

esta pedra em minha mão
pedaço de um pedaço de outra pedra
não uma pedra qualquer

só ela
entre outras
em minha mão

também eu
pedaço de um pedaço de outros tantos
não me sinto qualquer
em tuas mãos

II

porque sabes a fogo
trago a noite
e seus ardores

porque as labaredas se armam
na lucidez do gozo
destroem-se cidadelas
sucumbimos

porque te alimenta a febre
teu ventre
incendeia
me


III

sento para espiar a lua
em uma dessas cadeiras simples
de palha e madeira clara
sem braços
e ela vem

clara
enorme
plena
colorida

a lua circunda
os vultos
a lua indulta
as tumbas
a lua inunda
os ventres
a lua

IV

os pardais não valem
tanto quanto o
homem
no entanto proclamam
seus cantos
no alto dos telhados

teus cabelos estão contados
homem
fio a fio
os pardais no entanto
não caem ao chão sem o consentimento
Dele

na escuridão revelas
homem
queixas silenciosas
os pardais por sua vez
colorem o coração das pessoas

ensombreces de medo
homem
bebem o orvalho da noite
os pardais

V

na casa vazia
o que menos se ouve
é o silêncio

o vento beija as canecas
de alumínio
e elas cantam

um gato mia
pelos corredores
papéis amarelecidos
escorregam pelo piso

o sol aquece
a panela-de-ferro
sobre o fogão à lenha

neste momento uma rola pousa
no alpendre

enquanto na sala
o chapéu sobre a poltrona
conversa com o retrato do homem
na parede

VI

não se beija o morto
ao morto se agradece
pela vida
cerca de pedra
subitamente interrompida

não se lamenta o morto
do morto se registram
as virtudes
e o inúmeros vícios

não se culpa o morto
ao morto se perdoa
o que ficou nas entrelinhas
e os silêncios

não se julga o morto
do morto guarda-se
o último registro
carteira de identidade
um anel de pedras falsas

não se purga o morto
o morto é quadro
na parede das lembranças
saudade
que acontece em repentes

do morto não te despeças
o morto é tempo
que não te abandona

VII

demasiada luz
nessa manhã
e os olhos poucos

eu sou apenas
Adeuses

Jussara Gabin (Poesias Avulsas)

Corredeira. Pintura de R. O. Peixoto
TODO DIA

TODO O DIA,
no mesmo compasso,
toco minha vida.
Curo as feridas
e busco um espaço.
Não guardo rancor,
nem mágoa de amor,
tristeza ou cansaço.
Tenho na algibeira
pedrinhas preciosas,
nas mãos, um rosa,
colhida no jardim.
Sou peça importante
neste mundo inconstante
que escolheram pra mim.

SE VOCÊ CHEGAR DE REPENTE

e não me encontrar,
é porque Eu me encontrei
e, finalmente, soltei minhas asas.
Voei.
ONDE MORO

a beleza tem muitas formas,
o som faz muitas melodias,
o vento passsa faceiro,
o gavião voa ligeiro,
tem festa todos os dias.
A água canta lá embaixo,
o galho dança brejeiro,
e do alto do pinheiro,
salta a pinha com alegria.
Cá onde eu moro,
tristeza não faz parada
e tem tudo o que eu preciso,
dispensando o dinheiro.
Não é o céu por inteiro,
mas é um pedaço do paraiso.
___________________________________________
Jussara Gabin escreve em Colônia Faria, na cidade de Colombo, Pr.

Fonte:
Boletim Guatá

A. A. de Assis (A Moça do Jipe)

Primeiro jipe montado
Seu Nando vivia ali pacato e bom, baixinho, redondo, discreta calva, solteirão encalhado, atendendo a aldeia na vendinha de secos e molhados. Se deu que porém a moça passante brecou o jipe lhe passando um susto, não muito pelo de-repente do impacto, mas pela explosão da imagem. Aquela coisa louca, aquele jeitão de rir. Seu Nando tremeu total.

Queria a moça informação sobre a estrada que levava a uma praia próxima, onde haveria reunião de surfistas e de agitadas meninas que nem ela, a que parecendo vir das nuvens caíra na porta dele.

– Tem de voltar até o trevo e repegar o rumo.

– Será que acerto?

– Se quiser vou junto. Posso mostrar o caminho. Preciso mesmo ir lá, volto de ônibus. Me dá carona?

– Sobe aí, tiozão!

Zuuuuuuuuuuuuummmmmmmm... Tremeu de novo Seu Nando. Agora sim de medo. Moça maluca, 140 por hora naquele jipe trotão. Só não pediu pra descer por encabulação. Olhando as pernas dela, se distraiu. De agradecimento, ela deu-lhe na chegada um beijo. Na boca. Seu Nando ensandeceu de vez. Retribuiu grudando a moça, que todavia gostou. Rolaram na areia, rolaram no mar, a noite chegou.

Na aldeia, no dia seguinte, o bochicho. Sumiu Seu Nando. Os vizinhos estranharam aquela coisa de ele na véspera haver fechado a venda cedo. Uns, que o viram entrar no jipe da moça, se espantaram mais ainda. Agora já era meio-dia, e de Seu Nando nada. Seria acidente? Seria acaso aquela moça alguma parenta dele? Um galho dele? Seria?...

Mandaram o aviso a um compadre que vivia em cidade próxima, único mais-íntimo que se sabia dele. Comunicaram às autoridades, botaram notícia no rádio, espalharam de boca em boca o misterioso evento.

Ele tão bom homem, nunca perturbara ninguém, vendeiro prestativo. Chegaram a supor que a moça do jipe fosse extraterrestre.

Quase um mês mais tarde, já davam Seu Nando por inencontrável: afogado, engolido por tubarão, levado para um planeta distante... Até que noutro de-repente reapareceu ele, a barba crescida, a roupa em trapos, a cara de quem andara metido em muito complicada encrenca.

– Depois eu conto o que aconteceu. Agora quero é tomar um banho, comer um bife enorme, dormir umas 24 horas. Avisem por aí que estou vivo.

Geral curiosidade, só satisfeita no outro dia, com a presença de repórteres, fotógrafos, e os ouvidos atentos da aldeia inteira. Seu Nando tinha ido com a tal garota litoral acima, até a Bahia. Nem chegara a saber o nome dela, dizia apenas “Coisinha”, o resto era o fascínio.

– Voltei de carona num caminhão, ajudando a carregar-descarregar em troca da comida. Desci no trevo e de lá vim caminhando.

Os cartões de crédito que havia levado, duas semanas depois já acusavam ultrapassagem de limite. Foi a grana acabar e a moça sumir, sem ele imaginar para que destino nem se ela era gente mesmo, talvez fosse irreal. Sabia só que nas alegrias era mulher ao máximo.

Sorte dele que o gerente do banco entendeu a história, refez-lhe o crédito. E o bom homem se reinstalou atrás do balcão, de onde oito meses passados ouviu outra freada.

– Olhe aqui, tiozão! Trouxe pra você a sua obra.

Ela desceu do jipe mostrando a barriga prenha. Voltara para ter o bebê onde ele começara a ser feito. Seu Nando acolheu-a, guloso dela, pouco se importava se a criança era sua ou não. Pagou as despesas do parto, do berço, das roupinhas.

Porém cadê a “Coisinha”?... Ninguém sabe, ninguém viu. Do jeito que rechegou, de novo magicamente sumiu.

Criou-se a criança engatinhando ali na venda, assistida pela bondade de umas senhoras vizinhas. Ele um homem de tão generoso coração, baixinho, redondo, discreta calva, pela segunda vez abandonado no pique dos seus melhores sonhos.

Se valeu? Ora se...

Fonte:
ASSIS, A. A. De. Vida, verso e prosa. Maringá/PR: EDUEM, 2010.
Imagem = Ao Chiado Brasileiro

Sérgio Napp (Da Arte da Palavra ao Prazer da Leitura) Parte 5


Fico me perguntando se existe, ainda, alguma coisa a dizer sobre livros. Ou sobre leitura. Ou sobre qualquer coisa que se coloque sobre a face da terra. E me respondo, há. E assim não tenho saída, a não ser escrever sobre. Com uma ressalva: cuidado, ler pode ser perigoso.

Ler desperta sentimentos, às vezes, estranhos. E pode nos transformar. E pode nos alertar para problemas até então não percebidos. E nos despertar para realidades nunca imaginadas. Portanto, todo cuidado é pouco. Vá devagar. Não pegue pesado. Nada de começar com Cidade de Deus, do Paulo Lins; ou Vinhas da ira, do Steinbeck; ou com a poesia do Carlos Drummond de Andrade ou do João Cabral de Melo Neto. Pode-se quebrar o andor. Porque se resolver ler pra valer você é capaz de descobrir o que existe para além do horizonte da nossa vidinha quotidiana. E pode doer, amigo, pode doer. Pode provocar gastrite, pode provocar úlcera. E arroubos de cólera. Ao mesmo tempo, você descobrirá um bem inimaginável, mas que irá adentrar sua alma e corroê-la: a cidadania.

Talvez seja melhor, portanto, você aguardar um pouco mais e continuar assistindo ao Faustão, ao Gugu, ao Luciano, ao Ratinho e tantos outros. Daí, você continuará pensando que a vida é isso mesmo e aquilo também. Poderá dormir tranqüilo. Tomar café calmamente, sair a bordo de seu carro com ar condicionado e som estéreo, chegar ao serviço sorrindo. Sem ver os meninos maltrapilhos nas sinaleiras; sem tomar conhecimento dos mensalões ou das últimas ações de nossos esforçados, compenetrados e bem-intencionados representantes públicos. Que você ajudou a eleger, lembra?

Talvez você se horrorize com os últimos acontecimentos ocorridos em São Paulo, mas, e daí? São Paulo está a centenas de quilômetros e nós, bem, nós estamos ao sul de um outro mundo onde se tem a melhor qualidade de vida, os melhores quadros políticos, o mais belo pôr-do-sol, os melhores índices de educação. E outras tantas regalias e atributos. Para que preocupações? Tudo se resolve com mais uma grade na porta, um vigilante na calçada, um reforço no alarme. Coisas banais.

Ler, amigo, irá lhe abrir os horizontes além do trivial futebol-cerveja-carro-mulher; desenvolver o raciocínio sem prendê-lo ao feijão e arroz do dois mais dois são quatro; levá-lo a outros patamares de compreensão e não apenas discutir o inútil problema do Código Da Vinci; fazê-lo discernir entre tantas opções que a todo o momento se nos apresentam. Ler, amigo, irá arejar sua alma e fazê-lo entender o que se passa por trás dos acontecimentos, seja de São Paulo ou do Iraque; porque somos o que somos e porque este país é o país em que o transformamos. Talvez cause calafrios, dores nas articulações, noites mal-dormidas, taquicardia. Não importa. Leia. É absolutamente necessário para o mundo, para benefício dos que lhe cercam, para melhorar as relações interfamiliares, para desobstruir os canais incompetentes, para resolver os insolúveis problemas celulares. Leia. Seu café, a ida ao serviço, o som estéreo, o jogo de tênis nas noites de terça, o encontro com os amigos nos finais de tarde nunca mais serão os mesmos. Mas vocês, finalmente, terão se transformado em seres humanos.

Fonte:
Artistas Gaúchos

Sérgio Napp (1939)


Sergio Napp nasceu a 03 de julho de 1939 em Giruá/RS. Por esse tempo todo se formou em engenharia, tornou-se professor universitário e continuou procurando caminhos, ora através da literatura, escrevendo de tudo e sobre tudo, tendo publicações em jornais de Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, ora através da música, participando e sendo premiado em diversos festivais.

Onde se fez presente, e do que se lembra, segue abaixo:

1959
– Prêmio em poesia. Concurso promovido pelo Clube de Cultura do Rio Grande do Sul. Texto: Pequena Lua.

1963
– Primeiro lugar no Festival de Novos Compositores do RS. Música Pequeno Sol.
- Sétimo lugar no Festival Um milhão por uma canção/Rio de Janeiro. Música Pequeno Sol. Gravada por Hebe Camargo.

1964
– Músicas gravadas por Elis Regina (Meus olhos), Tito Madi (Pra que mentir), Marisa Barroso (Vou ficar com você).

1968
– Festival Sul-Brasileiro da Canção/Porto Alegre e Festival Internacional da Canção/Rio de Janeiro. Música: Tempo de Partir. Gravada por Clara Nunes e Walter Matesco.

1969
– Quinto lugar no Festival Sul-Brasileiro da Canção/Porto Alegre. Música: Memórias. Parceria: Paulo Dorfman.

1978
– Prêmio Apesul / Revelação Literária. Destaque em crônica. Promoção da Cia. Jornalística Caldas Júnior, Instituto Estadual do Livro e Habitasul.

1979
– Prêmio Apesul / Revelação Literária. Destaques em poesia e crônica

1980
- Prêmio Apesul / Revelação Literária. Premiado na categoria conto com O pássaro. Destaques também em poesia e crônica.
- Selecionado, com dois poemas, para o Mutirão de Poesia, promovido e editado pela Editora Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro.

1981
- Grande prêmio “Calhandra de Ouro no Festival “Califórnia da Canção Nativa”/Uruguaiana/RS. Música: Desgarrados. Parceria: Mario Barbará, a qual obteve, até o momento, mais de 40 gravações e lançada, em 1993, na Alemanha.
- Participação na criação do Grupo Canto Livre que, em pouco tempo, se transforma no principal grupo vocal gaúcho.
- Primeiro lugar no Festival Vindima da Canção/Flores da Cunha/RS. Música: Canto Livre. Parceria: Fernando Cardoso e Jair Kobe.
- Produz o primeiro Lp do Grupo Canto Livre.

1982
– Melhor letrista do Estado considerado pelo crítico Juarez Fonseca.
- Colaborador do Jornal Tchê!, jornal alternativo.
- Prêmio Linha de Projeção Folclórica do Festival Califórnia da Canção/Uruguaiana/RS. Música: Campesina. Parceria Mario Barbará.
- Terceiro lugar no Festival Ciranda Musical Teuto-Riograndense/Taquara/RS. Música: Recuerdos. Parceria: Jair Kobe.
- Terceiro lugar no Festival Reculuta da Canção Crioula/Guaíba/RS. Música: Punhais de valentia. Parceria: Marco Aurélio Vasconcellos.

1984
– Segundo lugar no Festival MUSIPUC/POA/RS. Música: Mutirão. Parceria: Fernando Cardoso.
- Segundo lugar no Festival Vindima da Canção/Flores da Cunha/RS. Música: Os fundadores. Parceria: Fernando Cardoso.
- Terceiro lugar no Festival Coxilha Nativista/Cruz Alta/RS. Música: Morada. Parceria: Fernando Cardoso.
- Quinto lugar no Festival Coxilha Nativista/Cruz Alta/RS. Música: Palavra bem/dita. Parceria: Mario Barbará.

1985
– Publica Quintais da madrugada, poemas, Editora Tchê!
- Primeiro lugar no Festival Vindima da Canção/Flores da Cunha/RS. Música: Neste Momento. Parceria: Fernando Cardoso.
- Participa do Festival dos Festivais, promovido pela Rede Globo. Música: Esse gaiteiro. Parceria: Fernando Cardoso e Jair Kobe.
- Troféu Grito do Campo no Festival Seara da Canção Gaúcha/Carazinho/RS. Música: O grito. Parceria: Edson Vieira e Cláudio Amaro.
- Segundo lugar no Festival Vigília do Canto Gaúcho/Cachoeira do Sul/RS. Música: Paisagem rural. Parceria: Mário Barbará.
- Representante oficial de Porto Alegre na Mostra Farroupilha de Nativismo, promovido pelo Grupo RBS. Música: Ontem e hoje. Parceria: Fernando Cardoso e Jair Kobe.

1986
– Primeiro lugar no Festival Tertúlia Musical Nativista/Santa Maria/RS. Música: Paisagem. Parceria: Edson Vieira e Cláudio Amaro.
- Terceiro lugar no Festival Carijo da Canção Gaúcha/Palmeira das Missões/RS. Música: Menino potro. Parceria: Edson Vieira e Cláudio Amaro.
- Prêmio Linha de Projeção Folclórica do Festival Califórnia da Canção Nativa/Uruguaiana/RS. Música: Missões. Parceria: Edson Vieira e Cláudio Amaro

1987/1991
- Diretor da Casa de Cultura Mario Quintana. Governo Pedro Simon.

1987
- Lança Natural, disco com seus principais trabalhos, dentro do Projeto Cultural Riocell.
- Publica Para voar na boca da noite, livro de contos, Editora Tchê!.
- Primeiro lugar na Feira Avareense de Música Popular/Avaré/SP. Música: Inimigo Comum. Parceria: Pedro Guisso.
- Segundo lugar e canção mais popular do Festival Acampamento da Canção Nativa/Campo Bom/RS. Música: Fonte da alegria. Parceria: Edosn Vieira e Cláudio Amaro.

1988
– Quarto lugar no Festival Vigília do Canto gaúcho/Cachoeira do Sul/RS. Música: Essa louca. Parceria: César Dorfman.
- Melhor arranjo no Festival Vigília do Canto Gaúcho/Cachoeira do Sul/RS. Música: Rodrigo e Bibiana. Parceria: Fernando Cardoso e Jair Kobe.
- Prêmio Acordes Riograndenses no Festival Ciranda Teuto-Riograndense/Taquara/RS. Música: As primeiras aves. Parceria: Marco Aurélio Vasconcellos.
- Terceiro lugar no Festival Moenda da Canção Nativa/Santo Antônio da Patrulha/RS. Música: Contando estrelas pelo céu. Parceria: César Dorfman e Luís Carlos Borges.
- Melhor letra do Festival Seara da Canção gaúcha/Carazinho/RS. Música: Arrabaldes da América do Sul. Parceria: César Dorfman.

1989
– Melhor tema litoral norte do Festival Moenda da Canção Nativa/Santo Antônio da Patrulha/RS. Música: (In)terno de reis. Parceria: Vinicius Brum.
- Melhor arranjo do Festival Moenda da Canção Nativa/Santo Antônio da Patrulha/RS. Música: Oficinas. Parceria: César Dorfman.

1990
– Participação na antologia de poesia, Poetas Contemporâneos Brasileiros. Editora Garatuja.
- Primeiro lugar no Festival Vigília do Canto Gaúcho/Cachoeira do Sul/RS. Música: Labareda. Parceria: César Dorfman.

1992
– Participação na antologia bilíngüe de contos Marcosul/sur, com lançamento simultâneo no Brasil e Argentina. Editora Tchê!
- Publica A construção da casa, livro de poemas, Editora Tchê!.
- O conto Jogos é selecionado para um curta-metragem em concurso promovido pela Sec. Municipal de Cultura de POA e recebe prêmios
de melhor fotografia e roteiro nos Festivais de Gramado, RS e de Huelva, Espanha (1995).
- O conto Uma chance para Deus é traduzido e publicado na revista Puro Cuento, editada pelo escritor argentino Mempo Giardinelli.
- Participação na antologia de poesia, Poeta, mostra tua cara. Editora Alcance.
- Participação na antologia de poesia, Medida Provisória161. Editora Alcance.
- Segundo lugar no Festival Moenda da Canção Nativa, Santo Antônio da Patrulha, RS. Música: Fogo de céu. Parceria: Fernando Corona.

1993
– Publica Jogo de circunstâncias, novela, Editora Tchê!.

1994
– Publica Pássaro dos dias de verão, novela, Editora Tchê!.

1995/1997
- Diretor Superintendente da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Governo Antônio Britto.

1996
– Primeiro prêmio no II Concurso Nacional de Contos de Uberaba/MG. Conto: Gilian.

1997
– Primeiro prêmio no Concurso Literário Anual da Academia Sul-Brasileira Letras-Pelotas/RS. Conto: Fábio.
- Destaque no Concurso Nacional Revista Brasília. Conto: Sobreviventes.
- Participação na antologia, Mutirão de Poesia. SRR Editor.

1997/1998
- Diretor da Casa de Cultura Mario Quintana. Governo Antônio Britto.

1998
- Terceiro lugar no Concurso Nacional de Contos Paulo Leminski/Toledo/PR. Conto: José.
- Participa da antologia, Brasil: receitas de criar e cozinhar, Editora Bertrand.
- Terceiro lugar no Festival da Música Crioula de Santiago/RS. Música: Sangue. Parceria; Mario Bárbara.

1999
– Lança Claridade, CD com a trajetória urbana do autor.

2000
– Publica Estranhos sentimentos, livro de contos. WS Editores.
Participa da antologia de contos, O livro dos homens. Artes e Ofícios Editora.

2001
– Participa da antologia, Brasil: receitas de criar e cozinhar, vol. II. AGE Editora.
- Lança Nos Palcos da Vida, cd com o Grupo Canto Livre, tendo apoio do Fumproarte/Secretaria Municipal de Cultura/POA/RS.

2002
- Publica memória das águas, livro de poesias. Edição IEL/CORAG.
- Participa da antologia de contos eróticos, Porto Alegre: curvas e prazeres. WS Editores.
- Lança Mala de Garupa, cd com músicas regionais, apoio da LIC/Governo do Estado/RS.

2003
- Diretor da Casa de Cultura Mario Quintana / SEDAC /Governo do Estado. Governo Germano Rigotto.
- Prêmio Açorianos de Música, Troféu Especial pelo CD Mala de Garupa. Promoção da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

2004
– Publica delicadezas do espanto, poesia infanto-juvenil, Editora Saraiva.

2005
- Publica A Gangue dos Livros, novela juvenil. WS Editor.
- Patrono da Feira do Livro de Bento Gonçalves, RS.

2006
- Publica Passarinhar-se, texto infantil. WS Editor.
- Publica caixa de guardados, livro de poesias. Travessa dos Editores/PR.
- Recebe o Troféu Palavra Viva, homenagem do SINTRAJUFE por sua obra.
- Participa da Bacchanales no. 40, Revue de La Maison de La Poésie Rhône-Alpes/França (Mémoires d’eau)

2007
- Patrono da Feira do Colégio Pe. Colbacchini, Nova Bassano, RS.
- Patrono da Feira do Colégio Ulbra São Pedro, Cachoeira do Sul, RS.
- Participa da antologia de contos de terror e ficção científica Ficção de polpa - Volume 1. Conto: Dias de fome, noites de cão. Editora Fósforo.
- Participa da criação da Confraria Reinações de Narizinho, voltada para a literatura infanto-juvenil.
- Participa da Bacchanales no. 41, Revue de La Maison de La poésie Rhône-Alpes/França (Oiseau).

2008
- Publica das Travessias, contos. WSEditor.
- Lança CD Angela Jobim canta Sergio Napp.

2009
- Participa da antologia de contos de terror e ficção científica Ficção de polpa - Volume 3. Conto: O anão. Não Editora.
- Publica das Travessias, poesia & letra de música. WS Editor.

2010
- Lança os CDs Signos, com Luciah Helena, e Vivências, com Victor Hugo e Geraldo Flach.

Fonte:
Sérgio Napp

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XXX – O Pinto Sura


Era uma vez um pinto diferente de todos os mais pintos do galinheiro. Que culpa tinha ele disso? Nenhuma. No entanto, todos judiavam dele — vejam só! — porque era sura...

O pobrezinho nem comer em paz podia. Na hora do milho, era zás! uma bicada daqui, zás! uma bicada dali, enquanto os outros, sossegadamente, enchiam o papo até estufar.

E se apanhava algum bichinho, grilo ou içá, era aquela certeza: a galinhada inteira punha-se a correr atrás dele até tomar o petisco.

Por causa disso o pinto sura vivia sempre com fome, encolhidinho pelos cantos, magro e mandiguera...

Certo dia perdeu a paciência. Um frangote carijó, que andava de namoro com umas frangas amarelas, deu-lhe, à vista dessas meninas de penas, uma tal sova de bicadas que o deixou descadeirado. As frangas entusiasmaram-se com a valentia do carijó, riram-se à grande do triste sovado que nem suster-se em pé podia. E chegaram, mesmo, a compor um versinho:

Foi saracura,
ó pinto sura!
Quem te pregou
tamanha surra?

O pinto, desesperado, resolveu queixar-se ao rei.

— Levo-lhe uma carta — pensou lá consigo — e o rei há de atender-me. Depois, quero ver!...

Procurou pelo chão uma carta.

Bobinho como era, qualquer papelzinho para ele era carta.

Achou logo um pedacinho de papel quadrado e, tomando-o no bico, partiu em direção ao palácio do rei. Levava ainda um embornal cheio de milho para ir manducando pelo caminho.

Andou, andou, andou, até que deu com uma raposa sentada à beira do caminho com um cacho de uvas na mão.

— Bom dia, dona Raposa!

— Ora viva, pinto sura! Para onde vai com tanta pressa?

— Ao palácio do rei, entregar-lhe esta cartinha.

— Quer levar-me também?

— Só se você couber neste embornal...

— Caibo, sim! — disse a raposa, e com muito jeito acomodou-se dentro do embornal.

— Mas não me vá comer o milho, hein? — recomendou o pinto, fincando o pé na estrada.

Andou, andou, andou, até que deu com um rio de águas muito limpas, cheio de peixinhos. Parou para beber, e estava glug! glug! quando o rio disse:

— Amigo sura, que vontade de ir viajar com você!

— Pois vamos. Já levo comigo a raposa e nada me custa levar também um rio. Até é bom — porque não preciso parar no caminho quando tiver sede.

— Pois aceito o convite! — disse o rio. E, enrolando-se como um novelo, ajeitou--se dentro do embornal ao lado da raposa, a qual se encolheu toda e exclamou:

— Chispa! Arreda para lá, que me molha, senhor rio!

— Cuidadinho! — interveio o pinto. — Não me vão brigar aí dentro!... E o senhor rio que não me molhe o milho.

Disse e continuou a viagem. E andou, andou, andou, até que deu com um espinheiro.

— Saia do meu caminho, ouriço! — intimou ele. — Saia da frente que quero passar!

— Hum! Como está valente o pinto sura!... — retorquiu o espinheiro. « i;

— Saia da frente, já disse! — repetiu o pinto engrossando a voz. — Saia da frente, senão...

A raposa, ouvindo o bate-boca, espichou a. cabeça para fora.

— Que é lá isso? — perguntou.

-- É este espelho sem aço que não me quer dar caminho!... — berrou o pinto, furioso.

A raposa virou-se para o espinheiro e propôs:

— Olhe, amigo, em vez de estar aí cercando o pinto sura, muito melhor que viesse cá dentro nos fazer companhia.

— Mas será que caibo nesse embornalzinho?

— Como não? Cá está o milho, estou eu, está o rio e ainda há lugar para muita gente. O pinto sura vai ao palácio do rei tratar dum negócio muito importante...

— Nesse caso, vou também! — resolveu o espinheiro — e dobrando os espinhos encolheu-se todo e acomodou-se no embornal.

O pinto, muito contente da vida, piou qui-qui-ri-qui-qui! — e lá se foi, de papo empinado e cartinha no bico, como um grande figurão!

De novo andou, andou, andou, até que, de repente, ao dobrar um espigão, viu lá embaixo o palácio do rei, alumiando de ouro e prata. Aqui o pinto, assombrado de tanta beleza, parou, com receio de continuar a viagem. Mas para não perder tempo enquanto refletia, engoliu vinte grãos de milho.

— Que leve a breca! — disse por fim. — Quem não arrisca, não petisca!

E dirigiu-se, firme, na direção do palácio real.

LÁ chegou de tardezinha. Cumprimentou os guardas e foi entrando, muito senhor de si.

— Epa! Que sem-cerimônia é essa? — perguntou-lhe um criado de farda verde.

— Que é que quer?

— Quero que não me aborreça! — respondeu o pinto, fechando a carranquinha. O criado abriu a boca, a pensar lá consigo: "Isto há de ser algum mágico disfarçado em pinto!" E deixou-o passar.

O amigo sura, então, com toda a importância, atravessou salões e mais salões até chegar à sala do trono, onde viu o rei, todo emproado, de coroa na cabeça e cetro na mão. Aproximou-se dele, dobrou os joelhos e — qui-ri-qui-qui! — entregou-lhe a carta.

O rei pegou no papelzinho, examinou-o de um lado e de outro; vendo que era um papel sujo apanhado no lixo, encheu-se de furor. Voltou-se para os guardas:

— Já com este pinto malcriado fora daqui! Ponham-no junto com as galinhas

— e amanhã, panela com ele!...

O pobrezinho, agarrado pela asa, viu-se arrastado pelo palácio afora até um galinheiro onde várias galinhas orgulhosas esperavam a vez de serem mastigadas pela real dentuça de S. Majestade. Mal o viram, começaram a judiar dele, dando-lhe bicadas ainda piores que as do carijó namorador.

Mas o pinto lembrou-se de que trazia no embornal a raposa; e, tirando-a para fora, disse:

— Raposinha amiga: dê um pega, dos bons, nestas emproadas!

A raposa, incontinenti — zás, zás! — deu cabo de todas as galinhas e dos galos que vieram defendê-las.

Livre, assim, daqueles inimigos, o pinto sura mais que depressa saltou o muro e "abriu" para trás, com quantas pernas tinha.

O rei, ao saber do acontecido, rebolou--se no chão de cólera; depois deu ordem, aos berros, para que em perseguição do pinto partisse um regimento de cavalaria.

O regimento partiu no galope — pá-tá--Lá! pá-tá-lá! — erguendo nuvens de poeira.

Quando o pinto ouviu aquele tropel, tremeu de medo, com uma gota de suor frio na testa.

— Estou aqui, estou assado! — murmurou.

— Assado, nada! — falou de dentro do embornal uma voz. — Solte-me e verá.

Era o rio quem falava. O pinto, criando alma nova, soltou-o; e o rio, desenrolando-se por ali afora, inundou os campos e deteve a soldadesca.

Mas os soldados logo arranjaram canoas e conseguiram atravessar o rio.

Ao vê-los de novo galopando atrás dele, o pinto esfriou e disse:

— Estou aqui, estou em molho pardo!

— Molho pardo, nada! Solte-me e verá. ' Era o espinheiro quem falava.

Mais que depressa o pinto soltou o espinheiro, o qual, arrepiando os espinhos, fechou a estrada como tranqueira que nem porco-do-mato vara.

O pinto, vitorioso, subiu a um cupim e fez pito para os soldados. Depois encheu o papinho de milho e continuou a viagem, sossegadamente, ciscando bichinhos à beira da estrada.

Quando deu acordo, tinha chegado. Mas aqui ficou triste.

— Pobre de mim! — pensou. — Vai recomeçar a minha vida de animal judiado... Venci o rei, venci as galinhas do rei, venci os soldados do rei; mas pior que tudo isso é o malvado frangote carijó deste galinheiro. Que será de mim?

Enchendo-se de ânimo, porém, entrou no velho cercado onde nascera. Entrou ressabiado, com mil cautelas, espia de um lado, espia de outro.

Mas aconteceu o que ele jamais esperara. As galinhas vieram rodeá-lo, muito amáveis, com festinhas e olhares meigos. Quanto ao frango arreliento, nem sombra!

— Que é dele? — perguntou o sura.

— Foi para a panela — responderam as galinhas.

O pinto criou alma nova. Depois, olhando, olhando e não vendo o galo, indagou:

— E o galo esporudo?

— Morreu de gogó — disse com lágrimas nos olhos uma bela poedeira.

O pinto sura deu um pinote de alegria.

— E... e quem é o galo agora?

— É você, beleza!... — exclamaram todas as frangas em coro.

Só então o sura compreendeu que a viagem tinha levado muito tempo e ele não era mais o pobre pinto que dali partira e sim um formoso galo, de crista no alto do coco e esporas apontando nos pés.

Em vista disso pulou para cima dum jaca, estufou o papo e desferiu um canto de vitória:

Có-có-ri-có-có!
Quem é o rei daqui?

E a galinhada inteira respondeu: O galo sura só!

O pinto já não era mais pinto, e sim um corajoso galo...
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Todos gostaram, sobretudo do pedaço em que pegou um papelzinho do chão e disse que era carta.

— Bobinho, bobinho... — comentou Emília. — Tal qual o pinto com que sonhei...
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Continua… XXXI – O Jabuti e o Homem
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

Anderson Moço (Projetos Didáticos) Parte final


10 Como apresentar a proposta à turma?

O primeiro passo é criar um clima de curiosidade. Para envolver a garotada, de nada adianta só dizer: "Vamos trabalhar nos próximos meses com um projeto". "O sucesso da estratégia está condicionado ao interesse despertado no estudante, valorizado como pesquisador e expositor do que apreendeu", explica Jorge dos Santos Martins, autor de livros sobre projetos de pesquisa.

O ideal é começar a conversa problematizando o tema e o produto final. Nesse caso, o recomendado é envolver os alunos na discussão sobre como chegar ao resultado esperado. A professora Lisiane Hermann Oster, do Sesquinho - Escola de Educação Infantil do Sesc, em Ijuí, a 410 quilômetros de Porto Alegre, seguiu à risca essa recomendação. Ao desenvolver um projeto sobre o sistema de numeração com uma turma de 5 anos, ela se baseou nas seguintes questões: para que servem os números? Onde eles aparecem em nosso dia a dia? Os pequenos falaram do número do sapato, do peso e da altura. Só então ela propôs criarem um jogo de cartas do tipo Supertrunfo e perguntou como fazer isso. Com os passos do trabalho já previstos, Lisiane foi ajustando o que eles diziam e apresentou as etapas a ser seguidas.

11 Quando é preciso replanejar?

Sempre, já que nunca o que foi previsto se confirma totalmente na prática. Em geral, o planejamento é ajustado e repensado a cada etapa vencida, de acordo com os indícios que os alunos dão sobre o que estão efetivamente aprendendo durante o processo. É comum identificar pontos que precisam ser retomados antes de iniciar a etapa seguinte ou conteúdos que necessitam ser reforçados para garantir novas aprendizagens. "Todo professor deve se perguntar ao fim de cada atividade ou etapa se o andamento do trabalho está de acordo com o que quer ensinar", recomenda Paula Stella, coordenadora pedagógica da Comunidade Educativa Cedac, em São Paulo. Um alerta: ter de replanejar uma parte do projeto é muito diferente de desenvolver o trabalho de forma intuitiva. Quando não há um plano, as intervenções ficam menos efetivas e o professor tem de correr, ao término de cada aula, para preparar as atividades da próxima. Replanejar é retornar à etapa anterior, incluir uma nova ou repensar aspectos das que estavam previstas.

12 Vale interferir para aperfeiçoar o produto final?

Sim, mas desde que o objetivo seja fazer com que a própria turma aperfeiçoe o trabalho realizado. Não é tarefa do professor melhorar sozinho o acabamento de um cartaz ou o texto de um diário de campo escrito pelos alunos. Como já devem ter entrado em contato com diversos modelos do produto final escolhido, eles podem retomá-los, comparar ao que produziram e corrigir trechos que não ficaram a contento. "Quando está envolvida com o propósito social do projeto e sabe para que ele serve, a garotada se dispõe a refazê-lo inúmeras vezes", avalia Paula Stella. Prova disso é o projeto sobre a transição do trabalho escravo para o assalariado livre no Brasil, realizado por Juliano Custódio Sobrinho na EM João de Deus Rodrigues, em Petrópolis, a 68 quilômetros do Rio de Janeiro. Para a montagem de um seminário (o produto final escolhido), os alunos realizaram entrevistas com moradores da cidade. Além de pedir que retomassem algumas conversas, ao avaliar um esboço do painel de apoio e da apresentação, o professor apontou problemas e estimulou a construção de novas versões, no que foi prontamente atendido.

13 Como avaliar os estudantes?

No caso dos projetos, são três os eixos de aprendizagem que podem ser considerados na avaliação:

- o conteúdo;
- o aprofundamento no tema;
- a aproximação com a prática social relacionada ao produto final.

As respostas dadas pelos alunos ao longo do processo dão pistas sobre o que já foi compreendido e no que ainda é preciso avançar, assim como os momentos de sistematização dos conteúdos - quando a turma define com suas palavras os conceitos estudados. Para Delia Lerner, o processo permite diminuir a incerteza do professor e do aluno porque nele se passam a limpo os conteúdos ensinados e aprendidos. Outra boa estratégia é, no fim de cada atividade, fazer uma análise das produções, que funcionam como um retrato da aprendizagem até aquele ponto. O conjunto delas pode revelar os avanços e os problemas enfrentados por cada um. Da mesma maneira, o produto final, em suas sucessivas versões, também mostra o percurso pelo qual o aluno passou.

Os projetos possibilitam ainda uma avaliação do trabalho do professor e indicam em que pontos sua condução precisa ser ajustada. Um meio de fazer isso é pensar nos objetivos de ensino e nas condições didáticas oferecidas. A análise das produções realizadas e das respostas dadas pelos estudantes no desenvolvimento do projeto também pode ser vista sob a ótica do ensino. Algumas questões que norteiam as análises: a forma de conduzir o trabalho foi adequada? Foram feitas intervenções sempre que necessário? As atividades responderam ao objetivo de cada etapa? Os materiais usados foram adequados? O tempo previsto foi suficiente? Esse tipo de reflexão tem uma importância formativa única para o professor e pode impactar positivamente a prática cotidiana.

14 Qual a importância da culminância?

São duas as funções principais das cerimônias de fechamento de um projeto didático: dar ao aluno visibilidade para o processo de aprendizagem pelo qual passou e apresentar o trabalho da turma para a comunidade e os pais, que são estimulados a perceber o avanço de seus filhos.

O evento só cumprirá esses dois papéis se estiver prevista a exposição dos objetivos de cada atividade realizada, dos registros das várias versões do produto final e das fotos que ilustram o processo. Fazer uma festa bonita não deve ser a maior preocupação da escola- como é bastante comum -, mas o mínimo de organização precisa ser garantido.

Sem despender muito tempo nessa tarefa, professores e gestores precisam tomar uma série de providências, como conseguir microfones para as apresentações orais, organizar as cadeiras para os convidados e distribuir pelo espaço reservado para o evento suportes para expor os trabalhos. "Não é correto transformar a culminância na grande estrela de um projeto. O mais atrativo é o caminho pelo qual todos passaram e as realizações das crianças", explica Maria Alice Junqueira. Alerta: a participação dos alunos na culminância deve ter caráter pedagógico, incluindo a definição de critérios para a exposição do material, e não na produção de enfeites, o que não se relacionam a nenhum objetivo.

BIBLIOGRAFIA
Ensinar: Tarefa para Profissionais, Beatriz Cardoso (org.), 406 págs., Ed. Record, tel. (21) 2585-2000
Ler e Escrever na Escola: O Real, o Possível e o Necessário, Delia Lerner, 128 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444
Livros de Alfabetização e de Português:Os Professores e suas Escolhas, Antônio Augusto Gomes Batista e Maria da Graça Ferreira da Costa Val (orgs.), 240 págs., Ed. Autêntica, tel. 0800-2831-322
O Ensino da Linguagem Escrita, Myriam Nemirovsky, 160 págs., Ed. Artmed
O Poder dos Projetos - Novas Estratégias e Soluções para a Educação Infantil, Judy Helm e outros, 175 págs., Ed. Artmed,
Piaget-Vygotsky - Novas Contribuições parao Debate, Delia Lerner e outros, 176 págs.,Ed. Ática, tel. 0800-11-5152,
Propostas Didáticas para Aprender a Escrever, Anna Camps (org.), 220 págs., Ed. Artmed,
Trabalho com Projetos de Pesquisa: Do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, Jorge Santos Martins, 144 págs., Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500

Fonte:
Revista Nova Escola.

XIX Congresso Brasileiro de Poesia (Abertas Inscrições para Antologias Oficiais)



Caro Poeta,

Dentre todos os projetos desenvolvidos durante o CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA, o que mais vem repercutindo junto à comunidade escolar de Bento Gonçalves é o POESIA NA ESCOLA, que consiste na publicação das coleções “POESIA DO BRASIL” e “POETA, MOSTRA A TUA CARA”.

No ano de 2010, foram distribuídos às escolas do município e região 1.200 exemplares dos volumes 11 e 12 das antologias “POESIA DO BRASIL” e do volume 7 da antologia “POETA, MOSTRA A TUA CARA” e a previsão é de que este ano possamos chegar aos 2.500.

A exemplo do ano passado, as antologias serão publicadas com antecedência, para que cheguem às escolas no máximo no início do mês de agosto, possibilitando assim que os alunos possam conhecer um pouco do trabalho dos poetas que vão estar no evento em outubro.

As antologias serão publicadas no sistema cooperativado e obedecerão às seguintes normas:

POESIA DO BRASIL (VOLUMES 13 e 14)

1 - Custo por participação por volume: R$ 665,00

2 - número de páginas por participantes: 6, sendo 5 com poemas e a restante com biografia e foto do autor;

3 - número de exemplares que cada autor terá direito: 40 além dos 20 que cederá para distribuição por ocasião do lançamento da antologia e para as escolas.

POETA, MOSTRA A TUA CARA (volume 8)

1 - Custo por participação: R$ 270,00

2 - número de páginas por participantes: 3, sendo 2 com poemas e a restante com biografia e foto do autor;

3 - número de exemplares que cada autor terá direito: 30 além dos 20 que cederá para distribuição por ocasião do lançamento da antologia e para as escolas.

IMPORTANTE:

1 – Pagamento parcelado através de cheques pré-datados que deverão ser enviados juntamente com as provas revisadas

2 – A remessa dos exemplares será por conta do autor

3 - O lançamento oficial das antologias será nas noites dos dias 4 e 5 de outubro, dentro da programação oficial do XIX Congresso Brasileiro de Poesia.

Gostaríamos de contar com sua participação

Abraços
ADEMIR ANTONIO BACCA

Presidente Sur/Brasil – Coordenador XIX Congresso Brasileiro de Poesia

PRAZO FINAL DE ENVIO DO MATERIAL: 30 DE JUNHO

Fonte:
Ademir Antonio Bacca (Consul de Bento Gonçalves/RS – Poetas del Mundo)
As imagens das capas dos livros são referentes aos lançados em 2010.

Sarau à Beira-Mar em Charitas – Niterói - RJ


Dia 13/05/2011 – sexta-feira – das 19 às 22h.

Local: QUIOSQUE 22 (quiosque do Cyrino)

próximo a estação de Catamarãs.

Compareça para declamar poesias, ler seus textos,
bater um papo poético e
saborear os petiscos deliciosos do quiosque do Cyrino.

Obs: O evento é grátis, porém cada participante arcará com as despesas de consumo individualmente.

Compareça!!!

Dê-nos o prazer de sua companhia.

Será bem-vindo(a).

Contato com: VALDIR BARRETO RAMOS
Cônsul Poetas del Mundo – Niterói – RJ
vb_ramos@hotmail.com
fone: (21) 8692.4008

Fonte:
Valdir Barreto Ramos

Sarau Literário no Recife


Artigo por Claudia Giane

Uma das galerias de arte mais conceituadas do Recife, a Arte Plural, consagradíssima principalmente por causa de suas exposições de artes plásticas e fotografias, abre espaço para mais uma manifestação artística: a Literatura. O espaço, em parceria com o produtor cultural Homero Fonseca, vai abrir para eventos literários. E o primeiro já será na próxima sexta-feira (26/05), com o Sarau Plural. O evento está planejado para acontecer em todas as últimas terças-feiras do mês. O primeiro encontro terá como tema a própria cidade do Recife, com textos e músicas pernambucanas. Os poemas serão declamados pelo premiado escritor Raimundo Carrero. As trilha musical ficará a cargo de Flavio Brayner e o produtor e ator de teatro Sérgio Gusmão também fará apresentações especiais na ocasião.

SERVIÇO:

Sarau Plural Tema: Ser do Recife
Com Homero Fonseca, Raimundo Carrero, Flávio Brayner e Sérgio Gusmão

Na Arte Plural Galeria, Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife

Dia 26 de maio, a partir das 19h

Aberto ao público
Informações: (81) 3424.4431

Fontes:
Zany Lopes [Cônsul de Poetas del Mundo - Olinda - PE]
Imagem = Senda Doce

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 211)


Uma Trova Nacional

Mulher de rara beleza
não deve, jamais, pintar-se,
pois obra da natureza
não necessita disfarce.
–RUTH FARAH/RJ–

Duas Trovas Potiguares

Saí da roça cansado,
andando meio de banda;
depois de um banho amornado,
pus-me a "sonhar" na varanda.
–TARCÍSIO LOPES FERNANDES/RN–

Contemplo o céu estrelado,
no silêncio da amplidão,
eu penso que ele é bordado
de rendas feitas à mão.
–ULISSES FREITAS JUNIOR/RN–

Uma Trova Premiada


2006 - Balneário Camboriú/SC
Tema: PESCADOR - M/E


Pescador mais esportivo
deixa seu peixe escapar,
melhor solto que cativo,
para assim o preservar.
–ELIANA JIMENEZ/SC–

...E Suas Trovas Ficaram


Nosso grande encantamento,
quando a julgar eu me ponho,
é o encanto do momento
do nosso primeiro sonho.
–FERNANDO VASCONCELOS/PR–

Simplesmente Poesia


–SUELY NOBRE FELIPE/RN–

Estranho Olhar


A estranheza do teu olhar
Abespinha minha pele
Sangrando-a sem compaixão.
E é essa estranheza em teu olhar
Que afugenta meus pensamentos
Deixa meu corpo em agonia
Impedindo-me de te amar.

Estrofe do Dia

Vendo a imagem de Cristo coroado
Com os espinhos da maldade humana
E vendo dos seus olhos que emana
O imenso Amor que foi, a nós, doado,
Eu lembro com tristeza que o pecado
É algo muito ruim! E eu conclamo
A todos os irmãos, gritando. E chamo:
- Busquemos, ao invés de guerra, Paz!
- Façamos que o amor que ora jaz,
Ressurja! E ao irmão, diga-se: O AMO!!
–ROSA REGIS/RN–

Soneto do Dia

–FLORBELA ESPANCA/ESP–
Em Busca do Amor

O meu Destino disse-me a chorar:
"Pela estrada da Vida vai andando,
E, aos que vires passar, interrogando
Acerca do Amor, que hás-de encontrar."

Fui pela estrada a rir e a cantar
As contas do meu sonho desfiando...
E a noite e dia, à chuva e ao luar,
Fui sempre caminhando e perguntando...

Mesmo a um velho eu perguntei: "Velhinho,
Viste o Amor acaso em teu caminho?"
E o velho estremeceu... olhou...e riu...

Agora pela estrada, já cansados,
Voltam todos pra trás desanimados...
E eu paro a murmurar: "Ninguém o viu!..."

Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Montagem do quadro com imagens obtidas na internet e enviadas pelo Ademar.
--
Obs: a montagem é apenas ilustrativa, espero que o amor do Ademar entenda que a foto da mulher é fictícia. Aviso como precaução para ela não cismar de enfiar a "peixeira" nele e em mim.

Jandeilson Bezerra (Por que Você Escreve?)


“Da minha decepção só nasce dureza
Do meu Amor Só nasce Tristeza
Não sei o que quero
Mas sei o que não posso ter”
Flor Bela

A Dinâmica do Pensamento

Diariamente quando acordo e quando vou dormir me faço a mesma pergunta - Por que você escreve "cara"? - Procuro não responder a pergunta mas só analisa-la sempre sob um ponto de vista diferente do dia anterior quando me questionei.

Ando lendo muito ultimamente, minha profissão exige e meu gostar de literatura já transformou a leitura em um hábito normal, leio muita coisa boa mas também leio coisas ruins, é imprevisível, às vezes você começa lendo algo bom e no meio da história tudo se perde, a continuidade é péssima ou se perde no meio de detalhes fúteis desnecessários ao bom andamento da história. O mais incrível é, me deparar com a diversidade daquilo que está sendo produzido ultimamente, isso sim é algo esplendoroso, porém até na literatura há uma via de mão dupla, o lado direito te leva a qualquer lugar e o lado esquerdo onde o coração fica te leva a caminhos onde a seleção é natural e só fica aquilo que realmente é bom.

Existem diversos tipos de escritores e literaturas, desde os mais comerciais aos mais técnicos, porém o que observo é que uma grande parcela de escritores desejam tanto serem publicados que se submetem as mais vis e ridículas torturas de seus estilos literários, vejo escritores se aventurando em mundos que não pertencem e outros esquecendo aquilo que são, se preocupam mais em serem publicados que até medo de criticarem suas editoras eles têm e ficam calados, silenciam diante da adversidade, prova disso é que a maioria escreve poesia mas abandonam-na na primeira oportunidade de publicarem algo, como eu disse é uma via de mão dupla, enquanto correm para publicarem sobre qualquer coisa menos poesia a internet dá um banho em tudo, nunca se viu tanta poesia sendo publicada como agora, basta navegar nos blogs e sites. Desde quando poesia não vende? Essa pergunta hoje não é mais pertinente, é necessário voltar as origens para se descobrir o que acontece hoje, não é possível haver renovação se a essência da escrita permanecer sob o véu do incrédulo.

Recentemente o mundo literário foi bombardeado com a critica da Crítica, há uma crise pois a critica está limitada áquilo que só é publicado pelos grandes meios, o mundo é confortável e eles não querem avançar para águas desconhecidas, sair do conforto e se deparar com o novo é esmiuçar o que há de melhor mesmo que dentro do cesto haja muita coisa ruim, de lá é possível tirar algo bom e que valha ser comentado, se a Critica se limita a seu mundo de conveniências permanecerá na crise, e se ela se limitar será impossível descobrir algo novo, porém enquanto a essência do escrito "poesia" permanecer a mesma, os demais caminhos tendem a permanecerem no mesmo. O concreto começou pela renovação da poesia, depois passou para o conto e atingiu os diversos meios de cultura, não que esse seja preferido, foi mais fácil citar pois é o mais atual, ainda se vê autores escrevendo poesia “concreta”.

O foco aqui não é a Critica, mas não poderia deixar de comentar isso já que o assunto é aquela pergunta inicial - por que você escreve "cara"? - E voltemos! Tenho visto muita coisa que agrada, não agrada a mim mas as editoras, o que está sendo escrito atualmente tem um apelo muito comercial, são coisas que se transformam em filmes e vendem muito, são verdadeiros roteiros de filmes que não propões uma mudança de estética mas permanecem nas mesmices que estamos acostumados, hoje em dia o cotidiano tem virado livro e esses livros vendem, o caminho está sendo traçado por um novo parâmetro que está ligado mais a uma parceira comercial de editora e cinema do que editora e autor, a preocupação hoje em dia é se o livro tem possibilidade de se transformar em filme, se houve qualquer possibilidade ele logo é transformado em um BestSeller, o conteúdo é bom mas será que essa deve ser a real preocupação daquilo que está produzindo literariamente? O autor/ escritor deve se preocupar com isso na concepção de seu trabalho? É ai que está o problema, quando começo a ler, o livro inicialmente parece ter a característica de se aventurar em um mundo novo e diferente, oferecendo uma estética que já identifica o escritor, porém quando você chega ao meio do livro percebe que a estética inicial se perdera, que a proposta principal se perdeu e a continuidade já está mais para um filme detalhista do que para a literatura no seu nível e desnível. O que importa é ser lido ou escrever com qualidade?

Certa vez meu professor de Oficina Literária, na faculdade, falou que se nossa intenção era sermos escritores de sucesso deveríamos nos aventurar em escrever primeiro um livro de Autoajuda e só depois passar a escrever literatura propriamente dita, realmente esse é o caminho do sucesso, mas é correto se submeter a esse tipo de perversão literária para ser alguém de sucesso? Nossa, são tantas perguntas ao longo do texto, mas que merecem uma apreciação do leitor, as vezes a desonestidade literária nos pega quando nos deparamos com o fato de que nossos leitores se lembrarão de nós por termos escritos autoajuda do que realmente por aquilo que escrevemos com qualidade (não que o livro de autoajuda não tenha qualidade, longe disso, já li alguns que são ótimos), o leitor quando for nas livrarias comprar, vai pensando que o livro é no estilo do primeiro e quando chega lá é só decepção pois descobre que o livro ou é de poesia ou de qualquer outra coisa que não seja no estilo do primeiro, a isso chamo de traição e prostituição literária e é o que vem acontecendo muito, já vi diversos escritores que fizeram um sucesso enorme e hoje você não lembra nem o nome do cara, quer um exemplo disso? - Rs, rs, rs, procura no Google - você lembra quem escreveu Marley e Eu? - Só alfinetando.

Para que você não entre no mundo dos esquecidos, pois o que importa não é a fama, você tem que ter em mente que qualidade é o mais importante, e quem defini a qualidade não é um conjunto de regras para seguir, o que defini a qualidade é na verdade a sua honestidade com o leitor, você não precisa que digam o que escrever, escreva apenas sem se preocupar com o que dirão pois você não será o primeiro nem o último, quando for escrever tenha em mente que homens como Lima Barreto diversas vezes fora rejeitado pela Academia e hoje sem dúvidas é um dos grandes escritores brasileiros, quem lamenta hoje essa rejeição sofrida por ele é a Academia por não tê-lo tido em um de seus acentos. Aliás, lá tem muitos esquecidos que não são esquecidos porque são eterno nos registros deles mas que para nós nem na lembrança ficaram, a atualidade demonstra isso facilmente, muitos têm apenas títulos e por causa desses títulos (galardões, para ficar claro que não se trata de títulos de livros, vai que alguém esquece) são lembrados.

As vozes não se calam e não perdoa o tempo, amargar as derrotas em concursos, bolsas e em análises de editora está no cotidiano de alguns grandes escritores de nossa época, no passado as coisas nem sempre foram simples como hoje, porém é preciso ter em mente que desistir é coisa dos fracos, os fortes vão à luta.

Em um mundo com tanta diversidade literária, precisamos ter em mente que não podemos nos permitir aos clichês próprios dessas vanguardas espalhadas e autointituladas, precisamos sair das mesmices, e viver o novo é não se deixar levar porque o barco está indo com a maré, reme contra a maré, conheça e leia mais, quando era jovem não queria deixar-me influenciar pelos escritores do passado hoje em dia sinto necessidade de meus mestres, não uso tudo o que aprendo pois tenho meu próprio estilo, mas aprendo tudo o que me ensinam pois não há estilo que nasça sem uma boa influência de alguém. Porém não se deixe perder na adversidade do aprendizado, busque ser diferente.

A outra parte daquilo que somos, enquanto escritores, é aquilo que detemos enquanto leitores, ai você fica pensando um pouco pois isso é texto para um novo artigo. Até a próxima com a séria: Por que você escreve?

Fonte:
Elo das Letras.

Exposição do Livro Artesanal “Poesia para parar o tempo”, em Belo Horizonte


A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Regional Centro-Sul, convida para a exposição do livro artesanal

POESIA PARA PARAR O TEMPO
de Antônio Carlos Dayrell
com ilustrações da artista plástica Iara Abreu.

17 de maio a 5 de junho de 2011

Das 8 às 20 h

Galeria de Arte da Rodoviária

Exposição

Antônio Carlos Dayrell é escritor e advogado em Belo Horizonte. Autor/Editor do livro Poesia Para Parar o Tempo (2009), o poeta confeccionou artesanalmente 400 exemplares da obra, cujo título empresta nome a presente exposição. São poemas visuais que trabalham com o imaginário das pessoas, crônicas que examinam o cotidiano e desenhos contextualizados, cuidadosamente elaborados pela artista plástica Iara Abreu, que ilustrou o livro. A idéia é entreter e encorajar o público a acreditar que realmente vale a pena parar um pouco e refletir sobre o papel que estamos desempenhando nos dias atuais, na sociedade. A exposição foi apresentada com sucesso, em Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte, Bom Despacho e no Restaurante Popular de Belo Horizonte Josué de Castro.

O poeta

Antônio Carlos Dayrell nasceu em Belo Horizonte, MG, em 1965. É formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais em Direito. Advogado, pós-graduado em Direito de Empresa pelo Instituto de Educação Continuada da PUC/Minas, foi assessor jurídico da Associação Comercial de Minas. O desejo de escrever iniciou-se na adolescência. A partir daí redigiu várias poesias e textos. Seus escritos são de cunho reflexivo e, atualmente, além de poemas, escreve artigos para jornais, tendo atuado na revisão do livro “Questões de Múltipla Escolha”, elaborado pelo presidente da Associação dos Magistrados Mineiros, na época, Elpídio Donizetti Nunes.

Blog: http://poesiaparapararotempo.blogspot.com/ - Contato: antoniodayrel@gmail.com

A ilustradora
Iara Abreu é licenciada em Desenho e Plástica, formada em 1980 pela Fundação Universidade Mineira de Arte – FUMA, atual escola da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG. É idealizadora e Autora do projeto “ASPECTOS URBANOS” (Artes Visuais e Poesia), que reúne poetas contemporâneos nacionais e estrangeiros.

Blog: http://iaraabreu.blogspot.com/ - Contato: iluarti@ig.com.br

Fonte:
Texto enviado por Poetas del Mundo

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XXIX – A Raposa e o Homem


Uma raposa foi deitar-se, fingindo-se de morta, no caminho por onde um homem ia passar. O homem chegou, parou e disse:

— Coitada da amiga raposa! Fez um buraco e enterrou-a.

Assim que ele se afastou, a raposa saiu da cova e correu por dentro do mato até sair lá adiante. Deitou-se de novo na estrada, sempre a fingir de morta.

O homem chegou e disse:

— Oh, outra raposa! Coitadinha... Arredou-a da estrada, cobriu-a de folhas secas e lá se foi.

A raposa repetiu a manobra. Correu a deitar-se lá adiante, no meio do caminho. O homem chegou e enrugou a testa.

— Quem será que anda matando estas raposas?

Mas não a enterrou, nem a cobriu de folhas secas. Deixou-a onde estava.

A raposa pela quarta vez repetiu a manobra. Foi correndo deitar-se lá adiante. O homem chegou, e vendo mais aquela disse: "O diabo leve tanta raposa morta!" E agarrando-a pelo rabo jogou-a no mato.

A raposa ficou pensativa.

— Estou vendo que é um perigo abusar dos nossos benfeitores...
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— Isto é uma história moral — disse Pedrinho.

— Sim — concordou dona Benta. — É das tais que encerram uma lição. "Não abuses!" é a lição que a gente tira daí. A raposa abusou da bondade do homem — e se insistisse mais uma vez, o homem era capaz de dar-lhe um pontapé que a matasse de verdade.

— E seria bem feito — disse Emília. — Quem atropela desse modo os bons, merece pau.

Depois dessa história, Emília gritou:

— Eu quero agora uma historinha bem bonita em que haja um pinto! Todos estranharam aquela exigência.

— Por que pinto e não galo ou um cachorro? — perguntou Narizinho. E Emília respondeu:

— Porque esta noite sonhei com um pinto sura que veio comer quirera na minha mão.

E tia Nastácia contou a história de um pinto sura.
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Continua… XXX – O Pinto Sura
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

Sérgio Napp (Da Arte da Palavra ao Prazer da Leitura) Parte 4


Imaginemos que você seja um desses apaixonados pela boa mesa. E que tenha habilidades suficientes para enfrentar a cozinha. Próximo a você os recipientes, os condimentos, os produtos, enfim o necessário para um daqueles pratos de água na boca. Em suas mãos a receita. Mas lembre-se, a receita é como se fosse a fórmula de um alquimista: tudo depende dela e de sua capacidade de interpretá-la e misturar convenientemente os elementos. O mínimo deslize e o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Enfim, a receita está em suas mãos. E você possui duas alternativas frente a ela (se isto o assusta pare por aqui). Primeira: você a segue minuciosa e burocraticamente, todos os itens, passo a passo. Ao fim terá, provavelmente, um prato delicioso e elogiado. Segunda: você segue, rigorosamente, o que foi colocado na primeira alternativa. Mas (e como é importante este mas) a ela você acrescenta uma dose de criatividade, uma porção de talento, um tanto de ousadia e sem querer transformá-la, você a transforma em algo único. Os aplausos e os olhares lúbricos o consagrarão. (Um aparte: talvez na primeira tentativa o sucesso não ocorra, mas você é um desses teimosos, inquietos e persistentes. Com certeza, tentará tantas vezes quantas sejam necessárias até acertar. Em verdade, garanto, você conseguirá).

Assim se escreve. Você lê, e muito; é imaginativo, observador; freqüenta ou não oficinas de literatura. Não mais que de repente, surge-lhe a idéia, o desenho dos personagens, o desenrolar da ação, o clímax. A sua frente o computador, a máquina datilográfica ou, simplesmente, o papel em branco e a esferográfica. Em você, a receita e a técnica se complementam. E você as segue, minuciosamente, livro a livro. O resultado, claro, é encantador e merece aplausos. Mas (e como é importante este mas) se além de tudo você for um transgressor e possuir impetuosidade, destempero, ousadia, indignação, ao agregá-los à técnica atinge o nirvana. Se definir o seu próprio idioma, haverá de transformar peixes em estrelas. E quando decifrar a alquimia das palavras, sem se preocupar em transformá-las, as transformará de forma tal e tão brilhante que haverá de se perpetuar. (Talvez o sucesso não aconteça de imediato. Normal. Mas você é daqueles a quem o vento não dobra, vaso que não se quebra à primeira queda; você tem consciência de seu talento e, por isso, e por outros tantos motivos, há de perseverar. Bravos! Com toda a certeza que a vida permite, você o alcançará).

Escrever é um dom, segundo Domingos Pellegrini; não é mérito pessoal, mas herança humanitária. Honrar este dom com trabalho e ética, como em qualquer atividade humana, é o grande mérito.

Alguns o conseguem, outros não. Àqueles, seja qual for o grau, é dado olhar o pôr do sol através da tempestade. Meter as mãos no barro e transformá-lo em tulipas. Redescobrir a vida e sua melodia. Perceber a sutileza do espanto e empalmá-lo. Destravar o carro e deixá-lo ao sabor das correntezas sentindo o vento cortar a pele, certos de que, ao fim e ao cabo, haverá, sempre haverá, a magia das palavras e o deslumbre de quem prova e sente o maravilhoso sabor de cada um de todos os dias.

Alguém se habilita?

Fonte:
Artistas Gaúchos

Dinair Leite (Liberdade)


Fonte:
http://carlosgarridochalen.ning.com/profile/DinairGomesdeCLeite

Ialmar Pio Schneider (Homenagens em Soneto II)


SONETO A TCHAIKOWSKY
Homenagem pelo nascimento do compositor russo Pyotr Illitch Tchaikowsky em 7.5.1840

No dia em que Tchaikowsky ao mundo veio,
um gênio acompanhou-o para ser
o músico brilhante a merecer
um lugar de destaque neste meio…

De fontes populares fez nascer
composições de amor e devaneio,
qual “Capriccio Italiano” que no seio
de um povo simples ouve aparecer…

“Suite Quebra-nozes”, mais “O Lago
dos Cisnes”, lindas peças de balé;
e a forte “Abertura mil oitocentos

e doze” que foi um combate aziago
de Napoleão, o imperador de fé,
que foi vencido pela neve e os ventos…

SONETO A BRAHMS
Homenagem pelo nascimento do compositor alemão Johannes Brahms em 7.5.1833

Um homem bom, talento extraordinário,
pianista precoce, nas tabernas
com seu pai, nesse popular cenário,
executa composições modernas…

Robert e Clara Schumann, almas ternas,
aos vinte anos encontra e seu fadário,
daí por diante, ligações fraternas,
lhe suscitam o gênio solidário…

Sempre modesto, andou pelos caminhos,
como os que perambulam e sozinhos
se dedicam a ajudar o mundo inteiro…

Nobre Brahms, Clara Schumann o adorou,
quando disse que foi Deus que o enviou,
e por isto, talvez, morreu solteiro…

SONETO A MASAHARU TANIGUCHI
Fundador da Seicho-No-Ie - *1893 - +17.6.1985

Masaharu Taniguchi, Grande Mestre,
que me levou com seus ensinamentos,
a palmilhar este viver terrestre,
à luz de divinais convencimentos…

Eu que vivia como um bom pedestre,
mas sem os especiais conhecimentos,
agora a cultuar meu ramo ancestre,
não tenho tantos aborrecimentos…

Se houvesse o conhecido antes ainda,
é provável que fosse mais feliz,
sem ter passado, às vezes, sem a luz

que deixa a vida muito mais infinda;
porquanto creditei tudo o que fiz
à sorte de levar a minha cruz…

SONETO EM HOMENAGEM PÓSTUMA A CATULLO DA PAIXÃO CEARENSE
Data de falecimento do poeta: 10.5.1946

Faz-me lembrar o tempo de menino,
no lar paterno, lá na velha aldeia,
com minha mãe, irmãos e irmãs, na ceia,
de noitezinha, ao bimbalhar do sino...

Depois, eu contemplava a lua cheia
e perguntava aos céus: qual meu destino,
neste mundo que roda e cambaleia,
com momentos de luz e desatino?!...

E ouvia a minha voz na voz do vento,
dizendo que eu tivesse paciência,
estudasse, aprendesse e na paixão

de adquirir maior conhecimento,
ingressasse no reino da sapiência...
Que lindo era o Luar do meu Sertão !...

VERSOS PARA A MÃE
à minha mãe Amábile – In Memoriam

O meu verso maior vai para a mãe
que pelo amor ao filho tudo deixa;
as glórias vãs do mundo, sem pretextos,
envolta em sacrifícios não se queixa…

E quando ela o aninha em seus braços
fazendo-o dormir, embala-o e canta,
não aparenta ser aqui da terra;
é uma imagem dos céus, é uma santa.

Por isto, mãe querida, não te esqueço,
contigo quero estar a qualquer hora,
foste tudo pra mim, foste o começo…
Trazes no coração Nossa Senhora…

Fonte:
Textos enviados pelo autor
Imagem = http://medievalegends.blogspot.com

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 211)


Uma Trova Nacional

O amor é o maior mistério
que existe no mundo, enfim
chegou sem nenhum critério,
e tomou conta de mim!
–GISLAINE CANALES/SC–

Uma Trova Potiguar

O silêncio, embora mudo,
tem o poder envolvente
de ao coração dizer tudo
que passa na alma da gente!
–JOAMIR MEDEIROS/RN–

Uma Trova Premiada

2005 - Nova Friburgo/RJ
Tema : MOTIVO - 5º Lugar


Agora vivemos sós...
e dói, de modo incomum,
saber que o abismo entre nós
não teve motivo algum!
–NEWTON VIEIRA/MG–

...E Suas Trovas Ficaram

Nos delírios de teus beijos
eu travo ferrenha luta,
para acalmar meus desejos
sem manchar sua conduta.
–HILDEMAR DE ARAÚJO/BA–

Simplesmente Poesia


–ZÉ REINALDO/AL–
Ao meu Neto Arthur.


Tá vendo aquele velhinho
que vive ali tão sozinho
sem ninguém pra conversar?
Ele também teve história,
teve erros, teve glória,
hoje vive a recordar.

Mas, o tempo foi passando,
seus cabelos branqueando,
eis que a velhice chegou.
Dele, o mundo se esqueceu,
até um netinho seu
nunca mais o visitou.

Dizem que errar é humano,
mas é triste o desengano
daquele que muito errou!
E nas noites de luar,
com tristeza em seu olhar,
ele lembra o que passou.

Já não tem mais energia,
foi-se embora a alegria
só a saudade ficou.

Estrofe do Dia

O mundo está emborcado,
Jesus de costas pra ele.
Não parece mais aquele
mundão velho do passado,
hoje é sangue derramado,
marginais, salteadores,
rebeldes, estupradores,
bruxaria, intriga, enredo,
e a terra treme com medo
dos crimes dos pecadores.
–ROQUE MACHADO/PB– Soneto do Dia

–GABRIEL BICALHO/MG–

Mil Luzes.


Odiar-te, ao menos uma vez, odiar-te!
Como se odiasse tudo quanto é feio:
do frio bisturi que te reparte
ao duro “silicone” do teu seio.

Odiar-te, ao menos uma vez, odiar-te!
Como se amasse e odiasse, meio a meio,
teu corpo transformado em obra de arte
e a torpe cirurgia em nosso enleio.

De ódio tão cego quase me rejeito,
ao ver-te retocada e sem defeito,
estátua que a vaidade perpetua!

E quando tu me expulsas do teu leito,
apaga-se esta chama no meu peito
e acendem-se mil luzes, lá, na rua!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor