I
esta pedra em minha mão
pedaço de um pedaço de outra pedra
não uma pedra qualquer
só ela
entre outras
em minha mão
também eu
pedaço de um pedaço de outros tantos
não me sinto qualquer
em tuas mãos
II
porque sabes a fogo
trago a noite
e seus ardores
porque as labaredas se armam
na lucidez do gozo
destroem-se cidadelas
sucumbimos
porque te alimenta a febre
teu ventre
incendeia
me
III
sento para espiar a lua
em uma dessas cadeiras simples
de palha e madeira clara
sem braços
e ela vem
clara
enorme
plena
colorida
a lua circunda
os vultos
a lua indulta
as tumbas
a lua inunda
os ventres
a lua
IV
os pardais não valem
tanto quanto o
homem
no entanto proclamam
seus cantos
no alto dos telhados
teus cabelos estão contados
homem
fio a fio
os pardais no entanto
não caem ao chão sem o consentimento
Dele
na escuridão revelas
homem
queixas silenciosas
os pardais por sua vez
colorem o coração das pessoas
ensombreces de medo
homem
bebem o orvalho da noite
os pardais
V
na casa vazia
o que menos se ouve
é o silêncio
o vento beija as canecas
de alumínio
e elas cantam
um gato mia
pelos corredores
papéis amarelecidos
escorregam pelo piso
o sol aquece
a panela-de-ferro
sobre o fogão à lenha
neste momento uma rola pousa
no alpendre
enquanto na sala
o chapéu sobre a poltrona
conversa com o retrato do homem
na parede
VI
não se beija o morto
ao morto se agradece
pela vida
cerca de pedra
subitamente interrompida
não se lamenta o morto
do morto se registram
as virtudes
e o inúmeros vícios
não se culpa o morto
ao morto se perdoa
o que ficou nas entrelinhas
e os silêncios
não se julga o morto
do morto guarda-se
o último registro
carteira de identidade
um anel de pedras falsas
não se purga o morto
o morto é quadro
na parede das lembranças
saudade
que acontece em repentes
do morto não te despeças
o morto é tempo
que não te abandona
VII
demasiada luz
nessa manhã
e os olhos poucos
eu sou apenas
Adeuses
esta pedra em minha mão
pedaço de um pedaço de outra pedra
não uma pedra qualquer
só ela
entre outras
em minha mão
também eu
pedaço de um pedaço de outros tantos
não me sinto qualquer
em tuas mãos
II
porque sabes a fogo
trago a noite
e seus ardores
porque as labaredas se armam
na lucidez do gozo
destroem-se cidadelas
sucumbimos
porque te alimenta a febre
teu ventre
incendeia
me
III
sento para espiar a lua
em uma dessas cadeiras simples
de palha e madeira clara
sem braços
e ela vem
clara
enorme
plena
colorida
a lua circunda
os vultos
a lua indulta
as tumbas
a lua inunda
os ventres
a lua
IV
os pardais não valem
tanto quanto o
homem
no entanto proclamam
seus cantos
no alto dos telhados
teus cabelos estão contados
homem
fio a fio
os pardais no entanto
não caem ao chão sem o consentimento
Dele
na escuridão revelas
homem
queixas silenciosas
os pardais por sua vez
colorem o coração das pessoas
ensombreces de medo
homem
bebem o orvalho da noite
os pardais
V
na casa vazia
o que menos se ouve
é o silêncio
o vento beija as canecas
de alumínio
e elas cantam
um gato mia
pelos corredores
papéis amarelecidos
escorregam pelo piso
o sol aquece
a panela-de-ferro
sobre o fogão à lenha
neste momento uma rola pousa
no alpendre
enquanto na sala
o chapéu sobre a poltrona
conversa com o retrato do homem
na parede
VI
não se beija o morto
ao morto se agradece
pela vida
cerca de pedra
subitamente interrompida
não se lamenta o morto
do morto se registram
as virtudes
e o inúmeros vícios
não se culpa o morto
ao morto se perdoa
o que ficou nas entrelinhas
e os silêncios
não se julga o morto
do morto guarda-se
o último registro
carteira de identidade
um anel de pedras falsas
não se purga o morto
o morto é quadro
na parede das lembranças
saudade
que acontece em repentes
do morto não te despeças
o morto é tempo
que não te abandona
VII
demasiada luz
nessa manhã
e os olhos poucos
eu sou apenas
Adeuses
Fonte:
Sérgio Napp
Sérgio Napp
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