Era uma onça que tinha uma filha no ponto de casar-se. Havia dois pretendentes: o lagarto e o jabuti. Para desmoralizar o rival, o jabuti andou dizendo que o lagarto não valia nada, que era bicho tão à-toa que ele jabuti até o usava como cavalo. Como a onça duvidasse, o jabuti ficou de aparecer montado no lagarto, e dar-lhe de chicote e espora na vista de todos.
No dia seguinte o jabuti ficou à porta de sua casa com um lenço amarrado na cabeça. Chega o lagarto.
— Compadre jabuti, vou indo para a casa da onça. Não quer ir comigo?
O jabuti agradeceu o convite — mas ir como, se estava com uma dor de cabeça furiosa?
O lagarto insistiu, e ele:
— Só poderei ir se alguém levar-me às costas.
— Pois levo — disse o lagarto — mas há de descer longe da casa da onça. Não quero que me vejam servindo de cavalo.
— Muito bem, compadre lagarto, mas montar em pêlo não dá certo. Deixe-me botar em seu lombo o meu caquinho de sela.
O lagarto protestou que não era cavalo para andar de sela às costas.
— Sei que não é cavalo, compadre, mas isso de montar em pêlo não vai comigo — e tanto insistiu que o lagarto deixou-se arrear.
O jabuti, então, montou, depois de munir-se dum bom chicote e dum par de esporas.
Foram. A cem metros da casa da onça o lagarto pediu-lhe que apeasse e lhe tirasse do lombo o caquinho de sela.
— Oh, compadre, estou me sentindo tão ruim que nem pensar em pôr o pé no chão eu posso. Tenha paciência. Leve-me até ali adiante — e o lagarto caminhou mais cinqüenta metros com ele às costas. Vencidos os cinqüenta metros, o lagarto pediu-lhe de novo que descesse — mas o jabuti tanto chorou que o lagarto foi com ele às costas até o terreiro da onça. A onça apareceu.
— Então, senhora onça! — gritou o jabuti. — Está convencida de que o lagarto é meu cavalo? E fincou a espora e meteu o chicote no pobre lagarto até não poder mais.
Encantada com a valentia do jabuti, a filha da onça casou-se com ele.
=======================
— Que grandissíssimo pândego! — observou Narizinho. — Bobeou duma vez o outro. Quatro já que o jabuti logra: o homem que o prendeu na caixa, duas onças e este lagarto. Estou vendo que nenhum bicho pode com ele.
— E não pode mesmo — confirmou tia Nastácia. — O jacaré também não pôde, querem ver?
–––––––––––––
Continua… XXXVI – O Jabuti e o Jacaré
–––––––––––––-
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source
No dia seguinte o jabuti ficou à porta de sua casa com um lenço amarrado na cabeça. Chega o lagarto.
— Compadre jabuti, vou indo para a casa da onça. Não quer ir comigo?
O jabuti agradeceu o convite — mas ir como, se estava com uma dor de cabeça furiosa?
O lagarto insistiu, e ele:
— Só poderei ir se alguém levar-me às costas.
— Pois levo — disse o lagarto — mas há de descer longe da casa da onça. Não quero que me vejam servindo de cavalo.
— Muito bem, compadre lagarto, mas montar em pêlo não dá certo. Deixe-me botar em seu lombo o meu caquinho de sela.
O lagarto protestou que não era cavalo para andar de sela às costas.
— Sei que não é cavalo, compadre, mas isso de montar em pêlo não vai comigo — e tanto insistiu que o lagarto deixou-se arrear.
O jabuti, então, montou, depois de munir-se dum bom chicote e dum par de esporas.
Foram. A cem metros da casa da onça o lagarto pediu-lhe que apeasse e lhe tirasse do lombo o caquinho de sela.
— Oh, compadre, estou me sentindo tão ruim que nem pensar em pôr o pé no chão eu posso. Tenha paciência. Leve-me até ali adiante — e o lagarto caminhou mais cinqüenta metros com ele às costas. Vencidos os cinqüenta metros, o lagarto pediu-lhe de novo que descesse — mas o jabuti tanto chorou que o lagarto foi com ele às costas até o terreiro da onça. A onça apareceu.
— Então, senhora onça! — gritou o jabuti. — Está convencida de que o lagarto é meu cavalo? E fincou a espora e meteu o chicote no pobre lagarto até não poder mais.
Encantada com a valentia do jabuti, a filha da onça casou-se com ele.
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— Que grandissíssimo pândego! — observou Narizinho. — Bobeou duma vez o outro. Quatro já que o jabuti logra: o homem que o prendeu na caixa, duas onças e este lagarto. Estou vendo que nenhum bicho pode com ele.
— E não pode mesmo — confirmou tia Nastácia. — O jacaré também não pôde, querem ver?
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Continua… XXXVI – O Jabuti e o Jacaré
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source
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