sábado, 14 de maio de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 214)


Uma Trova Nacional
O que fez o Zé sofrer,
não foi ele ter ouvido
alguém na moita gemer,
foi conhecer o gemido!
–CAMPOS SALES/SP–

Uma Trova Potiguar

Sapateiro não “esquenta”,
fabrica até pra exportar;
só faz sapato quarenta
pra calçar parlamentar.
–SEVERINO CAMPÊLO/RN–

Uma Trova Premiada

2002 - Nova Friburgo/RJ

Tema: BOTECO - 1º Lugar.


Ao chegar no beleléu,
mostra, o bebum, seu espanto:
- Não tem boteco no céu"?
E as pingas que eu dei pro santo ?!?
–SÉRGIO FERREIRA DA SILVA/SP–

Uma Trova de Ademar


Anote o que eu vou dizer:
Deus já fez tudo... E, de resto,
só falta mesmo fazer
político bom e honesto.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Era uma bruxa sem graça!
Não me dava paz nem trela.
Eu, então, só por pirraça,
me casei com a filha dela.
–CÉLIO GRUNEWALD/MG–

Simplesmente Poesia


MOTE:

Numa receita de Joça.

GLOSA:

Tinha raspa de juá,
raiz de urtiga, cardeiro,
cipó de sapo, pereiro,
ovo, milona e jucá,
jurubeba, manacá,
tinha suco de taboca,
crueira de mandioca,
fedegoso e vassourinha;
era tudo o que continha
numa receita de Joca.
–MOYSÉS SESYOM/RN–

Estrofe do Dia


Só vive numa oficina
deixando seu dono em pânico,
levando Riva a ruína
e enriquecendo o mecânico;
não tô querendo ser chato,
mas jogue o carro no mato
para não perder de tudo;
pois assim disse o seu fã:
carro velho e sutiã
só compra quem é peitudo.
–ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia

–ÁUREA MIRANDA/BA–

Aparências Sociais


Chegou tarde ao trabalho – então, foi dispensado:
porque os olhos vazios no fundo das olheiras
deviam-se, decerto, a uma das bebedeiras,
às quais (também, decerto...) estava acostumado.

Estômago vazio, bolsos vazios e as beiras
dos chinelos quase um papel mal laminado,
resvalou na sarjeta – e o corpo, ensangüentado,
deixou sobre a calçada as últimas carteiras.

Uma era a de trabalho; a outra, a identidade
– ambas também vazias: já não tinha idade
pra ser trabalhador e nem pra ser alguém...

Mas, antes de o baixarem para a sepultura,
a esposa extraiu-lhe a frouxa dentadura
que há muito não usava: “Era um homem de bem.”

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