No transcurso desta vida, com certeza, o ser a quem mais amor dediquei foi, sem dúvida, minha mãe, heroína de nossa família e que esteve conosco até meados de 1994, quando partiu já deixando todos os filhos criados, seis ao todo (depois viria a falecer meu mano Remi, talvez sentindo sua falta com quem convivia nos últimos anos), e hoje somos em cinco irmãos, todos espalhados entre Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, cada qual levando seu barco a seu jeito.
Faltava escrever uma crônica falando dos versos que lhe compus durante a sua existência. Começo, transcrevendo um soneto, muito influenciado e rebuscado (falha-me a memória de qual poeta), quando eu tinha dezesseis anos, em 1958, e estudava no internato do Ginásio “Cristo Rei”, dos irmãos maristas, em Getúlio Vargas/RS:
“Minha Mãe
Se triste vivo ou se faceiro exulto,
Se em pequeno lugar ou majestoso,
Eu tenho sempre grande amor oculto,
Por minha mãe de afeto carinhoso.
Pra ela sempre presto grande culto,
Pois amo aquela santa e orgulhoso
Fico, ao ver aquele terno vulto,
Que pra mim é tão ledo e tão formoso.
Bem perto ou longe, eu sempre tenho afeto
À minha amada mãe que me deu vida,
Pois ela é a criatura mais querida,
E o seu sagrado seio o mais dileto,
Que tenho no meu peito consagrado,
E que tenho em minh’alma bem gravado”.
Se triste vivo ou se faceiro exulto,
Se em pequeno lugar ou majestoso,
Eu tenho sempre grande amor oculto,
Por minha mãe de afeto carinhoso.
Pra ela sempre presto grande culto,
Pois amo aquela santa e orgulhoso
Fico, ao ver aquele terno vulto,
Que pra mim é tão ledo e tão formoso.
Bem perto ou longe, eu sempre tenho afeto
À minha amada mãe que me deu vida,
Pois ela é a criatura mais querida,
E o seu sagrado seio o mais dileto,
Que tenho no meu peito consagrado,
E que tenho em minh’alma bem gravado”.
Uma cópia batida a máquina foi afixada no mural da escola, no dia das mães do ano de 1958.
Vinte anos depois viria outro soneto, este em versos alexandrinos, que compus em Antônio Prado/RS, quando lá exercia as funções de fiscal da Carteira Agrícola do Banco do Brasil S.A., e que dizia assim:
“Mãe
Mãe!... Palavra sublime, amor inexprimível,
que a gente pronuncia em ritmo de oração...
É tão cálido o afeto e quase que impossível
externá-lo, pois vive em nosso coração !
Se alguma coisa existe, além do que é infalível,
e seja só no mundo e morra em solidão;
creia-me, não verá jamais tão acessível,
de quem nos deu a vida, aceitar a afeição !…
Ela é generosa e sem maldade alguma...
Seus filhos são a maior riqueza que possui,
seu aconchego tem toda a maciez da pluma...
Porém, nunca haverá poeta, cujo verso
descreva o amor de mãe, pois tudo se dilui
ao saber que ela é a dona do Universo !”
Mãe!... Palavra sublime, amor inexprimível,
que a gente pronuncia em ritmo de oração...
É tão cálido o afeto e quase que impossível
externá-lo, pois vive em nosso coração !
Se alguma coisa existe, além do que é infalível,
e seja só no mundo e morra em solidão;
creia-me, não verá jamais tão acessível,
de quem nos deu a vida, aceitar a afeição !…
Ela é generosa e sem maldade alguma...
Seus filhos são a maior riqueza que possui,
seu aconchego tem toda a maciez da pluma...
Porém, nunca haverá poeta, cujo verso
descreva o amor de mãe, pois tudo se dilui
ao saber que ela é a dona do Universo !”
Foi publicado no jornal Panorama Pradense nº 45, de Antônio Prado/RS, em maio de 1978.
De volta a Canoas/RS, estava eu sentado na mesa de um bar na rua Gonçalves Dias e de repente, senti saudades de minha genitora, e fiz-lhe os seguintes versos, com o coração aos pulos, em decassílabos:
“Versos para a Mãe - à minha mãe Amábile
‘O meu verso maior vai para a mãe
que pelo amor ao filho tudo deixa;
as glórias vãs do mundo, sem pretextos,
envolta em sacrifícios não se queixa...
E quando ela o aninha em seus braços
fazendo-o dormir, embala-o e canta,
não aparenta ser aqui da terra;
é uma imagem dos céus, é uma santa.
Por isto, mãe querida, não te esqueço,
contigo quero estar a qualquer hora,
foste tudo pra mim, foste o começo...
Trazes no coração Nossa Senhora’...”
‘O meu verso maior vai para a mãe
que pelo amor ao filho tudo deixa;
as glórias vãs do mundo, sem pretextos,
envolta em sacrifícios não se queixa...
E quando ela o aninha em seus braços
fazendo-o dormir, embala-o e canta,
não aparenta ser aqui da terra;
é uma imagem dos céus, é uma santa.
Por isto, mãe querida, não te esqueço,
contigo quero estar a qualquer hora,
foste tudo pra mim, foste o começo...
Trazes no coração Nossa Senhora’...”
Estes versos foram publicados na coluna Do Bric-à-Brac da Vida - Nilo Tapecoara - do antigo Correio do Povo, em 04.11.1981.
Finalmente, viria o soneto alexandrino, que a maior tristeza e dor me causou, pois seria o derradeiro, de despedida, e que compus com a alma aos pedaços:
“Soneto Elegíaco ‘In Memoriam’
a minha mãe Amábile Tressino Schneider - falecida às 19,30 hs. do dia 05.06.1994 - Domingo - em Palmas - Paraná
‘Não é dor o que sinto agora... com certeza
é uma vontade de mergulhar no amargor,
de deixar-me levar rumo da correnteza
deste mundo fatal; - é muito mais que dor !
Senhor, fazei-me orar nas horas de tristeza,
porque bem sei que sou um triste pecador,
perambulando num caminho de incerteza
a pedir o perdão... Fazei-me orar, Senhor !
Acolhei minha Mãe na Esplêndida Morada
onde os justos esperam a Ressurreição;
e contemplando a luz que tudo aclara e encanta,
das dores que sofreu seja recompensada...
Estava tão serena dentro do caixão:
parece que sorria a sua imagem santa’...”
Perpétuas Saudades !
a minha mãe Amábile Tressino Schneider - falecida às 19,30 hs. do dia 05.06.1994 - Domingo - em Palmas - Paraná
‘Não é dor o que sinto agora... com certeza
é uma vontade de mergulhar no amargor,
de deixar-me levar rumo da correnteza
deste mundo fatal; - é muito mais que dor !
Senhor, fazei-me orar nas horas de tristeza,
porque bem sei que sou um triste pecador,
perambulando num caminho de incerteza
a pedir o perdão... Fazei-me orar, Senhor !
Acolhei minha Mãe na Esplêndida Morada
onde os justos esperam a Ressurreição;
e contemplando a luz que tudo aclara e encanta,
das dores que sofreu seja recompensada...
Estava tão serena dentro do caixão:
parece que sorria a sua imagem santa’...”
Perpétuas Saudades !
Esta é a crônica que eu devia à minha querida genitora, da qual não me canso de lembrar, evocar e dirigir-lhe as mais ardentes preces para que olhe por nós aqui neste vale de lágrimas !...
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Fontes:
Texto Enviado pelo Autor.
Imagem = http://www.dipity.com
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