terça-feira, 5 de setembro de 2017

Olivaldo Junior (Dois microcontos sobre saudade)

A FLOR NO LIVRO

Ainda moça, Angélica tivera um príncipe. Não um nobre dos contos de fada, mas um príncipe comum, cotidiano, daqueles que se encontram num ônibus. Era o Carlos.

Carlos era um lorde e sempre lhe trazia um mimo quando se encontravam, ou seja, quase todo dia. O amor ainda jovem é mesmo cheio de símbolos, soluços e de sonhos.

Não se casaram. Carlos, como seu xará famoso, tinha o dom da Poesia e a ela se deu. Angélica, no entanto, manteve no livro que ganhara dele a etérea flor da saudade.

A LÂMPADA ACESA
“Vem dormir, minha velha! Já ‘tá tarde!...”, chamava o marido de Amália, mas nada de ela ir se deitar. O branco dos cabelos dela reluzia a lua. Ambas eram eternas.

Porpeto, o cachorro da casa, também não dormia enquanto Amália não se desse ao sono que custava a vir, e, quando vinha, vinha triste, igual a quem chove, ou chora.

Quando Augusto a chamava de novo, ela, com uma foto do filho amado ao peito e uma lágrima sem lar nos olhos, deixava acesa a lâmpada da sala e enfim se recolhia.

Fonte:
Microcontos enviados pelo autor

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