sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Elisabete Aguiar (Poemas sem fronteiras)


CÂNTICO AO SOL

Eu cantarei o sol eternamente,
sereno servidor universal!
Discreto, disponível, diligente,
com seu sorriso terno e paciente,
sobre todos irradia por igual.

Ensina-me, ó sol bendito,
com teu brilho e calor,
a acalentar o aflito
no manto do meu amor!

OS MEUS VERSOS

Os versos que inventei para Te cantar
são meninos perdidos em deserto;
caminham vacilantes, passo incerto,
na ânsia, só, de oásis vislumbrar.

Neles vesti minha alma de luar
e lírios de emoção ao peito aperto...
Teci palavras de Luz...Eis-me desperto
para no raiar da aurora Te encontrar.

Versos vertidos no oiro da ternura,
no molde da saudade e da lonjura,
meninos frágeis, asas de cristal…

Voltejando nos braços da Esperança,
cantam Teu Amor, Tua Bonança,
em harpejos de Graça musical.

VISÃO

Vi-te, no cais de embarque, quando ia
Tomar a nau desta navegação.
Seria sonho meu ou utopia?
Sei que, sem saber, guardei essa visão.

Singrou a nau por ventos e marés,
Contra vagas de espanto e de ansiedade.
E a areia rude que roeu meus pés
Era a filha fiel da tempestade.

Mas sempre, no meu peito escondida,
Como pérola em ostra resguardada,
A saudade da visão desconhecida,
Palpitante, secreta e magoada…

E, foi assim, que sem saber chegaste,
Porque o Deus da doçura me escutava…
Quando no Eterno Cais tu embarcaste
Era já a minha voz que te chamava.

ORIGEM

Fui vela, fui barco e borboleta,
Fui asa, fui canto, fui perfume;
Fui a voz do eco tão distante
Que se evola nos ares e nos confunde.

Fui o vento norte nas ermidas
Açoitando álgidas pedras requebradas;
Fui a brisa carinhosa que afaga
Nas fontes, belas moiras encantadas.

Fui doçura de pranto, à noitinha,
Nos olhos da donzela apaixonada;
Fui riso, sinfonia e fui esperança,
Fui saudade de uma alma torturada.

Fui a essência das coisas por fazer,
Fui o impulso febril da Criação,
Fui auréola de santo, fui pureza,
Fui o som cósmico, fui leveza,
Fui o pulsar de Divino coração.

Elisabete Aguiar, in” Vago Horizonte”
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Elisabete do Amaral Albuquerque Freire Aguiar nasceu em 1951, em Ribamondego, Concelho de Gouveia, Portugal. Em 69, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde se licenciou em Filologia Românica. Desde então dedicou-se ao ensino, lecionando desde 1977 em Mangualde. Professora aposentada, de Literatura Portuguesa. Professora de Yoga desde 1987, lecionando Yoga na Universidade Sénior de Viseu (desde 2003), na Universidade Senior de Mangualde e nas instalações do INATEL de Viseu. Livros de poesia publicados e livro de traduções em conjunto com Fernando Augusto Teixeira Gonçalves.

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