domingo, 18 de fevereiro de 2018

Olivaldo Júnior (3 Minicontos de amor)

O LANTERNINHA

Desde menino era vidrado nas lâmpadas. "Aluado!...", diziam as más línguas da pequena cidade de Lua Nova. Nova mesmo era a capacidade do lanterninha João Braz.

Não se casara, e lá se iam quarenta anos de uma triste existência! A vida era a ausência entre uma e outra sessão de cinema em que era o responsável pela... "censura".

Lanterna em punho, noite a noite, voltava a pé para casa sonhando com sua musa, uma estrela qualquer de um filme a mais que exibiam. Um dia, não voltou. Aluou-se de vez.

A LOUCA APAIXONADA

A louca apaixonada era uma moça que vivia assombrando os homens da cidade em que eu morava quando guri. Ninguém sabia seu nome, só sabiam que tinha ficado viúva.
 
Muito linda, vivia de esmolas pelas ruas da cidade, mas não precisava de nada. Era rica. A família, por não querer interná-la em hospício, vivia assistindo a inúmeras fugas.

Foi que, um dia, passou um anjo por ela e, num passe de mágica, deu-lhe um par de asas que lhe couberam como uma luva. E, como a Ismália de Guimaraens, desceu ao mar.

A LUA QUE EU COMPREI

Quebrei meu porquinho de outrora e, com o dinheiro presente, comprei-me uma lua, a mais linda que havia! Não, não lhe digo quem me vendeu, mas é fácil de achá-lo, ele é o...

Bem, a lua que eu comprei era à pilha, portanto, não era todo dia que eu a ligava, não. Pilhas custam caro, economizo. E tem a questão ecológica, o descarte correto, você sabe.

Uso essa lua só em certos dias, quando, por exemplo, quero escrever um poema. Assim, a qualquer lua da folhinha, fico todo amoroso, ligo a lua que eu comprei e pronto.

Fonte: O Autor

Nenhum comentário: