segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Aparício Fernandes (A Trova no Brasil) 2. Festival Brasileiro de Trovadores, final





Após o Festival, demoramo-nos em Maringá ainda uns dois ou três dias. O poeta, jornalista e trovador A. A. de Assis, nosso caro amigo e principal organizador do 2o. Festival Brasileiro de Trovadores (contou com a valiosa colaboração da jovem Maria Aparecida Lopes e com o apoio do poder municipal, através do Prefeito Adriano Valente e do Dr. Luiz Gabriel Sampaio, Secretário de Educação e Cultura de Maringá) sugeriu-nos que, sendo um dos poetas participantes do Festival, fizessemos umas trovas sobre a festa, para serem entregues ao Governador Paulo Pimentel, que dentro de alguns dias estaria em Maringá, para assistir às festividades comemorativas de mais um aniversário daquela cidade paranaense. Não podíamos declinar da honrosa incumbência e por isso, dando tratos à inspiração, redigi a seguinte reportagem trovadoresca:
Ilustre Governador
do Estado do Paraná,
peço vênia para expor
o que houve em Maringá.
Como o senhor já sabia,
realizou-se um Festival
que foi um hino à Poesia
e à Trova nacional!
Maringá nos recebeu
– e isto não foi novidade -
com os dons que Deus lhe deu:
– carinho e hospitalidade.
Foi pena Vossa Excelência,
por força de outros labores,
não ter visto a convivência
do povo e dos trovadores.
Senão o Governador,
que também é bacharel,
viraria o trovador
Dr. Paulo Pimentel!
Aliás, se sobressaía
esta bossa das mais novas:
O Secretário Fanaya
já está despachando em trovas!
O senhor, que é o mais “pra frente”
dos jovens governadores,
necessita urgentemente
promover os trovadores.
Nosso ideal, asseguro,
– de paz, progresso e bondade -
é o que existe de mais puro
na atual humanidade!
A trova induz todo mundo
a servir sem ser servil.
E prega um amor profundo
por nossa terra: – o Brasil.
Sem pieguices nem mentiras,
num estilo sempre novo,
nós tangemos nossas liras
em sintonia com o povo.
 
Não foi à toa que o povo
de Maringá, certo dia,
inventou um “troço” novo:
– um comício de poesia!
E em frente à biblioteca,
numa apoteose louca,
a trova virou peteca,
correndo de boca em boca!
Não havia oposição
nem se viu demagogia,
pois falava o coração
na linguagem da Poesia!
No recente Festival,
que de trovas foi fecundo,
houve um fato original:
– a melhor missa do mundo!
A missa, rezada em trova,
ficou linda de verdade.
Com esta vantagem nova:
– comunicabilidade.
Graças ao A. A. de Assis
e ao padre que oficiou,
até um ateu, feliz,
dobrou o joelho e rezou.
 
E qual pérola que encanta
e que vem da ostra doente,
viu-se uma lágrima santa
nos olhos do penitente.
Enquanto isto, as crianças
– favoritas do Criador -
coloriam de esperanças
este quadro encantador.
Finda a missa, se acredita,
e o próprio povo alardeia:
– foi a missa mais bonita
desde que houve a Santa Ceia!
E o que mais a gente admira
na festa dos trovadores
é ver o dr. Akira
enchendo tudo de flores!
Falando do Festival,
também é justo que eu cite
um churrasco genial
que houve em Paranacity.
O poeta Antônio Tortato,
que é Prefeito e é Professor,
sendo homem simples de fato,
tinha de ser trovador.
E se o Tortato nas trovas
é legítimo campeão,
de idealismo dá provas,
promovendo a educação.
Depois nós nos despedimos,
certos de que o Paraná,
por tudo aquilo que vimos,
se orgulha de Maringá!
Obrigado ao trovador
Antônio Augusto de Assis,
o grande planejador
desse Festival feliz!
Ao Coral Municipal
que, no momento preciso,
trouxe para o Festival
os cantos do paraíso.
Pela sua mini-blusa
e a sua graça brejeira,
grau dez para a nossa Musa
Helena Victor Pereira.
Ao Valente, à Aparecida
e ao Gabriel – três valores –
a homenagem merecida
de todos os trovadores.
Ver-nos-emos novamente
noutro encontro fraternal;
se Deus quiser, brevemente,
no próximo Festival.
Para o Paulo Pimentel
fica um abraço dos grandes
deste humilde menestrel
que é o APARÍCIO FERNANDES.
Fonte: Aparício Fernandes. A Trova no Brasil: história & antologia.
Rio de Janeiro/GB: Artenova, 1972

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