segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Trovador Homenageado: Alfredo Alisson Elian Valadares

A minha casa aparenta

o quartel de um batalhão:

- quanto mais a “tropa” aumenta,

mais aumenta a “prontidão”.



A minha vida hoje é feia,

neste exílio que me imponho.

Porém minha alma vagueia

pelas veredas do sonho…



Aquele fantasma, quando

o sono demora a vir,

combate a insônia contando

caveiras para dormir.



A solteirona não nega

a sua satisfação

ao ver que, na Noruega,

'coroa" tem cotação.



Cai a velha na lagoa

sendo a custo resgatada,

mas seu genro não perdoa:

– tanto barulho por nada?!!!             



Em meio às paixões fictícias

de minha vida agitada,

comprei milhões de carícias

e continuo sem nada.





É o maior dos pesadelos

a afligir nossa nação:

- mãozinhas fazendo apelos

por um pedaço de pão.



Hoje, velhinhos que somos,

são nossos olhos em festa,

um santuário onde pomos

toda a ternura que resta.



Morre a sogra tão amada,

mas não muda a situação;

o fantasma da danada

prossegue a sua missão.



Nas veredas do destino

que trilhei quando rapaz,

sonho grande ou pequenino,

deixei tudo para trás.



Nesta vida o que eu queria

(muito embora não reclame)

era ter a mordomia

de um cachorro de madame.



Neste mar de falsidade,

um sorriso de criança

se assemelha, na verdade,

a uma ilha de esperança.



No cemitério a caveira,

entre suspiros bisonhos,

diz que encontrou, prazenteira,

o fantasma de seus sonhos!



No inferno, o recém-chegado

a lamentar seu fadário:

- Tudo por ter espirrado

quando escondido no armário!



O Bem, que a guerra desfaz,

há de colher às mancheias

quem a semente da paz

planta em searas alheias.



Pela seara que lavras

na vida, entre mil boatos,

não te entristeçam palavras

se desprovidas de fatos.



Quanto mais se torna rara

neste mundo a sensatez,

menos frutos da seara

na mesa do camponês.



Quebrado o grilhão do agravo

o júbilo então me invade.

Porém continuo escravo:

– escravo da liberdade.

Quem nasceu com a desventura

de não ver a luz do dia,

do olhar transfere a ternura

para a mão que acaricia.



Sempre que está de pirraça

a mulher do "seu" Vavá,

o pobre, por mais que faça,

tem que dormir no sofá.



Sofre o carteiro, na mata,

um arranjo repentino.

Muita carta, nessa data,

não chegou ao seu destino...



Só quem amou compreende

este ditado exemplar:

– a mulher que a dois pretende,

a três deseja enganar.



Sou da ilusão jardineiro;

e após mil sonhos desfeitos,

trago no peito um canteiro

de desamores-perfeitos.



Um carteiro dedicado,

em um dia de atropelo,

acabou sendo chamado

de relaxado, sem sê-lo!

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