O príncipe Djedefhor levantou-se para Falar: "Até agora, a tua majestade só ouviu historias sobre prodígios efetuados por homens sábios de outros tempos. E impossível saber se essas histórias são verdadeiras ou falsas. Mas o que se poderá dizer sobre os feitos de um homem deste tempo que a tua majestade não conhece?"
E sua majestade disse: "Que feitos são esses, meu £ilho?"
Respondeu Djedethor: "Existe um homem chamado Djedli que mora em Djedseneferu. Tem cento e dez anos de idade, come quinhentos pães, metade de um boi e cem jarros de cerveja, e sabe recolocar uma cabeça separada do corpo, fazer um leão caminhar calmamente atrás dele e ainda sabe o número das câmaras secretas do santuário de Toth."
Ora a majestade do rei Khufu, sempre quisera saber o número dessas câmaras, a fim de reproduzi-las no seu horizonte. Por isso, mandou que Djedefhor fosse buscar Djedi.
Logo que os barcos de viagem ficaram prontos, Djedefhor partiu da residência real e viajou para sul, rumo a Djedseneferu, subindo o Nilo. Quando os barcos chegaram à margem, ele seguiu pela estrada sentado numa liteira com varais de ébano cobertos por folha de ouro.
Quando chegou a casa de Djedi, a liteira foi baixada para terra. Então ele levantou-se para saudar Djedi, que estava sentado sobre uma esteira a entrada de casa. Um servidor cobria-lhe a cabeça com unguento, enquanto outro lhe massageava os pés.
Então o príncipe Djedefhor disse: "O teu estado é semelhante ao de um homem que ainda não atingiu a velhice, se bem que na realidade estejas já envelhecido, perto do momento da morte e do enterro. Estás no estado de um homem que dome de noite sem problemas, que não tem doenças nem acessos de tosse."
É assim que se saúda uma pessoa venerável.
E Djedefhor disse: "Vim aqui para te chamar, da parte de meu pai Khufu, justificado. Comerás belos manjares dados pelo rei a quem o serve, e ele far-te-a, depois de uma vida feliz, um belo sepultamento junto a teus pais, que estão na necrópole."
Então Djedi respondeu: "Em paz, em paz, Djedefhor, filho real amado de seu pai Que te recompense o teu pai Khufu, justificado. Que ele te promova entre os anciãos. Possa o teu ka lutar contra o teu inimigo e o teu ka conhecer os caminhos que te levam a porta de Hebesbag."
E assim que se saúda um filho de rei.
Então o príncipe Djedefhor estendeu-lhe as mãos e ajudou Djedi a erguer-se, caminhando com ele de mão dada ate à margem. Em seguida, Djedi disse: "Faz com que me cedam uma barca, para que eu possa levar os meus filhos e os meus livros."
Duas barcas com a sua equipagem foram então colocadas a disposição de Djedi, o qual embarcou no barco onde seguia o príncipe Djedefhor. Quando chegaram à corte, o príncipe Djedefhor entrou antes para pôr ao corrente a majestade do rei Khufu.
Então o príncipe Djedefhor disse: "Soberano, vida, força e saúde, meu senhor, trouxe comigo Djedi."
Sua majestade respondeu: "Vai e traga-o aqui."
Depois, sua majestade entrou na grande sala do palácio, vida, força e saúde, e Djedi foi introduzido lá.
Perguntou sua majestade: "Como foi que até ao presente eu nunca te vi, Djedi?".
Respondeu Djedi: "Só quem é chamado é que vem, soberano, vida, força e saúde, agora fui chamado e vim."
E perguntou sua majestade: "É verdade, segundo o que se conta, que podes juntar ao corpo uma cabeça cortada?"
Djedi respondeu: "Sim, sei fazer isso, soberano, vida, força e saúde, meu senhor."
Então sua majestade disse: "Tragam-me o prisioneiro que está na prisão para ser executado."
Mas Djedi respondeu: "Não, um ser humano, soberano, vida, força e saúde, meu senhor, porque é proibido fazer semelhante coisa ao gado sagrado [dos deuses]..."
Então trouxeram-lhe um ganso a quem tinham cortado a cabeça, colocando-se o ganso no canto oeste da grande sala e a cabeça no lado leste da grande sala. Djedi pronunciou algumas palavras mágicas, e o ganso ergueu-se, cambaleando, e a cabeça fez o mesmo. Quando as duas partes se juntaram, o ganso levantou-se, grasnando. Depois ele fez o mesmo com outro ganso. E sua majestade mandou que lhe trouxessem um boi cuja cabeça tinha sido cortada. Djedi pronunciou algumas palavras mágicas, e o boi ergueu-se perante ele.
E disse Khufu: "É verdade, como ouvi dizer, que sabes o número de câmaras secretas que há no santuário de Toth?"
Djedi respondeu: "Permita-me a tua majestade dizer que o número não sei, soberano, vida, força e saúde, meu senhor, mas sei onde pode ser encontrado."
Sua majestade perguntou: "Onde está"
Djedi respondeu: "Num cofre de pedra que está numa câmara do templo de Heliópolis, chamada câmara do inventário".
E sua majestade disse: "Vai então buscá-lo para mim."
Djedi respondeu: "Soberano, vida, força e saúde, meu senhor, não posso trazê-lo. Isso tem de ser feito pelo mais velho dos três filhos que estão no ventre de Reddjedet."
E sua majestade disse: "Então que se faça isso. Mas afinal quem é essa Reddjedet?"
Djedi respondeu: "É a esposa de um sacerdote de Rá, senhor de Sakhebu, que está grávida de três crianças de Rá, senhor de Sakhebu. O deus disse que eles exerceriam essa função benéfica de rei e que o primogênito deles seria o grande dos videntes em Heliópolis..."
Ao ouvir isso, o coração de sua majestade caiu na tristeza, mas Djedi disse-lhe: "Mas o que e essa tristeza, soberano, vida, força e saúde, meu senhor? É por causa das três crianças? Nota que tu, depois o teu filho e depois o filho dele reinarão antes do primeiro dos filhos de Reddjedet..."
Então sua majestade perguntou: "Quando é que Reddjedet dará a luz?"
Djedi respondeu: "No décimo quinto dia do primeiro mês do Inverno".
E sua majestade disse: "Ora é justamente nessa altura que os bancos de areia do canal dos Dois Peixes ficam a descoberto, servidor. Já passei por lá. de barco para ver o templo de Re, senhor de Sakhebu."
E Djedi respondeu: "Pois bem, farei com que haja quatro côvados de água sobre os bancos de areia do canal dos Dois Peixes..."
Então sua majestade entrou no seu palácio e disse: "Que Djedi entre na casa do príncipe Djedefhor e que viva com ele e que lhe sejam asseguradas rações alimentares de mil pães, cem jarros de cerveja, um boi e cem vegetais..."
E tudo foi feito de acordo com o que sua majestade tinha ordenado.
Fonte:
Contos de encantar
E sua majestade disse: "Que feitos são esses, meu £ilho?"
Respondeu Djedethor: "Existe um homem chamado Djedli que mora em Djedseneferu. Tem cento e dez anos de idade, come quinhentos pães, metade de um boi e cem jarros de cerveja, e sabe recolocar uma cabeça separada do corpo, fazer um leão caminhar calmamente atrás dele e ainda sabe o número das câmaras secretas do santuário de Toth."
Ora a majestade do rei Khufu, sempre quisera saber o número dessas câmaras, a fim de reproduzi-las no seu horizonte. Por isso, mandou que Djedefhor fosse buscar Djedi.
Logo que os barcos de viagem ficaram prontos, Djedefhor partiu da residência real e viajou para sul, rumo a Djedseneferu, subindo o Nilo. Quando os barcos chegaram à margem, ele seguiu pela estrada sentado numa liteira com varais de ébano cobertos por folha de ouro.
Quando chegou a casa de Djedi, a liteira foi baixada para terra. Então ele levantou-se para saudar Djedi, que estava sentado sobre uma esteira a entrada de casa. Um servidor cobria-lhe a cabeça com unguento, enquanto outro lhe massageava os pés.
Então o príncipe Djedefhor disse: "O teu estado é semelhante ao de um homem que ainda não atingiu a velhice, se bem que na realidade estejas já envelhecido, perto do momento da morte e do enterro. Estás no estado de um homem que dome de noite sem problemas, que não tem doenças nem acessos de tosse."
É assim que se saúda uma pessoa venerável.
E Djedefhor disse: "Vim aqui para te chamar, da parte de meu pai Khufu, justificado. Comerás belos manjares dados pelo rei a quem o serve, e ele far-te-a, depois de uma vida feliz, um belo sepultamento junto a teus pais, que estão na necrópole."
Então Djedi respondeu: "Em paz, em paz, Djedefhor, filho real amado de seu pai Que te recompense o teu pai Khufu, justificado. Que ele te promova entre os anciãos. Possa o teu ka lutar contra o teu inimigo e o teu ka conhecer os caminhos que te levam a porta de Hebesbag."
E assim que se saúda um filho de rei.
Então o príncipe Djedefhor estendeu-lhe as mãos e ajudou Djedi a erguer-se, caminhando com ele de mão dada ate à margem. Em seguida, Djedi disse: "Faz com que me cedam uma barca, para que eu possa levar os meus filhos e os meus livros."
Duas barcas com a sua equipagem foram então colocadas a disposição de Djedi, o qual embarcou no barco onde seguia o príncipe Djedefhor. Quando chegaram à corte, o príncipe Djedefhor entrou antes para pôr ao corrente a majestade do rei Khufu.
Então o príncipe Djedefhor disse: "Soberano, vida, força e saúde, meu senhor, trouxe comigo Djedi."
Sua majestade respondeu: "Vai e traga-o aqui."
Depois, sua majestade entrou na grande sala do palácio, vida, força e saúde, e Djedi foi introduzido lá.
Perguntou sua majestade: "Como foi que até ao presente eu nunca te vi, Djedi?".
Respondeu Djedi: "Só quem é chamado é que vem, soberano, vida, força e saúde, agora fui chamado e vim."
E perguntou sua majestade: "É verdade, segundo o que se conta, que podes juntar ao corpo uma cabeça cortada?"
Djedi respondeu: "Sim, sei fazer isso, soberano, vida, força e saúde, meu senhor."
Então sua majestade disse: "Tragam-me o prisioneiro que está na prisão para ser executado."
Mas Djedi respondeu: "Não, um ser humano, soberano, vida, força e saúde, meu senhor, porque é proibido fazer semelhante coisa ao gado sagrado [dos deuses]..."
Então trouxeram-lhe um ganso a quem tinham cortado a cabeça, colocando-se o ganso no canto oeste da grande sala e a cabeça no lado leste da grande sala. Djedi pronunciou algumas palavras mágicas, e o ganso ergueu-se, cambaleando, e a cabeça fez o mesmo. Quando as duas partes se juntaram, o ganso levantou-se, grasnando. Depois ele fez o mesmo com outro ganso. E sua majestade mandou que lhe trouxessem um boi cuja cabeça tinha sido cortada. Djedi pronunciou algumas palavras mágicas, e o boi ergueu-se perante ele.
E disse Khufu: "É verdade, como ouvi dizer, que sabes o número de câmaras secretas que há no santuário de Toth?"
Djedi respondeu: "Permita-me a tua majestade dizer que o número não sei, soberano, vida, força e saúde, meu senhor, mas sei onde pode ser encontrado."
Sua majestade perguntou: "Onde está"
Djedi respondeu: "Num cofre de pedra que está numa câmara do templo de Heliópolis, chamada câmara do inventário".
E sua majestade disse: "Vai então buscá-lo para mim."
Djedi respondeu: "Soberano, vida, força e saúde, meu senhor, não posso trazê-lo. Isso tem de ser feito pelo mais velho dos três filhos que estão no ventre de Reddjedet."
E sua majestade disse: "Então que se faça isso. Mas afinal quem é essa Reddjedet?"
Djedi respondeu: "É a esposa de um sacerdote de Rá, senhor de Sakhebu, que está grávida de três crianças de Rá, senhor de Sakhebu. O deus disse que eles exerceriam essa função benéfica de rei e que o primogênito deles seria o grande dos videntes em Heliópolis..."
Ao ouvir isso, o coração de sua majestade caiu na tristeza, mas Djedi disse-lhe: "Mas o que e essa tristeza, soberano, vida, força e saúde, meu senhor? É por causa das três crianças? Nota que tu, depois o teu filho e depois o filho dele reinarão antes do primeiro dos filhos de Reddjedet..."
Então sua majestade perguntou: "Quando é que Reddjedet dará a luz?"
Djedi respondeu: "No décimo quinto dia do primeiro mês do Inverno".
E sua majestade disse: "Ora é justamente nessa altura que os bancos de areia do canal dos Dois Peixes ficam a descoberto, servidor. Já passei por lá. de barco para ver o templo de Re, senhor de Sakhebu."
E Djedi respondeu: "Pois bem, farei com que haja quatro côvados de água sobre os bancos de areia do canal dos Dois Peixes..."
Então sua majestade entrou no seu palácio e disse: "Que Djedi entre na casa do príncipe Djedefhor e que viva com ele e que lhe sejam asseguradas rações alimentares de mil pães, cem jarros de cerveja, um boi e cem vegetais..."
E tudo foi feito de acordo com o que sua majestade tinha ordenado.
Fonte:
Contos de encantar
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