(Recontado de uma mensagem recebida)
QUANDO A NOSSA vida começa, temos apenas uma pequena sacolinha de mão. Na medida em que os anos vão passando, a bagagem vai aumentando, aumentando... Indefinidamente...
Por conta disso, somos obrigados a deixar de lado a sacolinha e arranjar uma mochila, por exemplo, um pouco mais robusta. Que caibam mais tralhas. Os anos seguem passando, e com eles, a tendência desta bagulhada recolhida é crescer de tamanho, de intensidade e volume. Num piscar de olhos, se tornar uma torre de babel.
Geralmente isto ocorre porque existem muitas coisas que vamos catamos pelas diversas sendas que percorremos. Chega num determinado ponto da jornada, o peso da bagagem começa a ficar pesada, a ponto de fazer doer as costas, as pernas e, no mesmo norte, a atingir as raias do insuportável.
Nesta hora, precisamos parar. Estancar os passos, pensar, repensar, meditar e, depois de tudo, escolher: voltar atrás, ou abortar os passos seguintes e ficar à espera que alguma alma caridosa nos ajude. Ou seguir em frente, suportando, sozinho, o peso do fardo que nos foi imposto pelo destino, pelas adversidades da vida e o pior de todos aquele causado pela inconsequência de nossa insana imbecilidade de recolher e guardar velhas quinquilharias imprestáveis.
Todos nós, seres humanos, sem exceção, juntamos coisas de que não precisamos. Colecionamos porcarias que nunca faremos uso. Todavia, há, em contrapartida, outra alternativa: a do desapego. Isto quer dizer o seguinte. Abrir a mala e jogar fora o que julgar não ser essencial. Mas, nesta altura, pelo andar da carruagem, um outro problema vem à baila. O que dispensar a velha lata de lixo? O que seria válido largar de lado e o que não seria? É neste momento angustioso, que surge a dúvida cruel. A mais difícil de todas. O que deixar de vez grosso modo, abandonado definitivamente pelas calçadas?!
O Amor? A Amizade? Amor ou Amizade? Os dois?
Momentos bons, coisas más, lembranças inesquecíveis? Difícil escolha. Meu Deus! Espere... Existe algo mais pesado que pode e deve ser largado para sempre: a raiva. A raiva é como uma pedra enorme que obstrui. Tem a incompreensão que apavora; o medo que desalenta; o pessimismo que entristece; a fúria que aflora de forma maligna, como também a discórdia e a insegurança que, a semelhança dos demais, deixam na alma desalentada marcas indeléveis... Para sempre…
Neste momento, em linha paralela, surgem as lutas. Primeiro a do desânimo que pinta do nada e puxa o coração na ânsia de prendê-lo dentro da mala.
Tem inicio, pois, uma peleja insana, quase irreal, para não nos deixarmos ser vencidos. De repente, eis que entra em cena o Sorriso. Bonito, largo, aberto, atraente, bem apessoado, enlevado numa paz tão imensa que parece mudar o quadro desolador.
De mãos dadas com ele, de roldão, vem a Felicidade. A Felicidade por sua vez traz a Paciência, e, então, por alguns momentos, a gente se sente envolto numa onda gigantesca de tranquilidade indescritível.
Buscamos, às carreiras, o restante das coisas dentro da mala repleta: E se nos deparamos com a Força, com a Coragem, com a Responsabilidade, com a Tolerância, e com o Bom Humor.
Pronto. Problema resolvido. Não há mais nada a ser retirado de dentro da mala. Pois bem! E agora? Pinta o inverso. O que guardar novamente para seguir a viagem em direção ao amanhã?!
Enquanto a gente não se decide, ficamos a olhar ao redor e espiar o futuro. O futuro é longo. Mas igualmente incerto, escuro, solitário, vazio, oco sem nada para se pegar, como a mente conturbada, que não deixa nosso anjo do bem pensar direito: pelo menos no sentido de se saber o que realmente jogar de volta dentro da mala, tranca-la a sete chaves e se pôr, ato contínuo, em marcha.
E uma vez mais na estrada, seguir em frente, cabeça erguida, confiante, dono de nossa vida, do nosso nariz. Temos que seguir, bem sabemos, sem olhar para trás, sem medo de, num leve tropeçar nos passos, metros à frente, voltarmos a cair no mais estúpido dos buracos. O da nossa própria desgraça anunciada.
Fonte:
Texto enviado pelo autor.
QUANDO A NOSSA vida começa, temos apenas uma pequena sacolinha de mão. Na medida em que os anos vão passando, a bagagem vai aumentando, aumentando... Indefinidamente...
Por conta disso, somos obrigados a deixar de lado a sacolinha e arranjar uma mochila, por exemplo, um pouco mais robusta. Que caibam mais tralhas. Os anos seguem passando, e com eles, a tendência desta bagulhada recolhida é crescer de tamanho, de intensidade e volume. Num piscar de olhos, se tornar uma torre de babel.
Geralmente isto ocorre porque existem muitas coisas que vamos catamos pelas diversas sendas que percorremos. Chega num determinado ponto da jornada, o peso da bagagem começa a ficar pesada, a ponto de fazer doer as costas, as pernas e, no mesmo norte, a atingir as raias do insuportável.
Nesta hora, precisamos parar. Estancar os passos, pensar, repensar, meditar e, depois de tudo, escolher: voltar atrás, ou abortar os passos seguintes e ficar à espera que alguma alma caridosa nos ajude. Ou seguir em frente, suportando, sozinho, o peso do fardo que nos foi imposto pelo destino, pelas adversidades da vida e o pior de todos aquele causado pela inconsequência de nossa insana imbecilidade de recolher e guardar velhas quinquilharias imprestáveis.
Todos nós, seres humanos, sem exceção, juntamos coisas de que não precisamos. Colecionamos porcarias que nunca faremos uso. Todavia, há, em contrapartida, outra alternativa: a do desapego. Isto quer dizer o seguinte. Abrir a mala e jogar fora o que julgar não ser essencial. Mas, nesta altura, pelo andar da carruagem, um outro problema vem à baila. O que dispensar a velha lata de lixo? O que seria válido largar de lado e o que não seria? É neste momento angustioso, que surge a dúvida cruel. A mais difícil de todas. O que deixar de vez grosso modo, abandonado definitivamente pelas calçadas?!
O Amor? A Amizade? Amor ou Amizade? Os dois?
Momentos bons, coisas más, lembranças inesquecíveis? Difícil escolha. Meu Deus! Espere... Existe algo mais pesado que pode e deve ser largado para sempre: a raiva. A raiva é como uma pedra enorme que obstrui. Tem a incompreensão que apavora; o medo que desalenta; o pessimismo que entristece; a fúria que aflora de forma maligna, como também a discórdia e a insegurança que, a semelhança dos demais, deixam na alma desalentada marcas indeléveis... Para sempre…
Neste momento, em linha paralela, surgem as lutas. Primeiro a do desânimo que pinta do nada e puxa o coração na ânsia de prendê-lo dentro da mala.
Tem inicio, pois, uma peleja insana, quase irreal, para não nos deixarmos ser vencidos. De repente, eis que entra em cena o Sorriso. Bonito, largo, aberto, atraente, bem apessoado, enlevado numa paz tão imensa que parece mudar o quadro desolador.
De mãos dadas com ele, de roldão, vem a Felicidade. A Felicidade por sua vez traz a Paciência, e, então, por alguns momentos, a gente se sente envolto numa onda gigantesca de tranquilidade indescritível.
Buscamos, às carreiras, o restante das coisas dentro da mala repleta: E se nos deparamos com a Força, com a Coragem, com a Responsabilidade, com a Tolerância, e com o Bom Humor.
Pronto. Problema resolvido. Não há mais nada a ser retirado de dentro da mala. Pois bem! E agora? Pinta o inverso. O que guardar novamente para seguir a viagem em direção ao amanhã?!
Enquanto a gente não se decide, ficamos a olhar ao redor e espiar o futuro. O futuro é longo. Mas igualmente incerto, escuro, solitário, vazio, oco sem nada para se pegar, como a mente conturbada, que não deixa nosso anjo do bem pensar direito: pelo menos no sentido de se saber o que realmente jogar de volta dentro da mala, tranca-la a sete chaves e se pôr, ato contínuo, em marcha.
E uma vez mais na estrada, seguir em frente, cabeça erguida, confiante, dono de nossa vida, do nosso nariz. Temos que seguir, bem sabemos, sem olhar para trás, sem medo de, num leve tropeçar nos passos, metros à frente, voltarmos a cair no mais estúpido dos buracos. O da nossa própria desgraça anunciada.
Fonte:
Texto enviado pelo autor.
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