
"Minhas férias foi boa, fomos para a praia, brincamo muito de bola e de piscina e de mar e comemo muito churrasco. Mamãe e papai estavam muito feliz. E eu também, claro."
Até que, de repente, na 29ª redação, você lê isso:
"Minhas férias foi boa, fomos para a praia, brincamo muito de bola e de piscina e de mar e comemo muito churrasco. Só que no último dia a mamãe encontrou um cara cabeludo na praia, conversou com ele e os dois fugiram. O papai ficou muito, muito brabo, pegou uma arma e saiu correndo atrás deles..."
Opa! Esse texto me interessou! Esse texto eu quero ler até o final! Por quê? Porque esse texto tem conflito.
O segredo da narrativa é ter um conflito. Se tudo estiver bem, a história não precisa ser contada. Outra comparação: quando você cruza por um conhecido e pergunta, sem sequer parar de caminhar: "Tudo bem?". O outro, também sem parar de caminhar, diz: "Tudo". É sempre assim.
Se um dia seu amigo ou colega de trabalho disser "Não, não está tudo bem" você irá não só parar de caminhar como se voltar a ele, arregalar os olhos e perguntar com sincero interesse: "O que aconteceu???".
Conflito, porém, não é necessariamente uma morte, a troca de um bebê na maternidade, o sequestro da mocinha, a traição, a doença terminal. A não ser que você queira trabalhar escrevendo novelas para a Globo, os conflitos podem - e devem - ser mais sutis. Para escrever uma história sobre traição, você pode começar narrando um jantar do casal em que ele sequer olha para ela, envergonhado. Eis um conflito. O leitor pode terminar o conto e sequer ter certeza do que houve. Mas o conflito está ali e o leitor irá até o final da história para tentar resolvê-lo.
Há conflito, por vezes, em um simples olhar. Em um rosto. Em um gesto. Saber explorá-los é o grande segredo do bom escritor. Observe a imagem abaixo.
Inicialmente essa fotografia era uma entre milhares que um repórter fotográfico da National Geographic, Steve McCurry, fez na região do Afeganistão. Anos depois, alguém a achou no arquivo e pensou que seria uma boa foto para a capa, tornando-se uma das capas de revista mais famosas da história.
Ainda sobre conflito, é importante você saber que tipo de texto irá escrever para determinar quantos conflitos cabem nele. A rigor, o conto é a narrativa de UMA história, ou seja, deve haver nele UM conflito.
Claro que esse conflito (digamos a traição) pode estar espalhado em várias cenas de maneira mais sutil (o olhar, o silêncio, a raiva, o choro). E pode, até, uma doença grave da mulher justificar o conflito inicial. O problema é quando, no meio do texto, surge e é desenvolvido um novo conflito que não é causa nem consequência do primeiro (se refere a outra personagem, por exemplo).
Já em narrativas longas, como romances ou telenovelas, há mais de um conflito (embora um costume ser o principal) e essas histórias (cada uma com seu conflito) se sobrepõem. O planejamento dessas ações e dessa história é fundamental para que o leitor não se perca.
Fonte:
Marcelo Spalding in http://www.cursosdeescrita.com.br/4108/a-importancia-do-conflito-na-criacao-literaria
Ainda sobre conflito, é importante você saber que tipo de texto irá escrever para determinar quantos conflitos cabem nele. A rigor, o conto é a narrativa de UMA história, ou seja, deve haver nele UM conflito.
Claro que esse conflito (digamos a traição) pode estar espalhado em várias cenas de maneira mais sutil (o olhar, o silêncio, a raiva, o choro). E pode, até, uma doença grave da mulher justificar o conflito inicial. O problema é quando, no meio do texto, surge e é desenvolvido um novo conflito que não é causa nem consequência do primeiro (se refere a outra personagem, por exemplo).
Já em narrativas longas, como romances ou telenovelas, há mais de um conflito (embora um costume ser o principal) e essas histórias (cada uma com seu conflito) se sobrepõem. O planejamento dessas ações e dessa história é fundamental para que o leitor não se perca.
Fonte:
Marcelo Spalding in http://www.cursosdeescrita.com.br/4108/a-importancia-do-conflito-na-criacao-literaria
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