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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Manuel Bandeira (Poesias Infanto-Juvenis)



Ilustração de Robson Corrêa de Araújo

COTOVIA

- Alô, cotovia! 
 Aonde voaste,
 Por onde andaste,
 Que saudades me deixaste?
 - Andei onde deu o vento.
 Onde foi meu pensamento
 Em sítios, que nunca viste,
 De um país que não existe . . .
 Voltei, te trouxe a alegria.
 - Muito contas, cotovia!
 E que outras terras distantes
 Visitaste? Dize ao triste.
 - Líbia ardente, Cítia fria,
 Europa, França, Bahia . . .

 - E esqueceste Pernambuco, 
 Distraída?

 - Voei ao Recife, no Cais
 Pousei na Rua da Aurora.

 - Aurora da minha vida
 Que os anos não trazem mais!

 - Os anos não, nem os dias,
 Que isso cabe às cotovias.
 Meu bico é bem pequenino
 Para o bem que é deste mundo:
 Se enche com uma gota de água.
 Mas sei torcer o destino,
 Sei no espaço de um segundo
 Limpar o pesar mais fundo.
 Voei ao Recife, e dos longes
 Das distâncias, aonde alcança
 Só a asa da cotovia, 
 - Do mais remoto e perempto
 Dos teus dias de criança
 Te trouxe a extinta esperança,
 Trouxe a perdida alegria. 

A ONDA

A onda
a onda anda
 aonde anda
 a onda?
 a onda ainda
 ainda onda
 ainda anda
 aonde?
 aonde?
 a onda a onda

BELO BELO

 Belo belo minha bela
 Tenho tudo que não quero
 Não tenho nada que quero
 Não quero óculos nem tosse
 Nem obrigação de voto
 Quero quero
 Quero a solidão dos píncaros
 A água da fonte escondida
 A rosa que floresceu
 Sobre a escarpa inacessível
 A luz da primeira estrela
 Piscando no lusco-fusco
 Quero quero
 Quero dar a volta ao mundo
 Só num navio de vela
 Quero rever Pernambuco
 Quero ver Bagdá e Cusco
 Quero quero
 Quero o moreno de Estela
 Quero a brancura de Elisa
 Quero a saliva de Bela
 Quero as sardas de Adalgisa
 Quero quero tanta coisa
 Belo belo
 Mas basta de lero-lero
 Vida noves fora zero. 

ORAÇÃO PARA AVIADORES

Santa Clara, clareai
 Estes ares.
 Dai-nos ventos regulares,
 de feição.
 Estes mares, estes ares
 Clareai.

Santa Clara, dai-nos sol.
 Se baixar a cerração,
 Alumiai
 Meus olhos na cerração.
 Estes montes e horizontes
 Clareai.

Santa Clara, no mau tempo
 Sustentai
 Nossas asas.
 A salvo de árvores, casas,
 E penedos, nossas asas
 Governai.

Santa Clara, clareai.
 Afastai
 Todo risco.
 Por amor de S. Francisco,
 Vosso mestre, nosso pai,
 Santa Clara, todo risco
 Dissipai.

Santa Clara, clareai.

A ESTRELA 

Vi uma estrela tão alta, 
 Vi uma estrela tão fria! 
 Vi uma estrela luzindo 
 Na minha vida vazia. 

 Era uma estrela tão alta! 
 Era uma estrela tão fria! 
 Era uma estrela sozinha 
 Luzindo no fim do dia. 

 Por que da sua distância 
 Para a minha companhia 
 Não baixava aquela estrela? 
 Por que tão alto luzia? 

 E ouvi-a na sombra funda 
 Responder que assim fazia 
 Para dar uma esperança 
 Mais triste ao fim do meu dia. 

D. JANAÍNA 

D. Janaína
 Sereia do mar
 D. Janaína
 De maiô encarnado
 D. Janaína
 Vai se banhar.

 D. Janaína
 Princesa do mar
 D. Janaína
 Tem muitos amores
 É o rei do Congo
 É o rei de Aloanda
 É o sultão-dos-matos
 É S. Salavá!

 Saravá saravá
 D. Janaína
 Rainha do mar.

 D. Janaína
 Princesa do mar
 Dai-me licença
 Pra eu também brincar
 No vosso reinado.

BALÕEZINHOS

Na feira do arrabaldezinho 
 Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor: 
 - "O melhor divertimento para as crianças!" 
 Em redor dele há um ajuntamento de menininhos pobres, 
 Fitando com olhos muito redondos os grandes balõezinhos muito redondos.

No entanto a feira burburinha. 
 Vão chegando as burguesinhas pobres, 
 E as criadas das burguesinhas ricas, 
 E mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.

Nas bancas de peixe, 
 Nas barraquinhas de cereais, 
 Junto às cestas de hortaliças 
 O tostão é regateado com acrimônia.

Os meninos pobres não vêem as ervilhas tenras, 
 Os tomatinhos vermelhos, 
 Nem as frutas, 
 Nem nada.

Sente-se bem que para eles ali na feira os balõezinhos de cor são a 
 [única mercadoria útil e verdadeiramente indispensável.

O vendedor infatigável apregoa: 
 - "O melhor divertimento para as crianças!" 
 E em torno do homem loquaz os menininhos pobres fazem um 
 [círculo inamovível de desejo e espanto. .

TREM DE FERRO

Café com pão
 Café com pão
 Café com pão

 Virgem Maria que foi isto maquinista?

 Agora sim
 Café com pão

Agora sim
 Café com pão

 Voa, fumaça
 Corre, cerca
 Ai seu foguista
 Bota fogo
 Na fornalha
 Que eu preciso
 Muita força
 Muita força
 Muita força

 Oô..
 Foge, bicho
 Foge, povo
 Passa ponte
 Passa poste
 Passa pato
 Passa boi
 Passa boiada
 Passa galho
 De ingazeira
 Debruçada
 Que vontade
 De cantar!

 Oô...
 Quando me prendero
 No canaviá
 Cada pé de cana
 Era um oficia
 Ôo...
 Menina bonita
 Do vestido verde
 Me dá tua boca
 Pra matá minha sede
 Ôo...
 Vou mimbora voou mimbora
 Não gosto daqui
 Nasci no sertão
 Sou de Ouricuri
 Ôo...

 Vou depressa
 Vou correndo

Vou na toda
 Que só levo
 Pouca gente
 Pouca gente
 Pouca gente…

Fonte:

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Edigles Guedes (Livro de Sonetos)


NAUFRAGO-ME NA SUPERFÍCIE

Páginas e mais páginas, folheadas
A inconsútil dedo, vagam por horas
A fio, na escrivaninha tão recheada
De livros imaginários… agora!…

Eis uma escrivaninha inexistente
Povoando a memória indelével de mim!…
Quem me dera! se eu pudesse navegar
Por entre as escumas, co’ odor de jasmim

A perseguir minhas ilusões!… Vagar,
Quiçá, por livros, que férteis são terras
De ideias mirabolantes, minha mente!…

E o vento sopra no meu rosto… Serra
Vai, monte vem… Montanha vai, planície
Vem… E eu naufrago-me na superfície…

DESCRIÇÃO MARÍTIMA

Ribombou o velho mar!… Tuas tênues ondas
Tecem fios de fiandeira na escuma atroz!…
Voa ligeiro e mais que veloz o albatroz,
Qual o sorriso de tua “La Gioconda”!…

Ostras perambulam por entre rochas
Anônimas!… Sociedades de corais
Pintam de Picasso os azuis anormais!…
Anêmonas acendem tortas tochas

De neurotoxinas… Peixes naufragam
Nos frios d’águas… Caranguejos afagam
A textura insondável do rochedo!…

É noite e o mar baloiça as velas, toscas
E trêmulas, voejam… Foscas moscas
Brincam com a lixeira do penedo…

TUA MÃO

Teu corpo de pérola em meu corpo
Deitado e vagamundo… Psiu tosco
De mão que mão se namora… Rede
Sem peixe para pescar: só mágoa…

Teia de aranha que arranha essa pele
De tigre… Peçonha que me chora
De dor inconcebível… Insídia
De cavaleiro medieval… Mídia

Sem suporte técnico… Parede
Sem porta ou caminho nu sem saída…
Sentimentos que me enredam… Pepe

Legal (cabuloso) sem Babalu,
Seu escudeiro; assim, ando por tabu
E teimosia… Acho tua mão lânguida!…

LUA DE OCEANO AQUÉM

Lua: bacia de prata, em que me banho de seus raios
Argênteos, na Noite fria e calma co’ essa chuva
Renitente… Descontente com as estrelas
Cadentes que nenhum dos meus desejos realizam…

Eis que Lua bamba, pendurada no trampolim
Da vaidade, sofre porque sofre com desmaios
De gravidade ausente!… Andorinha viúva
Procura marido em páginas amarelas…

Entretanto, essas estrelas parabenizam
A caçadora intrépida e seu vulgar gaiolim,
Que me prenderam aos grilhões: de Amor cárcere!…

Coruja corveja, abre asas, corre célere,
Zomba de minha insensatez, por amar a quem
Não me ama, qual Lua solitária, do oceano aquém.

ROSA CEGA

Corre e abraça-me com abraços longos
E apertados... Olha-me olhos oblongos,
Perquirindo o Tempo pretérito na
Minha face rústica... Bela Dona

Que balança seus quadris de ondas do mar...
No azo, torno-me domador a domar
Minha dor tão madura!... Cai, qual fruto
Proibido de ósculos, no plano astuto

Da Serpente devoradora de olhos
Humanos. Eis que não vejo a luz tênue
No final do túnel!… Sim, cata-piolho

Brigou com fura-bolo na bacia, aiuê!
De algodão-doce… Ah! Porquanto Amor caolho
Esconde a rosa cega de seu buquê!…

ABRAÇOS AMARGOS

Instantâneo segundo, que passo sem olhar
Fundo nos olhos de minha Dama, uma náusea
Bruta brota no meu peito de árvore pérsea!…
Mas, o outono chega: eis pungente esse desfolhar

De olhos castanhos, tão castos quanto suaves são;
Que seduzem e encantam límpido coração
Aventureiro, qual Xerazade com lábias
Mil na boca enganadora… Loucas e sábias

Palavras misturam-se em grão caldo de cana…
A Noite dadivosa vem pé de mansinho,
Com seu odor de blandícia, carícia e carinho…

Sem pedir licença, entra perfume de alfana
Nas minhas narinas; ouço os passos mui largos
De minha Flor: eis nossos abraços amargos!…

PROCURA-SE UM TROPEÇO

Procurei um sentido no sem sentido que sente
A alma gemente da gente, que anda descontente
Com o Fado: artista arlequim, guizos de Lua algente,
Malcriada e fatal mulher de olho concupiscente.

De tanto procurar esqueci-me de achar o que
Procurava; como tenra criança com bilboquê,
A qual se esquece do tempo com terno brinquedo
Na mão cândida e venturosa. Sim, corro e quedo.

Almejo alcançar o infinito do pensamento,
Desbravar a aventura néscia do sentimento,
Destronar do meu coração trágico lamento.

Ó alma tremente! se logrei meu intento, conheço
O fim do fio da meada que procuro; o começo,
Mas é duro; por isso, quero lembrar… tropeço!

AMOR MADURO EM CAIXA DE CHUMBO

Tu inoculas teu veneno de serpe
Aleivosa, que me engana como Eva
Embrulhou Adão no Jardim do Éden. Treva
Logrou ambos com sua língua, trapuz, de erpe!

Mas, é doce a peçonha que me adoça
O Fado ingente. Louca, consomes chá
De meus passos, após receber crachá:
“Ando a servir ao próximo por troça!”

Tu és serpente tremente de ódio por mal
Que nunca fiz a ti, antes salvaguardei
Nosso Amor maduro em caixa de chumbo.

Se Amor adoeceu em profundeza abismal,
Certamente a ele jamais eu reservei
Maléficos intentos, sons de zumbo!

CORAÇÕES ENGRINALDADOS

Lembro-me do retrato na parede do nosso
Quarto de dormir. Nossos olhos enamorados clamam
Um pelo outro, em suspiros de desejos; declamam
Poemas eróticos às quatro paredes!… Que osso

É a vida!… Foi ontem que subimos, jungidos beijos,
A ladeira do tálamo. Tu estavas formosa;
Esplendias com todas as primaveras!… Oh! rosa
Do meu jardim de Amor e delícias… Onde queijos

De Lua se esconde do paladar da minha boca,
Fremente de prazer e gozo?… Sim, eis quão louca
Paixão me consome o íntimo meu ser… Quiçá ninguém

Me escute o dessegredo… Ó coelhinha na toca
De amores! acolhida nos meus braços de mouca
Libido, que pena sou na alcova mais um alguém!…

Fonte:
http://www.sonetos.com.br/meulivro.php?a=110

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Valmir Jordão (Do Tricentenário de Zumbi)


Quilombo,Angola-Janga,
guerreando pra viver em paz,
igualdade direito de todos
salvaguardado pelos Orixás.

N'zambi,Zombi,Zumbi grande chefe
engravidou a Serra da Barriga,
de negritude,coragem,resistência
quilombola guerreiro bom de briga.

Mombaça,Congo,Camarões,Daomé
África oceânica palmarina,
enfrentando o amargo do açúcar
escravidão,tortura,má-sina.

Malungos nas várias Senzalas
Quimbundo,Mandinga,Jeje,Yorubá
em fuga,derrubam paus mandados,
pra ter tempo de jogar o Caxangá.
--

quarta-feira, 31 de março de 2010

Márcia Maia (1951)



Márcia de Souza Leão Maia nasceu em Recife em 1951. Médica e poeta.

Teve seus poemas primeiramente publicados na Revista Poesia Sempre nº 15, da Fundação Biblioteca Nacional, em novembro de 2001. Apesar de ter começado a publicar recentemente Márcia é uma das poetas recifenses que vem ganhando destaque na cena literária pernambucana e o seu talento vem sendo reconhecido e seus livros premiados em vários concursos de poesia.

Em 2002, Espelhos foi premiado no 3º Concurso Blocos de Poesia; Cotidiana e virtual geometria ganhou o Prêmio Violeta Branca Menescal, concedido pelo Conselho de Cultura de Manaus, em 2007 e em 2008 o livro Onde a Minha Rolleiflex? venceu o Concurso de Poesia Eugênio Coimbra Júnior, promovido pelo Conselho de Cultura da Cidade do Recife.

Ainda nesse ano seu poema quase um réquiem obteve o segundo lugar no Prêmio Off-Flip.

Poeta articulada na intenet edita com regularidade os blogs tábua de marés e mudança de ventos e faz parte do site escritoras suicidas.

Livros:
Espelhos - Livro Rápido/Recife, 2003;
um tolo desejo de azul - Livro Rápido/Recife, 2003;
Olhares/Miradas - coleção Poetas de Orpheu, Livraria e Editora do Maneco, RS, 2004;
em queda livre - Edições Bagaço/Recife, 2005;
cotidiana e virtual geometria - Editora Muiraquitã/ Manaus, 2008.

Participação em coletâneas:
Antologia Poetrix - Editora Scortecci;São Paulo, 2002;
Antologia Escritas - Edição dos autores, 2004;
Poesia do Nascer (organizada por Mário Cordeiro), editada em Lisboa/Portugal, 2005;
Pernambuco, terra da poesia (organizada por Antônio Campos e Cláudia Cordeiro) – IMC/Escrituras, 2005;
Poesia nos Blogs, editada em Portugal - Apenas Livros Ltda, 2006;
Saboreando Palavras - SESC/MG, 2006.
Livro da Tribo - Editora da Tribo, 2004, 2005, 2007, 2008 e 2009.

blogs da poeta
http://tabuademares.blogger.com.br
http://mudancadeventos.blogger.com.br

Fonte:
http://www.interpoetica.com/

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Maciel Monteiro (1804 – 1868)


Maciel Monteiro (Antônio Peregrino M. M., 2º Barão de Itamaracá), médico, jornalista, diplomata, político, orador e poeta, nasceu em Recife, PE, em 30 de abril de 1804, e faleceu em Lisboa, Portugal, em 5 de janeiro de 1868.

É o patrono da Cadeira nº 27 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Joaquim Nabuco.

Era filho do Dr. Manuel Francisco Maciel Monteiro e de mulher Manuela Lins de Melo.

Fez estudos preparatórios em Olinda, seguindo, em 1823, para a França. Ingressou na Universidade de Paris, onde recebeu o grau de bacharel em Letras (1824), em Ciências (1826) e doutorou-se em Medicina (1829).

Regressou em 1829 ao Recife, onde exerceu alguns cargos médicos, mas logo abandonou a profissão pela política e pela diplomacia, carreira mais de acordo com sua índole mundana e social. Elegante, vaidoso, foi um perfeito galanteador, cujo talento poético se converteu em instrumento de esnobismo e volubilidade amorosa.

Foi vereador da Câmara Municipal e diretor do Teatro Público. Ligado ao Partido Conservador, foi eleito deputado provincial (1833) e geral (1834-1844 e 1850-1853), ministro dos Negócios Estrangeiros de 1837 e 1839 e, deste ano a 1844, diretor da Faculdade de Direito de Olinda. Nomeado membro do Conselho do Imperador em julho de 1841 e diretor geral da Instrução Pública em Pernambuco, em 1852.

Foi redator e colaborador de: O Lidador, órgão do Partido Republicano (Recife, 1845-1848); A Carranca, periódico político-moral-satírico-cômico (Recife, 1846); A União, órgão do Partido Conservador (Recife, 1848-1851).

Abandonando a política, foi para Lisboa em 1853, como enviado extraordinário e ministro plenipotenciário do Brasil. Teve boa atuação diplomática e tornou-se notório pelos serviços contra os moedeiros falsos de Lisboa no Brasil, o que lhe valeu o título de 2o Barão de Itamaracá. Estava a serviço do Brasil quando ali faleceu.

Seus restos mortais foram trasladados para Pernambuco em 1870 e encerrados em 1872 no mausoléu que a Câmara Municipal do Recife mandou erigir no cemitério do Senhor Bom Jesus da Redenção em Santo Amaro.

A sua formação cultural na Europa, o contato com o Romantismo francês e posteriormente com o Romantismo português determinaram a feição romântica da sua obra antes mesmo de se achar definido no Brasil o Romantismo. O poeta original caracterizou-se por ser quase um improvisador. Deixava poesias em álbuns de senhoras, em mãos de amigos, esparsas.

A sua melhor produção literária é representada pelas poesias lírico-amorosas, mas nada publicou além da tese de medicina, em francês, e algumas poesias e discursos parlamentares, entre os quais se destaca o que pronunciou em 10 de junho de 1851 acerca da abolição do tráfico negro, e isso revela duplo aspecto pouco conhecido de Maciel Monteiro: o orador e o abolicionista. Palavras suas: "sempre detestei a escravidão; a minha natureza como que se revolta à sombra de qualquer jugo"; "sempre me reputei abolicionista".

A fortuna crítica de Maciel Monteiro tem sofrido altos e baixos. Para Sílvio Romero, é um importante poeta de transição e um dos predecessores do lirismo hugoano; para José Veríssimo, uma simples lenda. Foi reabilitado na sua justa medida por José Aderaldo Castelo.

Obras:
Dissertation sur la nature, les symptômes de l'inflammation de l'arachnoïde et son rapport avec l'encephalite (1829);
Poesias, sob a direção de João Batista Regueira Costa e Alfredo de Carvalho (1905);
Discurso por ocasião da fundação da Sociedade de Medicina Pernambucana (4.4.1841), in: Anais de medicina pernambucana. Anais do parlamento brasileiro, de 1834 a 1853.

Fontes:
Academia Brasileira de Letras
http://pt.wikipedia.org