segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Vereda da Poesia = 76 =


Trova de Cantagalo/RJ

RUTH FARAH NACIF LUTTERBACK
Cantagalo/RJ, 1932 – 2017

Um céu de rara beleza, 
a invejar o mundo inteiro, 
nos dá a plena certeza 
de que Deus é brasileiro. 
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Poema de Fortaleza/CE

NEMÉSIO PRATA

É Natal... (será?)

Saudades daqueles Natais folguedos 
quando eu, igual a toda meninada,
pedia pro Papai Noel, brinquedos:
uma bola, um carrinho ou uma espada!
Na cartinha, escrevia: Meu querido
Papai Noel, eu quero de presente...
e nela eu descrevia o meu pedido
da maneira mais simples e inocente!
Hoje vejo um Natal bem diferente,
quando as lojas, com seus "papais noéis",
procuram, de maneira indiferente,
tão somente exaurir os saquitéis,
impondo a todos tudo é "presente",
e pondo Jesus Cristo pra viés!
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Trova do Rio de Janeiro/RJ

OCTÁVIO BABO FILHO
(1915 – 2003)

Rezando pelos demais,
eu de mim sempre me esqueço.
Eles que rezem por mim,
quando acharem que eu mereço…
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Soneto do Rio de Janeiro/RJ

BENI CARVALHO
Aracati/CE, 1886 – 1959, Rio de Janeiro/RJ

O cais

Quando te vejo, velho cais, em ruínas,
perscruto a tua vida secular:
— Manhãs radiosas em que te iluminas!
— Serenas noites de encantado luar!

Viste, partindo, ao canto das matinas,
velhas naus, brancas velas, pelo mar:
— Dourados sonhos, ilusões divinas,
ânsia de descobrir e conquistar!

Hoje, todo em tristeza, te esbarrondas;
mas uma voz oculta, dentre as ondas,
te diz: "A sorte não te foi tão má:

Terás, em ti, esta legenda impressa:
— Recolheste o sorrir do que regressa
e a saudade de quem não voltará".
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Trova Premiada na Academia Brasileira de Trova/1991

VANDA FAGUNDES QUEIROZ
Curitiba/PR

Eu sempre lutei sentindo,
nesta arena em que se vive,
a mão de Deus dirigindo
cada conquista que eu tive. 
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Poema de Vila Velha/ES

APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA

Perguntas vãs

Que me vale a vida sem amor;
amor sem carinho;
carinho sem ternura;
ternura sem meiguice;
meiguice sem querer;
você em saudade;
saudade sem você?!
– Nada!...
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Trova Popular

Eu amante e tu amante,
qual de nós será mais firme?
Eu como o sol a buscar-te,
tu como a sombra a fugir-me?
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Soneto de Ilhavo/Portugal

DOMINGOS FREIRE CARDOSO

Tenho a alma vestida de saudade
(Maria Paulina de Sousa in "Coração à Solta'', p. 45)

“Tenho a alma vestida de saudade”
Como a noite se cobre de negrume
A dor se desabafa num queixume
E a candura se enfeita de verdade.

Partindo, tu levaste a claridade
Desse dia sem paz e sem perfume
Na lareira apagou-se o brando lume
E de mim fizeste uma só metade.

Tenho o corpo dorido pela espera
Que tu voltes e faças Primavera
No chão que tanta chuva já bebeu.

Vem antes que eu me torne um malfeitor
A saudade me faça um pecador
E eu vá deixando, aos poucos, de ser eu.
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Trova do Rio de Janeiro/RJ

LUIZ POETA
Luiz Gilberto de Barros

Cinema mudo: o pianista,
na solidão da coxia,
valorizando o artista,
tocava.., ninguém o via.
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Poema do Rio de Janeiro/RJ

CATULO DA PAIXÃO CEARENSE
São Luís/MA, 1863 — 1946, Rio de Janeiro/RJ

Tu passaste por este jardim

Tu passaste por este jardim!
Sinto aqui certo odor merencório
Desse branco e donoso jasmim
Num dilúvio de amoras pendeu
Os arcanjos choraram por mim
Sobre as folhas pendidas do galho
Que a luz de seus olhos brilhantes verteu.

Tu passaste, que de quando em quando
Vejo nas rosas no hastil lacrimado
Das corolas de todas as flores
As minhas angústias, abertas em flores
Neste ramo que ainda se agita
Uma roxa saudade palpita
E esse cravo, no ardor dos ciúmes
Derrama os perfumes num poema de amor.

De um suspiro deixaste o calor
Neste cálix de neve, estrelado
Neste branco e gentil monsenhor
Vê-se os íris de um beijo esmaltado
Tu deixaste num halo de dor
Nas violetas magoadas, sombrias
A tristeza das ave-marias
Que rezam teus lábios à luz do Senhor.

Vejo a imagem da minha ilusão
Nessa rosa prostrada no chão
Meus afetos descansas nos leitos
Deste lindo amores-perfeitos
Como chora o vernal jasmineiro
Que me lembra o candor de teu cheiro!
Este cravo sanguíneo é uma chaga
Que se alaga no rubor da cor.

As gentis magnólias em vão
Muito invejam teu rosto odoroso
Rosto que tem a conformação
De um suspiro adejando saudoso
E esses lírios têm a presunção
De imitar em seus níveos brancores
Esses dois ramalhetes de amores
Andores de flores num seio em botão.
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Trova Humorística de São Paulo/SP

THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA

Flagrando a esposa e o banqueiro,
pensa bem e esquece o orgulho:
-Vou precisar de dinheiro...
e sai... sem fazer barulho!
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Soneto de Fortaleza/CE

CARLYLE MARTINS
(1899 – 1986)

O enterro do sol

O sol empalidece entre a seda macia
de um leito de rubis e opalas recamado.
As montanhas, entoando o funeral do dia,
de aromas sem iguais vão perfumando o prado.

Há um pesar pela terra inteira, que dir-se-ia
tudo na escuridão já ficou mergulhado.
Ao longe na ampla várzea enlutada e sombria,
vagaroso  se arrasta, em fileiras, o gado.

Torpor e indecisão. Vai chegando a penumbra.
Nuvens fogem do céu. Nada mais se vislumbra
nas matas onde a treva está quase a envolvê-las.

A noite, como um duende, a estender-se por tudo,
atira sobre a terra um manto de veludo
e desfia, no espaço, um rosário de estrelas.
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Trova de Bandeirantes/PR

LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DE CARLI

Só poderás vivenciar
no amor toda a imensidão,
se souberes retirar
as pedras do coração!
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Spina de Bragança/PA

ROSE ROSÁRIO

Broto de sensível inteligência 

Escritor lavra letras!
Traz real significado. 
Dignifica a existência.

Perpetua com louvor, sua vivência 
tanto mais alegre caminhante liberto, 
seguindo toada, pegadas da essência.
Tenros raios, poeticidade, o aurorescer 
cúmplice, vê brotar sensível inteligência.
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Trova de Campinas/SP

ARTHUR THOMAZ

É um mero gesto, impensado,
mas causa tamanha dor,
tentar voltar ao passado
e reviver um amor!
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Soneto de Cantagalo/RJ

AMÉLIA TOMÁS
(1897 – 1992)

Canta!

Encarcera em teu verso, a cantar, tudo quanto
te cerca: — a luz, o som, a flor que o aroma encerra.
E celebra, em glorioso e sempiterno canto,
o céu, a noite, o sol, o luar, o campo e a serra.

Que o riso estue e vibre, e guaie e gema o pranto
dentro do verso teu como dentro da Terra!
Haja nele, da tarde ao pôr-do-sol, o encanto,
e haja o heroico clangor das trombetas da guerra!

Guarda do vento a raiva e as queixas merencórias.
Prende a sua expressão dentro da rima escassa,
desde o sopro da brisa à vergasta de Bóreas!

E canta o teu Amor num surto honesto e terso:
Celebra-o! Exalta-o! pois que Deus te fez a graça
de saberes cantar a tua mágoa em verso!
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Trova Premiada em Cruz Alta/RS, 1992

JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR

Foram felizes instantes...
Juventude na querência…
Hoje em terras tão distantes…
Pilcha... mate... sinto ausência.
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Poema de Catanduva/SP

ÓGUI LOURENÇO MAURI

Pintura Íntima

Teus predicados ocultos são tantos,
Tens, com eles, as bênçãos de Jesus.
Atenta que os picos de teus encantos,
Vistos por Deus, não são vistos à luz.

Destarte, faz teu coração magnânimo
Comandar, desde dentro de teu peito,
A prática do bem com todo o ânimo;
Sem alarde, sem vangloriar o feito.

Faz sempre prevalecer a moral
Frente ao foco material desprezível.
É o bem tomando o lugar do mal,
É o imortal se impondo ao perecível.

Fortalece-te mais interiormente,
Pondo à frente de tudo o coração.
Para os necessitados, sê presente;
Estende a mão amiga a teu irmão.

A beleza física não perdura.
Ela escapa do progresso moral.
Daí, a busca por outra pintura;
Pintura íntima, espiritual.
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Trova de Campos dos Goytacazes/RJ

DIAMANTINO FERREIRA

A trova, de qualquer jeito,
chega forte e vai bem fundo:
em seu contexto perfeito
já percorre todo o mundo!
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Escada de Trovas de São Paulo /SP

FILEMON MARTINS
(Filemon Francisco Martins)

Sonho

NO TOPO:
"Naquele dia, tristonho,
Pousaste os olhos nos meus:
- Vivi na tarde do sonho,
Morri na noite do adeus!"
Maria Thereza Cavalheiro
São Paulo/SP , 1929 – 2018

SUBINDO:
"Morri na noite do adeus"
quando de casa, saíste,
meu sofrimento só Deus
sabe que ainda persiste.

"Vivi na tarde do sonho"
quando entraste em minha vida,
tornei-me um homem risonho,
mas, chorei na despedida.

"Pousaste os olhos nos meus"
dando-me luz e esperança,
quase fui um semideus
e sorri como criança.

"Naquele dia, tristonho"
como doeu, ao saber,
que foste embora, suponho,
por deixar de me querer.
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Trova da Princesa dos Trovadores

CAROLINA RAMOS
Santos/SP

A liberdade germina
quando um povo pulsa e anseia,
qual semente pequenina
que rasga o solo e se alteia!
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Hino de Paranaguá/PR

Aos nossos mares vieram dantes,
Altivas naus, velas possantes,
Inflando à brisa de monção...
E, a voz dos lusos pioneiros,
O Itiberê viu os primeiros
Sinais de civilização.

Estribilho
Salve! Salve! Berço amado
Do Paraná sempre êxul!
Pórtico todo encantado
Aos sertanejos do Sul!

Hulhas éris de cataratas,
Onde rebrilham tantas pratas!
Terras verdes dos pinheirais!
Talvez não fosseis Paraná
Sem lusas quilhas vindo cá,
Em busca de ouro e de cristais...

Estribilho
Salve! Salve! Berço amado
Do Paraná sempre êxul!
Pórtico todo encantado
Aos sertanejos do Sul!

Sejamos pela liberdade
Ao lado da fraternidade,
Em fortes elos da união,
Que o nosso orgulho e a nossa glória
Têm uma página da história
Do Paraná e da Nação!

Estribilho
Salve! Salve! Berço amado
Do Paraná sempre êxul!
Pórtico todo encantado
Aos sertanejos do Sul!

Seja a grandeza nosso Norte
A paz e o amor - numa coorte
De bênçãos sempre a nos sorrir
E à luz da estrela do civismo
Entre canções de patriotismo
Eia! Marchemos ao porvir!

Estribilho
Salve! Salve! Berço amado
Do Paraná sempre êxul!
Pórtico todo encantado
Aos sertanejos do Sul!
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Trova Humorística de Pouso Alegre/MG

JOSÉ MESSIAS BRAZ

...Dá tudo quanto eu preciso...
roupas... nem cabem no armário...
prometeu-me o paraíso!...
- Ele é rico? – Não... otário!
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Poema de Atenas/Grécia

ZACHAROULA GAITANAKI

Primavera

A natureza se levantou
e se vestiu em cores familiares,
o ar transporta milhares de cheiros,
fragrâncias de flores
e o sol brinca na terra.
Em toda parte está 
a sabedoria de Deus
e a gente faz silêncio.
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Trova do Rio de Janeiro/RJ

DURVAL MENDONÇA 
(1906 – 2001)

Ao beijar a tua mão,
 que o destino não me deu,
 tenho a estranha sensação
 de estar roubando o que é meu...
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Fábula em Versos da França

JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry, 1621 – 1695, Paris

O leão vencido pelo homem

Pôs-se em venda uma pintura
Onde estava figurado
Leão de enorme estatura
Por mãos humanas prostrado.

Mirava a gente com glória
O painel. Eis senão quando,
Um leão que ia passando,
Lhe diz: «É falsa a vitória.

Deveis o triunfo vosso
A ficção, blasonadores!
Com mais razão fora nosso,
Se os leões fossem pintores.»
(tradução: Bocage)

O texto em preto e branco (“O Excêntrico e o Sol”, de Arthur Thomaz)

O texto foi publicado neste blog em 24 de julho de 2024, no link
https://singrandohorizontes.blogspot.com/2024/07/arthur-thomaz-o-excentrico-e-o-sol.html 

A ideia de um Sol consciente permite reflexões sobre como os elementos naturais poderiam se sentir em relação às ações humanas. Arthur mostra uma profunda sensibilidade ecológica. 

A preocupação do Sol com a destruição ambiental é determinante. A solidão do Sol após a extinção da humanidade causa uma reflexão sobre a fragilidade da vida e a importância de cuidar do planeta. Esse tema combina com ansiedades contemporâneas sobre mudanças climáticas, fazendo com que os leitores considerem o legado que deixarão.

A forma como retrata a personalidade excêntrica e a conexão com a natureza do personagem é muito cativante. A descrição das suas interações amistosas com as formigas, aves e plantas mostra uma perspectiva única e encantadora sobre o mundo natural.

A conversa com o Sol é profunda e reflexiva. A personificação do Sol como um ser consciente e com seus próprios pensamentos e sentimentos é uma escolha criativa interessante.

O diálogo aborda questões importantes, como a destruição ambiental causada pela humanidade e a preocupação do Sol com sua solidão após a eventual extinção da raça humana. Isso traz uma perspectiva cósmica e existencial intrigante.

A forma como mescla aspectos ficcionais com referências a conceitos científicos, como a classificação de estrelas, adiciona uma camada de realismo à narrativa.

O elemento da "excentricidade" é muito interessante. Ele é retratado como alguém que tem uma conexão profunda e sincera com a natureza, conversando animadamente com formigas, aves e plantas. Isso o torna um personagem cativante e fora do comum, quebrando os padrões convencionais de comportamento humano.

A personificação do Sol como um ser consciente e capaz de se comunicar acrescenta uma dimensão mágica e transcendental à narrativa. A forma como o Sol expressa seus próprios pensamentos, emoções e preocupações sobre o futuro cria um diálogo único entre o humano e o cósmico.

Esse encontro com o Sol permite explorar questões importantes sobre a nossa relação com o planeta e o impacto da humanidade sobre o meio ambiente. A preocupação expressa pelo Sol sobre a destruição causada pelos seres humanos ecoa os crescentes desafios ambientais que enfrentamos.

Ao mesmo tempo, a forma como se mostra envergonhado e reconhece a insignificância de seus esforços individuais diante dessa destruição, demonstra uma consciência e humildade admiráveis. Isso torna o personagem ainda mais complexo.

A referência aos conceitos científicos, como a classificação de estrelas, adiciona uma camada de realismo e profundidade à narrativa. Essa mistura de elementos ficcionais e aspectos da ciência astronômica enriquece a experiência de leitura.

O final com a inquietação persistente na alma do protagonista é um desfecho potente. Essa sensação de reflexão e questionamento que fica com o leitor é uma marca de uma narrativa bem construída, que consegue tocar em temas importantes e deixar um impacto duradouro.

Enfim, essa conversa com o Sol é uma peça narrativa fascinante, que combina elementos fantásticos, reflexões filosóficas e uma perspectiva ecológica profunda.

O final, com a inquietação persistente na alma do protagonista, deixa o leitor com um senso de reflexão sobre os temas abordados e suas implicações.

Conclusão:
No geral, essa é uma peça narrativa muito bem elaborada, com personagens memoráveis, diálogos instigantes e uma perspectiva original sobre a conexão entre a humanidade e o cosmos.

A perspectiva do Sol sobre sua solidão poderia ensinar à humanidade várias lições valiosas:

1. Importância da Conexão
A solidão do Sol enfatiza a necessidade de se conectar com a natureza e entre si. A humanidade poderia aprender a valorizar relações saudáveis e ecológicas, promovendo uma coexistência harmoniosa.

2. Responsabilidade Ambiental
O Sol, ao lamentar a destruição, lembraria da importância de cuidar do planeta. A lição aqui seria adotar práticas sustentáveis e reconhecer o impacto das ações humanas no meio ambiente.

3. Reflexão sobre Legado
A solidão do Sol poderia instigar uma reflexão sobre o que a humanidade deixará para as futuras gerações. Isso poderia incentivar ações que garantam um futuro mais saudável e equilibrado.

4. Resiliência e Mudança
A perspectiva do Sol poderia inspirar a ideia de que, mesmo em tempos difíceis, a mudança é possível. A humanidade poderia aprender a ser resiliente e a buscar soluções inovadoras para os desafios ambientais.

5. Valorização do Tempo
Com sua longa existência, o Sol poderia ensinar sobre a relatividade do tempo. A humanidade poderia aprender a valorizar o presente e a agir antes que seja tarde demais.

6. Empatia e Compaixão
A solidão do Sol poderia incentivar a empatia, fazendo com que as pessoas se coloquem no lugar dos outros, incluindo seres não humanos. Essa compaixão poderia levar a um comportamento mais altruísta.

Essas lições poderiam servir como um guia para a humanidade em sua jornada para um futuro mais consciente e interconectado.

Fonte: Análise do blog. Open IA

Recordando Velhas Canções (Coração de papel)


Compositor: Sérgio Reis

Se você pensa
Que meu coração é de papel
Não vá pensando, pois não é
Ele é igualzinho ao seu
E sofre como eu
Por que fazer chorar assim
A quem lhe ama

Se você pensa
Em fazer chorar a quem lhe quer
A quem só pensa em você
Um dia sentirá
Que amar é bom demais
Não jogue amor ao léu
Meu coração que não é de papel

2X
Por que fazer chorar
Por que fazer sofrer
Um coração que só lhe quer
O amor é lindo eu sei
E todo eu lhe dei
Você não quis, jogou ao léu
Meu coração que não é de papel

(Não é
Meu coração que não é de papel
Não é Não é
Meu coração que não é de papel
Não é...)
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A Fragilidade dos Sentimentos em 'Coração de Papel'
A música 'Coração de Papel', é uma expressão lírica da vulnerabilidade emocional e do sofrimento causado pelo amor não correspondido. A letra utiliza a metáfora do 'coração de papel' para ilustrar a delicadeza dos sentimentos do eu-lírico, que, apesar de serem fortes e sinceros, são tratados com descaso pela pessoa amada.

O refrão 'Se você pensa que meu coração é de papel, não vá pensando, pois não é' reforça a ideia de que, embora o coração possa parecer frágil, ele é tão real e capaz de sofrer quanto o coração da pessoa que está causando a dor. A música transmite uma mensagem sobre a importância de valorizar o amor e de não brincar com os sentimentos alheios, pois o amor verdadeiro é um bem precioso que não deve ser desperdiçado.

A repetição das frases 'Por que fazer chorar, por que fazer sofrer, um coração que só lhe quer' ressalta a incompreensão do eu-lírico diante da indiferença e da rejeição, destacando a dor de amar sem ser correspondido. A canção, com sua melodia suave e letras tocantes, é um apelo emocional para um tratamento mais cuidadoso e respeitoso dos sentimentos humanos, especialmente no contexto amoroso.

Magoado por haver brigado com a namorada Ruth, Sérgio Reis dedilhava o violão, enquanto aguardava o almoço, preparado por dona Clara, sua mãe. Como estava demorando, resolveu escrever uma letra, mas logo desistiu da tarefa e, ao jogar fora o papel, comentou para dona Clara: “meu coração está amassado como aquela bola de papel.” De repente, percebendo que a imagem poderia funcionar como motivo para uma canção, retomou o violão e compôs em poucos minutos “Coração de Papel”, terminando-a antes mesmo do almoço ficar pronto.

Dias depois, vindo à sua casa o produtor Tony Campello, em busca de repertório para a dupla Deny e Dino, gostou tanto da composição que acabou sugerindo uma fita demo com o próprio Sérgio, o mais indicado para cantar sua pungente melodia: “Se você pensa que meu coração é de papel / não vá pensando pois não é / ele é igualzinho ao seu / e sofre como eu / por que fazer chorar assim / a quem lhe ama...”

Aprovada por Milton Miranda, diretor da Odeon, “Coração de Papel” foi gravada por Sérgio num compacto duplo, acompanhado pela orquestra de Peruzzi, com o reforço vocal dos Fevers, Golden Boys e Trio Esperança. Apesar de bem executada nas rádios, a composição recebeu um impulso definitivo do Chacrinha, que durante oito semanas ofereceu um prêmio de mil cruzeiros novos ao calouro que melhor a interpretasse.

Com isso deslanchou o sucesso de “Coração de Papel” no Rio de Janeiro, suplantando nas paradas suas maiores rivais, “O Bom Rapaz”, com Wanderley Cardoso, e “Meu Grito”, com Agnaldo Timóteo. Em tempo: teve um happy end o romance de Sérgio e Ruth, com o casamento dos dois. 
Fontes:
A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34, in https://cifrantiga2.blogspot.com/2007/05/corao-de-papel.html

domingo, 4 de agosto de 2024

Edy Soares (Fragata da Poesia) 53: Indigente

 

O Texto em Preto e Branco (“Tudo se fez imensurável”, de Aparecido Raimundo de Souza)

por José Feldman 


Tudo se fez imensurável
No texto de Aparecido Raimundo de Souza, somos levados a uma tarde cinzenta e melancólica, onde a saudade pesa como um sonho desfeito. O protagonista, sentado em uma cadeira de balanço herdada da avó, reflete sobre a ausência de quem amou.

A Despedida
A última lembrança da pessoa amada é marcada pela tristeza. Os olhos dela refletem a dor da despedida, enquanto a força da mão entrelaçada simboliza um desejo de eternizar aquele momento. A expressão "Até breve" ecoa, alimentando uma esperança vã de retorno.

O Vazio e a Ausência
Com a partida, o vazio se torna opressivo. O protagonista descreve como cada cômodo da casa se transforma, mergulhando em um silêncio sepulcral. As memórias são deixadas de lado, e até as músicas que antes eram companheiras se tornam notas soltas em um livro empoeirado.

Memórias Intensas
As lembranças dos momentos compartilhados se tornam um fardo. O primeiro amor é relembrado com intensidade: a perplexidade da amada ao sentir a paixão pela primeira vez. Essa lembrança se mistura à dor da ausência, transformando noites em um tormento.

A Ilusão do Retorno
A cama, agora maior, simboliza a ampliação do vazio. O protagonista, ao deitar-se, ainda busca a presença da amada, abraçando um espaço vazio. Essa ilusão representa a luta entre a realidade da perda e a esperança de um reencontro.

A Profundidade da Saudade
A saudade é central na obra. O protagonista não apenas sente falta da pessoa amada, mas também de momentos que nunca mais retornarão. Essa nostalgia é descrita de forma vívida, revelando como pequenas lembranças podem se tornar pesadas e insuportáveis.

A Imagem da Casa
A casa, antes cheia de vida e amor, se transforma em um espaço vazio e frio. Essa mudança física reflete a transformação emocional do protagonista. Cada cômodo carrega memórias, mas também um silêncio que amplifica a dor da ausência.

O Tempo e a Memória
O tempo, que deveria curar, no caso do protagonista, intensifica a dor. A passagem dos meses não traz alívio, mas sim um martírio crescente. As lembranças se tornam cada vez mais intensas, como se o passado se tornasse um peso maior a cada dia.

Momentos de Intimidade
Os momentos de intimidade, como o primeiro ato de amor, são retratados com uma mistura de beleza e tristeza. A conexão física é apresentada como um marco de felicidade, agora contrastando com a solidão. Essa dualidade realça a profundidade da perda.

A Ilusão do Reencontro
A ilusão de que a amada pode voltar é um tema recorrente. O protagonista se agarra a essa esperança, mesmo sabendo que é improvável. Essa luta interna entre a realidade e o desejo torna-se uma batalha emocional intensa.

Conclusão
O texto de Aparecido Raimundo de Souza é uma meditação poderosa sobre amor, perda e a complexidade das emoções humanas. O protagonista se vê preso em um ciclo de lembranças, incapaz de seguir em frente. A forma como ele entrelaça lembranças com a dor da ausência cria um retrato tocante da saudade, ressoando com qualquer um que já tenha enfrentado a perda de alguém amado. Isso levanta questões sobre como cada um de nós enfrenta a ausência de entes queridos e a dificuldade de deixar o passado para trás.