sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Recordando Velhas Canções (Maria!)


Compositores: Luís Peixoto e Ary Barroso

Maria!
O teu nome principia
Na palma da minha mão
E cabe bem direitinho
Dentro do meu coração Maria

Maria!
De olhos claros cor do dia
Como os de Nosso Senhor
Eu por vê-los tão de perto
Fiquei ceguinho de amor Maria

No dia, minha querida
Em que juntinhos na vida
Nós dois nos quisermos bem
A noite em nosso cantinho
Hei de chamar-te baixinho
Não hás de ouvir mais ninguém, Maria!

Maria!
Era o nome que dizia
Quando aprendi a falar
Da avózinha coitadinha
Que não canso de chorar Maria

Maria!
E quando eu morar contigo
Tu hás de ver que perigo
Que isso vai ser, ai, meu Deus
Vai nascer todos os dias
Uma porção de Marias
De olhinhos da cor do teus
Maria!, Maria!
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A Devoção e a Beleza de 'Maria' por Ary Barroso
A música 'Maria' de Ary Barroso é uma ode ao amor e à devoção, expressa de maneira poética e sentimental. A letra começa com uma declaração de que o nome 'Maria' está gravado na palma da mão do narrador e dentro do seu coração, simbolizando a profundidade e a permanência desse amor. A repetição do nome 'Maria' ao longo da canção reforça a importância e a centralidade dessa figura na vida do narrador.

A canção também faz uma comparação entre os olhos de Maria e os de Nosso Senhor, destacando a pureza e a divindade que o narrador enxerga nela. A metáfora de ficar 'ceguinho de amor' ao ver os olhos de Maria de perto sugere que o amor é tão intenso que ofusca a visão, uma expressão comum para descrever a cegueira causada pela paixão. A letra continua a explorar a ideia de um futuro juntos, onde o narrador imagina um cenário de intimidade e exclusividade, onde apenas Maria será ouvida.

Além disso, a música traz uma dimensão nostálgica ao mencionar que 'Maria' era o nome que o narrador dizia quando aprendeu a falar, referindo-se à sua avó. Isso adiciona uma camada de ternura e saudade, mostrando que o nome 'Maria' carrega um significado profundo e pessoal. A canção termina com uma visão otimista e alegre de um futuro onde o amor entre o narrador e Maria dará origem a muitas outras 'Marias', simbolizando a continuidade e a multiplicação desse amor. Ary Barroso, conhecido por suas composições que exaltam a beleza e a emoção, consegue capturar a essência do amor romântico e familiar em 'Maria'.

A necessidade urgente de uma música inédita para a peça teatral "Me deixa Ioiê" fez Luiz Peixoto criar os versos deste samba-canção sobre a melodia de "Bahia", uma composição pouco conhecida de Ary Barroso.

O nome Maria, que muito bem substituiu o do samba original, era uma homenagem à estrela da peça, a bela atriz portuguesa Maria Sampaio, famosa também pelo seu talento. Esforçando-se para impressionar a homenageada, Peixoto caprichou nos versos, sendo Maria uma de suas melhores produções.

Só o início - "Maria, o teu nome principia / na palma da minha mão... - já vale por um poema, e dos bons. Gravado duas vezes por Sílvio Caldas, este samba foi sucesso em 1934 e 1940.

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