Compositores: Adelino Moreira/ Enzo de Almeida Passos
Negue o teu amor e o teu carinho
Diga que você já me esqueceu
Pise, machucando com jeitinho
Este coração que ainda é teu
Diga que o meu pranto é covardia
Mas não esqueça
Que você foi minha um dia!
Diga que já não me quer!
Negue que me pertenceu
Que eu mostro a boca molhada
E ainda marcada pelo beijo teu
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A Dor do Amor em 'Negue'
A música 'Negue', interpretada pelo icônico Nelson Gonçalves, é uma verdadeira viagem ao universo da dor e da saudade que o amor pode deixar. A letra da canção é um apelo emocionado de alguém que foi deixado para trás, mas que ainda guarda as marcas profundas de um amor que parece não ter fim. Através de palavras que expressam a negação e o pedido para que o outro admita que o amor existiu, a música toca em um ponto sensível de quem já viveu um amor intenso que chegou ao fim.
Nelson Gonçalves, conhecido por sua voz marcante e interpretações cheias de sentimento, dá vida à letra de uma forma que é quase possível sentir a dor do narrador. A música utiliza a metáfora do coração machucado e do pranto como covardia para expressar a vulnerabilidade de quem ama. O pedido para que o outro negue o amor e o carinho, enquanto ao mesmo tempo se mostra a prova física desse amor - a boca ainda marcada pelo beijo - é um contraste poderoso que revela a complexidade dos sentimentos envolvidos.
Culturalmente, 'Negue' se encaixa no estilo de música romântica brasileira, onde a expressão da dor e da paixão são frequentemente exploradas. Nelson Gonçalves foi um dos grandes nomes da era de ouro do rádio no Brasil, e suas músicas muitas vezes refletiam os altos e baixos do amor, um tema universal e atemporal. 'Negue' é um exemplo clássico dessa temática, e continua a ressoar com ouvintes de todas as idades, pois fala de um sentimento que muitos conhecem de perto: a dificuldade de deixar ir um grande amor.
Vários cantores de diferentes épocas e estilos — Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Agostinho dos Santos, Maria Bethânia, Ney Matogrosso gravaram “Negue”, o que atesta o prestígio deste samba, um dos melhores de Adelino Moreira.
Interpretada de forma veemente, como pedem os seus versos (“Diga que já não me quer / negue que me pertenceu / que eu mostro a boca molhada / e ainda manchada / pelo beijo seu...”), a composição foi o grande sucesso de Adelino (parceria com Enzo de Almeida Passos) no fértil ano de 1960, quando ele abastecia os repertórios de Nelson Gonçalves, Carlos Augusto e Núbia Lafayette.
Aliás, foi o cearense Carlos Augusto (Carlos Antônio de Souza Moreira) quem puxou o sucesso da composição. Em 1983, “Negue” seria regravada pelo grupo punk Camisa de Vênus
Fontes:
A Canção no Tempo - Vol. 2 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Ed. 34
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