Compositor: Oscar de Almeida
Há quanto tempo saudoso
Procuro em vão Colombina
Sumiu-se a treda ladina
Deixou-me em trevas choroso
Procuro-a sim como um louco
Nos becos, nas avenidas
As esperanças perdidas
Tendo-as vou já pouco a pouco
Se em todo o carnaval
Não conseguir ao menos
Seu rosto fitar
Palavra de Pierrô
Eu juro me matar
Não posso suportar
Esta cruel ausência
Que me afoga em dor
Meu coração morrer
Sinto de amor
É dia de risos e flores
Todos folgam só eu não
Ela, talvez num cordão
Procure novos amores
Oh! Companheira impiedosa
Vê que suplício cruel
Vejo a minha alma afogar-se
Num oceano de fel
Oh! Vós que acabais de ouvir
Meu pranto, meu padecer
Tenho um pedido a fazer
Tenham dó do meu carpir
Se encontrarem Colombina
Que é da minha alma o vigor
Digam-lhe que assim se fina
Procurando-a, seu Pierrô
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Antes do advento do samba e da marchinha, fazia sucesso no carnaval qualquer tipo de música, nem sempre alegre, como é o caso de "Pierrô e Colombina". Também chamada de "O despertar de Pierrô" e "Paixão de Pierrô", esta valsa de versos ("A vós que acabais de ouvir meu pranto, meu padecer / quero um pedido fazer / tenham dó do meu carpir...") e melodia carregados de tristeza, tomou conta do Rio de Janeiro nos carnavais de 1915 e 16, por paradoxal que possa parecer.
Conhecido por fazer versos de improviso, cantando e tocando modinhas ao violão. Em 1915 compôs “Pierrô e Colombina” (ou “Paixão de Pierrô”), grande sucesso no carnaval daquele ano e também no seguinte. Esta composição ao que parece, foi apresentada em primeira audição pública numa batalha de confete na Rua Dona Zulmira em Vila Izabel pela banda do Grupo do Camisa Preta. A valsa foi tão cantada pelas ruas naqueles carnavais que teve a letra deturpada, o que levou o autor a escrever carta ao Jornal do Brasil solicitando a transcrição da letra correta no que foi atendido. A composição foi gravada na Odeon pelo cantor Carlos Lima. Durante algum tempo houve uma polêmica a respeito de uma possível parceria com Eduardo das Neves nessa valsa, o que foi desmentido por Almirante que afirmou ser a autoria da melodia e da letra integralmente do carteiro.
Fontes: – A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.
– Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. – Ricardo Cravo Albin – 2021.
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