– Nenhum obstáculo pode ser maior que o nosso amor- pensou ela. Se despediu de dona Branca, das meninas, que com suas histórias de vida a fizeram entender um pouco mais sobre as hipocrisias e desigualdades sociais, e partiu ao lado de João, em seu caminhão. E ele fez questão de devolvê-la sã e salva ao Pampa Riograndense.
- Obrigada, amigo.
- Um homem de caráter jamais desampara uma mulher, seja ela sua mãe, esposa, irmã ou amiga – disse João.
As moças da casa de dona Branca estavam emocionadas, pois Isadora estava indo ao encontro do sonho da vida de muitas delas: encontrar o amor. O amor verdadeiro que a má sorte lhes negou. Depois de uma longa e cansativa viagem, chegaram em Cachoeira do Sul. E seguiram até a fazenda onde Genuíno trabalhava e morava.
Ao avistá-lo em meio ao arrozal, a prenda correu para os braços do peão. João manteve certa distância, respeitando aquele momento importante e decisivo na vida de sua amiga.
- O que fazes aqui? - pensei que tivesses partido para nunca mais voltar – disse Genuíno, surpreso.- Estive longe, mas voltei. Voltei por ti e para ti. E então se abraçaram e trocaram um longo beijo.
- E eu, fico aqui, segurando vela. Pensou João com um sorriso de satisfação.
O casal de amantes estavam, sim, decididos a enfrentar o senhor Antônio, Fábio e quem mais fosse preciso. Isadora apresentou seu amigo a Genuíno. E seguiram rumo à fazenda “Prenda Bonita”. Estavam ansiosos. E tentavam conversar e se distraírem com as lindas paisagens naturais do lugar.
- Apesar de conhecer só uns pedaços do Rio Grande, aqui também me parece ser um belo lugar para se viver – falou João com entusiasmo. Isadora retornou a sua casa, protegida pelo seu amor e seu amigo. Era hora de almoço e o senhor Antônio devorava um pescoço de frango quando eles chegaram de surpresa.
- Fia. Onde tu andava esse tempo todo? O que esse peão tá fazendo aqui e quem esse outro que não conheço?
- João é meu amigo. E este peão, é o meu amor. Fugi para a Bahia. Fugi de suas tiranias e das garras de Fábio. Mas voltei. Voltei para lutar pelo meu amor. Nem o senhor, e nem mais ninguém vai impedir minha felicidade.
- Fia. Tu não deve tá no teu juízo perfeito. Ele não combina contigo. – diz o velho, certamente se referindo à cor de pele de Genuíno.
- Por que não combino com sua filha? Porque sou preto? Pois fique o senhor sabendo que sou mais limpo e mais honesto do que muito brancos por aí...
- Voceis são amantes? - Sim, pai. Somos. Mas só por enquanto. Vou pedir o divórcio a Fábio. E logo estaremos livres para nos casarmos. O senhor Antônio empurrou o prato, ergueu -se, abriu a boca e levantou o dedo na tentativa de dizer alguma coisa, mas sofreu um infarto fulminante.
O real motivo da causa da morte do velho logo se espalhou. E Fábio, temendo as zombarias por ter sido passado para trás pela mulher, desapareceu.
Dias se passaram. Isadora tomou a frente das terras que eram do seu pai, reabriu a escola da região, e passou a dar aulas em dois turnos: à tarde, para as crianças, e à noite, para os adultos, que por falta de oportunidade ainda eram semi ou totalmente analfabetos.
Padre Orestes deu o casamento de Isadora e Fábio por anulado, devido ao seu desaparecimento. Assim, ela se casou com Genuíno. E em grande festa junto de amigos, alunos e os peões de sua fazenda, celebrou a vitória do amor.
A família de Enila permaneceu unida. E mais felizes do que nunca com a notícia de sua gravidez.
Amélia e Pedro estavam com a relação estremecida por razões de desconfianças e ciúmes, mas apesar dos boatos de traição da mulher com seu amigo Simão continuarem a todo vapor entre colegas, eles fizeram as pazes. E voltaram a se amar ardentemente.
Os demais trabalhadores estavam muito contentes com a fazenda sob a direção de Isadora e Genuíno, que tinham agora a difícil missão de impedir a total falência das produções geradas naquelas terras.
João retornou a Salvador, deixando a promessa de revisitar a terra do arroz em breve. E vó Gorda... Ah... Vó Gorda permanecia à espreita, observando tudo e rezando por todos...
FIM!
Fonte: Texto enviado pela autora.
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