sexta-feira, 16 de agosto de 2024

O texto literário em Preto e Branco (“A Tulha da Fazenda”, de Olga Agulhon)

Publicado neste blog em 12 de maio de 2012,


TEMAS PRINCIPAIS

Morte e Luto:
A narrativa gira em torno da tragédia da morte do filho de Yoshida, que marca a fazenda com um luto silencioso. A tulha se torna um símbolo desse luto, representando a dor não resolvida da família.

Medo e Superstição:
A crença nas histórias de assombração reflete o medo infantil e as superstições que permeiam a vida rural. A figura do menino que chama pela família evoca um temor profundo que se transforma em desafio entre as crianças.

Mudança e Abandono:
A transição da fazenda, do cultivo de café para a soja e trigo, simboliza mudanças econômicas e sociais. A tulha, inicialmente próspera, se torna um espaço de abandono, refletindo a perda de tradições.

Natureza e Renascimento:
O surgimento do pé de chorão após a derrubada da tulha sugere um renascimento. A natureza, ao crescer sobre o local do túmulo, representa a cura e a libertação da dor.

PERSONAGENS

Narradora:
Representa a curiosidade infantil e a bravura, mas também a vulnerabilidade diante do sobrenatural.

Carlinhos:
O provocador que personifica o medo e a coragem juvenil, simbolizando a dinâmica entre crença e ceticismo.

Senhor Yoshida:
O pai enlutado que, ao enterrar seu filho, transforma a tulha em um símbolo de sua dor.

ESTILO E ESTRUTURA

Narrativa em Primeira Pessoa:
A escolha da narradora confere intimidade e subjetividade à história, permitindo que o leitor sinta os medos e emoções da criança.

Ambiente Descritivo:
As descrições da fazenda e da tulha criam uma atmosfera sombria e opressiva, reforçando a sensação de mistério e assombração.

Elementos de Suspense:
A tensão é construída através da espera da narradora e da revelação gradual da história do menino, culminando em um clímax emocional.

CONTEXTO CULTURAL

Relação com o Rural:
A história se passa em um ambiente rural, onde tradições e superstições têm um papel significativo. O cotidiano de uma fazenda, com suas práticas agrícolas e a convivência familiar, é retratado de forma vívida.

Superstições e Folclore:
O relato incorpora elementos do folclore brasileiro, como a crença em almas penadas e histórias de fantasmas. Isso reflete a cultura popular e como as crianças se envolvem com essas narrativas, muitas vezes com uma mistura de medo e curiosidade.

DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL

Crescimento da Narradora:
A jornada da narradora reflete um processo de amadurecimento. Sua coragem inicial enfrenta o medo, e a experiência na tulha a transforma. O confronto com o sobrenatural e suas emoções culminam em uma nova compreensão da vida e da morte.

Relações Familiares:
As interações entre as crianças e suas famílias revelam laços fortes, mas também medos e inseguranças. A figura do pai é central, mostrando como a dor do luto afeta não apenas o indivíduo, mas toda a família.

SIMBOLISMO

A Tulha:
Representa não só o armazenamento físico do café, mas também a carga emocional da família Yoshida. Sua deterioração simboliza a perda de vitalidade e a conexão com o passado.

O Pé de Chorão:
Surge como um símbolo de renovação e esperança. A planta, que cresce rapidamente, sugere que a natureza pode curar as feridas do passado e trazer um novo começo.

LIÇÕES

1. Enfrentamento do Medo
A narradora enfrenta seus medos ao aceitar o desafio de ir até a tulha. Essa experiência a ensina a confrontar e compreender suas emoções, mostrando que o medo pode ser superado.

2. Compreensão da Morte
A história a ajuda a lidar com a ideia da morte e do luto. Ao descobrir a história do menino enterrado, ela aprende sobre a dor da perda e a importância dos rituais de passagem.

3. Empatia e Compaixão
Ao final, ao colher margaridas e deixá-las junto ao pé de chorão, a narradora demonstra empatia pela dor do menino. Essa ação reflete uma nova compreensão sobre a tristeza alheia e a necessidade de oferecer consolo.

4. Mudança e Renovação
A transformação da tulha em um pé de chorão simboliza que, apesar da dor e do passado, a vida continua e pode renascer em novas formas. A narradora aprende a aceitar as mudanças inevitáveis da vida.

5. Valor das Memórias
A experiência na fazenda a ensina a valorizar as memórias e as histórias familiares. A conexão com o passado é importante para entender a identidade e as raízes.

Essas lições contribuem para o crescimento emocional da narradora e sua compreensão do mundo ao seu redor.

CONCLUSÃO
"A Tulha da Fazenda" explora de maneira sensível e poética temas de morte, medo e transformação. A narrativa não só captura a essência da infância e suas crenças, mas também reflete sobre a relação entre passado e presente, dor e cura. O final, com o pé de chorão, sugere que, apesar das tragédias, a vida continua e a natureza pode oferecer consolo.

A narrativa de Olga Agulhon provoca reflexões sobre como as crianças interpretam e respondem a eventos trágicos, uma maneira de explorar o desconhecido. A história termina com um gesto de carinho da narradora, que simboliza aceitação e uma conexão com o passado, mostrando que, apesar das tristezas, a vida continua a florescer.

Fonte: José Feldman. Dissecando a magia dos textos: Contos e Crônicas. Maringá/PR: IA Poe.  Biblioteca Voo da Gralha Azul. 2024.

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