Compositor: Antônio Carlos Gomes e Bittencourt Sampaio
Tão longe, de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento?
Tão longe de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento?
Quisera saber agora
Quisera saber agora
Se esqueceste
Se esqueceste o juramento
Quem sabe se és constante
Se ainda é meu teu pensamento
Minh'alma toda devora da saudade
Da saudade agro tormento
Tão longe de mim distante
Onde irá, onde irá o teu pensamento?
Quisera saber agora
Se esqueceste o juramento
Quem sabe se és constante
Se ainda é meu teu pensamento?
Minh'alma toda devota da saudade
Da saudade agro tormento
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A Saudade e o Juramento Perdido
A música "Quem Sabe", interpretada por Francisco Petrônio, é uma expressão lírica da saudade e da incerteza no amor. A letra reflete a dor de um amor que se distancia, tanto fisicamente quanto emocionalmente, e o anseio do eu lírico em saber se ainda ocupa os pensamentos da pessoa amada. A repetição da frase "Tão longe de mim distante" enfatiza a separação e a distância que se interpõe entre os amantes, criando uma atmosfera de melancolia e desejo por um reencontro.
O questionamento "Onde irá, onde irá teu pensamento?" revela a insegurança e a preocupação do eu lírico em ser esquecido ou substituído no coração da pessoa amada. A música explora a angústia de não saber se o outro ainda mantém o juramento de amor que foi feito, sugerindo que houve uma promessa de fidelidade e constância que agora parece ameaçada pela distância. A saudade é descrita como um "agro tormento", uma dor profunda e amarga que consome a alma do eu lírico.
Francisco Petrônio, conhecido por sua voz marcante e interpretações emotivas, dá vida a essa canção com uma entrega que toca o coração dos ouvintes. A música, que pode ser classificada como uma seresta ou valsa, carrega a tradição da música romântica brasileira, onde a expressão dos sentimentos e a contemplação da dor amorosa são elementos centrais. "Quem Sabe" é uma canção que fala diretamente aos corações apaixonados e saudosos, evocando a universalidade da experiência do amor e da perda.
Carlos Gomes ficou reconhecido internacionalmente como compositor de óperas. O que pouca gente sabe é que ele compôs a partir de um universo bastante diversificado, bem próprio de seu estilo, influências e contexto histórico. No seu repertório encontramos música sacra, modinhas, cantatas e operetas. Quando ouvimos suas modinhas nos lembramos de sua origem interiorana, das festas de salões em volta do piano, dos saraus lítero-musicais tão frequentes no Rio e São Paulo do século XIX.
Nas modinhas e canções de Carlos Gomes encontramos um pouco do lirismo francês e muito dos tons humorísticos das canções italianas, sobretudo a forte presença do estilo verdiano, tão em voga no ensino musical da época. Da sua primeira fase, ainda como estudante de música, destacamos os títulos mais famosos: Hino acadêmico e Quem Sabe? ambas de 1859. A grande parte dos textos musicados por Carlos Gomes eram de caráter romântico, realçando o estilo melodramático, típico das árias de salão.
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