sábado, 31 de agosto de 2024

O nosso português de cada dia (Expressões) = 5

CORTIÇO

Favela, casebres amontados, várias casas simples que dividem o mesmo terreno.

Cortiço é casa de abelhas, a expressão surge por aproximação e foi usada pela primeira vez para essa designação pelo escritor Aluísio Azevedo, em 1890, ao denominar assim um  romance que tratava justo deste tipo de habitação.

(SER) CRICRI

Dizemos de pessoas muito chatas, ranzinzas, que incomodam. 

O adjetivo cricri teve origem onomatopaica no barulho irritante produzido pelos grilos.

(SER) CURVA DE RIO

Pessoa de qualidade duvidosa, mau elemento, indesejado, pilantra.

Sua origem está associada à geografia dos rios que, correndo, viajam em linha reta e também fazem curvas e pela existência da força centrífuga tudo que está à flor da água é jogado para margem quando elas surgem. Portanto, tudo que não presta, tudo que não é água, para ali.

CUSPIDO E ESCARRADO

Duas pessoas que andam ou estão sempre juntas e que se parecem muito,

A expressão é resultado da deformação da original esculpido em carrara. Carrara é uma cidade italiana de onde se extrai, há mais de dois mil anos, um dos melhores e mais caros mármores. Esta pedra era usada como matéria-prima para os escultores renascentistas, que a utilizavam por ser dura, resistente e, depois de polida, ter a aparência de pele humana. Como a arte da renascença, de inspiração clássica, consistia em fazer cópias exatas ou fiéis de seus modelos (basta observar as produções de Michelangelo), o modelo e a estátua eram idênticos, daí dizer que pessoas muito parecidas eram como se tivessem sido esculpidas em carrara.

DA LATA

Muito bom, coisa de boa qualidade.

Esta expressão teve origem no fim dos anos 80, depois que o navio Solana Star, foi interceptado pela Guarda Costeira brasileira. A tripulação ciente de que transportava uma grande quantidade de maconha, resolveu jogar a mercadoria ilícita ao mar, para evitar que fossem presos. Dias depois, a muamba que estava acondicionada em latas lacradas, apareceu nas praias do Rio de Janeiro e foi logo recolhida e aproveitada pela população carioca. A notícia correu o Brasil, não só do fato. como da excelente qualidade da droga. Como as expressões se criam com muita facilidade, a partir daí o que é de boa qualidade para o Rio e o resto do país passou a ser da lata.

(USAR) DÁLÍAS

Na linguagem televisiva, "dália" é aquele cartaz que fica ao alcance dos olhos do ator para que ele possa se socorrer na hora em que esquece o texto.

Esse nome, Dália, surgiu depois de um "acidente de cena", muito comum nos tempos da TV ao vivo. Um ator bastante famoso da época, o Fregolente, tinha grande dificuldade em decorar suas falas, por isso, ele as escrevia sempre em pequenas cartolinas e colocava-as junto a um vaso de dálias, que fazia parte do cenário. Um belo dia, o contra-regra, sem querer, acabou levando o vaso com as dálias e, junto com elas, as cartolinas do Fregolente. Na hora em que o programa foi ao ar, na deixa do Fregolente, ele olhou para a mesa, não viu o vaso e, desesperado, falou, em alto e bom som: "Onde diabos meteram as minhas dálias?!" E assim que o nome "dália" acabou ficando até hoje.

(SER) DALTÔNICO

Pessoa com dificuldades de reconhecer cores, principalmente o verde e o vermelho.

ü termo vem do nome do cientista britânico John Dalton que, em 1794, publicou um estudo no qual revelava ter dificuldades para reconhecer as cores verde e vermelha. Após sua morte, seus olhos foram doados para estudos e, a partir daí, os problemas semelhantes receberam seu nome.

DANTESCO

Horroroso, exagerado, diabólico, infernal.

O termo é derivado do nome do poeta italiano Dante Alighieri, 1.265 - 1321, considerado o precursor da literatura renascentista. A associação com o que é horrível diz respeito à sua obra Divina Comédia, mais especificamente à descrição que ele faz do inferno e suas desgraças.

DAR A MÃO À PALMATÓRIA

Reconhecer o próprio erro e aceitar o castigo.

Palmatóría era um instrumento de castigo para alunos até meados do século XX. Consistia num pedaço de madeira firme que terminava com faceta arredondada e chata, cheia de furos. Os alunos ofereciam as mãos e recebiam pancadas nas palmas. Os orifícios do instrumento puxavam a pele e isto provocava muita dor.

Fonte: Nailor Marques Jr. Será o Benedito?: Dicionário de origens de expressões. Maringá/PR: Liceu, 2002.

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