domingo, 4 de agosto de 2024

Dissecando a magia dos textos (“Tudo se fez imensurável”, de Aparecido Raimundo de Souza)

Análise por José Feldman 



Tudo se fez imensurável
No texto de Aparecido Raimundo de Souza, somos levados a uma tarde cinzenta e melancólica, onde a saudade pesa como um sonho desfeito. O protagonista, sentado em uma cadeira de balanço herdada da avó, reflete sobre a ausência de quem amou.

A Despedida
A última lembrança da pessoa amada é marcada pela tristeza. Os olhos dela refletem a dor da despedida, enquanto a força da mão entrelaçada simboliza um desejo de eternizar aquele momento. A expressão "Até breve" ecoa, alimentando uma esperança vã de retorno.

O Vazio e a Ausência
Com a partida, o vazio se torna opressivo. O protagonista descreve como cada cômodo da casa se transforma, mergulhando em um silêncio sepulcral. As memórias são deixadas de lado, e até as músicas que antes eram companheiras se tornam notas soltas em um livro empoeirado.

Memórias Intensas
As lembranças dos momentos compartilhados se tornam um fardo. O primeiro amor é relembrado com intensidade: a perplexidade da amada ao sentir a paixão pela primeira vez. Essa lembrança se mistura à dor da ausência, transformando noites em um tormento.

A Ilusão do Retorno
A cama, agora maior, simboliza a ampliação do vazio. O protagonista, ao deitar-se, ainda busca a presença da amada, abraçando um espaço vazio. Essa ilusão representa a luta entre a realidade da perda e a esperança de um reencontro.

A Profundidade da Saudade
A saudade é central na obra. O protagonista não apenas sente falta da pessoa amada, mas também de momentos que nunca mais retornarão. Essa nostalgia é descrita de forma vívida, revelando como pequenas lembranças podem se tornar pesadas e insuportáveis.

A Imagem da Casa
A casa, antes cheia de vida e amor, se transforma em um espaço vazio e frio. Essa mudança física reflete a transformação emocional do protagonista. Cada cômodo carrega memórias, mas também um silêncio que amplifica a dor da ausência.

O Tempo e a Memória
O tempo, que deveria curar, no caso do protagonista, intensifica a dor. A passagem dos meses não traz alívio, mas sim um martírio crescente. As lembranças se tornam cada vez mais intensas, como se o passado se tornasse um peso maior a cada dia.

Momentos de Intimidade
Os momentos de intimidade, como o primeiro ato de amor, são retratados com uma mistura de beleza e tristeza. A conexão física é apresentada como um marco de felicidade, agora contrastando com a solidão. Essa dualidade realça a profundidade da perda.

A Ilusão do Reencontro
A ilusão de que a amada pode voltar é um tema recorrente. O protagonista se agarra a essa esperança, mesmo sabendo que é improvável. Essa luta interna entre a realidade e o desejo torna-se uma batalha emocional intensa.

Conclusão
O texto de Aparecido Raimundo de Souza é uma meditação poderosa sobre amor, perda e a complexidade das emoções humanas. O protagonista se vê preso em um ciclo de lembranças, incapaz de seguir em frente. A forma como ele entrelaça lembranças com a dor da ausência cria um retrato tocante da saudade, ressoando com qualquer um que já tenha enfrentado a perda de alguém amado. Isso levanta questões sobre como cada um de nós enfrenta a ausência de entes queridos e a dificuldade de deixar o passado para trás.

Fonte: José Feldman. Dissecando a magia dos textos: Contos e Crônicas. Maringá/PR. IA Open.
 Biblioteca Voo da Gralha Azul. 2024.

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