Compositor: Herivelto Martins
Não, eu não posso lembrar que te amei
Não, eu preciso esquecer que sofri
Faça de conta que o tempo passou
E que tudo entre nós terminou
E que a vida não continuou pra nós dois
Caminhemos, talvez nos vejamos depois
Vida comprida, estrada alongada
Parto à procura de alguém
Ou à procura de nada...
Vou indo, caminhando
Sem saber onde chegar
Quem sabe na volta
Te encontre no mesmo lugar
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Caminhos Separados: A Dor e a Esperança em 'Caminhemos'
A música 'Caminhemos', de Herivelto Martins, é uma obra que aborda a dor da separação e a necessidade de seguir em frente, mesmo diante do sofrimento. A letra começa com uma negação enfática: 'Não, eu não posso lembrar que te amei / Não, eu preciso esquecer que sofri'. Essa negação reflete a luta interna do eu lírico para superar um amor passado e a dor associada a ele. A repetição do 'não' enfatiza a dificuldade de esquecer e a necessidade de se distanciar emocionalmente.
A canção segue com uma tentativa de racionalização: 'Faça de conta que o tempo passou / E que tudo entre nós terminou'. Aqui, o eu lírico sugere uma espécie de autoengano como mecanismo de defesa, fingindo que o tempo curou todas as feridas e que a relação chegou ao fim de forma natural. No entanto, a melancolia persiste, evidenciada pela frase 'E que a vida não continuou pra nós dois', indicando que, apesar dos esforços, a vida sem o outro ainda parece incompleta.
O refrão 'Caminhemos, talvez nos vejamos depois' traz uma mistura de resignação e esperança. A ideia de caminhar simboliza a jornada da vida, cheia de incertezas e possibilidades. A estrada longa e a busca por algo ou alguém ('Parto à procura de alguém / Ou à procura de nada...') refletem a incerteza do futuro e a necessidade de seguir em frente, mesmo sem um destino claro. A última estrofe, 'Quem sabe na volta / Te encontre no mesmo lugar', sugere uma esperança tênue de reencontro, mas também a aceitação de que a vida pode seguir caminhos diferentes.
"Caminhemos não tem história", declara Herivelto Martins, "é o reflexo de mil histórias, de um estado de espírito que eu vivia e o público desconhecia". Na realidade, atravessando na época um período conturbado de sua vida sentimental, o compositor extravasava em sua música os problemas que o afligiam.
Assim, não foi por acaso que saíram em sequência "Segredo", "Caminhemos", "Cabelos brancos" e, por fim, as composições que marcaram a polêmica de sua separação da mulher, Dalva de Oliveira. Lançado em novembro de 47, "Caminhemos" firmou-se na preferência popular após o carnaval do ano seguinte.
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