segunda-feira, 28 de julho de 2025

Regina Lyra (Leitura ao Acaso)

Interessante como as leituras que fazemos e a nossa vivência, interpretam a vida de forma relativa. O conhecimento maximiza a compreensão, mas para que compreender o que não tem explicação? Assim a vida moderna, procura sempre a atenção racional e eloquente, as interpretações sintáticas, morfológicas, interpretativas do inútil. Explicações várias, compreensão nenhuma!

O ser humano tão cheio de relatividades e incompreensões, não pode ser taxado por um método qualquer de análise quantitativa ou mesmo qualitativa. O homem é mais profundo do que qualquer tentativa freudiana e de seus seguidores. Terapias, compreensão do ser? O homem é único, e diferente entre si. Nesta tentativa de entender o existencial é que colocamos algumas interrogações, sem a pretensão do conhecimento formal, mas da vivência, da experiência, da observação. Do conhecimento poético, da sabedoria, das leituras, dos contatos, sobretudo do amor!

Sentir-se criança… Talvez até imatura como a própria criança o é. Mas o que pensar? Fazer? Tudo é uma questão de silêncios e palavras? As palavras falam dos silêncios e os silêncios significam o que as palavras não dizem! Nesta tentativa existencial de compreender o que os silêncios significam, prefiro compreender o que as palavras dizem, nas linhas e entrelinhas, dos textos. Considero hoje, que são os silêncios das palavras, que estão nas entrelinhas do texto.

Mas, é bem melhor ler as palavras escritas e dirigidas com emoção a alguém especial. Aguardando o momento de sussurrá-las ao ouvido, e de senti-las sussurradas, embriagando o corpo e nutrindo a alma, com o sentimento do bem querer…

Talvez a compreensão do silêncio, do passar ao largo, sem cumprimento, tenha deixado uma mágoa no peito. O som não responde, a música não toca, o que houve? Nada funciona?

Compreender o incompreensível ser? Onde penetrar a alma do bem querer? Tudo é previsível, menos o olhar que não falou… As mãos que não se tocaram, o beijo que calou!

Palavras… Apenas palavras… Silêncios do nada!

Fontes:
http://www.reginalyra.net/indexsala.htm. Acesso em 17.11. 2008.
Pintura Leitura de Uma Carta = Alfredo Keil (1850-1907) = http://pintoresportugueses.blogs.sapo.pt

Nicanor Filadelfo Pereira (Morte de uma árvore)

  A árvore da serra
(Augusto dos Anjos)

— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho…
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros… no junquilho…
Esta árvore, meu pai, possui minh’alma! …

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!

Ao aproximar-se o dia da árvore (21 de setembro), tive a especial oportunidade de deparar-me com este soneto do grande poeta Augusto dos Anjos, que viveu entre o final do século XIX e início do século passado. Este feliz encontro levou-me a uma certa elucubração, conduzindo-me a reflexões e saudosismos que, de certo modo, alegram e, simultaneamente, entristecem o meu espírito.

Era, ainda, menino, quando nos mudamos para um sítio que meu pai havia, recentemente, adquirido. No terreiro, defronte a casa, bem próximo, lá estava, para gáudio dos meus olhos, um portentoso, soberano, mas, solitário eucalipto. Lembro-me que já se manifestava em mim o espírito ecologista. Amava vê-lo na sua exuberância, deliciava-me com o perfume de suas milhares de pequeninas flores brancas, distraía-me, ao brincar, com os pequenos “piões” de suas sementes, permanentemente lançadas ao chão. Esta gigantesca árvore fazia parte de minha alma!

Certo dia, não muito depois de nossa mudança, meu pai reuniu os empregados do sítio e determinou a derrubada do “meu amigo”. É certo que justificou, alegando que o “meu amigo” oferecia inquestionável perigo à nossa casa, especialmente à nossa vida.— Confesso — chorei. E, agora, quando leio os versos de Augusto, dizendo ao pai: — “Não mate a árvore, pai, para que eu viva”/ Esta árvore, pai, possui a minha alma.”— observo um extraordinário sincretismo na maneira de como pudemos olhar e sentir, cada qual em sua época, as benesses e a empatia que nos proporciona tão maravilhoso vegetal.

É claro que, Augusto, poeta simbolista, tinha, lá, seus propósitos, dando, aos críticos literários, azo a interpretações diversas. Na última estrofe de seu poema, diz ele: —“O moço triste se abraçou com o tronco / E nunca mais se levantou da terra!” — Graças a Deus, não foi este o
meu caso, aqui, estou a escrever esta crônica!

Há alguns anos, morando já em Sorocaba, nas minhas viagens matutinas pelo Cometa (ônibus rodoviário), com destino ao meu trabalho na Grande São Paulo, tive a alegria de ver, com estes olhos que amam a Natureza, meninos e meninas plantando pequenas mudas que, hoje, são árvores, às margens do Rio Sorocaba. E, a cada vez que, por ali, passo, invade-me a satisfação de testemunhar a grandiloquência daquela atividade escolar. Parabéns, Sorocaba, por tão feliz iniciativa!

Mas, nem tudo são flores, nem tudo são árvores. Há, também, as moto- serras; há grandes interesses econômico-financeiros; há interesses escusos; há insensibilidade governamental; há desobediência civil no descumprimento das leis; há subornos de funcionários públicos; há corrupção.

Ao abrir jornais, assistir programas jornalísticos nas Tvs, sinto ressurgir em minha alma a mesma tristeza que tive, quando menino, no sítio, durante episódio do eucalipto. Porém, sem qualquer justificativa. Devastou-se a Serra do Mar, devastou-se toda a orla litorânea do Brasil, devasta-se, agora, numa impressionante velocidade a Amazônia. Secam-se os rios, consequência da destruição das matas ciliares, em especial, do lendário São Francisco. A continuar nesse estado de coisas, transformar-se-á a região Amazônica num imenso e desagradável deserto. Extinguir-se-á a fauna, a piscicultura, alterar-se-á o nível pluviométrico. Em fim, extinguir-se-á a vida.

Brasileiros, não quero mais chorar a morte de uma árvore!
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Nicanor Filadelfo Pereira, poeta e cronista, nasceu em São Paulo em 1939. Foi correspondente dos jornais regionais: O Imparcial e O Suburbano da cidade de Itapevi/SP. Foi vereador na cidade de Jandira/SP, onde residia, onde exerceu o primeiro mandato de Presidente da Câmara. Sempre teve interesse especial pela Literatura, dedicando-se à escrita em prosa e verso. Em 1981 transferiu-se com sua família para Sorocaba, onde reside, mantendo, no entanto, seus vínculos com a cidade de Jandira, em função de suas atividades comerciais. Em Sorocaba faz parte das diretoria da CERES - Casa do Escritor da Região de Sorocaba, exercendo o cargo de Diretor Executivo, membro do Grupo Coesão Poética de Sorocaba e colunista dos sites:  www.sorocult.com  e  www.joaquimevonio.com

Fontes:
http://www.sorocult.com/
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

Jardel Estevão Barbosa Silva (O Perfume)

Desde a morte de Maria Clara, comecei a cultivar o estranho hábito de passear no shopping, sem objetivos, sem tempo marcado e sem a correria que, por anos, dominou minha vida a cada segundo superficialmente vivido. Apenas andava. Talvez essa fosse uma forma de fugir das marcas tatuadas em minha casa, em meus costumes e em minha alma, que apenas meio século de convívio consegue impregnar. No ambiente fechado, observava o festival de aromas misturados naquela Torre de Babel contemporânea. Meu corpo, já cansado, inexplicavelmente buscava em meu âmago a energia necessária para continuar aquela rotina, mesmo contra a vontade de meus filhos, sempre preocupados. Minhas pernas eram asas que, a cada manhã, batiam em direção ao templo sagrado da superficialidade, buscando um sol artificial, mas igualmente luminoso.

Em uma tarde de verão, caminhava muito distraído, embriagado com questionamentos e reflexões existenciais quando, de repente, senti aquele perfume único, que havia se destacado da multidão para ser absorvido por minha alma adormecida. Foi como se uma força absoluta me agarrasse no abstrato universo das reflexões, no qual eu passeava livremente, e me trouxesse instantaneamente àquele shopping, naquela cidade, naquele ano, naquele dia, naquele segundo. Parei de andar, confuso, vivenciando um momento de silêncio e curiosidade, como a criança que vê o mar afastar-se e, de repente, vislumbra boquiaberta a onda gigantesca que se aproxima. Poseidon, supremo, enviara aquela onda aromática que invadiu a praia, destruiu a muralha defensiva do forte que construí em tantos anos de trabalho e despertou uma memória há tempos não estimulada.

Na dualidade posta entre a realidade atual seca e o passado que vinha em forma de mar, resolvi mergulhar rumo ao esquecido. Lembrei de minha infância, quando passava as férias de verão na casa de minha avó, cuja vizinha tinha uma linda neta, chamada Manuela, que cultivava o mesmo hábito. Eu e Manuela vivemos muitas férias juntos, brincávamos o dia todo e, aos poucos, um sentimento ingênuo passou do branco ao rosa e do rosa ao carmim.

Por um segundo, voltei à superfície em forma de shopping, respirei e retornei aos mistérios da memória como a baleia que, mesmo precisando de ar, precisa também voltar às profundezas.

Senti o gosto do bolo de fubá de minha avó e seu cheiro, que caminhava até o quintal e nos hipnotizava em cantos de sereia aromáticos, os quais nos conduziam ao chá da tarde.

“Será que era ela?”. Havia voltado novamente à superfície, agora como o golfinho que salta das águas e pode, por um instante, flutuar entre o sol e o mar. Olhei para trás e vi uma senhora caminhando com uma jovem em sentido oposto ao meu. Sem pensar muito, passei a segui-las, mas, com a ação da gravidade, voltei ao oceano.

Estávamos agora brincando nas árvores do bosque do bairro, após uma chuva passageira. O vapor verde e cálido que nos atingia trazia um cheiro único, vinculado eternamente ao primeiro toque de nossas mãos. Lembrei das cartas que começamos a trocar durante o ano, aguardando o verão que sempre demorava tanto a chegar. Lembrei do aroma do lago em que assistíamos ao pôr-do-sol, também eternizado pelo nosso primeiro abraço e pelas reações até então desconhecidas que ele provocou em nossos corpos.

Na superfície, a senhora havia parado em uma loja. Nas águas, lembrei que o aroma de Manuela era único, pois ela havia dito que misturara três tipos diferentes de perfume em busca de um cheiro só seu. Realmente conseguiu isso, pois eu nunca mais havia encontrado algo semelhante, até aquele dia. Do perfume, caminhei à lembrança da guerra que chegou e do último verão que passei com ela. Foi muito triste, com cheiro de despedida, pois sabíamos que a guerra era algo cruel. Sem conhecer direito os sentimentos, tínhamos a certeza de que precisávamos um do outro. Em uma tarde triste, ela furou nossos dedos com um espinho do parque (como havia visto em um filme) e disse que, se misturássemos nosso sangue, viveríamos para sempre juntos, um dentro do outro. Aquele cheiro de sangue somou-se ao aroma de seu semblante, que pude sentir bem de perto, em nosso primeiro e único beijo.

Quando voltei à superfície, percebi que as imagens haviam embaçado e, ao piscar, não pude conter duas lágrimas de criança percorrendo a face já enrugada. Mesmo assim, resolvi voltar às profundezas…

Após o beijo, eu havia pressionado os dedos polegar e indicador para conter o sangramento e, levando-os ao peito, disse “para sempre juntos”. Ela fez o mesmo e eu me lembrava perfeitamente daqueles lábios jovens pronunciando palavras tão carregadas de afeto. Após aquele verão, houve a guerra. Nossas famílias mudaram várias vezes de endereço e a mútua imaturidade nos fez perder contato. Os anos passaram e a vida seguiu seu curso natural.

Uma instantânea falta de ar trouxe-me fortemente à superfície com a pergunta que gritava em minha mente: será que era ela? Vi que a jovem havia entrado em uma loja enquanto a senhora estava sentada em um banco do lado de fora: aquele era o momento! Tremendo, caminhei em sua direção guiado pelo perfume, que se tornava mais intenso a cada passo. Ainda de longe, vi que não havia alianças em seus dedos: a sorte lutava ao meu favor! Caminhei mais alguns passos e sentei ao seu lado.

Ela olhou para mim por um único instante e me cumprimentou movimentando o rosto, educadamente, como se faz a um desconhecido. Naquele único momento em que pude olhar para seus olhos, toda a realidade foi alterada. O brilho azul levou–me a um último mergulho, em que vi exatamente a mesma cor refletindo o sol daquele último verão, instantes antes do beijo. A cor era a mesma, o brilho era o mesmo, o perfume era o mesmo: senti que estava realmente diante de meu primeiro Amor.

Saltei com todas as minhas forças das águas em direção ao sol, voltando à realidade. Meu coração, eufórico, dançava inebriado por aquele perfume de que tanto sentiu falta. Uni meu polegar ao indicador e, levando-os ao peito, disse a frase daquele verão.

A senhora levou um aparente susto e parou de respirar por alguns segundos, na certa mergulhando nas mesmas profundezas das quais eu havia acabado de sair. Vagarosamente, virou seu rosto para o lado, exibindo os olhos arregalados e seu semblante lívido. Mais alguns segundos passaram até que ela mostrou um surpreendente sorriso: o mesmo sorriso que eu tão bem conhecia! Naquele momento supremo, percebi que eu havia saltado das águas não mais com nadadeiras, mas agora com asas! Despedi-me do mar e olhei para o céu, de onde pude sentir o caseiro aroma de meu então antigo, atual e futuro lar.

(Conto vencedor do Concurso Literário do Cinquentenário da Academia Campinense de Letras, categoria contos, em 2007)
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Jardel Estevão Barbosa Silva, é de Campinas/SP, formado técnico em eletro-eletrônica, cursou faculdade de psicologia, e, além de poeta, é também contista. Presidente do Grupo CRIA Literária, em Campinas-SP. Foi premiado em diversos concursos, inclusive melhor ensaio nos 10ºs Jogos Florais da Junta de Freguesia de São Domingos de Rana – Portugal, em 2006, melhor conto nos 9ºs Jogos Florais da Junta de Freguesia de São Domingos de Rana, Portugal, em 2005, 2º Lugar no V Prêmio Escriba de Contos – Piracicaba (SP) e primeiro lugar no Concurso Nacional de Poesia promovido pelo CBE (Clube Brasileiro de Escritores) – São Paulo, em 2004.

Fontes:
– Revista da ACL (Academia Campinense de Letras). – Ano nº 1 • Abril/2007 – pag.7-9.
Abrace Editora.
– Imagem do perfume = http://blog.cancaonova.com

Como escrever melhor

DICAS TILIBRA 

Escrever bem é saber expressar ideias clara, rápida e persuasivamente. Uma boa redação revela capacidade de raciocínio e esforço pessoal - mesmo para aqueles que têm mais facilidade.

Para ajudar você a escrever melhor, no trabalho ou na escola, a Tilibra preparou algumas dicas, cedidas gentilmente pelas Empresas Ogilvy & Mather, um dos maiores conglomerados de Comunicação do Brasil e do Mundo.

A Tilibra lhe oferece essas dicas:

1. Tenha sempre em mente que o tempo do leitor é limitado.

O que você escrever deve ser entendido na primeira leitura.

Se você quer que seu trabalho seja lido e analisado por seus superiores, seja breve. Quanto menor o texto, maior a chance de ser lido por eles. Durante a 2ª Guerra Mundial, nenhum documento com mais de uma página chegava à mesa de Churchill.

2. Saiba onde você quer chegar.

Antes de redigir, faça um esboço, listando e organizando suas ideias e argumentos. Ele lhe ajudará a não se desviar da questão central.

Comece parágrafos importantes com sentenças-chave, que indiquem o que virá em seguida.

Conclua com parágrafo resumido.

3. Torne a leitura fácil e agradável.

Os parágrafos e sentenças curtos são mais fáceis de ler do que os longos. Mande telegramas, não romances.

Para enfatizar, sublinhe sentenças e enumere os pontos principais (como fizemos com essas "dicas").

4. Seja direto.

Sempre que possível, use a voz ativa.

Voz Passiva - "Estamos preocupados com que nosso projeto não seja aprovado, o que poderia afetar negativamente nossa fatia de mercado".

Voz Ativa - "Acreditamos que esse projeto é necessário para manter nossa fatia de mercado".

5. Evite "clichês".

Use suas próprias palavras.

Clichê - O último, mas não menos importante...

Direto - Por último...

6. Evite o uso de advérbios vagos.

E não esclarecedores, como "muito", "pouco", "razoavelmente".

Vago - O projeto está um pouco atrasado.

Direto - O projeto está uma semana atrasado.

7. Use uma linguagem simples e direta.

Evite o jargão técnico e prefira as palavras conhecidas. Não esnobe o seu português.

Jargão - Input, Output.

Português comum - Fatos/informações, resultados.

8. Ache a palavra certa.

Use palavras de que você conheça exatamente o significado. Aprenda a consultar o dicionário para evitar confusões.

Palavras mal-empregadas são detectadas por um bom leitor e depõem contra você.

9. Não cometa erros de ortografia.

Em caso de dúvida, consulte o dicionário ou peça a alguém para revisar seu trabalho. Uma redação incorreta pode indicar negligência de sua parte e impressionar mal o leitor.

10. Não exagere na elaboração da mensagem.

Escreva somente o necessário, procurando condensar a informação.

Seja sucinto sem excluir nenhum ponto-chave.

11. Ataque o problema.

Diga o que você pensa sem rodeios. Escreva com simplicidade, naturalidade e confiança.

12. Evite palavras desnecessárias.

Escreva o essencial. Revise e simplifique.

Não Escreva : Plano de Ação
Escreva: Plano

Não Escreva: Fazer um debate
Escreva: Debater

Não Escreva: Estudar em profundidade
Escreva: Estudar

Não Escreva: No evento de
Escreva: Se

Não Escreva: Com o propósito de
Escreva: Para

Não Escreva: A nível de Diretoria
Escreva: Pela Diretoria

13. Evite abreviações, siglas e símbolos.

O leitor pode não conhecê-los.

14. Não se contente com o primeiro rascunho.

Reescreva. Revise. Acima de tudo, corte. Quando se tratar de um trabalho importante, faça uma pausa, entre o primeiro e o segundo rascunho, de pelo menos uma noite.

Volte a ele com um olhar crítico e imparcial.

15. Peça a um colega para revisar seus trabalhos mais importantes.

E dê total liberdade para comentários e sugestões.

Fonte:
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/ednilsom-comunicacao/dicas-tilibra.html#aprender. Acesso em 02.12.2008

domingo, 27 de julho de 2025

José Feldman (Guirlanda de Versos * 38 *)

 

Armando Oliveira Lima (Tropeiro Véio)

Na margem esquerda do rio Sorocaba, pertinho da ponte Nova, ali nos Pinheiros, moravam nhô Madô e nhá Carlota. Ele, tropeiro velho e aposentado e ela, mãe de muitos filhos, dona de casa, boa cozinheira.

Nhô Madô, apesar de não mais trabalhar com tropa, não tinha parado com os costu­mes das tropeadas. Quase todo dia encilhava seu burro bem cedinho, atravessava a ponte Nova, e nhá Carlota ficava na janela espiando o velho montado no burrico, sumir por detrás dos grandes tambores da Alcoléa. No alforje levava alguma velharia que, atraísse algum compadre interessado em fazer alguma 'breganha'.

Pois é, a barganha é a herança que o tropeirismo le­gou a Sorocaba, basta ver que esse costume é mais evidente nas cidades da rota dos tropeiros.

Era breganhado com alguma coisa que, por sua vez, era breganhada com outra.

Nhô Madô era um “breganheiro incorrigível” . Tudo o que lhe caía nas mãos era breganhado com alguma coisa que, por sua. vez, era breganhada com outra.

Assim, passaram por suas mãos partidas de batata, sacos de arroz, cebola, relógios, bombardino, botas, gaiolas, com e sem passarinhos, etc...

Todas essas breganhas traziam uma alegria momentânea à nhá Carlota: era uma chaleira, uma vassoura caipira, uma ratoeira... Mas tudo tinha seu dia de chegada e seu dia de partida. Nada esquentava lugar... Até mesmo o gramofone, que animou baile de casamento de uma de suas filhas, teve sua despedida.

Nhá Carlota disse, então, ao nhô Madô, quando da 'transferência' do gramofone:

- Intão num vô vê mais a Patativa?

Indiferente, nha Madô levou o gramofone e os discos do Vicente Celestino, tudo em cima do Pingo.

Pingo era o nome do burrinho de estimação de nha Madô. Muitas coisas Nhô Madô tinha breganhado: muitos cavalos, muitas vacas, burros, mas a velha calçado tropeiro e o burrinho Pingo continuavam com ele, resistindo, até que porque Madô não era homem de voltar sem calças para calça. Além do mais, cada vez que saía, Madô ouvia de Nhá Carlota :

- Nhô! Pode breganhá o que quisé, menos o Pingo!

Nhá Carlota, afinal, tinha seus motivos. Pingo era um animal tão dócil que até ela conseguia atrelar o bichinho numa charretinha feita só para ele e, sem muitas dificuldades, ia até a Campos Sales buscar alfafa pras vaquinhas e, às vezes, até se aventurava em ir nos Rosas buscar milho para as galinhas.

Naquela manhã de inverno, nhô Madô, como de costume, tomou seu cafezinho na beira do fogão, apanhou uma pata botadeira e partiu, com o Pingo escorregando no barro, não sem antes ouvir, como sempre, de Nhá Carlota :

-O Pingo não!

E lá vai ela cumprir seus afazeres domésticos durante o dia todo. À tardinha quando o sol já começa a ser no horizonte, pintando o céu daquele avermelhado de todos os dias, nhá Carlota começa a demonstrar uma dosezinha de preocupação.

- Por que será que o véio tá demorando?...

Já de há muito não se sentia o cheirinho de feijão se espalhando pela casa. Nhá Carlota se dirige à cachoeira de onde pode ver as duas bandas do rio e nada...Nem sombra do Nhô!

Quase à noitinha, o sol se despedindo pra dar lugar à lua, aparece nhô Madô, com uma espingarda nas mãos, uma gaiola com um avinhado e a sela do burrico nas costas. Antes que Nhá Carlota possa fazer qualquer coisa, ele vai dizendo :

- É ...o Pingo já foi...
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ARMANDO OLIVEIRA LIMA nasceu em Sorocaba em 1934, funcionário público aposentado da Justiça do Trabalho. Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba, exerceu o magistério superior na Faculdade de Comunicação Social de Itapetininga (FKB) e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Tatuí. Membro da Associação Sorocabana de Imprensa, foi um dos 14 membros efetivos fundadores da Academia Sorocabana de Letras e seu presidente no biênio 1993/1995. Coincidentemente, presidiu o Conselho Municipal de Cultura. Presidiu o Gabinete de Leitura Sorocabano (1979/1981), numa das mais dinâmicas gestões da centenária instituição cultural. Sempre foi colaborador assíduo da imprensa sorocabana e durante vários anos foi cronista do Jornal Diário de Sorocaba. Teve ativa participação no teatro amador sorocabano, como autor de várias peças, entre as quais “Espoletildo”, co-fundador do Teatro dos Três e presidente da Federação de Teatro Amador da Baixa Sorocabana (FETABAS). Fundador e coordenador da Elu (Editora Literatura Universal), Publicou o livro de poemas Pés no chão (Elu, 1973), os opúsculos Ave, Cristo (1982), Pesquisa escolar (OSE- 1982), Emília no mundo dos livros (OSE, 1982) e Impróprios culturais (Academia Sorocabana de Letras, 1997). Autor dos artigos “Escravidão na história e na literatura brasileira” (v. 9/1, 1983) e “Do espírito universitário” (v. 16/1, 1990), publicados na Revista de Estudos Universitários, da Uniso. Consultor do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira, da Universidade de Sorocaba. Co-fundador da Academia Sorocabana de Música, foi por curto período, patrono por eleição direta do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia de Sorocaba. Co-fundador do MUE – Movimento Universitário Espírita e da Revista “A Fagulha”. Nessa época foi difusor do espiritismo, proferindo palestras e escrevendo artigos sobre o tema. Recebeu da Câmara Municipal de Sorocaba o título de Cidadão Emérito.

Fontes:
http://sorocult.com/el/colunistas/arm/tv.htm
Pintura = http://www.klepsidra.net/. Acesso em 02.12.2008

Antonio Brás Constante (Mamãe, a Professora Sumiu!)

 Quantas pessoas já não pensaram em como seria bom conciliar o prazer de continuar na cama quentinha com o dever de estudar. Pois essas pessoas provavelmente terão suas preces atendidas, visto que é cada vez mais forte o movimento em prol do estudo à distância. Uma nova forma de aprendizado que promete trazer vantagens (mas também desvantagens), algumas delas descritas neste texto.

Podemos imaginar que mudarão as desculpas para matar a aula: “não estava sem guarda-chuva”, “estava sem conexão”. O aluno não poderá mais dar uma maçã para professora, mas poderá enviar uma mensagem para seu avaliador, cheia de anjinhos, florzinhas e até fotos de maçã. Também não terá mais graça arremessar bolinhas de papel (atirar em quem?).

Os trotes escolares serão resumidos a algum tipo de vírus baixado no computador do calouro. Você não terá mais o endereço residencial de seus colegas, terá apenas o eletrônico, e eles serão reconhecidos pelo IP que usam. Todos os alunos terão carinhas de “smales” e não haverá mais problemas de distância na educação (poderá dizer para sua mãe que seu coleguinha é japonês, e ele será mesmo, inclusive vivendo no Japão), porém, toda esta tecnologia tornará mais distantes as relações no mundo real (este lugar quase obsoleto, onde ainda vivemos).

Os ruídos de comunicação darão lugar aos erros de comunicação. Ao invés de não entender seu professor, você não entenderá o software educacional instalado em seu computador, achando que ele não gosta de você, e criando comunidades no orkut do tipo: “Eu odeio meu computador”. As discussões acaloradas de outrora, onde todos falavam e ninguém escutava, serão substituídas por discussões acaloradas em chats onde todos escrevem, mas ninguém lê.

As diferenças entre as classes sociais (ricos e pobres) não serão mais evidenciadas pelas roupas de grife (você poderá assistir às aulas pelado, que ninguém notará), e carros importados, mas poderão ser observadas pela potência de processamento e armazenamento das máquinas, e a velocidade da banda larga de cada um. Para que este tipo de ensino possa contemplar também públicos de renda mais baixa, haverá planos sociais de inclusão disponibilizados em lan houses.

Seu histórico escolar passará a ser chamado de log, registrando todos os seus erros em uma memória tão boa quanto à de qualquer esposa. A televisão que era, em muitos casos, utilizada como forma de entretenimento e aprendizado de inúmeras crianças quando não estavam estudando, terá no computador um reforço desta técnica, criando indivíduos literalmente através de caixas pseudo-educativas.

Enfim, a figura ultrapassada do professor fatalmente será substituída por uma programação de ensino e avaliação à distância, produzida por uma equipe técnica e pedagógica, que encapsulará tudo de forma fria e competente, parametrizando resultados e potencializando rendimentos, visando tornar seu público-alvo uma perfeita máquina biológica de aprendizado, mais eficiente e mais… Humana?
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Antonio Brás Constante é natural de Porto Alegre. Residente em Canoas RS. Bacharel em computação, bancário e cronista de coração, escreve com naturalidade, descontraída e espontaneamente, sobre suas ideias, seus pontos de vista, sobre o panorama que se descortina diferente a cada instante, a nossa frente: a vida. Membro da ACE (Associação Canoense de Escritores).

Fontes:
http://recantodasletras.uol.com.br/humor/1234828
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

Paulo Corrêa Lopes (Um crime)

Não sei como vim parar nesta pensão. Creio que na tarde em que me mudei estava fora de mim. Não é possível que me acontecesse uma coisa dessas no meu estado normal. Teria bebido? Não acredito. Faz seis anos que não ponho uma gota de álcool na boca. A última vez que bebi dei um escândalo tão grande em casa de um industrial que até hoje sinto calafrios quando me lembro do sucedido.

Quando me embriagava gostava de visitar os conhecidos. Invadia-me uma onda de ternura tão poderosa que não podia me dominar. Tinha que procurar alguém para desabafar. Nesses momentos via tudo envolto em cores róseos. Mas voltemos à casa do industrial. Quando entrei no salão, havia tanta gente e tantas luzes que o meu primeiro ímpeto foi retroceder. Mas já era tarde. O industrial me acenava, com a face risonha, do meio do salão. Estava demasiado feliz para reparar no meu estado.

Quando caminhei em direção do meu amigo, um vulto estranho, com a roupa em desalinho, o cabelo em desordem, estacou diante de mim, com um rictus amargo no canto da boca. Ergui os braços e o vulto também ergueu os braços. Recuei e o vulto imitou o meu gesto. Desconcertado, avancei e dei um soco violento no rosto do meu antagonista e ouviu-se o ruído de cristal que se parte. Ainda com a mão gotejante, retrocedi e ganhei a rua, perdendo-me na escuridão que era profunda.
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Que faço nesta pensão sórdida? Ainda há pouco minha vizinha gritou tanto que parecia estar sendo estrangulada. As vitrolas não me deixam repousar. Preciso dormir, preciso afogar no sono esta lembrança terrível. Por toda a parte o barulho, sempre o barulho. Por que será que os homens procuram se atordoar? Ninguém suporta um minuto de solidão. Parece que todos têm medo de alguma coisa que vai acontecer.

Só neste quarto, escuto o rumor confuso que o vento faz nas árvores. E o rumor do vento me leva novamente para um passado monstruoso. Eu queria esquecer a tragédia e o vento desperta tudo aquilo que eu supunha sepultado no fundo do coração. Por que matei Lídia? Minhas mãos foram apertando, apertando num crescendo doido e quando afrouxei os dedos, um pescoço muito roxo ficou inerte sobre a alvura do lençol. Não porque ainda me lembro da cor do lençol. Talvez o contraste. E foram estas mãos, que um dia se uniram no fervor de uma prece, que estrangularam aquela inocente criança. A sensação de ter matado uma criança aumenta ainda mais a minha desventura. Lídia era uma criança. Tinha o jeito ingênuo de uma criança, E eu que me revoltei contra Otelo, que chorei a morte de Desdêmona como um louco! Ah! como a gente nunca se conhece! Um futuro santo pode estar sorrindo diante do martírio de um Estevão e um futuro criminoso pode estar ajoelhado diante do cadáver de uma criança!

Há quantos dias penso em Lídia! Sua voz era um canto de andorinha. Era uma andorinha que havia perdido a memória de outras regiões e que estava resolvida a esperar o inverno no aconchego de nosso lar. Pobre Lídia! Teria sido Iago o culpado? Creio que nem no inferno há lugar para Iago. A sombra de Iago tapou a luz do sol. Não há mais sol, não há mais luz no mundo. Tudo vai morrer. Minhas mãos estão apertando, apertando, apertando…
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Vesti hoje a última camisa limpa. Há duas semanas que estou dentro deste quarto e ainda não tive coragem de faze a barba. O espelho já não reflete o rosto escanhoado do jovem que gostava de se contemplar por alguns momentos todas as manhãs. Quantas vezes, ainda deitada, Lídia não me disse, com doce ironia, que seus olhos eram um espelho mais fiel que todos os espelhos. Ah! os olhos de Lídia! Mil anos que eu viva não conseguirei esquecer o seu terror quando minhas mãos se crisparam no seu pescoço fino. Parece que suas palavras saíam crivadas de punhais. Cada palavra era um pássaro em revoada alucinante pelo quarto. Só hoje compreendo o sentido do seu grito. Ela gritava por mim. Não era o medo da morte, era o seu amor chorando por mim. Um amor imenso que talvez ainda peça por mim aos pés de Cristo. Se eu pudesse acreditar de novo! Por que não pude perseverar? Como agora compreendo esta passagem: Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos.

Por que não rezei dia e noite para perseverar? Quando falta a oração tudo está perdido.

Fio num domingo de ramos que conheci Lídia. Saía da igreja do Rosário com um sorriso de luz nos olhos. Era toda uma promessa de amor. Como estava linda com aquela rosa muito vermelha na lapela! Quem comparou pela primeira vez a mulher a uma rosa por certo teve a intuição de Lídia naquela manhã.

Domingo de Ramos. Palmas bentas. O Senhor vai entrando em Jerusalém. Por que não clamei as glórias do Senhor? Porque deixei que as pedras falassem por mim?

Lídia, as minhas mãos é que foram mortas. Tu continuas viva, “os meus olhos são mais fiéis que todos os espelhos” parece que estou ouvindo de tua boca, de teus olhos.

Não sei o que pensam de mim nesta pensão. Um maníaco, um misantropo, sei lá. Ontem surpreendi uma nota de ironia na voz da camareira
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De onde vens envolta neste raio de lua? Vens do inferno ou do céu? Não podes ser uma ilusão dos meus sentidos. Vejo no teu pescoço a marca dos meus dedos. Espera. Não te vás. Espera ao menos um minuto. Num minuto a gente pode construir ou destruir um mundo. Eu já tive a tua mocidade nos meus braços. Os teus olhos já foram meus. Como tudo era belo visto através dos teus olhos! Como a vida cantava em teu olhar! Agora que te perdi para sempre, tenho necessidade de tua presença. Ouve. Nem sei como nasceu o meu amor por ti. Quando percebi tinhas tomado de assalto minha vida. Os teus passo não fizeram rumor. Subiste a escada silenciosa como um fantasma. Abriste a porta de minha alma e entraste. Quando despertei estava nos teus braços. Foi assim que tomaste conta de mim. Espera um minuto ao menos. Não te dissipes, visão de amor. Ainda não te disse tudo. Quero confessar tudo. Meus pensamentos se atropelam como recrutas. Estou como alguém que subisse e descesse eternamente a mesma escada. Será que a loucura começa assim? Espera. Não te vás. Há de chegar o momento em que compreenderás. A porta há de se abrir. Espera, por piedade! Que é isso? Uma coisa me dói aqui dentro, aqui bem no coração. Não te vás, Lídia, espera… espera…
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“Tu podes, senhor, só não podes impedir que eu Te ame”. Por que este verso de Claudel despertou dentro de mim? Então é tão imperiosa assim a necessidade de amor em Deus? Recordo-me: no dia em que tive que ficar face a face com Cristo, recuei. Não tive coragem de suavizar as suas chagas com a minha renúncia total das coisas do mundo. Cristo quer de nós um amor absoluto. Quem puser a mão no arado, não deve olhar para trás. Deve olhar para as cinco chagas de Cristo. Em cada chaga cabe toda a nossa miséria, toda a nossa ignomínia.

Outra teria sido a minha vida, se eu não me tivesse acovardado diante das primeiras dificuldades. Lídia muitas vezes teve que lutar comigo para eu não perder a missa, Um amolecimento, um desencanto havia tomado conta de mim, nos últimos tempos. Faltava-me entusiasmo. Às vezes, a simples presença de um sacerdote acordava em mim um mal-estar horrível. Cada padre era um testemunho vivo de que se pode viver em conformidade com os mandamentos de Deus. Cada sacerdote era uma humilhação para meu fracasso. Tentei lutar. Ensanguentei as minhas mãos nas rochas. Ondas enormes, porém, arrastaram-me para o abismo.

“Tudo podes, Senhor, só não podes impedir que eu Te ame”. Que é o amor? Será que o amor também morre como morre uma coisa viva?! Se eu pudesse reconquistar o amor perdido!

Lídia, por que não despertas e não gritas ao mundo que estás viva, que tudo não foi um pesadelo? Minhas mãos queimam e eu não sei se terei forças para reparar o mal que fiz. Sinto que é preciso reparar. Arrastarei pelo mundo minha miséria, beijarei a chaga dos morféticos, comerei o resto dos mendigos.

“Tudo pode, Senhor, só não podes impedir que eu Te ame”. Conceda-me, Senhor, amor para Te amar, amor para morrer!
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Paulo Corrêa Lopes nasceu na cidade de Itaqui/RS em 1898. órfão de pai aos 11 anos, emigrou com a mãe Maria Dolores para São Paulo, onde realizou as primeiras letras e formou-se professor com o diploma de normalista, em 1918. Em suas inquietas andanças esteve no Rio de Janeiro atraído pelo ambiente literário e lecionou primeiras letras no interior de São Paulo. Colaborou para diversas revistas e jornais do Rio e de São Paulo. Voltou definitivamente para Porto Alegre em 1929, onde exerceu várias atividades: professor, redator de jornal, prático de farmácia e sendo oficial administrativo da Secretaria do Interior, cargo em que se aposentou em 1948. Revelou-se grande modernista após a experiência parnasiana de Penumbra, em 1919. As obras seguiram-se em pequenos volumes, em que se encontram as vivências de uma alma em luta com os valores transitórios em busca da união perene com o Amor absoluto. Os títulos significam as tendências de um homem: Poemas de Mim Mesmo, 1931; Caminhos, 1933; Poemas da Vida e da Morte, 1938; Um Estranho Caso (livro de contos), 1942 e, Canto de Libertação, 1943. Faleceu em 1957.

Fontes:
Paulo Correa Lopes. Um Estranho Caso, publicado originalmente em 1942. Acesso em 16.06.2009
Imagem obtida na Internet em 16.06.2009

Fantasia Científica

 
É um gênero misto de narrativa que contém alguns elementos de ficção científica e fantasia. Ambos os gêneros e especialmente a fantasia, são eles mesmos mal definidos; consequentemente, a fantasia científica se furta ainda mais a uma definição.  

Uma definição apresentada para o gênero é que "a ficção científica faz o implausível possível, enquanto a fantasia científica faz o impossível plausível". O sentido disso é que a ficção científica descreve coisas improváveis que podem ocorrer no mundo real sob certas circunstâncias, enquanto a fantasia científica dá um verniz de realismo a coisas que simplesmente não poderiam acontecer no mundo real, sob nenhuma circunstância.

O problema desta definição é que ela nem depende tanto do que o mundo real é na verdade (sendo o conhecimento humano do que é possível, no máximo, uma aproximação) mas de concepções locais e temporárias sobre com o que o mundo real se parece. De acordo com esta definição, The World Set Free de H.G. Wells era "fantasia científica" em 1913, porque descrevia uma tecnologia não-conhecida naquela época, mas nos anos 1930, quando a fissão nuclear podia ser vislumbrada, o livro tornou-se ficção científica. 

No outro lado da moeda, sob esta definição, muitas das primeiras obras de "ficção científica" como as de Jules Verne, que quando foram escritas planejavam ser extrapolações plausíveis de tecnologias existentes, podem agora serem consideradas "fantasia científica" com base em sua impossibilidade: sabe-se agora que o canhão que lançou o Columbiad em Da Terra à Lua de Verne, é seguramente tão improvável em teoria quanto na prática. Todavia, ele é apresentado com o máximo de seriedade (pseudo)-científica: afinal de contas, não há nada de fantástico com o canhão.

Outro problema é que, usando esta definição, mais da metade de todas as histórias publicadas como "ficção científica" seriam finalmente classificadas como fantasia científica, por empregar pouco mais do que palavreado para explicar aspectos cientificamente implausíveis tais como viagem-mais-rápida-do-que-a-luz, viagem no tempo e poderes paranormais como telepatia.

Para muitos usuários do termo, todavia, o estado corrente do conhecimento sobre o mundo é irrelevante. Para eles, "fantasia científica" é ou uma história de ficção científica (entendida como se queira) que afastou-se tanto da realidade que passa a "parecer" fantasia, ou uma história de fantasia que está tentando ser ficção científica. Enquanto estas são em teoria classificáveis como abordagens diferentes e por conseguinte gêneros diferentes (ficção científica fantástica contra fantasia científica), o produto final é, vez por outra, indistinguível.

O ditado de Arthur C. Clarke  que "qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia" indica porque isto é assim: um autor pode escrever uma fantasia usando magia de vários tipos, e ainda assim transformar a história em ficção científica postulando alguma tecnologia altamente avançada, ou ciência ainda desconhecida mas totalmente provável, como uma explicação de como a magia pode acontecer. Outro escritor pode descrever um mundo futuro onde a tecnologia seja tão avançada que se torne invisível, e seus efeitos poderiam ser classificados como mágicos, se forem somente descritos como tais.

Logo, não há nada intrínseco sobre os efeitos descritos numa dada história que lhe diga se ela é ficção científica ou fantasia. A classificação de um efeito como "fantástico" ou "ciência-ficcional" é uma questão de convenção. Hiperespaço, máquinas do tempo e cientistas são convenções da ficção científica; tapetes voadores, amuletos mágicos e magos são alegorias da fantasia. 

Este é um acidente do desenvolvimento histórico do gênero. Em alguns casos, eles se sobrepõe: teletransporte por um raio transmissor de matéria é ficção científica, teletransporte por encantamento é fantasia. Um dispositivo portátil de camuflagem que conceda invisibilidade é ficção científica; um Anel do Poder que conceda invisibilidade é fantasia. Comunicação entre mentes pode ser "psiônica" ou pode ser uma antiga arte élfica. O que importa não é o efeito em si mesmo (geralmente cientificamente impossível, embora nem sempre avaliado desta forma pelos autores) mas o universo maior que ele pretende evocar. Se este for de viagens espaciais e pistolas de prótons, é classificado como "ficção científica" e os termos apropriados (dispositivo de camuflagem, transmissor de matéria) são utilizados; se for de castelos, veleiros e espadas, é classificado como "fantasia", e falaremos de anéis mágicos e viagem por encantamento.

Traçar uma linha entre a ficção científica e a fantasia não torna as coisas mais claras pelo fato de que ambos os gêneros usam mundos inventados, criaturas inteligentes não-humanas (por vezes, em FC tanto quanto em fantasia, baseadas em mitos: Shambleau e Yvala de C. L. Moore, por exemplo) e monstros incríveis. 

É em grande parte a palavra do autor que nos diz que os livros da série Narnia de C.S. Lewis se passam num mundo de fantasia em vez de outro planeta, ou que os primeiros livros da série Pern de Anne McCaffrey são de temática extraterrestre e que os "dragões" não são realmente dragões.

Mesmo o arcaísmo, uma das marcas convencionais mais fortes da fantasia, não é uma característica distintiva infalível: um mundo arcaico de armas afiadas e fortalezas com ameias pode ser simplesmente outro planeta que resvalou para a barbárie, ou que nunca emergiu dela. Alguns dos livros de da série Darkover de Marion Zimmer Bradley (como "Rainha da Tempestade", por exemplo), representam tal tipo de mundo completo, com tecnologia indistinguível de magia.

O rótulo popularizou-se depois que muitas histórias de fantasia científica foram publicadas nos pulp magazines, tais como "Magic, Inc." de Robert A. Heinlein, "Slaves of Sleep" de L. Ron Hubbard e a série "Harold Shea" de Fletcher Pratt e L. Sprague de Camp. Todas eram histórias relativamente racionalistas publicadas na revista Unknown de John W. Campbell, Jr., tentativas deliberadas de aplicar as técnicas e atitudes da ficção científica à fantasia tradicional e aos assuntos lendários.

Outras publicações também investiram no gênero. A The Magazine of Fantasy & Science Fiction publicou, entre outras coisas, quase toda a série Operation de Poul Anderson (menos a última parte). Henry Kuttner e C. L. Moore publicaram romances em Startling Stories, juntos e separados. Estes trabalhos estavam estreitamente relacionados com outros feitos para "varejistas" como a Weird Tales, tais como as histórias de "Northwest Smith" escritas por C. L. Moore.

A "Ace Books" publicou uma série de livros como "Fantasia Científica" nos anos 1950 e 1960. Muitos deles, tais como as histórias de Marte escritas por Leigh Brackett, são ainda consideradas como tal. Outras, tais como Conan, o conquistador de Robert E. Howard (assim batizada pelo editor Donald A. Wollheim, e publicada originalmente numa edição "Ace Double", juntamente com Espada de Rhiannon de Brackett) ou os livros da série "Witch World" de Andre Norton, são considerados agora fantasia estrita. Mercedes Lackey discutiu este período em sua recente introdução a uma edição abrangente dos três primeiros livros da série "Witch World"; nos Estados Unidos daquela época, estas eram praticamente as únicas histórias que usavam este rótulo.

As histórias da série "Dying Earth" ("Terra agonizante") de Jack Vance são por vezes classificadas como fantasia científica porque a cosmologia neles utilizada não é compatível com aquela convencionalmente aceite pela ficção científica. 

Outras histórias neste subgênero, tais como os romances Viriconium de M. John Harrison ou "The Book of the New Sun" de Gene Wolfe são geralmente classificadas como fantasia científica.

Os dois últimos filmes pós-apocalípticos da franquia Mad Max de George Miller, enquanto filmes de ação de ficção científica, contem elementos fantásticos à sua representação de um mundo devastado.

O romance planetário, uma história montada principalmente ou totalmente sobre um único planeta e exemplificando seus cenários, povos nativos (caso existentes) e culturas, oferece considerável escopo para a fantasia científica, no sentido da fantasia racionalizada pela referência às convenções da ficção científica.

A Voyage to Arcturus do romancista David Lindsay, publicada em 1920, é um dos exemplos mais antigos deste tipo, embora diferencie-se da maioria de seus congêneres por não assumir um cenário ciência/ficcional de viagem interplanetária ou interestelar; é muito mais um tipo de romance filosófico, o qual usa um planeta alienígena como pano de fundo para a exploração de temas filosóficos. 

Além do Planeta Silencioso de C.S. Lewis (1938), é um exemplo do mesmo tipo de história, embora neste caso as preocupações sejam teológicas. Em ambos os casos, os elementos mágicos são parcamente racionalizados e, no caso de Lewis, permanecem em total contraste com as máquinas pseudo-científicas que enquadram a história.

As histórias da série "Northwest Smith" de C. L. Moore podem ser diretamente classificadas no campo da fantasia/horror, mas utilizam um enquadramento de Space Opera e várias racionalizações pseudocientíficas: deuses e monstros são poderosos alienígenas, por exemplo.

Algumas das histórias de Leigh Brackett passadas em Marte e Vênus podem ser consideradas como fantasia científica, especialmente aquelas que ocorrem em partes distantes e bárbaras dos planetas, tais como People of the Talisman e The Moon that Vanished. Outras histórias passadas no mesmo mundo contém muito mais tropos da ficção científica. Todas as histórias de Brackett implicam que uma explicação racional, científica, para coisas tais como transmissão de pensamentos e a capacidade de criar ilusões visíveis está disponível em algum lugar, mas as explicações são geralmente mais assumidas do que tentadas.

Os romances da série "Duna" de Frank Herbert são também classificados por alguns como fantasia científica, provavelmente porque o planeta Arrakis dispensa a maioria dos (mas não todos) ornamentos tecnológicos que convencionalmente marcam uma história como "ficção científica"; todavia, seus conceitos cientificamente impossíveis (como presciência e memória genética) foram matéria-prima da ficção científica convencional durante muitos anos.

Os romances da série "Pern" de Anne McCaffrey e as histórias sobre Darkover de Marion Zimmer Bradley são muito mais obviamente fantasia científica, principalmente o primeiro por sua escolha do dragão, ícone da fantasia, no centro das histórias, e o último porque o aspecto da mágica racionalizada é um tema dominante. Ambos compartilham o conceito de expedições perdidas e a muito esquecidas, oriundas da Terra, que popularizaram os respectivos planetas e com o passar do tempo, regrediram a um estado de vida quase-medieval.

Alguns exemplos deste tipo de fantasia científica nublam deliberadamente a já vaga distinção entre poderes paranormais da ficção científica e magia; por exemplo, em The Queen of Air and Darkness de Poul Anderson, na qual alienígenas usam poderes psiônicos de ilusão para imitar mitos terrestres de fadas - que são por sua vez tradicionalmente consideradas como ilusionistas mágicas.

Algumas fantasias científicas usam mundos de fantasia com um mínimo de adornos da ficção científica, somente distinguíveis com dificuldade da fantasia padrão. Um exemplo antigo deste tipo é The Worm Ouroboros de Eric Rucker Eddison, cuja história transcorre nominalmente no planeta Mercúrio, mas um Mercúrio que é indistinguível sob qualquer forma de uma Terra de fantasia.

Na série "Witch World" de Andre Norton, o mundo de fantasia é apresentado como sendo parte de um universo paralelo. Existem uns poucos elementos de ficção científica não essenciais nas primeiras histórias desta série, que ficaram ausentes das posteriores.

Os livros da série "Shannara" de Terry Brooks, representam o mundo de fantasia como o futuro distante de uma civilização tecnológica extinta (por conseguinte, compartilhando algumas características com o subgênero da "Terra agonizante").

Normalmente, não se pensa em space opera como sendo fantasia científica, mas alguns exemplos invocam poderes paranormais vagamente explicados ou completamente inexplicados que se aproximam tanto da magia que são considerados por alguns como parte do gênero. Dentre estes, a série Lensman de E. E. Smith e a franquia Star Wars de George Lucas.

Muitos trabalhos de Edgar Rice Burroughs se encaixam nessa categoria, bem como aqueles de seus imitadores tais como Otis Adelbert Kline, Kenneth Bulmer, Lin Carter e John Norman. Eles são preponderantemente classificados como "fantasia científica" por causa da presença de espadas e, geralmente, de um sistema social aristocrático arcaico; os romances de Burroughs, todavia, são céticos em espírito e quase livres de elementos "fantásticos" não-racionalizados.

A mini-série norte-americana de histórias em quadrinhos Camelot 3000, escrita por Mike W. Barr, publicada pela DC Comics entre 1982 e 1985, mostra a Terra do ano 3000 d.C. sendo invadida por alienígenas. Para salvar o planeta, o Rei Artur desperta de seu sono milenar sob o Monte Glastonbury e parte com Merlin na busca dos Cavaleiros da Távola Redonda em suas versões reencarnadas, para cumprir uma profecia que dizia que quando a Inglaterra mais precisasse, seu antigo rei ressurgiria para ajudar. Tanto Merlin quanto Artur fazem uso de magia para enfrentar os invasores, enquanto que os demais Cavaleiros (cujas almas imortais foram despertadas pela visão de um item supostamente mágico) portam pistolas laser e naves espaciais. A própria motivação da trama mistura fantasia e ficção científica, uma vez que a líder dos alienígenas agressores é Morgana Le Fay — Os E.T.s são criaturas altamente tecnológicas controladas pela influência mágica da bruxa Morgana. O filme Krull também cai nesta categoria, uma vez que o filme retrata uma história onde uma criatura alienígena onipotente invade um mundo de fantasia e os protagonistas deve encontrar uma maneira de lutar contra o alienígena.

O gênero de fantasia científica tem alcançado popularidade moderada em anime e mangá. O gênero foi popularizado com Dragon Ball, franquia que mescla elementos de ficção científica, como alienígenas, robôs e alta tecnologia coexistem com conceitos sobrenaturais como deuses, demônios e poderes baseados na manipulação do ki, e atualmente pode ser visto em trabalhos mais recentes tais como Code Geass, Hellsing e Punchline.

Fonte:
Wikipedia . Fantasia Científica.
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fantasia_científica&oldid=68578937

Lendas e Contos Populares do Paraná - 23 - (Telêmaco Borba – Tibagi – Ubiratã)

 

TELÊMACO BORBA 

Cruz do mudinho

Quando esta cidade ainda era uma criança; 
Criança com vontade de crescer
E as casas de madeira começavam a aparecer…

As ruas eram de terra batida, asfalto não havia; 
Iluminação era fraca, nas ruas pouca gente saía. 
Não havia violência como hoje em dia.

Um vivente aqui apareceu.
Ninguém soube de onde veio, 
nem quem era parente seu. 
Esmolava nas ruas para se alimentar!
Dormia em qualquer lugar! 
Era surdo-mudo, não podia falar. 
Tinha dificuldade até para andar.

Onde hoje é a Concha Acústica e Rodoviária 
Era terreno abandonado
Onde muito lixo até era depositado.

Naquele cruzamento
Certo dia, certo momento, 
O mudinho que não escutava
Ali atravessava…

Lá de cima um caminhão sem freio, desgovernado; 
Pegou o Mudinho deixando-o no meio da rua 
Esmagado

Naquele local, foi fincada uma cruz e uma mini-capela.
Por muito tempo, muita gente, ali até hoje acende vela

Coisa que aconteceu 
E pode acontecer. 
Coisa que quem viu 
Não pode esquecer.
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TIBAGI

Casa mal-assombrada

Dizem que na fazenda Cambará muita assombração aparece. Que, à noite, arrastam-se correntes, batem-se janelas e ouvem-se ruídos estarrecedores. Quando eu era criança ficava tiritando de medo ao ver os mais antigos falarem da casa mal-assombrada. Sei que na outra fazenda ali por perto, quase entrando no município de Ventania, havia histórias de fantasmas. Quando minha mãe era jovem, disse que vinha um homem loiro, alto e belo, oferecer uma panela de dinheiro. Nas fazendas Ipê, Guaricanga, e a do senhor Fernando Taques, muitas coisas estranhas acontecem.

No limiar das fronteiras de Tibagi, o mistério circunda e mete medo. A lenda das casas mal-assombradas já vêm de longe, acompanhada de anedotas de sinhozinhos e sinhazinhas que haviam por aqui.
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UBIRATÃ

A lenda da curva da onça

Em 1954, a sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná Ltda. -SINOP, iniciou a colonização desta região. A equipe de engenharia e topografia passava por inúmeras dificuldades, abrindo picadas na mata para chegarem ao local preestabelecido, que denominaram Sauju, ou seja, o espigão mais alto do contraforte da serra do Piquiri, hoje Ubiratã.

Inúmeros obstáculos e dificuldades foram encontrados. Com a ajuda de mais de duzentos homens contratados, construíram acampamentos e um campo de pouso em plena mata virgem.

Foi nesse contexto que surgiu em Ubiratã uma localidade na zona rural, mais especificamente na estrada Caviúna, denominada São Cristóvão. Conhecida popularmente como Curva da Onça, ela era o elo para as cidades de Cascavel, Foz do Iguaçu e a Região sul do país.

O nome se deu, porque diziam existir uma onça naquele local, dado o fato de que este animal tentou apanhar um cachorro dos funcionários do acampamento da SINOP. Os trabalhadores que estavam no acampamento contam que na cabeceira de um córrego, o cachorro, aos latidos, foi arrastado pela suposta onça, mas depois de muito custo conseguiu fugir e voltar ao acampamento, onde recebeu os devidos cuidados.

Logo após o ocorrido foram conferir as pegadas, que realmente pareciam ser de onça. O acontecido foi comunicado ao escritório central da SINOP e técnicos foram até o local, pois os funcionários relutavam em continuar o trabalho de abertura da estrada, temendo novos ataques da onça misteriosa.

O fato é que a onça desapareceu, ninguém nunca mais a viu, mas a história ficou registrada na mente daquelas pessoas e foi contada de pai para filho, chegando até os nossos dias. Este local continua sendo chamado de Curva da Onça.

Fontes:
Renato Augusto Carneiro Jr. (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná. 21. ed. Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005. (Cadernos Paraná da Gente 3).
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